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FACULDADE DE CIÊNCIAS HUMANAS DE OLINDA

DEPARTAMENTO DE ENFERMAGEM
PÓS GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM OBSTÉTRICA

PARTOGRAMA

Kéllida Feitosa
Enfermeira obstétrica
Mestre em cuidados intensivos
Doutoranda em Saúde Materno-Infantil

OLINDA, 2017
O que você por
PARTOGRAMA?
Partograma

“Representação gráfica do trabalho de parto


que permite acompanhar sua evolução,
documentar, diagnosticar alterações e
indicar a tomada de condutas apropriadas
para a correção destes desvios, ajudando
ainda a evitar intervenções desnecessárias.”

Ministério da Saúde, 2001.


Partograma

• 1988: Partograma da OMS;

• 1994: Obrigatório em toda maternidade (OMS);

• 1996: Categoria A - Recomendações de atendimento.


O partograma permite

• Acompanhar a evolução do TP;


• Documentar o TP;
• Diagnosticar alterações no TP;
• Indicar a tomada de condutas apropriadas
para correção destes desvios;
• Evitar intervenções desnecessárias.
Partograma
Partograma - Parâmetros:
• Dilatação e apagamento
cervical;
• Descida da apresentação;
Progresso do TP • Variedade de posição;
• Dinâmica uterina (padrão
das contrações).

Condições •PA e FC;


maternas •Medicações utilizadas.

• Batimentos cardiofetais;
Condições • Bolsa das águas
(membranas ovulares);
fetais • Características do líquido
amniótico.
Quando devemos abrir o Partograma?

Na presença de trabalho de parto franco, ou seja, na fase


ativa do trabalho de parto.
▫ 2 a 3 Contrações regulares em 10 minutos;
▫ Dilatação cervical > 5cm.

• “Trabalho de parto refere-se a contrações uterinas,


resultando na dilatação progressiva e apagamento do
colo do útero, acompanhadas de descida e expulsão do
feto”.
Como deve ser a assistência no TP?

• DU: 2 em 2 hora;
• BCF:
▫ Risco habitual: 30/30 minutos (período de
dilatação); 15/15 minutos (período expulsivo);
▫ Alto risco: 15/15 minutos (período de
dilatação); 5/5 minutos (período expulsivo).
• Toque vaginal: 4 em 4 horas
• Pulso: 1 em 1 hora;
• Temperatura e PA: 4 em 4 horas;
• Frequência da diurese;
Atenção às auscultas de BCF

(FIGO, 2015)
Eixo Y
Partograma

• Pontos importantes: Eixo X

▫ Ordenada (eixo Y): Centímetros de dilatação e


descida da apresentação
▫ Abscissa (eixo X): tempo em HORAS
▫ Triângulo: Dilatação cervical;
▫ Círculo: Apresentação / Variedade de posição;
▫ Linhas de Alerta e ação.
Partograma

• Estudo na África introduziu no partograma duas


linhas:

• Linha de Alerta
• Linha de Ação

4 horas
Partograma

4 horas
Linhas de alerta e ação É necessário
apenas
atenção.

• Linha de alerta: é traçada na hora seguinte da


dilatação que foi aberto o partograma;

• Linha de ação: é uma linha paralela à linha de


alerta, traçada quatro horas após.

É necessário uma
intervenção para
melhorar a
evolução do TP e
corrigir possíveis
distócias

4 horas
Obs: Não significa conduta cirúrgica.
Evolução Normal Dilatação ≥ 1 cm/h
À esquerda da
FRIDMAN, 1956 linha de alerta.
Partograma iniciado na fase latente do
trabalho de parto
FRIDMAN, 1956
Diagnósticos do Partograma
• Fase ativa prolongada;

• Parada secundária da dilatação;

• Parto precipitado.

FRIDMAN, 1956
Fase Ativa Prolongada
FRIDMAN, 1956
• Dilatação lenta do colo.
▫ Velocidade < 1 cm/hora.

• Causa
▫ Contração uterina não eficiente (falta de
motor).

• Correção
▫ Estimular deambulação e exercícios;
▫ Posições verticalizadas;
▫ Administrar ocitocina (se necessário);
▫ Amniotomia (se necessário).
Fase Ativa Prolongada
FRIDMAN, 1956
Parada Secundária da dilatação
FRIDMAN, 1956

Diagnóstico:

• Dois toques consecutivos sem evolução da


dilatação no intervalo de duas ou mais horas.
• Associação com sofrimento fetal agudo.
• Pior prognóstico perinatal.

Causa:

• Desproporção céfalo-pélvica.
Parada Secundária da Dilatação
FRIDMAN, 1956
Parto Precipitado
FRIDMAN, 1956

• Diagnóstico
▫ Na maioria dos casos, o parto ocorre em menos de 4
horas.
▫ Podem acorrer SFA (sofrimento fetal agudo) e
lacerações importantes do canal de parto.

• Causa
▫ Iatrogenia (uso de ocitócitos)

• Correção
▫ Suspender o uso de ocitócitos.
Parto Precipitado
ESTUDO MULTICÊNTRICO - 35.484 parturientes

• Implantação do partograma e desfechos:

▫ Uso de ocitocina – reduziu em 54%;


▫ Duração do TP - queda de 41% de pacientes
com duração do TP superior a 18 horas;
▫ Sepse pós-parto – reduziu em 59%;
▫ Hemorragia pós-parto – não alterou;
▫ Óbitos maternos – NÃO ALTEROU;
▫ Nº de rotura uterina – NÃO ALTEROU;
▫ Óbitos perinatais – SEM DIFERENÇA
FRIDMAN, 1956
• Muito aceito, mas pouco feito.
• Obstáculos:
• Disponibilidade
• Carga horária
• Duplicação de registro
• Pessoal qualificado

TODO MUNDO ACHA VÁLIDO, MAS POUCOS


PREENCHEM…

se os profissionais de saúde e as organizações puderem observar


resultados positivos do uso do partograma, é mais provável que se
tornem incorporados na prática.
“Limitações”
FRIDMAN, 1956

 GESTAÇÕES TERMO (37-42semanas);


 GESTAÇÕES ÚNICAS;
 TP ESPONTÂNEOS;

 NÃO está validado para PARTO DOMICILIAR;

 NÃO deverá ser iniciado apenas no momento de uma


complicação com intervenção imediata.
Resolve:

Art 1º Determinar norma orientadora a utilização do PARTOGRAMA


em TODAS as maternidades públicas e privadas do Estado
de PE;

Art 2º O PARTOGRAMA deverá fazer parte do prontuário das


gestantes em trabalho de parto
Como progridem os partos???

1cm/hora
?
Cerca de 50% das mulheres não dilatam
1cm/hora até alcançarem 5-6cm
FRIEDMAN: 500 mulheres

ZHANG: 63.415 mulheres


Linhas de Zhang e os “padrões
contemporâneos de trabalho de parto”
FRIEDMAN
 Fase ativa após 4 cm;
 Nulíparas: >1,2 cm / hora
 Multíparas: >1,5 cm/ hora

ZHANG
 Fase ativa após 6 cm
 Nulíparas: 0,5 a 0,7cm/h
 Multípara: 0,5 a 1,3cm/h
Duração do trabalho de parto
Zhang e os “padrões contemporâneos de
trabalho de parto”
Contemporary Patterns of Spontaneous Labor
With Normal Neonatal Outcomes. Zhang et al.
Am J Obstet Gynecol, 2010
Linhas de Zhang e os “padrões
contemporâneos de trabalho de parto”
PACIENTE EM FASE ATIVA (6cm)

2 HORAS sem progressão  iniciar ocito e aguardar 4 a 6 horas!


DEFINIÇÃO DE TRABALHO DE PARTO “ANORMAL”

PRIMEIRO ESTÁGIO SEGUNDO ESTÁGIO

Velocidade “normal” pode Duração do segundo estágio


ser de até 0,5 cm/hora não associada a piores
(após 6cm), com desfechos desfechos neonatais, mesmo
neonatais normais (Zhang em grupos com duração de 3,
2010). 4 ou 5+ horas.
Definição de parada de
progressão: SOMENTE após
6cm, com bolsa rota, 4h
com contrações
adequadas ou 6h com
contrações inadequadas, ACOG, 2016
sem progressão.
FALHA DE PROGRESSÃO
▫ Primíparas: < 2 cm em 4 horas;
▫ Multíparas: < 2 cm em 4 horas ou progresso lento;

 O ambiente de assistência;
 Estado emocional (mulher e família);
 Paridade;
Considerar:  DU (intensidade, duração e frequência);
 Dilatação e mudanças cervicais;
 Altura e posição da apresentação
(assinclitismo?).
Falha de progressão - 1º estágio do TP

▫ Considerar a realização de amniotomia;


 Explicar o procedimento e que esse
procedimento poderá diminuir o TP em + 1 hora
e que pode aumentar a intensidade das
contrações.
 Se a amniotomia for ou não realizada, realizar
um exame vaginal após 2 horas e confirmar
falha de progresso se a dilatação progredir
menos que 1 cm.
Falha de progressão - 1º estágio do TP

 Se for confirmada falha de progresso no primeiro


estágio do parto:
▫ O TP deve ser conduzido sob a responsabilidade do
médico obstetra. Este deverá realizar uma revisão e
diagnosticar a falha de progresso e decidir sobre as
opções de manejo, incluindo o uso de ocitocina.

 Se a dilatação cervical aumentou 2 cm ou mais após 4


horas, realizar exame vaginal de 4 em 4 horas.

 Se a dilatação cervical aumentou menos que 2 cm


após 4 horas, uma revisão obstétrica adicional deve ser
realizada para avaliar a necessidade de cesariana.
Falha de progressão - 1º estágio do TP
▫ Possibilidades de Condutas:

 Estímulos aos exercícios facilitadores (bola,


deambulação, cavalinho);
 Uso do rebozo;
 Banho morno;
Falha de progressão pós
 Amniotomia*; intervenção: Comunicar à
equipe médica
 Ocitocina sintética*.

Obs: realizar o toque vaginal após 4 horas do início da


ocitocina (S/N).
Segundo Período Clínico do Parto
• Duração:

PRIMÍPARAS: MULTÍPARAS:

 Sem peridural: 0,5–2,5h ;  Sem peridural: até 1 hora;


 Com peridural: 1–3 horas.  Com peridural: 2 horas.

• Características:
▫ Contrações de forte intensiva (ocitocina);
▫ Puxos involuntários;
▫ Compressão do nervo vago (bradicardia fetal).
Falha de progressão – 2º período TP

Nulíparas: A maioria dos Multíparas: A maioria dos


partos ocorrem em 3 horas partos ocorrem em 2 horas
após o início da fase ativa do após o início da fase ativa do
segundo período. segundo período.
 Confirmação de falha de  Confirmação de falha de
progresso do 2º período: progresso do 2º período:
• > 2 horas • > 1 hora

CONDUTA: A mulher deve ser encaminhada, ou ter assistência


adicional solicitada, a médico treinado na realização de parto
vaginal operatório.
Segundo Período Clínico do Parto

 Período Expulsivo

• FALHA DE PROGRESSÃO:
▫ Comunicar ao obstetra;
▫ Se contrações inadequadas: amniotomia OU
ocitocina;
▫ Se BCF não tranquilizador: considerar o uso de
vácuo-extrator ou fórceps.
TOQUES VAGINAIS DE ROTINA

Downe S, Gyte GML, Dahlen HG, Singata M.


Routine vaginal examinations in labour. (Cochrane
Review, 2013) 2 ECR, 457 mulheres:

• 300 mulheres – toque vaginal versus retal


• 157 mulheres – toque a cada 2h versus 4h

• Conclusão:
• Estudos de qualidade duvidosa
• Nenhuma evidência de benefício
• Única diferença estatisticamente significativa:
as mulheres acharam o toque retal mais
desconfortável...
POR QUE TANTA PREOCUPAÇÃO COM DURAÇÃO
DO TP SE...

Não parece haver associação com


desfechos neonatais

Não considera outros dados de


PROGRESSÃO
Vamos analisar...
Ultrapassa a linha de ação

Ultrapassa a linha de alerta


PERÍODO EXPULSIVO
PROLONGADO?

Ultrapassa a linha de alerta


OBRIGADA!!!

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