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REVISTA GESTÃO & SAÚDE (ISSN 1984 - 8153)

VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA: A VERDADEIRA DOR DO PARTO


OBSTETRIC VIOLENCE: TRUE PAIN IN LABOR

Gabriela Pinheiro BRANDT¹


Silvia Jaqueline Pereira de SOUZA2
Michelle Thais MIGOTO²
Simone Planca WEIGERT 3
________________________________________________________________________________
RESUMO
No Brasil, uma a cada quatro mulheres sofre algum tipo de violência durante o parto. A violência obstétrica
engloba todos os tipos de agressões sofridas pela parturiente durante o trabalho de parto, pós parto e
abortamento. Para muitas mulheres o parto se transforma em um acontecimento doloroso e traumático,
somado e múltiplas intervenções e direitos violados. Objetivo: O objetivo do presente estudo é investigar a
produção científica atual acerca do tema violência obstétrica. Materiais e métodos: Trata-se de uma revisão
integrativa realizada entre abril e setembro de 2017, com artigos dos anos 2000 até 2017, utilizando como
questão norteadora: “Qual a produção científica atual sobre a violência obstétrica?”. Resultados: Foram
selecionados 25 artigos através da busca com os descritores e palavras chave nas bases de dados Lilacs e
Scielo. As informações foram categorizadas em: O conceito e os tipos de violência obstétrica, a violência
obstétrica na visão dos profissionais e a violência obstétrica sob a ótica de mulheres. Conclusão: O presente
estudo possibilitou a visualização ampliada da violência obstétrica como um problema de saúde pública
violador de direitos de grandes índices. É necessário devolver a mulher o papel de protagonista do próprio
parto, fazendo o uso das boas práticas e respeitar cada nascimento como um acontecimento único, prezando
por uma assistência obstétrica de qualidade.
Palavras-chave: violência obstétrica, violência contra a mulher, parto humanizado, enfermagem obstétrica.

ABSTRACT

In Brazil, one of four women suffers some kind of violence during childbirth. Obstetric violence
encompasses all types of aggression suffered by the laboring woman during childbirth, postpartum and
abortion. For many women, childbirth becomes a painful and traumatic event, combined with multiple
interventions and rights violated. Objective: The objective of the present study is to investigate the current
scientific production on the subject of obstetric violence. Materiais e métodos: It is an integrative review
from articles between April and September 2017, using as a guiding question: "What is the current scientific
production about obstetric violence?". Results: We selected 25 articles through the search with the
descriptors and keywords in the databases (LILACS) and (SCIELO). The information was categorized in:
The concept and types of obstetric violence, obstetric violence in the professionals' view, and obstetric
violence in the eyes of women. Conclusão: It is necessary to return the woman to the role of protagonist of
the childbirth, making use of good practices and respecting each birth as a unique event, offering a quality
obstetric care.
Key Words: obstetric violence, violence against women, humanized birth, obstetric nursing.
¹ Aluna do curso de Bacharelado em Enfermagem da Faculdade Herrero
2 Mestre em Enfermagem pela UFPR, Docente na Faculdade Herrero
3
Mestre em Psicologia , Docente na faculdade Herrero
Email de correspondência: gabrielapbrandt@gmail.com

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1. INTRODUÇÃO

O parto por muitos anos foi considerado um ritual entre as mulheres, sendo abatizado como
um evento feminino e fisiológico. Desde os primórdios até o inicio do século XX as mulheres
davam à luz nos seus domicílios com o auxílio de parteiras e membras da família1.

A partir da segunda década do século XX, com o sucessivo aumento da tecnologia, inicia-se
a hospitalização do parto e esse passa a ser visto como um evento patológico, necessitado de
condução médica em instituições hospitalares. Atualmente, o parto vaginal é associado a dor intensa
2,
e sofrimento e isso deve-se ao atual modelo de assistência obstétrica, definido como tecnocrático
3, 4
. O modelo tecnocrático afasta a mulher do seu próprio parto, ou seja, retira-a como a
protagonista desse acontecimento, considera a gestação como algo inseguro, requisitado de
múltiplas intervenções, muitas vezes desnecessárias e prejudiciais para mãe e bebê 5. Além disso,
esse modelo de atenção relaciona o aumento da tecnologia com qualidade para o processo
parturitivo, sendo que as cirurgias de cesariana acontecem em mais de 82% dos partos na rede
3, 2
privada . A cesariana quando é necessária, salva vidas 6. Todavia em gestações de baixo risco e
sem complicações, a indicação da Organização Mundial da Saúde (OMS) é o parto vaginal, pois
ainda que realizada com frequência, a cirurgia de cesariana apresenta inúmeros riscos de
mortalidade e morbidade para mãe e bebê 6. Coloca-se o profissional como centro, ao invés da
parturiente e sua família3. Uma pesquisa realizada em Recife, em 2014 com 603 puérperas revelou
índices bastante altos com relação as intervenções (86,5%) sofreu algum tipo de intervenção durante
o parto7. Algumas intervenções comuns são a manobra de kristeller (37%), a episiotomia (56%) e
uso de ocitocina de rotina e amniotomia (40%)6,7,8.

O tema violência obstétrica começa a ganhar visibilidade através de movimentos feministas,


obras artísticas, documentários, na segunda década do século XXI. No Brasil no final da década de
1980, movimentos feministas descrevem explicitamente através da obra “Espelho de vênus” o parto
institucionalizado como uma vivência traumática e violenta. Porém, o assunto foi negligenciado
devido à grande resistência de profissionais em reconhecer o tratamento prestado como violência7 .

Violência obstétrica (VO) é o termo utilizado para agrupar todos os tipos de violência
sofridos pela mulher durante a gravidez, o parto, pós-parto e abortamento 7. As agressões

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acontecem de forma verbal, institucional, moral, física e psicológica. A falta de acesso aos serviços
de saúde com a peregrinação de mulheres em maternidades e hospitais em busca de atendimento,
5, 7, 8
somado à negligência na assistência também caracteriza VO . As intervenções desnecessárias,
bem como a cesariana sem real indicação se travestem de boas práticas e são consideradas
prejudicais para a parturiente e seu concepto 5,3.

A violência obstétrica é considerada uma questão de saúde pública 7. Em 1985, a


Organização Mundial da Saúde (OMS) lançou propostas incentivando o parto vaginal, o contato
pele a pele logo após o parto, estimulando a amamentação e a presença de um acompanhante
durante todo o período do parto e pós-parto. Essas propostas também destacavam a importância das
enfermeiras obstetras na condução de partos vaginais de risco habitual e a inclusão de parteiras em
regiões carentes de atenção hospitalar. Além disso, já previa uma série de mudanças nas rotinas de
atendimento à parturiente, bem como a redução do excesso de procedimentos realizados de forma
rotineira, sem reais benefícios para a paciente e seu bebê 7,1. Embora nos últimos anos o Brasil tenha
avançado na prevenção da violência obstétrica, uma a cada quatro mulheres sofre alguma forma de
violência durante o parto e aproximadamente metade das que abortaram relatam ter sofrido algum
tipo de violência, principalmente no caso de abortos provocados 6,9.

Diante dessa problemática, o objetivo do presente estudo é investigar a produção científica


atual acerca do tema violência obstétrica, respondendo então à questão norteadora.

2. MATERIAIS E MÉTODOS
Trata-se de uma revisão integrativa realizada entre abril e setembro de 2017. Para nortear
metodologicamente essa revisão foram seguidas as seguintes etapas regidas por MENDES, 200810:
1) Identificação do tema e elaboração da questão norteadora; 2) Elaboração dos critérios de inclusão
e exclusão e busca na literatura; 3) Definição das informações que serão extraídas dos estudos; 4)
Avaliação dos resultados; 5) Interpretação dos resultados; 6) Apresentação da revisão.

A questão norteadora elaborada foi: “Quais a produções científicas atuais sobre violência
obstétrica?”. Foram os critérios de inclusão: a) ser produção científica publicada entre os anos de
2000 e 2017, b) tratar diretamente do tema violência obstétrica, c) estar disponível nas bases de
dados gratuitamente e d) escrita nos idiomas português ou inglês. Como critérios de exclusão foram
considerados estudos com temática não relacionada exclusivamente ao tipo de violência estudado,
estudos relacionados a outras questões obstétricas e os artigos repetidos nas bases de dados. As

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bases de dados utilizadas foram Literatura Latino Americana (LILACS) e Scientific Electronic
Library Online (SCIELO).

Os descritores selecionados para guiar esta busca foram: “violência contra a mulher”, “parto
humanizado”, “enfermagem obstétrica” combinados às palavras: “violência obstétrica”, utilizando o
operador booleano “And”. As estratégias de busca consistiram em empregar em ambas as bases as
três combinações mencionadas anteriormente e também as palavras “violência obstétrica” como
título, resumo e assunto. Foram lidos todos os resumos e selecionados os artigos que respeitavam os
critérios de inclusão e exclusão.

A busca ocorreu de abril a setembro de 2017. Na base LILACS utilizou-se o termo


“violência obstétrica” como título, resumo e assunto, resultando em 44 artigos. Após a aplicação
dos critérios de inclusão e exclusão foram selecionados 5 artigos e 1 documentário em formato de
vídeo na íntegra. Empregou-se na mesma base uma combinação contendo as palavras “violência
Obstétrica” e “parto humanizado” utilizando o operador booleano “And”, obtendo-se 27 resultados
e selecionou-se 2 artigos. Novamente, combinou-se os termos “Violência Obstétrica” e “violência
contra a mulher” utilizando o operador booleano “And”, obtendo-se 22 resultados, selecionou-se 2
artigos. Finalmente , os termos “Violência Obstétrica” e “enfermagem obstétrica” foram
combinados, resultando em 18 artigos e 2 artigos foram incluídos, totalizando 12 artigos desta base.

Na base de dados Scielo ao inserir o termo “Violência Obstétrica” em todos os itens foram
encontrados 32 resultados, selecionou-se 6 artigos nessa busca. Na combinação do descritor “parto
humanizado” e as palavras ““Violência Obstétrica” foram obtidos 6 resultados e selecionado 3
artigo. Ao combinar “Violência Obstétrica” e “violência contra a mulher” 5 artigos foram
encontrados e 1 artigo selecionado. Por fim combinou-se “Violência Obstétrica” e “enfermagem
obstétrica”, resultando em 10 estudos e foram selecionados 3 artigos desta busca totalizando 13
artigos desta base.

Para análise dos dados, os artigos foram impressos na íntegra e o documentário assistido
duas vezes. Os dados foram computados em uma planilha Excel 2010 para melhor visualização das
informações. As informações que foram extraídas dos estudos contemplavam: Título, ano, Base de
indexação, Objetivo geral, Aspectos metodológicos e Resultados/conclusão.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

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Obteve-se um corpus de 25 artigos para constituição dessa revisão, sendo 12 provenientes


da base Lilacs e 13 da base Scielo, conforme descrição na figura abaixo.

Figura 1. Descrição da busca realizada nas bases de dados escolhidas para investigação e composição do
corpus da revisão integrativa. CURITIBA, PARANÁ, 2017.

Segundo o ano de publicação, as publicações analisadas iniciam em 2006, com uma


crescente significativa a partir de 2014. Visualizou-se uma predominância de publicações do ano de
2017, demonstrando uma grande ascensão do tema, observando-se o GRÁFICO 1.

Artigos encontrados x Ano de


publicação
10

4
2

0
2006 2008 2012 2013 2014 2015 2016 2017

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Gráfico 1. Quantidade e ano de publicação dos artigos analisados. CURITIBA, PARANÁ, 2017.

A partir da análise realizada, foram identificadas e definidas as categorias para compor essa
revisão sendo elas: O conceito e os tipos de violência obstétrica, a violência obstétrica na visão
dos profissionais e a violência obstétrica sob a ótica das mulheres. Os artigos analisados pela
presente revisão integrativa estão dispostos na tabela 1, 4 e 5 de modo a serem distribuídos referente
à numeral quantitativo, título e objetivo geral.

Tabela 1. OS CONCEITOS E TIPOS DE VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA

Título Ano Objetivo geral


Will you give birth in pain? Integrative 2016 O estudo visou proporcionar maior visibilidade
1. review of obstetric violence in às discussões acerca da violência obstétrica
Brazilian public units 5. sofrida por mulheres brasileiras nas instituições
de saúde públicas.
Fatores associados à violência obstétrica na 2017 Analisar os fatores associados à violência
2. assistência ao parto vaginal em uma obstétrica de acordo com as práticas não
maternidade de alta complexidade em recomendadas na assistência ao parto vaginal em
Recife, Pernambuco 9. uma maternidade escola e de referência em
Recife.
3. Violência Obstétrica como questão de 2015 Introduzir o leitor no debate de forma a auxiliá-
Saúde Pública no Brasil: Origens, lo na busca sobre aspectos específicos que
definições, tipologias, impactos sobre a podem ser abordados como temas de pesquisa e
Saúde materna, e propostas para sua intervenção.
7
prevenção .
4. Expressões da violência institucionalizada 2016 Sintetizar a produção científica publicada em
ao parto: uma revisão integrativa 11. artigos acerca das formas de violência
institucionalizada que ocorrem durante o parto.
5. Intervenções obstétricas durante o trabalho 2014 Este artigo avaliou o uso das boas práticas
de parto e parto em mulheres brasileiras de (alimentação, deambulação, uso de métodos não
Risco habitual 12. Farmacológicos para alívio da dor e de
partograma) e de intervenções obstétricas na
assistência ao trabalho de parto e parto de
mulheres de risco obstétrico habitual.

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6. Violência obstétrica: revisão integrativas 2017 Descrever como os fatores intervenientes nas
13
de pesquisas qualitativas . práticas de assistência ao parto interferem na
vivência do parto e nascimento.
7. Violência Obstétrica no Brasil: Uma 2017 Realizar uma revisão narrativa de estudos sobre
revisão narrativa 1. VO, abordando histórico do parto e suas
intervenções, o conceito de VO, os marcos
legais e o panorama brasileiro de assistência ao
parto.
8. Violência Obstétrica e prevenção 2015 Justificar a necessidade de prevenção
6
quaternária: o que é e o que fazer . quaternária frente à ‘violência obstétrica’, bem
como discutir estratégias e ações de prevenção
quaternária a serem realizadas pelos médicos de
família e comunidade (MFC), pelas equipes de
atenção primária à saúde (APS) e suas entidades
associativas.
Fonte: O autor. (2017)

A violência obstétrica (VO) subdivide-se em 5 principais tipos de agressões: Violência


física, violência institucional, violência moral, violência sexual, violência psicológica e verbal 5,7. A
VO resulta em uma violação de direitos: direito à liberdade de danos e maus tratos, a informação e
autonomia, a confidencialidade e a privacidade, a dignidade e ao respeito, a igualdade e a não
discriminação 7.

A violência física e a violação do direito à informação e autonomia pode ser percebida frente
à realização de intervenções e práticas consideradas prejudiciais cientificamente, sem autorização
da parturiente ou autorizadas mediante informações distorcidas e incompletas, como por exemplo,
mentir para a paciente sobre sua dilatação, vitalidade fetal, e motivos considerados improcedentes
para indicação de cesariana por interesses pessoais, como circular de cordão cervical, bacia materna
5,7
estreita, macrossomia fetal, entre outros . As intervenções são realizadas com o objetivo de
acelerar o trabalho de parto, em gestantes de risco habitual, como manobra de Kristeller, que
consiste em empregar força na parte superior do útero durante o período de expulsão, o uso de
ocitocina, a amniotomia para romper as membranas que recobrem o feto e a episiotomia de rotina,
realizada em mais de 70% nos partos vaginais, que traduz-se em realizar uma incisão entre a vagina

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e o ânus para ampliar o canal de parto, porém atualmente sabe-se que é considerada uma prática
prejudicial, se realizada de forma rotineira 7, 12.

Abaixo listou-se as intervenções realizadas e os motivos pelos quais são consideradas


prejudiciais para a parturiente e seu bebê. O quadro foi adaptado a partir do Tesser6 (2015) e outras
fontes aqui analisadas 9,12.

Tabela 2. Intervenções prejudiciais e motivos associados aos seus malefícios

Intervenção prejudicial Motivo


1. Infusão intravenosa de ocitocina sintética de Torna a paciente restrita ao leito ou com mobilidade
rotina para aceleração do trabalho de parto reduzida, além de aumentar a dor
significativamente.
2. Amniotomia Aumenta a possibilidade de cesariana.
3. Toques vaginais repetivos para fins de Fere o direito à liberdade individual e caracteriza
aprendizado abuso físico.
4. Posição de litotomia Totalmente desfavorável para o nascimento, sendo
indicado pela OMS posições verticalizadas.
5. Manobra de Kristeller Associadas a lacerações de períneo e prejudiciais
para o bebê, risco de lesões abdominais internas
graves.
6. Episiotomia de rotina Desaconselhada pela OMS em partos sem distócia,
pois não diminui o risco de laceração perineal e
aumenta o risco de lesões perineais.
7. Restrição de movimentos corporais Aumento da dor e da duração do trabalho de parto,
além da chance de necessitar de anestesia e
cesariana.
Fonte: Elaborado pela a autora através das referências citadas 6,9,12. (2017)

A pesquisa Nascer no Brasil, entrevistou mais de 23 mil mulheres e investigou que as


principais práticas realizadas nas maternidades são: imposição da posição litotomica para parir
(92%), episiotomia (56%), uso de ocitocina de rotina e amniotomia (40%), manobra de kristeller
12,13,14
(37%) . A OMS recomenda que o índice de episiotomia não ultrapasse 10% nos partos
vaginais, pois eleva o risco de laceração de períneo, incontinência urinária e fecal, infecção e
hemorragia e ainda pode causar outros problemas relacionados a vida sexual dessa paciente 9. Outra

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pesquisa realizada em Recife em 2014 com 603 puérperas revelou índices bastante altos com
relação as intervenções (86,5%) sofreu algum tipo de intervenção durante o parto9.

O parto passou a ser tratado como um evento médico e retirou-se a mulher como
protagonista do momento do parto, tornando-se um evento medicalizado com a centralização do
(1).
profissional e no que diz respeito a cesárea, o sistema de lucro obstétrico Nesse contexto,
caracteriza-se a violência institucional, moral e verbal envolvidas com o autoritarismo do
profissional durante o parto. Essa autoridade pode ser observada em expressões verbais
intimidadoras, violação de direitos, como a proibição do direito a acompanhante, garantido pela lei
15 .
do acompanhante 11.108 de 2005 Esses profissionais utilizam como motivo, a falta de espaço
físico nas salas de pré parto, ou o alojamento ser feminino proibindo a entrada de companheiros ou
acompanhantes do gênero masculino 5,1,11.

A utilização de terminologias que dificultem o entendimento da paciente e seu


acompanhante sobre suas condições de saúde, a negligência a dor e a assistência, o abandono, a
proibição de se expressar durante o trabalho de parto e atitudes discriminatórias baseadas em classe,
gênero e raça para escolha de procedimentos testes para residentes e acadêmicos violam direito a
dignidade e ao respeito, direito a igualdade e a não discriminação 5,13. Esse tipo de violência é ainda
maior em classes socioeconômicas desfavorecidas 5. A violência verbal é ainda mais cruel, e
provoca na parturiente o sentimento de inferioridade, humilhação, perda de integridade e dignidade,
ferindo o momento do parto e marcando-o negativamente 16. Abaixo elaborou-se uma tabela com as
principais frases encontradas na literatura que são utilizadas pelos profissionais durante o trabalho
de parto, com o intuito de denegrir, ironizar a dor e negar a mulher o direito de se expressar 4.

Tabela 3. Frases violentas utilizados por profissionais durante o trabalho de parto.

Frases violentas
“Na hora de fazer foi bom né? Agora aguenta!”.
“É melhor seu marido não ver o parto, ele vai ficar com nojo de você”.
“Não grite senão seu bebê vai nascer surdo”.
“Não chora não que ano que vem você está aqui denovo”.
Fonte: Elaborado pela a autora através da referência citada 4. (2017)

A ocorrência de VO implica no aumento dos índices de morbidade e mortalidade materna 7.


Existem práticas recomendadas pela OMS capazes de reduzir naturalmente a dor e o tempo de

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trabalho de parto. As práticas não farmacológicas que possibilitam o alívio da dor são: banhos,
massagens, cavalinho, bola. Além disso o apoio dos profissionais, liberdade de deambulação,
possibilidade de alimentar-se com alimentos e líquidos leves, presença do acompanhante28 que a
parturiente escolheu, colaboram para a diminuição da tensão e evolução do trabalho de parto 9.

Tabela 4. A VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA NA VISÃO DOS PROFISSIONAIS

Título Ano Objetivo


1. Violência Obstétrica na visão das 2014 Relatar a experiência de enfermeiras
Enfermeiras Obstetras 4. obstetras sobre a VO vivenciada
durantes suas trajetórias profissionais.
2. Violência institucional, autoridade 2013 Discutir a violência institucional em
médica maternidades sob a ótica de
e poder nas maternidades sob a ótica dos profissionais de saúde, com base nos
profissionais de saúde 17 . dados de uma pesquisa sobre o tema na
cidade de São Paulo, Brasil
3. Do parto Institucionalizado ao parto 2014 Objetivou-se descrever a experiência
Domiciliar 3. vivenciada por um grupo de
enfermeiras obstetras da cidade de
Campinas, SP, Brasil,
sobre o processo de transição do
atendimento ao parto institucionalizado
para o parto domiciliar, ocorrido no
período de 2011 a 2013
4. TESE O SENSÍVEL E O 2016 Analisar os discursos sobre a
INSENSÍVEL NA SALA DE PARTO: assistência ao parto na perspectiva de
interdiscursos de profissionais de saúde e mulheres e profissionais
mulheres 18. de saúde de uma rede pública,
considerando as experiências
vivenciadas na interação
construída durante o trabalho de parto
e parto.

17
Uma pesquisa realizada com 18 profissionais por Aguiar (2013), (médicos obstetras,
enfermeiros e técnicos de enfermagem) com o objetivo de visualizar a violência institucional

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revelou que a maioria dos profissionais não enxergam determinadas ações como forma de
violência e sim como algo rotineiro, afirmando que algumas atitudes são “necessárias para manter a
ordem”. Declaram ainda que as pacientes “poliqueixosas, que cometem escândalos, as agitadas, as
ignorantes e pouco colaborativas necessitam de mais autoridade” como pode-se observar pelo
depoimento abaixo17:

““Ah, isso eu já falei também [Não grita se não eu não venho te atender! Se continuar eu paro
agora o que eu estou fazendo!]. (...) Porque eu queria tentar chamar atenção pra ela colaborar no trabalho
de parto. Eu jamais ia fazer isso porque eu nunca fiz isso, de largar a paciente sozinhana sala. Isso é uma...
É uma forma de ‘coação’, uma forma de tentar ‘dissuadir’ a gestante... Dissuadir, não, né. Tentar fazer com
que a gestante colabore mais.” Obstetra 6 17

Todos os entrevistados também relataram já terem presenciado cenas com o uso de frases
4,17
mencionadas acima da tabela 3 . A violência institucional é ainda justificada por alguns
17
profissionais como resultado da precariedade dos serviços públicos de saúde e a alta demanda .
Eles ainda referem que a prevalência de violência é em instituições públicas, o pobre tende a sofrer
17
ainda mais .A perda do ambiente acolhedor e a desvalorização do nascimento fazem com que
algumas mulheres retornem a ideia de parir em casa, de forma planejada com auxílio de enfermeiras
obstétricas, doulas e até médicos obstetras, dispensando a modernidade e a suposta segurança de
parir em um hospital. Todavia essas mulheres não têm encontrado apoio e são vistas como levianas
e inconsequentes, bem como profissionais que atuam nessa área 3.

O papel do enfermeiro obstetra reflete em um grande benefício para a assistência obstétrica.


A visão do enfermeiro obstetra é muito diferente comparando aos estudos com os outros
profissionais, pois esses reconhecem e confirmam a violência obstétrica e o atual modelo de
assistência como pobre em benefícios e acreditam em um modelo de assistência baseado em
evidências científicas. O enfermeiro obstetra é amparado pela Portaria do Ministério da Saúde nº
2815/98, de 29 de maio de 1998 para atuar na assistência ao parto normal de baixo risco ou risco
habitual. Defendem ainda que, cada mulher deve ser tratada de uma forma única no momento de dar
à luz, priorizando uma assistência individualizada e de forma integral 4,18.

Todavia, a atuação dos enfermeiros obstetras em hospitais é bastante limitada, pois


enfrentam o autoritarismo médico, e em algumas maternidades assumem uma maior quantidade de
funções burocráticas ao invés da assistência obstétrica no momento do trabalho de parto, sendo
mais frequente nessa hora a presença do médico e do técnico de enfermagem 18.

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Tabela 5. A VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA SOB A ÓTICA DAS MULHERES

Título Ano Objetivo


Percepção das mulheres sobre Violência 2017 Caracterizar a violência obstétrica vivenciada
1. Obstétrica 19. pelas mulheres durante o processo parturitivo.
Parto hospitalar: experiências de mulheres 2006 O objetivo deste artigo foi analisar alguns
20
2. da periferia de Cuiabá-MT . aspectos culturais que atravessaram as
vivências de mulheres
ao se submeteram ao parto normal hospitalar
do SUS.
3. Video Nascer no Brasil: o retrato do 2014 Nascer no Brasil conta a história de mulheres
nascimento na voz das mulheres / Born in que enfrentam constrangimentos, em
Brazil: the birth of the picture in women's diferentes situações de parto, experimentando
14
voice – 37min . sentimentos de não acolhimento e de
negligência em diversos hospitais e
maternidades. Todas são protagonistas com
suas histórias de expectativas, esperanças,
alegria com o nascimento do bebê e,
paradoxalmente, de sofrimento, sentimento de
abandono, violência, incluindo a prevalência
da intervenção desnecessária de
procedimentos técnicos sobre a naturalidade
da vida.

4. Violência Obstétrica e o ativismo nas 2015 Contextualiza-se a problemática à realidade


redes sociais 21. brasileira, evidenciando-se, a partir da análise
do blog Cientista
que virou mãe, o movimento que se articula
entre mulheres brasileiras nas redes sociais
com o intuito de defender e dar visibilidade a
iniciativas de parto natural e humanizado,
atuando contra a violência obstétrica.

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Violência Obstétrica sob o olhar das 2016 Investigar o conhecimento das mulheres
22
5. usuárias . acerca da violência obstétrica.
Relato de puérperas acerca da violência 2017 Desvelar as formas de violências obstétricas
6. obstétrica nos serviços públicos 16. sofridas durante a gestação e o parto a partir
de relatos de puérperas.
7. A experiência da Cesárea Indesejada: 2012 Descrever a analisar a experiência de cesárea
Perspectivas das mulheres sobre decisões e auto referida como indesejada por mulheres
suas implicações no parto e nascimento 23. que buscaram parto normal e os mecanismos
associados a discrepância entre o desejo
original (PN) e o desfecho (PC) e suas
implicações no pós parto , a saber no
aleitamento materno, na decorrência de
Depressão , e na formação do vínculo.
8. Violência Consentida: mulheres em 2008 Denunciar como se dá a assistência em muitas
24
trabalho de parto e parto . das instituições de saúde, e que revela como
várias das circunstâncias a que a mulher está
sujeita no processo de parturição se
caracterizam por ações de não cuidado e/ou
como desumanização.
9. O discurso da violência obstétrica na voz 2017 Analisar os discursos de mulheres sobre a
das mulheres 25. assistência ao parto, considerando as situações
vivenciadas e as interações construídas entre
eles durante o trabalho de parto e parto.
10. Prática da episiotomia no parto: Desafios 2017 Identificar o conhecimento de puérperas sobre
para a Enfermagem 26. a episiotomia e como se deu a realização dessa
prática no parto.
Violência Obstétrica no Brasil e o 2017 Relacionar o enfrentamento da violência
11. Ciberativismo de mulheres mães relato de obstétrica no Brasil e o ciberativismo de
duas experiências 27. mulheres, em especial, de mulheres
mães.
12. O descumprimento da lei do acompanhante 2017 Analisar a percepção das mulheres acerca do
28
como agravo á saúde obstétrica . descumprimento da Lei do Acompanhante,
com foco no seu direito constituído

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legalmente e nos sentimentos por elas


vivenciados durante o parto e o nascimento.

13. A Peregrinação no período reprodutivo 2015 Analisar as percepções das mulheres acerca da
8
uma violência no campo obstétrico . assistência obstétrica no que se refere ao
atendimento de seus direitos de acesso ao
serviço de saúde durante o processo de parto e
nascimento.

Durante o parto, as mulheres ficam sensibilizadas e vulneráveis a sofrer violência. Trata-se


muitas vezes de uma violência consentida, pois movidas pelo medo e a subordinação ao profissional
algumas acabam esquecendo momentaneamente o que sofrem, movidas pela alegria do nascimento
24
. Outras enfrentam doses ainda maiores de agressões, tornando o evento do parto algo dolorido
4,25
não apenas pelo fisiológico, mas pela violência sofrida . Além disso, muitas mulheres não têm
conhecimento de que as intervenções que sofrem são consideradas violência, como por exemplo a
episiotomia, termo técnico utilizado por profissionais e que não faz parte do cotidiano de todas as
mulheres 26. A falta de informação e empoderamento dessas mulheres reflete em índices maiores de
violência e cabe ao profissional, analisar o grau de instrução da paciente e realizar uma
comunicação efetiva, possibilitando um diálogo respeitoso e uma assistência humanizada 26.

Porém, percebeu-se um crescente em estudos quantitativos e qualitativos referente a da visão


das mulheres acerca da VO, sendo essa categoria o maior número de artigos analisados. Na voz das
usuárias, existe uma prevalência da violência institucional, expressada em negligência de
atendimento, agressões verbais, cesáreas indesejadas, proibições de acompanhantes e excesso de
4,16,23
intervenções físicas . Nas intervenções físicas, destaca-se a grande ocorrência de exames e
toques vaginais repetitivos para fins de aprendizado (20%) e a cesariana eletiva sem indicação16. O
depoimento abaixo foi retirado da pesquisa realizada por Wollf 24 (2008):

“(...) Menos gostei, foram os toques, porque, no começo doía, não gostava quando eles [os médicos]
vinham [...] doía, era ruim, porque tinha gente que fazia com calma e outros que não [...] eles chegavam e
diziam: Vamos examinar, vamos ver como é que está, e aí eu deixava [...]. Aí vinha todo mundo, todo mundo
queria fazer [...] vários [...] quatro fizeram exames de toque [vaginal] [...] senti nesse momento vergonha
(...)”primípara de 15 anos 24

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É lastimável que a mulher tenha se apagado desta forma durante o momento do seu parto,
sendo tratada como uma cobaia, um objeto de aprendizado, ferindo todos os seus princípios de
privacidade, dignidade 27.

Quanto a cesárea sem indicação, ou seja, em mulheres que poderiam ter um parto normal, o
Brasil é o país com maior índice mundial de cesáreas, sendo de 27% na rede pública e até 90% na
rede privada, enquanto o recomendado pela OMS em 2012 seria de 10 a 15% ao ano 23. Esse dado
foi revisado no ano de 2015 pela OMS, declarando que a cesárea deve ser ainda uma decisão
médica, com justificativas definidas, com segurança e cautela, e que as parturientes devem ser
advertidas de todos os riscos29. A OMS também sugere que sejam aplicadas em todo o mundo a
classificação universal de Robson, um documento que permite comparar as diferentes taxas de
cesárea entre hospitais, países e cidades29. Segundo Salgado 23
(2012) 70 a 80% das mulheres que
realizam cesárea, almejavam ter parto normal desde o início da gravidez. Movidas por informações
incompletas e distorcidas, são coagidas a realizações de cesáreas eletivas e desconhecem os
malefícios do procedimento cirúrgico. Comparado ao parto vaginal, a cesariana sem indicação
oferece um risco maior a morbidade e mortalidade materna, risco de infecção e internamentos em
UTI e UTI neonatal, risco de prematuridade e mortalidade neonatal, sem mencionar as questões
imunológicas . Finalmente, após todas as analises, cabe ressaltar que o tema ainda é recente e
23, 16

está em ascensão, sendo a prevenção da VO um assunto discutido e necessitado de investigação e


intervenção.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A dor do parto faz parte da natureza humana e está associada a possiblidade do ser humano
gerar uma vida. Além da dor fisiológica, a dor de uma agressão durante o nascimento ficará na
lembrança da vítima para sempre como algo traumático e pouco agradável de lembrança. O
momento do parto deveria ser considerado e lembrado com um momento de alegria pelas mulheres
e manejado com respeito e de forma humanizada pelos profissionais de saúde.

O presente estudo possibilitou a visualização ampliada da violência obstétrica como um


problema de saúde pública violador de direitos de grandes índices. É necessário que haja ainda mais
divulgações acerca do tema, para que as mulheres tenham acesso a informações e aos seus direitos,
e estejam mais empoderadas e preparadas para o momento do parto. A prevenção da violência
obstétrica deve iniciar nas universidades e instituições de educação em saúde, mediante a inclusão

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de disciplinas e discussões acerca da temática e principalmente a migração para um modelo de


assistência baseado em evidências cientificas, diminuindo assim as intervenções desnecessárias e o
alto índice de cesarianas. Ainda é importante destacar que a enfermagem obstétrica possui um
grande papel no combate a VO, pois essa classe já encontra-se mais inserida no que diz respeito ás
boas práticas obstétricas e encontra-se mais próxima da paciente durante o momento do parto.
Torna-se indispensável, a implementação e fiscalização de gestores e autoridade públicas nas
instituições para que as políticas de proteção e incentivo ao parto humanizado sejam cumpridas. A
atualização das classes de médicos, enfermeiros e técnicos de enfermagem por meio de protocolos,
treinamentos e conscientizações é de mera importância pois os estudos revelaram que para a
maioria dos profissionais não relaciona as atitudes cometidas com violência.

Por fim, é necessário devolver a mulher o papel de protagonista do próprio parto, atuando na
assistência obstétrica descentralizando o profissional, de modo a oferecer desde um pré natal efetivo
até um parto humanizado, fazendo o uso das boas práticas e respeitar cada nascimento como um
acontecimento único e prezar por uma assistência obstétrica de qualidade.

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