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RUTE AGRINFE TEIXEIRA DE LIMA

ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NO PARTO HUMANIZADO E NA


PREVENÇÃO À VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA

Linha de Pesquisa: Saúde nas fases da vida

Artigo apresentado ao Curso de Bacharelado


em Enfermagem, do Centro Universitário de
João Pessoa, como parte das exigências para a
obtenção do título de Bacharel em
Enfermagem.

João Pessoa, de____________de 2022.

BANCA EXAMINADORA

Prof. Jeferson Barbosa Silva


Doutor em Enfermagem

Profa. Hebe Janayna Mota Duarte Beserra


Doutora em Ciências da Saúde

Profa. Nathalia Claudino do Nascimento


Mestra em Enfermagem
ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NA PREVENÇÃO À VIOLÊNCIA
OBSTÉTRICA1

NURSING ASSISTANCE IN THE PREVENTION OF OBSTETRIC VIOLENCE

Rute Agrinfe Teixeira De Lima2


Jeferson Barbosa Silva3

RESUMO
Objetivo: analisar á produção científica nacional acerca das ações assistências da
enfermagem na prevenção da Violência Obstétrica. Método: Trata-se de uma revisão da
literatura. As produções foram coletadas nas bases MEDLINE, SciELO e LILACS utilizando
como recorte temporal o período de 2012 a 2022, no idioma português, selecionadas a partir
dos descritores “violência obstétrica”, “parto humanizado” e “assistência de enfermagem”.
Resultados: A amostra final foi composta por 10 artigos, sintetizado em um quadro.
Destacou-se entre as ações de enfermagem, citadas na maioria dos trabalhos analisados, a
educação em saúde como estratégia de ampliação da autonomia e prevenção quarternária da
violência obstétrica. Conclusão: Observou-se que por meio de ações educativas o enfermeiro
pode contribuir com a troca de saberes com as mulheres, sendo possível repensar as
estratégias de atuação frente à temática da violência obstétrica ainda durante a assistência pré-
natal. Demonstrou-se ainda que este profissional, atua de forma direta na redução de
procedimentos invasivos desnecessários, na implementação de métodos não farmacológicos
no alivio da dor, no acolhimento digno, na escuta ativa e no apoio físico e emocional.

Palavras-chave: Violência obstétrica; Parto humanizado; Assistência de enfermagem.

ABSTRACT
Objective: to analyze the national scientific production about nursing assistance actions in the
prevention of Obstetric Violence. Method: This is a literature review. The productions were
collected in the MEDLINE, SciELO and LILACS databases using the period from 2012 to
2022 as a time frame, in Portuguese, selected from the descriptors “obstetric violence”,
“humanized childbirth” and “nursing care”. Results: The final sample consisted of 10 articles,
summarized in a table. Among the nursing actions cited in most of the analyzed studies,
health education stood out as a strategy for expanding autonomy and quarterly prevention of
obstetric violence. Conclusion: It was observed that, through educational actions, nurses can
contribute to the exchange of knowledge with women, making it possible to rethink strategies
for action in the face of obstetric violence during prenatal care. It was also demonstrated that
this professional acts directly in the reduction of unnecessary invasive procedures, in the
implementation of non-pharmacological methods to relieve pain, in dignified reception, in
active listening and in physical and emotional support.

Keywords: Obstetric violence; Humanized birth; Nursing assistance.


1
Artigo apresentado ao Curso de Bacharelado em Enfermagem, do Centro Universitário de João Pessoa-UNIPÊ, como parte
das exigências para a obtenção do título de Bacharel em Enfermagem. 2022.2
2
Graduanda do Curso de Bacharelado em Enfermagem. Centro Universitário de João Pessoa-UNIPÊ.
3
Orientadora. Professora Assistente do Curso de Enfermagem do Centro Universitário de João Pessoa-UNIPÊ. Doutor em
Enfermagem pelo Programa de Pós-Graduação em Enfermagem, da Universidade Federal da Paraíba.
V000s Lima, Rute Agrinfe Teixeira De.
Assistência de enfermagem no parto humanizado e na prevenção à violência
obstétrica - João Pessoa, 2022.
23f.

Orientador (a): Prof. Dr. Jeferson Barbosa Silva


Artigo (Curso de Bacharelado em Enfermagem) –
Centro Universitário de João Pessoa - UNIPÊ.

1. Violência obstétrica. 2. Parto humanizado.


3. Assistência de enfermagem. I. Título.

UNIPÊ / BC CDU - 000:000


2

1 INTRODUÇÃO

A violência obstétrica se apresenta como uma tipologia de violência, contra a mulher,


que acontece no transcorrer da gestação, parto, pós-parto ou em situação de abortamento. Esta
forma de violência específica pode se classificar como física, psicológica, verbal, simbólica
e/ou sexual, além de englobar práticas como negligência, discriminação, condutas excessivas
ou desnecessárias, que são prejudiciais para a mulher (ANDRADE; AGIO, 2018).
Faz-se relevante destacar, inicialmente, que conforme dados levantados pelo
Ministério da Saúde, 25% das mulheres já sofreram algum tipo de violência obstétrica e a
grande maioria permaneceu não chegou a realizar denuncia formal, sem buscar ajuda em prol
de restituir os danos causados ou até mesmo, punir os responsáveis (BRASIL, 2015).
Durante a gestação, a violência obstétrica ocorre quando há a omissão de informações
para a gestante, bem como quando esta tiver seu atendimento negligenciado, seja por falta de
consultas ou exames para seu pré-natal. Durante o parto, os principais atos ocorrem através de
ameaças, gritos, chacotas, humilhações e piadas de menosprezo ao estado gravídico em que se
encontra a mulher (MOTTA, 2019).
É fundamental esclarecer ainda que a violência também é concretizada por meio de
procedimentos invasivos sem necessidade real e/ou sem prévia autorização da vítima, como
exemplo cita-se a episiotomia, manobra de Kristeller, uso de ocitocina sintética sem indicação
e nascimentos por via cesariana, sem respeitar a vontade da mesma (ANDRADE; AGIO,
2018).
O Brasil ocupa o segundo lugar no mundo em números de cesarianas possuindo um
percentual que chega a 55% (BRASIL, 2017), mesmo a Organização Mundial de Saúde
(OMS, 2016) estabelecendo em até 15% a proporção máxima recomendada. Estes números
alarmantes estão atrelados a diversos fatores, e o principal deles é a falta de conhecimento e
informação das mulheres no que se refere ao conceito e abrangência da violência obstétrica,
uma vez que muitas delas não sabem se estão sendo vítimas (ou se já foram) e da falta de
qualificação dos funcionários da saúde em prol de garantir um tratamento humanizado para as
pacientes (BRASIL, 2017).
Embora não esteja tipificado no Código Penal, a violência obstétrica é alvo de algumas
de leis que visam proteger a mulher. Um exemplo disso é a lei n. 11.108 de 2005, que trouxe
em seu texto a garantia a serem efetivadas no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS) ou da
rede conveniada, estabelecendo que os hospitais serão obrigados a permitir que toda mulher
tenha direito a um acompanhante indicado pela parturiente, seja durante o trabalho de parto e
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após o parto (BRASIL, 2005).


Ademais, a própria Constituição Federal de 1988 assegura o direito à liberdade e a
dignidade humana, princípios estes que deveriam garantir às mulheres o direito a um parto
respeitoso, humanizado, tratamento justo e adequado na recuperação no período puerperal
(BRASIL, 1988).
A violência obstétrica pode ser praticada por parte de inúmeros profissionais,
principalmente enfermeiros e médicos, uma vez que estão diretamente ligados a maior parte
da assistência a grávidas e parturientes nas instituições de saúde, com isso, torna-se
fundamental que o enfermeiro ofereça uma assistência de qualidade e que respeite os direitos
das mulheres durante toda a vivencia de ciclo gravídico-puerperal (ANDRADE; AGIO,
2018).
Frente ao exposto sobre a problemática de pesquisa, questiona-se: como as ações
assistenciais da enfermagem pode prevenir a violência obstétrica. Visando responder tal
questionamento, este estudo objetiva analisar á produção científica nacional acerca das ações
assistências da enfermagem na prevenção da Violência Obstétrica.

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA

A definição da violência contra a mulher é transcrita como sendo “qualquer ato ou


conduta baseada no gênero, causando morte, dano ou sofrimento de ordem física, sexual ou
psicológico à mulher, tanto na esfera pública como na esfera privada” (Comitê Latino
Americano e do Caribe para a Defesa dos Direitos da Mulher, 1996, p. 6).
Resta evidente que a violência obstétrica é um tipo de violência de gênero, que ao
longo dos anos ganhou uma série de definições, sendo algumas relacionadas a transtornos
físicos enfrentados pelas vítimas e outras incluindo os danos psicológicos e verbais, sexuais,
podendo ser de forma implícita ou oculta, praticados pelos profissionais das instituições de
saúde (MOTTA, 2019).
De acordo com Andrade e Aggio (2018), violência obstétrica se refere a qualquer ato
praticado por profissionais da saúde tendo por cerne o corpo e os processos reprodutivos das
mulheres, exprimido através de uma atenção desumanizada, abuso de ações intervencionistas,
medicalização e a transformação patológica do processo de parturição fisiológico. Ainda no
que tange a conceituação, traz-se, por conseguinte a definição elaborada pela Organização
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Mundial de Saúde (2016, p. 89) acerca da violência obstétrica:

Apropriação do corpo da mulher e dos processos reprodutivos por profissionais de


saúde, na forma de um tratamento desumanizado, medicação abusiva ou
patologização dos processos naturais, reduzindo a autonomia da paciente e a
capacidade de tomar suas próprias decisões livremente sobre seu corpo e sua
sexualidade, o que tem consequências negativas em sua qualidade de vida (WHO,
2016, p. 59).

Portanto, qualquer ato praticado pelos profissionais de saúde, que venha ferir o direito
de escolha da mulher, que seja praticado sem sua autorização e coloque em risco sua
integridade física ou moral ou no qual o agressor coaja psicologicamente a vítima a acreditar
que aquele sofrimento foi realmente necessário, constitui-se em violência obstétrica.

2.1.1 CONTEXTO HISTÓRICO

Os abusos enfrentados pelas mulheres no momento pré, pós e durante o parto,


acontecem desde os tempos antigos, sendo encontrados registrados em momentos diferentes
da história, contudo, apenas recentemente vem se expandindo e ganhando importância o
termo violência obstétrica (MOTTA, 2019).
Por muito tempo a cultura do parto incutida como um momento de sofrimento e dor
foi propagado. Ocorre que a ideia de sofrimento foi tão naturalizada na sociedade, que grande
parte das mulheres não sabe se está sendo ou se foi vítima de alguma prática agressiva no
momento de dar à luz, antes ou depois. Anteriormente ao advento dos partos nas
maternidades, as mulheres tinham seus filhos em casa, com seus familiares e acompanhadas
de uma parteira (MOTTA, 2019). Nesta época, a mulher era a protagonista do seu corpo e das
suas necessidades, no seu momento.
Hirakawa (2019) observa que no cenário atual, a mulheres estão perdendo a autonomia
em relação aos seus direitos reprodutivos por falta de informação, tal situação é agravada pela
cultura de hierarquia entre médicos e pacientes, onde estas se sentem coagidas a se
submeterem a qualquer procedimento por eles indicados.
Com a criação de hospitais e o avanço da tecnologia, o parto, antes vislumbrado como
um evento natural, se tornou um evento médico e mecanizado, onde a mulher perdeu o direito
sobre seu próprio corpo e foi induzida a aceitar que aquele procedimento seria o melhor para
si, não existindo outra opção. De fato, a tecnologia ajudou e muito, mas não justifica que uma
mulher seja submetida a procedimentos invasivos sem que seja respeitada sua vontade por
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motivos de interesse dos profissionais despreparados (ANDRADE; AGGIO, 2018).


Na década de 1980, um grupo de pesquisadoras ativistas chamada por “Grupo Ceres”,
se tornou pioneiro no Brasil quanto ao assunto, com a publicação da obra “Espelho de
Vênus”, na qual fizeram seus relatos descrevendo o parto “moderno” como uma experiência
degradante e violenta, demonstrando que violência não se restringe a relação sexual, mas está
presente na relação entre médicos e pacientes, onde a mulher acaba perdendo a autonomia
sobre seu próprio corpo, no decorrer da obra foram testemunhando suas experiências:

Não é apenas na relação sexual que a violência aparece marcando a trajetória


existencial da mulher. Também na relação médico-paciente, ainda uma vez o
desconhecimento de sua fisiologia é acionado para explicar os sentimentos de
desamparo e desalento com que a mulher assiste seu corpo ser manipulado quando
recorre à medicina nos momentos mais significativos da sua vida: a contracepção, o
parto, o aborto (GRUPO CERES, 1981, p. 349).

Com o assunto em alta, no final da década de 1980, nasceu o Programa de Atenção


Integral à Saúde da Mulher (PAISM), que buscou reconhecer tais atos como agressivos e
atentatórios a dignidade da mulher, mas diante das pressões e reprovação por parte dos
profissionais de saúde acabou sendo negligenciado e esquecido, mesmo o assunto estando em
debate (SANTOS, 2018).
Recentemente, foram lançadas várias pesquisas e estudos que demonstram o quão
desrespeitoso e desumano é a assistência que principalmente as mulheres pobres em
maternidades públicas são obrigadas a se submeter, trazendo novamente o assunto para as
mídias e começando a tentativa de melhorar a situação (MOTTA, 2019).
Segundo pesquisa realizada pela “Fundação Perseu” no ano de 2010, uma a cada
quatro mulheres foi vítima de violência obstétrica nos últimos anos, sendo a falta de
informação o principal motivo a impedir que elas pudessem exercer seu direito à liberdade de
escolha (GOMES, 2018).
Hirakawa (2019, p. 01) assinala que para a mulher exercer de fato sua autonomia, está
terá que passar por um processo informativo bem mais detalhado do que o que recebe
atualmente. Sendo necessário que a mulher tenha uma verdadeira liberdade de escolha, ou
seja, “a escolha não pode ser retalhada de nenhuma maneira nem pode resultar numa
assistência de pior qualidade”.
Ocorre que infelizmente, o Sistema de Saúde não trata mulheres como sendo sujeitos
de direitos e sim como objetos, as quais tem que se submeter à relação hierárquica entre
médico e paciente, fazendo com que a mulher se sinta incapaz de tomar decisões sobre seu
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próprio corpo, conforme afirma Rattner (2019, p. 759) “é a violência da recusa do


reconhecimento da mulher como alguém capaz de encarar decisões sobre o próprio corpo,
sem você explicar direito do que se trata”. Razão pela qual ainda é tão árduo para entender
que as pacientes possuem sim o direito de participar nas escolhas dos procedimentos nos
quais será submetida.

2.1.2 CLASSIFICAÇÕES DA VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA

A violência obstétrica ainda é difícil de ser identificada, por diversos fatores, dentre
eles, o principal é o fato de que as mulheres desconhecem o assunto ou pela violência
acontecer de forma velada. Pode-se identificar esta violência em três estágios: durante o
período do pré-natal, durante o parto que é o mais comum, após, e em casos de aborto
(SANTOS, 2018).
Antes do parto, a mulher pode ser vítima de violência obstétrica em várias ocasiões,
bastando apenas que para ela não tenham sido repassadas informações essenciais das quais ela
precisará para aquele momento ímpar, ou que seja lhe negado atendimento durante o pré-
natal, ou que esta seja submetida a qualquer procedimento que não tenha sido autorizado
(HIRAKAWA, 2019).
Acontece que as formas de violência obstétrica antes do parto ou durante não são
apenas físicas, mas na grande maioria das vezes, envolvem o lado psicológico da mulher,
sejam com insultos, apelidos maldosos relacionados com sua gravidez e outras situações que
acarretam danos psicológicos imensuráveis que podem ser, em longo prazo, causadores de
traumas bastante danosos (BASÍLIO, 2018).
Cada mulher reage a situação e a dor de um modo diferente, algumas gritam, outras
choram, outras ficam envergonhadas ou constrangidas e são recriminadas por isso, tendo que
aturar piadas, uso de frases como “na hora de fazer não gritou”, “soube fazer agora aguenta
calada”, essas condutas se enquadram como violência obstétrica, devendo ser combatidas e
rechaçadas (HIRAKAWA, 2019).
Por sua vez, durante o parto, algumas práticas são típicas, mencionam-se as seguintes:
rompimento artificial da bolsa que acarreta riscos de infecções para a mãe e filho, a prática de
episiotomia, que é um corte feito na vagina para aumentar o canal vaginal e, assim, facilitar a
saída do bebê (BASÍLIO, 2018).
Deixar de aplicar anestesia quando a parturiente solicitar, nos moldes de sua
necessidade física, ou aplicar anestesia sem seu consentimento, cessar o direito da mesma de
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ter um acompanhante, não permitir que a mulher beba água ou se alimente, assim como,
deixar de informar que nos moldes da Lei n. 9.263/1996 a mulher com mais de vinte e cinco
anos ou com dois ou mais filhos tem direito a cirurgia de laqueadura nos hospitais públicos ou
conveniados também se constituem em formas de violência obstétrica. Segundo a cartilha da
violência obstétrica da Defensoria Pública do Paraná (2019), são situações que podem ser
usadas como exemplos:

Tratar a gestante ou parturiente de forma agressiva, não empática, grosseira,


zombeteira, ou outra forma constrangedora; Recriminar a parturiente por qualquer
comportamento como gritar, chorar, ter medo, vergonha ou dúvidas, bem como, por
característica ou ato físico, como obesidade, pelos, estrias, evacuação e outros;
Ignorar as queixas e dúvidas da mulher internada ou em trabalho de parto; Tratar a
mulher de forma inferior, dando-lhe comandos e nomes infantilizados e diminutivos,
tratando-a como incapaz; Fazer a gestante ou parturiente acreditar que precisa de
uma cesariana quando esta não se faz necessária, utilizando de riscos imaginários ou
hipotéticos e sem a devida explicação dos riscos que alcançam ela e o bebê
(PARANÁ, 2019, p. 12).

São diversos os relatos de diferentes tipos de violência obstétrica, sejam estes físicos
ou psicológicos ou até mesmo de forma velada, sofridos pelas mulheres durante o parto.
Todas essas práticas abusivas tem um impacto físico e psicológico imensurável sobre a
qualidade de vida da mulher, a saúde reprodutiva e sexual, pois por medo de passar pela
experiência negativa novamente, se privam de ter relações, uma vez que muitas delas sentem
dores por um período de tempo muito longo, e até possuem receio de terem filhos novamente,
por associarem o nascimento à dor (HIRAKAWA, 2019).
No que concerne à violência obstétrica após o parto ou em situação de abortamento,
registram-se como exemplos, submeter à mulher a procedimentos desnecessários em prol de
demonstrar para estudantes que estejam acompanhando o procedimento; em casos que não
existem riscos para a mãe ou bebê afastá-los e não permitir que a mãe possa amamentar seu
filho em livre demanda; negar ao pai que possa acompanhar o bebê e mãe, dentre outras
(SANTOS, 2018).

2.2 PROGRAMA DE HUMANIZAÇÃO NO PRÉ-NATAL E NASCIMENTO (PHPN)

No Brasil, a saúde da mulher foi incorporada às políticas nacionais de saúde nas


primeiras décadas do século XX, sendo limitada, nesse período, às demandas relativas à
gravidez e ao parto. Os programas materno-infantis, elaborados nas décadas de 30, 50 e 70,
traduziam uma visão restrita sobre a mulher, baseada em sua especificidade biológica e no seu
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papel social de mãe e doméstica, responsável pela criação, educação e cuidado com a saúde
dos filhos e demais familiares (BRASIL, 2010).
O Ministério da Saúde (MS) implantou no ano de 2000, o Programa de Humanização
no Pré-Natal e Nascimento (PHPN), garantindo assim a redução dos óbitos maternos e
perinatais e uma assistência de qualidade e humanizada desde o parto até o puerpério (LIMA
et. al., 2019).
Nesse programa, toda gestante tem o direito de atendimento humanizado, seguro e de
qualidade na gestação, parto e puerpério de acordo as condições estabelecidas pela prática
médica; e, todo recém-nascido tem direito à assistência neonatal humanizada e segura. Para
que isso ocorra devem-se ter consultas gestacionais e pediátricas, exames laboratoriais,
exames de imagem, imunização, classificação de risco gestacional e atividades educativas
para as gestantes (CARDOSO et. al., 2019).
Um dos critérios determinados pelo Ministério da Saúde para a qualidade da
assistência ao pós-parto é o auxilio à mulher e ao recém-nascido durante o puerpério imediato
e tardio. Consequentemente, os profissionais devem aproveitar a oportunidade desta fase na
vida da mulher para execução de ações para a promoção da saúde e prevenção de doenças, tal
como realizar a educação em saúde, buscando sanar dúvidas que essas puérperas possam ter
(SOUZA; FERNANDES, 2014).
A assistência à mulher no pós-parto imediato e nas primeiras semanas após o parto é
de fundamental importância para a saúde materna e neonatal. A enfermagem está diretamente
ligada à realização da assistência puerperal através das consultas de enfermagem, e prestação
no campo domiciliar, a mesma é executada ainda na primeira semana após o parto, onde
possibilita a prestação de cuidados referentes à mulher e ao bebê, para prevenção das
intercorrências da lactação e outras complicações do período. Os profissionais de enfermagem
devem se atentar as necessidades que as puérperas podem ter principalmente física e mental,
se colocando no lugar das puérperas par assim prestar uma assistência de qualidade e
humanizado (BRASIL, 2013).
A assistência de enfermagem se caracteriza como um fator importante durante todo
ciclo gravídico puerperal, iniciando-se no pré-natal com o acolhimento e consulta adequada,
até o puerpério com orientações desse período, bem como sobre o aleitamento materno,
propiciando informações e sanando dúvidas da puérpera (BATISTA; FARIAS; MELO,
2017).
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2.3 BOAS PRÁTICAS OBSTÉTRICAS

A enfermagem, a fim de realizar boas práticas obstétricas e, no intuito de prevenir a


ocorrência da violência obstétrica deve: 1 - explicar para a paciente de maneira que ela
compreenda o que pode ajudar; 2- evitar procedimentos invasivos, que causem dor e que
sejam arriscados, exceto em situações estritamente com indicações; 3- procurar ouvir a
paciente e trabalhar em parceria com os colegas e garantir um tratamento ao paciente longe do
humilhante; 4 - promover à paciente o direito de acompanhante de sua escolha no pré-natal e
parto; 5- garantir o acesso ao leito e uma assistência pautada na equidade; 6- orientar a mulher
acerca dos direitos relacionados à maternidade e reprodução; 7 - investir em si mesmo,
buscando realizações no seu trabalho e estar em constante atualização (FRELLO;
CARRARO, 2018).
De acordo com o Programa de Humanização no Pré-Natal e Nascimento a
humanização da assistência é condição fundamental no acompanhamento da gestação, parto e
puerpério. Isto requer por parte dos profissionais de saúde atitudes pautadas na solidariedade e
na ética a fim de proporcionar um ambiente acolhedor para a família, rompendo com o
tradicional isolamento imposto à mulher (BRASIL, 2000).
Os fatos envolvem atos de desrespeito, assédio moral e físico, abuso e negligência, que
vão desde o período pré-natal até durante o parto, e apenas nos últimos anos esse tema está
sendo debatido pela comunidade científica juntamente com os profissionais de saúde e
sociedade civil (MEDEIROS et. al., 2018).
Sob esta perspectiva, em pesquisa realizada por Ferreira et. al., (2017) a partir do
relato de experiência de mulheres no pré-parto e parto, que sofreram violência obstétrica,
nenhuma das participantes chegou a receber, dos profissionais de saúde como o enfermeiro,
orientações quanto o tipo de parto mais apropriado conforme as condições de saúde da mulher
e concepto, tão pouco sobre seus direitos na assistência ao pré-natal e parturição. Além disso,
essas mulheres ainda não tiveram a oportunidade de conhecer a maternidade e os profissionais
que as iriam assistir, contrapondo o proposto pela política de humanização ao pré-natal e
parto.
Desde o início da década de 1980 a Organização Mundial de Saúde (OMS) trouxe
contribuições importantes ao propor o uso adequado de tecnologias para o parto e nascimento,
com base em evidências científicas que contestam práticas preconizadas no modelo médico de
atenção (MEDEIROS et. al., 2018).
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Apesar do estabelecimento de vínculos entre as pessoas serem discutidos no âmbito


das várias profissões de saúde, para a enfermagem, este fator se revela como condição
fundamental no cuidado, uma vez que reflete o exercício do cuidado em si, e se configura
como objetivo de trabalho (SOARES, 2016).
Para que o enfermeiro desenvolva um cuidado de enfermagem eficiente, legítimo e de
qualidade, é indispensável considerar em suas ações aspectos essenciais, como o diálogo, o
sabor ouvir, o toque, a troca de ideias, a demonstração de preocupação e a expressão de afeto,
além de outros aspectos holísticos do cuidado (FRELLO; CARRARO, 2018).
Nesse contexto, é necessário que os profissionais de enfermagem, além de possuir
competência técnica, estejam envolvidos com os aspectos psicológicos e sejam capazes de
compreendê-los, oferecendo, assim, necessário suporte emocional à mulher, respeitando sua
autonomia, direito de um acompanhante de escolha e garantia de que serão informadas sobre
todos os procedimentos a que serão submetidas.

2.3.1 ATUAÇÃO DO ENFERMEIRO NO PARTO SEGURO E HUMANIZADO

Por meio da atuação do enfermeiro no parto, se pode minimizar os números de


violência contra a mulher, evitando intervenções inapropriadas na implantação de práticas
como: presença de alguém da família/companheiro durante o trabalho de parto, conforto na
posição, presença de partograma, ocitócicos no pós-parto, contato entre o RN e a mãe por
pelo menos 30 minutos, ações que reduzem o conforto emocional e físicos, visando devolver
a mulher sua auto confiança para lidar com a maternidade (RABELO; OLIVEIRA, 2018).
Assim, é e fundamental importância que os profissionais de enfermagem sejam
qualificados e comprometidos de forma pessoal e profissional, que recebam a mulher com
respeito, ética e dignidade, além de poder incentivá-la a exercer a sua autonomia no resgate de
seu papel ativo no processo parturitivo, como também ser protagonista de sua vida e repudiar
qualquer tipo de discriminação e violência que possa comprometer os seus direitos de mulher
e cidadã (SOUZA; GAÍVA; ANJOS, 2016).
O enfermeiro deve trabalhar valorizando a essência humana e respeitando as emoções
da parturiente de forma a não desvalorizá-la durante o parto. Além de tudo isso o enfermeiro
deve assegurar o acesso ao atendimento digno, o acesso para a gestante conhecer a unidade
em que terá seu parto realizado e a garantia de um atendimento humanizado em todos os
estágios da gravidez (RABELO; OLIVEIRA, 2018).
16

Com relação aos fatores de risco para a ocorrência da violência obstétrica, é de valia
que o enfermeiro saiba conhecer e detectar mulheres que possam estar mais vulneráveis a
sofrer violência obstétrica. Assim, o enfermeiro como profissional atuante na atenção primária
à saúde e pré-natal, deve também estar atento na investigação sistemática da violência
doméstica, principalmente de mulheres protestantes, pois estudos apontam o maior índice de
violência contra esse público, bem como as mulheres que não planejam a gravidez e as
gestantes com parceiro em hábito do etilismo (SOARES, 2016).
Diante deste cenário, a equipe de enfermagem deve oferecer condições para que a
mulher sinta-se à vontade, além de encorajá-la para momentos de dor durante o parto,
proporcionando acomodação de leito adequado em limpeza, ventilação e iluminação, garantir
o máximo de privacidade individual para a cada gestante utilizando biombos/divisórios entre
as camas nas salas de dilatação, procurar ofertar um horário flexível para entrega da
alimentação, garantir banho com água corrente e com sabão e roupas conforme ela desejar
usar e até mesmo em que posição gostaria de ficar durante o parto (MEDEIROS et. al., 2018).
Além disso, a equipe de enfermagem deve questionar se a parturiente tem alguma
dúvida ou preocupação/medo sobre o trabalho de parto, dar informações sobre os sinais e
sintomas das fases do trabalho de parto e como aliviá-los, o desenvolver do trabalho de parto
e pré-parto (aumento da intensidade e frequência das contrações, o tempo e intervalos para
cada exame/ausculta fetal em cada 30 minutos). Outro cuidado a ser realizado são as possíveis
posições para o parto, cuidados imediatos com o recém-nascido e sempre esclarecendo
possíveis dúvidas (SOUZA; GAÍVA; ANJOS, 2016).

3 MÉTODO

Essa pesquisa foi desenvolvida a partir de uma revisão integrativa de literatura. De


acordo com Mendes (2018) esta técnica se caracteriza por suprimir dúvidas a partir de
pesquisas em documentos. Entretanto, implica no esclarecimento das pressuposições teóricas
que fundamentam a pesquisa e das contribuições proporcionadas por estudos já realizados
com uma discussão crítica. Portanto, trata-se de uma técnica de pesquisa que reúne e sintetiza
o conhecimento científico produzido por meio da análise dos resultados já evidenciados nos
estudos de autores especializados.
O processo de análise da pesquisa se sucedeu nas seguintes etapas: 1. Identificação do
tema; 2. Levantamento da questão de pesquisa; 3. Escolha dos critérios de inclusão e exclusão
dos artigos; 4. coleta de dados; 5. Avaliação dos artigos selecionados que corroborem com a
17

proposta de pesquisa; 6. Construção de fichamentos; 7. Categorização do estudo e o


fichamento das informações extraídas dos artigos analisados para em seguida realizar a
discussão dos dados.
Assim, em um primeiro momento foi identificada como tema de pesquisa o fenômeno
da violência obstétrica, emergindo posteriormente a pergunta de pesquisa: “Quais são as ações
assistências da enfermagem na prevenção da Violência Obstétrica?”.
A segunda etapa do estudo, que diz respeito a busca na literatura, ocorreu entre os
meses de junho e julho de 2022 por meio da base de dados da MEDLINE e das bibliotecas
virtuais: Scientific Electronic Library Online (SciELO) e Literatura Latino-Americana e do
Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), utilizando os seguintes descritores DeSC/MeSH:
“violência obstétrica”, “parto humanizado” e “assistência de enfermagem”, ligados pelo
operador boleano “AND”.
Foram incluídas nas buscas pesquisas nacionais, disponíveis na íntegra de forma
gratuita, publicados nos anos de 2012 a 2022, que se relacionassem com o tema e
respondessem à questão de pesquisa. Foram excluídos teses, dissertações, trabalhos de
conclusão de curso, capítulos de livros, notícias, editoriais e textos não científicos. Vale frisar
que as publicações duplicadas foram consideradas apenas uma vez.
Na etapa de rastreamento, foram detectados 20 artigos. Sendo 10 estudos na LILACS,
04 artigos na SciELO e 06 publicações na MEDLINE. Posteriormente, foi realizada a leitura
completa dos estudos, restando 10 artigos selecionados para a seção dos resultados, os quais
estavam em consonância com a questão de pesquisa e os demais critérios de inclusão. No que
concerne aos artigos excluídos, 3 não foram disponibilizados com o texto completo; outros 3
foram publicados antes de 2012 e 4 estudos fugiram do tema da pesquisa. A Figura 1
apresenta o fluxograma do processo de seleção dos artigos desta revisão.
18

Figura 1: Fluxograma do processo de seleção dos artigos

Descritores:
Violência obstétrica; Parto humanizado; Assistência de
enfermagem.

Total de publicações:
20 artigos

LILACS SCIELO PUBMED


(10 artigos) (4 artigos) (6 artigos)

Artigos selecionados Artigos selecionados após Artigos selecionados


após leitura: 3 leitura: 2 após leitura: 5

Total de Artigos após leitura e fichamento:


10 publicações

Fonte: Dados da revisão de literatura (2022).

Após a leitura e análise dos artigos, os estudos foram analisados e seus dados extraídos
foram classificados em um quadro de síntese para melhor avaliação de similaridades e
discordâncias e discussão com a literatura.

4 RESULTADOS

Com embasamento nos critérios pré-definidos de inclusão, exclusão, bem como após a
leitura e análise das publicações, foram selecionadas dez produções científicas para compor a
presente seção do artigo. Os dez artigos identificados na amostra final, foram apresentados no
Quadro 1, subdivididos por título, autores/ano de publicação, objetivo, metodologia e
resultados.
Quadro 01: Síntese dos estudos abordando a temática sobre as ações assistências da
enfermagem na prevenção da Violência Obstétrica. Paraíba, Brasil, 2022.
AUTORES/
TÍTULO OBJETIVO MÉTODO RESULTADOS
ANO
19

O estudo aponta
que as residentes
reconhecem a
prática da violência
obstétrica no
Compreender a processo de
O olhar de percepção dos formação e suas
residentes em residentes de repercussões para a
Estudo descritivo
enfermagem MENEZES enfermagem sobre mulher e, ainda,
e exploratório de
obstétrica para o et. al., violência obstétrica evidencia a
abordagem
contexto da (2020) em uma referência necessidade
qualitativa
violência obstétrica do município de premente de
nas instituições Belo investimento
Horizonte MG. institucional em
espaços que
promovam
discussões sobre a
violência
obstétrica.
As enfermeiras
obstétricas
percebem que a
Conhecer a
violência obstétrica
Percepção de percepção de Estudo
se apresenta de
enfermeiras enfermeiros exploratório de
LEAL et. al., diversas formas,
obstétricas acerca obstetras acerca da abordagem
(2018) entretanto, não
da violência violência qualitativa.
reconhecem
obstétrica obstétrica.
determinadas
práticas como uma
violação.
Para prevenir a
Identificar, na
violência obstétrica
literatura científica
faz-se necessário
Cuidados de nacional, a
uma assistência de
enfermagem na MOURA assistência de Revisão
enfermagem e um
prevenção da et. al., (2019) enfermagem na integrativa da
ambiente que
violência obstétrica prevenção da literatura
proporcionem a
violência
autonomia da
obstétrica.
mulher gestante.
Houve associação
significante entre a
presença do
Identificar fatores acompanhante e
Fatores associados associados à liberdade para
Estudo quanti-
à humanização da humanização da fazer perguntas;
INAGAKI qualitativo,
assistência em uma assistência durante baixa escolaridade
et. al. (2018) transversal,
maternidade o parto, e menor
descritivo.
pública Pós-parto e informação; parto
nascimento. vaginal e
desrespeito por
parte dos
profissionais.
20

A grande maioria
dos profissionais se
mostrou
desconhecedora do
Avaliar os saberes tema violência
Violência Estudo
e práticas sobre obstétrica. Por
obstétrica descritivo,
CARDOSO violência obstétrica meio da análise dos
institucional no exploratório, de
(2017) na percepção dos discursos, sugere-
parto: percepção de abordagem
profissionais se que a solução do
profissionais da qualitativa.
da saúde. problema da
saúde.
violência obstétrica
está na
humanização da
assistência.
O tratamento hostil
constitui um dos
obstáculos à
humanização da
assistência ao
Analisar os parto, interferindo
O discurso da
discursos de na escolha da via
violência obstétrica Estudo
mulheres e de parto,
na voz das OLIVEIRA; interpretativo,
profissionais de sendo necessário
mulheres e dos PENNA (2017) com abordagem
saúde sobre a rever o conceito de
profissionais de qualitativa.
assistência ao violência
saúde
Parto. obstétrica,
considerando todas
as suas
especificidades e
nuances.
A região rural
brasileira
investigada
apresentou
Investigar as
Trabalho de parto e variados tipos de
formas de violência
nascimento na violência
obstétrica na
região rural: SILVA Estudo obstétrica,
assistência
violência et. al., (2018) transversal semelhantes aos
prestada ao parto.
obstétrica. dados nacionais,
requerendo
ações com vistas à
sua eliminação.
O papel do
Enfermeiro em
Descrever a
formação é
violência obstétrica
fundamental no
e discutir o uso de
que se refere à
ferramentas que Estudo
Violência violência
possibilitem a exploratório e
obstétrica: SILVA et. al., obstétrica, uma vez
melhoria da descritivo com
Perspectiva da (2020) que esse
assistência por abordagem
enfermagem profissional tem a
parte dos qualitativa.
possibilidade de
profissionais de
reduzir os índices
saúde à
desse agravo e
Parturiente.
mudar a realidade
21

social.
Os resultados
mostram que a
humanização na
Conhecer a assistência ao
A humanização do percepção dos nascimento ainda
nascimento: profissionais de não é uma prática
SOUZA; Estudo
percepção dos saúde que atuam na presente na maioria
GAÍVA; exploratório com
profissionais assistência ao parto dos hospitais
MODES, abordagem
de saúde que sobre a estudados e que os
( (2017) qualitativa
atuam na atenção humanização do profissionais não
ao parto processo de estão preparados
nascimento. para prestar um
atendimento
humanizado.
Constatou-se a
ocorrência de
humilhações no
momento do parto
e a realização de
procedimentos
desnecessários. O
Violência Identificar os
cuidado de
obstétrica e os cuidados de
Estudo descritivo enfermagem
cuidados de enfermagem para
CASTRO; com abordagem destaca-se na
enfermagem: prevenção da
ROCHA (2020) qualitativa redução destes
reflexões a partir violência
procedimentos
da literatura obstétrica.
invasivos, através
de métodos não
farmacológicos, o
acolhimento digno,
escuta ativa e apoio
físico e emocional.
Fonte: Dados revisão de literatura, 2022.

5 DISCUSSÃO

Em resposta à pergunta de pesquisa, observou-se que os resultados dos estudos analisados


por esta revisão sugerem que as atuações assistências da enfermagem que mais se destacam
na prevenção da Violência Obstétrica, referem-se às ações educativas sejam individuais ou
coletivas.
Conforme pesquisa desenvolvida por Cardoso et. al. (2017), evidencia-se ser de
fundamental importância fornecer informações sobre assistência ao parto para as usuárias
como rotina durante o pré-natal, de modo que o assunto possa ser explorado com calma no
período em que a gravidez se desenvolve. Estes autores relataram que as atividades educativas
devem fazer parte da rotina de pré-natal e não devem ser abordadas como algo secundário,
mas sim essencial para a promoção da saúde, o uso de planos de parto deve ser estimulado
22

como recurso educativo.


Ainda sobre o assunto, Souza, Gaíva e Modes (2017) observaram que é necessário
incentivar e implementar ações voltadas à comunicação visando informar a parturiente sobre
seus direitos desde o pré-natal, orientando inclusive sobre o direito a um acompanhante dentro
da sala de parto, garantido por lei, oferecendo mais conforto para ela, pois o apoio de um
acompanhante de sua confiança pode fornecer suporte emocional e diminuir os riscos de
violência obstétrica a qual está exposta.
Menezes et. al. (2020) considera que a humanização, a qualidade da atenção, a adoção
de medidas e os procedimentos benéficos para o acompanhamento do parto e do nascimento
são fundamentais para o bem-estar das mulheres no período gravídico-puerperal. Além disso,
o enfermeiro torna-se o profissional da saúde mais próximo da mulher no momento do parto,
podendo reduzir medidas desnecessárias e garantir um cuidado integral a mulher e a família.
Em concordância Silva et. al. (2018) enfatiza que a trajetória profissional permite
vivenciar situações desrespeitosas e, muitas vezes, violentas o que demonstra a necessidade
de mudanças no modelo da assistência obstétrica como a formação dos profissionais em
obstetrícia para um maior cuidado as parturientes, pois o despreparo constitui um cotidiano
comum nas maternidades, acompanhando o despreparo hospitalar com pouca estrutura para
acolher as parturientes.
Silva et. al., (2020) destacam que a formação dos profissionais enfermeiros na
temática da violência obstétrica deve ser mais ampla, pois eles são coadjuvantes dessas
experiências, e nelas desempenham importante papel ao oferecer a qualidade de atendimento
de saúde que as mulheres necessitam e merecem enquanto cidadãs de direito.
De acordo com Castro e Rocha (2020) o cuidado de enfermagem destaca-se na
redução de procedimentos invasivos durante o parto, através de métodos não farmacológicos,
no acolhimento digno, na escuta ativa e no apoio físico e emocional. As autoras concluíram
ser extremamente necessário a criação de políticas públicas eficazes e o fornecimento de
capacitação para os profissionais de enfermagem, tendo em vista uma assistência humanizada.
De acordo com Leal et. al. (2018), muitos casos de violência obstétrica ocorrem por
falta de conhecimento da equipe de saúde sobre os atos, os profissionais, principalmente os
enfermeiros acabam que não identificam eles como sendo uma violência contra a parturiente,
as universidades devem pautar estes conteúdos em suas grades curriculares a fim de que o
enfermeiro saia capaz de identificar tais atos durante sua atuação profissional.
Nessa mesma ótica, conforme Oliveira e Penna (2017) o tratamento hostil constitui um
dos obstáculos à humanização da assistência ao parto, interferindo na escolha da via de parto,
23

sendo necessário rever o conceito de violência obstétrica, considerando todas as suas


especificidades e nuances.
Sob essa perspectiva, é necessário que o enfermeiro reconheça a individualidade de
cada mulher para tornar a humanização do parto mais efetiva, percebendo, assim, as
necessidades de cada uma e também as capacidades de lidar com nascimento do feto, sempre
esclarecendo possíveis dúvidas sobre o que está acontecendo ou o que irá acontecer
(CARDOSO et. al., 2017).
Inagaki et. al. (2018) e Menezes et. al. (2020) apontam que a equipe de enfermagem
deve oferecer apoio para que a mulher sinta-se à vontade, além de encorajá-la nos momentos
de dor durante o parto oferecendo todas as condições necessárias para proporcionar um parto
de qualidade com a garantia de banhos, divisões de leitos e conversas sobre a posição que
deseja ficar no momento do parto. Diante disso, Moura et. al. (2019) assinalou ao final de sua
pesquisa que a equipe de enfermagem deve observar se a parturiente tem alguma dúvida ou
preocupações sobre o trabalho de parto, oferecendo toda a informação necessária para sanar
as dúvidas e preocupações da mesma.
Como limitação deste estudo, pode-se apontar a não inserção de artigos em outros
idiomas, uma vez que se vislumbrava obter uma ótica nacional acerca da temática, porém
compreende-se que estudos realizados em outros países poderiam contribuir ainda mais para
aprofundar o tema. Ademais, ressalta-se que estudos novos podem ser elaborados para
corroborar ainda mais a importância da assistência de enfermagem para uma vivencia do
período gravídico-puerperal de forma segura e humanizada.

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Evidenciou-se que durante a prestação do cuidado de enfermagem, o enfermeiro tem a


possibilidade de desenvolver inúmeras ações, simples e complexas, que podem influir
diretamente na prevenção a violência obstétrica. Para isto, a práxis profissional deve ser
pautada em evidências científicas e a assistência prestada deve oferecer apoio e proteção, com
o mínimo de intervenções necessárias.
Destacam-se entre as ações do enfermeiro, citadas na maioria dos trabalhos analisados
nesta revisão, a educação em saúde. Observou-se que por meio de ações educativas o
enfermeiro pode contribuir com a troca de saberes com as mulheres, sendo possível repensar
as estratégias de atuação frente à temática da violência obstétrica ainda durante a assistência
pré-natal. Demonstrou-se ainda que este profissional, atua de forma direta na redução de
24

procedimentos invasivos desnecessários, na implementação de métodos não farmacológicos


no alivio da dor, no acolhimento digno, na escuta ativa e no apoio físico e emocional.
Por fim, destacou-se a importância da formação e qualificação dos profissionais de
enfermagem, visto que estes possibilitam a contribuição de cuidado integral, corroborando
para um processo fisiológico, que pode reduzir a violência obstétrica.

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