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BANCA EXAMINADORA
RESUMO
Objetivo: analisar á produção científica nacional acerca das ações assistências da
enfermagem na prevenção da Violência Obstétrica. Método: Trata-se de uma revisão da
literatura. As produções foram coletadas nas bases MEDLINE, SciELO e LILACS utilizando
como recorte temporal o período de 2012 a 2022, no idioma português, selecionadas a partir
dos descritores “violência obstétrica”, “parto humanizado” e “assistência de enfermagem”.
Resultados: A amostra final foi composta por 10 artigos, sintetizado em um quadro.
Destacou-se entre as ações de enfermagem, citadas na maioria dos trabalhos analisados, a
educação em saúde como estratégia de ampliação da autonomia e prevenção quarternária da
violência obstétrica. Conclusão: Observou-se que por meio de ações educativas o enfermeiro
pode contribuir com a troca de saberes com as mulheres, sendo possível repensar as
estratégias de atuação frente à temática da violência obstétrica ainda durante a assistência pré-
natal. Demonstrou-se ainda que este profissional, atua de forma direta na redução de
procedimentos invasivos desnecessários, na implementação de métodos não farmacológicos
no alivio da dor, no acolhimento digno, na escuta ativa e no apoio físico e emocional.
ABSTRACT
Objective: to analyze the national scientific production about nursing assistance actions in the
prevention of Obstetric Violence. Method: This is a literature review. The productions were
collected in the MEDLINE, SciELO and LILACS databases using the period from 2012 to
2022 as a time frame, in Portuguese, selected from the descriptors “obstetric violence”,
“humanized childbirth” and “nursing care”. Results: The final sample consisted of 10 articles,
summarized in a table. Among the nursing actions cited in most of the analyzed studies,
health education stood out as a strategy for expanding autonomy and quarterly prevention of
obstetric violence. Conclusion: It was observed that, through educational actions, nurses can
contribute to the exchange of knowledge with women, making it possible to rethink strategies
for action in the face of obstetric violence during prenatal care. It was also demonstrated that
this professional acts directly in the reduction of unnecessary invasive procedures, in the
implementation of non-pharmacological methods to relieve pain, in dignified reception, in
active listening and in physical and emotional support.
1 INTRODUÇÃO
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Portanto, qualquer ato praticado pelos profissionais de saúde, que venha ferir o direito
de escolha da mulher, que seja praticado sem sua autorização e coloque em risco sua
integridade física ou moral ou no qual o agressor coaja psicologicamente a vítima a acreditar
que aquele sofrimento foi realmente necessário, constitui-se em violência obstétrica.
A violência obstétrica ainda é difícil de ser identificada, por diversos fatores, dentre
eles, o principal é o fato de que as mulheres desconhecem o assunto ou pela violência
acontecer de forma velada. Pode-se identificar esta violência em três estágios: durante o
período do pré-natal, durante o parto que é o mais comum, após, e em casos de aborto
(SANTOS, 2018).
Antes do parto, a mulher pode ser vítima de violência obstétrica em várias ocasiões,
bastando apenas que para ela não tenham sido repassadas informações essenciais das quais ela
precisará para aquele momento ímpar, ou que seja lhe negado atendimento durante o pré-
natal, ou que esta seja submetida a qualquer procedimento que não tenha sido autorizado
(HIRAKAWA, 2019).
Acontece que as formas de violência obstétrica antes do parto ou durante não são
apenas físicas, mas na grande maioria das vezes, envolvem o lado psicológico da mulher,
sejam com insultos, apelidos maldosos relacionados com sua gravidez e outras situações que
acarretam danos psicológicos imensuráveis que podem ser, em longo prazo, causadores de
traumas bastante danosos (BASÍLIO, 2018).
Cada mulher reage a situação e a dor de um modo diferente, algumas gritam, outras
choram, outras ficam envergonhadas ou constrangidas e são recriminadas por isso, tendo que
aturar piadas, uso de frases como “na hora de fazer não gritou”, “soube fazer agora aguenta
calada”, essas condutas se enquadram como violência obstétrica, devendo ser combatidas e
rechaçadas (HIRAKAWA, 2019).
Por sua vez, durante o parto, algumas práticas são típicas, mencionam-se as seguintes:
rompimento artificial da bolsa que acarreta riscos de infecções para a mãe e filho, a prática de
episiotomia, que é um corte feito na vagina para aumentar o canal vaginal e, assim, facilitar a
saída do bebê (BASÍLIO, 2018).
Deixar de aplicar anestesia quando a parturiente solicitar, nos moldes de sua
necessidade física, ou aplicar anestesia sem seu consentimento, cessar o direito da mesma de
12
ter um acompanhante, não permitir que a mulher beba água ou se alimente, assim como,
deixar de informar que nos moldes da Lei n. 9.263/1996 a mulher com mais de vinte e cinco
anos ou com dois ou mais filhos tem direito a cirurgia de laqueadura nos hospitais públicos ou
conveniados também se constituem em formas de violência obstétrica. Segundo a cartilha da
violência obstétrica da Defensoria Pública do Paraná (2019), são situações que podem ser
usadas como exemplos:
São diversos os relatos de diferentes tipos de violência obstétrica, sejam estes físicos
ou psicológicos ou até mesmo de forma velada, sofridos pelas mulheres durante o parto.
Todas essas práticas abusivas tem um impacto físico e psicológico imensurável sobre a
qualidade de vida da mulher, a saúde reprodutiva e sexual, pois por medo de passar pela
experiência negativa novamente, se privam de ter relações, uma vez que muitas delas sentem
dores por um período de tempo muito longo, e até possuem receio de terem filhos novamente,
por associarem o nascimento à dor (HIRAKAWA, 2019).
No que concerne à violência obstétrica após o parto ou em situação de abortamento,
registram-se como exemplos, submeter à mulher a procedimentos desnecessários em prol de
demonstrar para estudantes que estejam acompanhando o procedimento; em casos que não
existem riscos para a mãe ou bebê afastá-los e não permitir que a mãe possa amamentar seu
filho em livre demanda; negar ao pai que possa acompanhar o bebê e mãe, dentre outras
(SANTOS, 2018).
papel social de mãe e doméstica, responsável pela criação, educação e cuidado com a saúde
dos filhos e demais familiares (BRASIL, 2010).
O Ministério da Saúde (MS) implantou no ano de 2000, o Programa de Humanização
no Pré-Natal e Nascimento (PHPN), garantindo assim a redução dos óbitos maternos e
perinatais e uma assistência de qualidade e humanizada desde o parto até o puerpério (LIMA
et. al., 2019).
Nesse programa, toda gestante tem o direito de atendimento humanizado, seguro e de
qualidade na gestação, parto e puerpério de acordo as condições estabelecidas pela prática
médica; e, todo recém-nascido tem direito à assistência neonatal humanizada e segura. Para
que isso ocorra devem-se ter consultas gestacionais e pediátricas, exames laboratoriais,
exames de imagem, imunização, classificação de risco gestacional e atividades educativas
para as gestantes (CARDOSO et. al., 2019).
Um dos critérios determinados pelo Ministério da Saúde para a qualidade da
assistência ao pós-parto é o auxilio à mulher e ao recém-nascido durante o puerpério imediato
e tardio. Consequentemente, os profissionais devem aproveitar a oportunidade desta fase na
vida da mulher para execução de ações para a promoção da saúde e prevenção de doenças, tal
como realizar a educação em saúde, buscando sanar dúvidas que essas puérperas possam ter
(SOUZA; FERNANDES, 2014).
A assistência à mulher no pós-parto imediato e nas primeiras semanas após o parto é
de fundamental importância para a saúde materna e neonatal. A enfermagem está diretamente
ligada à realização da assistência puerperal através das consultas de enfermagem, e prestação
no campo domiciliar, a mesma é executada ainda na primeira semana após o parto, onde
possibilita a prestação de cuidados referentes à mulher e ao bebê, para prevenção das
intercorrências da lactação e outras complicações do período. Os profissionais de enfermagem
devem se atentar as necessidades que as puérperas podem ter principalmente física e mental,
se colocando no lugar das puérperas par assim prestar uma assistência de qualidade e
humanizado (BRASIL, 2013).
A assistência de enfermagem se caracteriza como um fator importante durante todo
ciclo gravídico puerperal, iniciando-se no pré-natal com o acolhimento e consulta adequada,
até o puerpério com orientações desse período, bem como sobre o aleitamento materno,
propiciando informações e sanando dúvidas da puérpera (BATISTA; FARIAS; MELO,
2017).
14
Com relação aos fatores de risco para a ocorrência da violência obstétrica, é de valia
que o enfermeiro saiba conhecer e detectar mulheres que possam estar mais vulneráveis a
sofrer violência obstétrica. Assim, o enfermeiro como profissional atuante na atenção primária
à saúde e pré-natal, deve também estar atento na investigação sistemática da violência
doméstica, principalmente de mulheres protestantes, pois estudos apontam o maior índice de
violência contra esse público, bem como as mulheres que não planejam a gravidez e as
gestantes com parceiro em hábito do etilismo (SOARES, 2016).
Diante deste cenário, a equipe de enfermagem deve oferecer condições para que a
mulher sinta-se à vontade, além de encorajá-la para momentos de dor durante o parto,
proporcionando acomodação de leito adequado em limpeza, ventilação e iluminação, garantir
o máximo de privacidade individual para a cada gestante utilizando biombos/divisórios entre
as camas nas salas de dilatação, procurar ofertar um horário flexível para entrega da
alimentação, garantir banho com água corrente e com sabão e roupas conforme ela desejar
usar e até mesmo em que posição gostaria de ficar durante o parto (MEDEIROS et. al., 2018).
Além disso, a equipe de enfermagem deve questionar se a parturiente tem alguma
dúvida ou preocupação/medo sobre o trabalho de parto, dar informações sobre os sinais e
sintomas das fases do trabalho de parto e como aliviá-los, o desenvolver do trabalho de parto
e pré-parto (aumento da intensidade e frequência das contrações, o tempo e intervalos para
cada exame/ausculta fetal em cada 30 minutos). Outro cuidado a ser realizado são as possíveis
posições para o parto, cuidados imediatos com o recém-nascido e sempre esclarecendo
possíveis dúvidas (SOUZA; GAÍVA; ANJOS, 2016).
3 MÉTODO
Descritores:
Violência obstétrica; Parto humanizado; Assistência de
enfermagem.
Total de publicações:
20 artigos
Após a leitura e análise dos artigos, os estudos foram analisados e seus dados extraídos
foram classificados em um quadro de síntese para melhor avaliação de similaridades e
discordâncias e discussão com a literatura.
4 RESULTADOS
Com embasamento nos critérios pré-definidos de inclusão, exclusão, bem como após a
leitura e análise das publicações, foram selecionadas dez produções científicas para compor a
presente seção do artigo. Os dez artigos identificados na amostra final, foram apresentados no
Quadro 1, subdivididos por título, autores/ano de publicação, objetivo, metodologia e
resultados.
Quadro 01: Síntese dos estudos abordando a temática sobre as ações assistências da
enfermagem na prevenção da Violência Obstétrica. Paraíba, Brasil, 2022.
AUTORES/
TÍTULO OBJETIVO MÉTODO RESULTADOS
ANO
19
O estudo aponta
que as residentes
reconhecem a
prática da violência
obstétrica no
Compreender a processo de
O olhar de percepção dos formação e suas
residentes em residentes de repercussões para a
Estudo descritivo
enfermagem MENEZES enfermagem sobre mulher e, ainda,
e exploratório de
obstétrica para o et. al., violência obstétrica evidencia a
abordagem
contexto da (2020) em uma referência necessidade
qualitativa
violência obstétrica do município de premente de
nas instituições Belo investimento
Horizonte MG. institucional em
espaços que
promovam
discussões sobre a
violência
obstétrica.
As enfermeiras
obstétricas
percebem que a
Conhecer a
violência obstétrica
Percepção de percepção de Estudo
se apresenta de
enfermeiras enfermeiros exploratório de
LEAL et. al., diversas formas,
obstétricas acerca obstetras acerca da abordagem
(2018) entretanto, não
da violência violência qualitativa.
reconhecem
obstétrica obstétrica.
determinadas
práticas como uma
violação.
Para prevenir a
Identificar, na
violência obstétrica
literatura científica
faz-se necessário
Cuidados de nacional, a
uma assistência de
enfermagem na MOURA assistência de Revisão
enfermagem e um
prevenção da et. al., (2019) enfermagem na integrativa da
ambiente que
violência obstétrica prevenção da literatura
proporcionem a
violência
autonomia da
obstétrica.
mulher gestante.
Houve associação
significante entre a
presença do
Identificar fatores acompanhante e
Fatores associados associados à liberdade para
Estudo quanti-
à humanização da humanização da fazer perguntas;
INAGAKI qualitativo,
assistência em uma assistência durante baixa escolaridade
et. al. (2018) transversal,
maternidade o parto, e menor
descritivo.
pública Pós-parto e informação; parto
nascimento. vaginal e
desrespeito por
parte dos
profissionais.
20
A grande maioria
dos profissionais se
mostrou
desconhecedora do
Avaliar os saberes tema violência
Violência Estudo
e práticas sobre obstétrica. Por
obstétrica descritivo,
CARDOSO violência obstétrica meio da análise dos
institucional no exploratório, de
(2017) na percepção dos discursos, sugere-
parto: percepção de abordagem
profissionais se que a solução do
profissionais da qualitativa.
da saúde. problema da
saúde.
violência obstétrica
está na
humanização da
assistência.
O tratamento hostil
constitui um dos
obstáculos à
humanização da
assistência ao
Analisar os parto, interferindo
O discurso da
discursos de na escolha da via
violência obstétrica Estudo
mulheres e de parto,
na voz das OLIVEIRA; interpretativo,
profissionais de sendo necessário
mulheres e dos PENNA (2017) com abordagem
saúde sobre a rever o conceito de
profissionais de qualitativa.
assistência ao violência
saúde
Parto. obstétrica,
considerando todas
as suas
especificidades e
nuances.
A região rural
brasileira
investigada
apresentou
Investigar as
Trabalho de parto e variados tipos de
formas de violência
nascimento na violência
obstétrica na
região rural: SILVA Estudo obstétrica,
assistência
violência et. al., (2018) transversal semelhantes aos
prestada ao parto.
obstétrica. dados nacionais,
requerendo
ações com vistas à
sua eliminação.
O papel do
Enfermeiro em
Descrever a
formação é
violência obstétrica
fundamental no
e discutir o uso de
que se refere à
ferramentas que Estudo
Violência violência
possibilitem a exploratório e
obstétrica: SILVA et. al., obstétrica, uma vez
melhoria da descritivo com
Perspectiva da (2020) que esse
assistência por abordagem
enfermagem profissional tem a
parte dos qualitativa.
possibilidade de
profissionais de
reduzir os índices
saúde à
desse agravo e
Parturiente.
mudar a realidade
21
social.
Os resultados
mostram que a
humanização na
Conhecer a assistência ao
A humanização do percepção dos nascimento ainda
nascimento: profissionais de não é uma prática
SOUZA; Estudo
percepção dos saúde que atuam na presente na maioria
GAÍVA; exploratório com
profissionais assistência ao parto dos hospitais
MODES, abordagem
de saúde que sobre a estudados e que os
( (2017) qualitativa
atuam na atenção humanização do profissionais não
ao parto processo de estão preparados
nascimento. para prestar um
atendimento
humanizado.
Constatou-se a
ocorrência de
humilhações no
momento do parto
e a realização de
procedimentos
desnecessários. O
Violência Identificar os
cuidado de
obstétrica e os cuidados de
Estudo descritivo enfermagem
cuidados de enfermagem para
CASTRO; com abordagem destaca-se na
enfermagem: prevenção da
ROCHA (2020) qualitativa redução destes
reflexões a partir violência
procedimentos
da literatura obstétrica.
invasivos, através
de métodos não
farmacológicos, o
acolhimento digno,
escuta ativa e apoio
físico e emocional.
Fonte: Dados revisão de literatura, 2022.
5 DISCUSSÃO
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
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26