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Aluna: Gláucia Lisliane Fernandes

Professora: Mariana Canellas Benchaya


Disciplina: Psicologia da Infância e Adolescência

Resenha crítica:
O parto foi uma das temáticas mais interessantes da disciplina para mim.
Buscando aprofundar um pouco mais sobre o assunto, assisti o documentário sugerido
em aula, “O renascimento do parto”.

Segundo o que foi assistido, início, parto e o nascimento era uma coisa de
mulheres entre mulheres, porém, nos últimos séculos, tivemos muitas mudanças. Houve
o grande avanço da tecnologia e a entrada da figura do médico no cenário do parto.
Tempos atrás, a maioria dos bebês nascia em casa e eram atendidos por pessoas da
comunidade, as parteiras.

“As mulheres perderam o poder do nascimento e entregaram aos médicos. Elas


acabaram se conformando a padrões rígidos estabelecidos pelo sistema médico de que
têm que parir em determinado número de horas e se comportar de uma determinada
forma padronizada”, relata o médico-obstetra Ricardo Jones, um dos vários especialistas
entrevistados no filme.

Sendo assim, o nascimento, que sempre foi algo feito de forma natural, passou a
ser mecanizada pelo excesso de tecnologia onde se deixou de lado o poder da mãe em
gerar seus filhos e passou a ser realizada por médicos, onde a figura do mesmo se torna
muito mais importante que a figura a mulher. A falta de conhecimento faz com que a
sociedade acredite que o médico faz o parto e salva a vida do bebê, ao invés de acreditar
que a mulher é a figura mais importante, apenas auxiliada pelo profissional.

De acordo com dados apresentados no documentário, os hospitais públicos


apresentam índices de cesárea entre 40% e 60%, e os hospitais privados apresentam
índices de 70% a 90% ou mais, que é um tipo de violência obstétrica contra a mulher,
dando ao país o título de campeão mundial nas cesáreas as eletivas. A Organização
Mundial da Saúde (OMS), denomina o fenômeno de “epidemia de cesarianas”, com
consequências danosas para a saúde do recém nascido, em médio e longo prazo,
como também, danos para à saúde materna.

Segundo a médica Melaine Amorin, no documentário, a mulher é convencida


pelo médico obstetra a fazer a cesariana, após indicações falsas e desnecessárias
(circular de cordão, bacia estreita, parto cesáreo anterior, idade avançada, entre
outros). Todos esses mitos são entidades que se criaram. Por trás dessas
motivações há quase sempre a conveniência dos médicos. “É importante ressaltar
que há fortes evidências de que alguns integrantes da classe médica vendem a
ideia de que a cesariana é melhor para a mãe, não dói, é mais rápida, pode ser
agendada para o dia e horário que a mulher preferir, ou que ele mesmo decidir,
conforme sua agenda de nascimentos marcados.”, diz a médica. Contudo, essas
“facilidades”, além da lucratividade maior em relação ao parto normal, são, sem
nenhuma dúvida, maiores benefícios financeiros ao médico, que pode melhor
controlar seu tempo entre procedimentos cirúrgicos e as consultas nos consultórios
particulares.

Segundo Souza, atualmente, a gestação, parto e pós-parto, parecem ser vistos


pela medicina como processos de adoecimento, que necessitam de
acompanhamento médico. Sim, o ato de parir deixou de ser um evento fisiológico
para se tornar um procedimento médico cheio de intervenções desnecessárias. “O
modelo atual imposto, de parto embasado na tecnologia, dá ênfase à hospitalização
e aos procedimentos cirúrgicos, por exemplo, ao mesmo tempo em que considera
o parto doméstico ”. O parto, assim, sofre intervenções desnecessárias, passando a
ser medicalizado.

Hoje, a sociedade começou a enxergar que o parto é algo natural que


possa ser conciliado com a tecnologia. Não tem que ser algo mercadológico como
está sendo tratado nos últimos tempos e , a mulher tem o direito de escolha,
seja ela por um parto cesárea, ou por um parto natural em casa, na piscina,
banheira, desde que assistido pelo médico obstetra e pela figura da Doula.
Conforme depoimento assistido, as doulas são as intervenções mais humanizadas
do nascimento. Uma mulher apoiando outra mulher. Doulas são acompanhantes de
parto, mas são acompanhantes treinadas . Ela tem um outro tipo de olhar, um olhar
profissional sobre o parto, mesmo que ela não faça procedimentos.

Ficou evidente no documentário e nas diversas discussões em aula que a


cesariana é uma cirurgia que salva vidas todos os dias, mas ela não é para ser
feita em todas as pacientes, de uma maneira desnecessária e fora do trabalho de
parto. Nós só vamos verdadeiramente humanizar o nascimento se oferecermos de
volta para a mulher o pleno controle do seu parto, seu empoderamento, ou a
garantia do seu protagonismo. Que médicos só sejam chamados a interferir no
parto apenas quando necessário. É preciso redescobrir a importância e a beleza
do parto natural. É fundamental que respeitemos o tempo dos bebês, que eles
nasçam e sejam acolhidos por suas mães e pais, de forma suave e respeitosa,
que não sejam expostos a práticas violentas como se fosse o normal, e que o
fenômeno de “epidemia de cesarianas”, seja contido para o bem das futuras gerações.

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