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Módulo 2 Mater resumo

Maria Cecilia Kosmala dos Santos

● História do parto

O primeiro parto cesáreo que se tem notícia ocorreu em 1500, em uma pequena
cidade suíça chamada Sigershaufen, e foi realizada por um homem chamado Jacob Nufer,
em sua própria esposa.

A história do parto, partindo das parteiras fundamentadas em conhecimentos


empíricos, chegando-se aos médicos obstetras com uma série de equipamentos, os quais
acabaram não remediando as dores do parto, todavia, negativamente, aumentando as
graves violências sofridas. Concluiu-se que a institucionalização do parto, sem dúvida,
gerou o agravamento das violências perpetradas contra as gestantes e parturientes, tendo
em vista fatores como: a condição de superioridade do “saber” médico sobreposta as
necessidades das mulheres, bem como a utilização indiscriminada de procedimentos
causadores de sofrimentos físicos e psíquicos nas parturientes e neonatos.

A transição entre nascer em casa – normalmente pelas mãos de uma parteira – e no


hospital – normalmente pelas mãos de médicos –, remonta pelo menos ao século 19.

No século 19, parteiras formadas começaram a atuar no Rio de Janeiro. Conhecida


como a primeira parteira graduada da então capital, Madame Durocher (1809-1893), se
formou no curso de parteira da Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro em 1834 e se
tornou a primeira mulher a integrar a Academia Nacional de Medicina.

“A história feminista do parto e da maternidade retirou de cena a oposição ideológica


entre saber e superstição, para colocá-la no campo das disputas profissionais e da
constituição de novos saberes sobre o corpo feminino que tiveram lugar a partir do
século 18. Dessa forma, mostrou como a entrada dos médicos na cena do parto foi
muito mais o resultado de uma relação de forças do que simplesmente a superação do
obscurantismo pelo progresso do conhecimento médico”

Ana Paula Vosne Martins

Historiadora, no artigo ‘A Ciência Obstétrica’, de 2004

“Era uma disputa entre profissionais, depois virou uma disputa de mercado, e o
Estado, entrando na briga, acabou dando ganho de causa aos homens parteiros e à
medicina, por ser [na época] uma categoria de maioria masculina, articulada com a política
e com o poder”, disse Brenes.

● A importância do parto normal para saúde materno infantil

Principais vantagens do parto normal:

Para a mãe:

Favorece o vínculo entre o bebê e a mãe, pois permite interação “pele a pele”
imediatamente após o nascimento.

Menor tempo de internação hospitalar.

Menor tempo de recuperação no puerpério.

Dor reduzida após o parto.

Ausência de cicatriz abdominal.

Menor chance de infecções.

Para o bebê:

Reduz a chance de o bebê ficar com dificuldade para respirar após o nascimento (ao passar
pelo canal vaginal, o tórax do bebê é comprimido, favorecendo a expulsão do líquido
amniótico dos pulmões).

Diminui chance de o bebê nascer antes da hora (o trabalho de parto começa quando o filho
está pronto).

Ajuda o bebê a formar a flora intestinal (a flora do canal vaginal da mãe contribui nesse
processo).

Reduz as chances de doenças alérgicas e autoimunes.

Fortalece o sistema neurológico do bebê.


O parto natural é, portanto, mais seguro e mais benéfico para as mães e, idealmente, deve
ser a primeira opção. Mas, quando não for possível, é importante que o processo todo siga
procedimentos humanizados e gentis para que este momento seja tão especial e seguro
como deve ser.

● Sobre as cesáreas

As principais vantagens da cesárea eletiva são: a escolha antecipada da data de


nascimento do bebê, permitindo conforto e praticidade à gestante; as temidas contrações
não são sentidas; o trabalho de parto é mais rápido e garante que o médico escolhido pela
gestante, caso ela opte por isso, possa acompanhar a cirurgia dela.

Já as desvantagens de uma cesárea são: maior risco de infecções e hemorragias;


reações indesejadas ao anestésico; trombose dos membros inferiores; maior tempo de
recuperação no pós-parto; e, no caso de uma cesariana eletiva, o bebê não escolhe a hora
de nascer, o que significa que pode ainda não estar pronto fisiologicamente para vir ao
mundo.

Por ser uma cirurgia, a cesariana apresenta alguns riscos para a mãe como
embolia pulmonar, hemorragias, infecções, trombose, aderência de alças intestinais e
bexiga no útero, lesões na bexiga durante o procedimento também podem ocorrer.

No entanto, a cesárea é em geral mais arriscada e pode trazer prejuízos para a mãe
e o bebê. O estudo 'Morte materna no século 21', publicado em 2008 no periódico American
Journal of Obstetrics and Ginecology, analisou 1,46 milhão de partos e encontrou um risco
de óbito dez vezes maior para a gestante em cesarianas.

Deixa a v.o por falta de informação.


https://institutonascer.com.br/indicacoes-reais-e-ficticias-de-cesariana/

Práticas não baseadas em evidências científicas e abusos de autoridade marcam


mulheres sem acesso à informação.
Para atender suas necessidades no parto é fundamental o registro prévio dos seus desejos
e expectativas.

● Plano de Parto

O Plano de Parto é um documento com validade legal, recomendado e reconhecido


pelo Ministério da Saúde. O documento é elaborado pela mulher e nele deve constar os
desejos e os cuidados que ela quer receber, para si e para o seu filho, no momento do
parto e no pós-parto imediato

● Parto humanizado

É aquele que se apoia no tripé: protagonismo feminino, medicina baseada em


evidência e transdisciplinaridade. No parto humanizado, o bebê passa por menos
intervenções após o nascimento, a pesagem e os exames do recém-nascido são feitos no
colo da mãe ou após ele mamar na primeira hora de vida. Já a mãe tem uma experiência
mais positiva de parto e maior chance de ter sucesso na amamentação.

● Cesárea Gentil

Quando realmente necessária para salvar vidas em risco iminente, pode ser gentil e
respeitosa, só não é humanizada pelo protagonismo não ser da mulher, mas do médico que
extrai o feto, porém, pode ser baseada em evidências científicas, com informação,
respeitando a mulher e seus desejos, permitindo a golden hour e condições humanas e
éticas durante a cirurgia.

● Alojamento conjunto

O alojamento conjunto tem como objetivo a integração mais íntima da mãe com o
recém-nascido (RN), contribuindo para: estabelecer um relacionamento afetivo favorável
entre mãe-filho, desde o nascimento; educar a mãe e o pai, desenvolvendo habilidades e
proporcionando segurança emocional quanto aos cuidados com o bebê; incentivar o
aleitamento materno; reduzir a incidência de infecções hospitalares cruzadas; permitir à
equipe de saúde melhor integração e observação sobre o comportamento normal do
binômio mãe-filho

● Amamentação na primeira hora

Estudos científicos comprovam que a amamentação na primeira hora de vida tem


efeito protetor, devi- do à colonização intestinal de bactérias saprófi- tas encontradas
no leite materno e aos fatores imunológicos bioativos adequados para o recém-
nascido, presentes no colostro materno.
As evidências dos estudos científicos reforçam a importância destes cuidados. O
contato pele a pele ajuda a manter o RN aquecido, estimulando a formação do
vínculo mãe-bebê e a iniciação da amamentação, que também é essencial para
fornecer energia, nutrientes e anticorpos ao bebê.

● Violência obstétrica

Desrespeito a mulher e à sua autonomia, ao seu corpo e aos seus processos


reprodutivos, podendo manifestar-se por meio de violência verbal, física ou sexual e
pela adoção de intervenções e procedimentos desnecessários e/ou sem evidências
científicas.

Alguns tipos de violência obstétrica são:

1. Negar o tratamento durante o parto

2. Qualquer tipo de prática invasiva

3. Intervenção médica forçada

4. Humilhações verbais

5. Tratamento rude

6. Ignorar necessidades e dores sentidas pela mulher

7. Machismo

8. Preconceito por raça, cor, classe social, HIV, gênero ou qualquer outro

9. Qualquer tipo de negligência médica


Quem pratica a violência obstétrica? A violência obstétrica não diz respeito
apenas a médicos, enfermeiros e demais profissionais de saúde. Pode ser atribuída,
também, à toda a estrutura de hospitais e clínicas.

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