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PROBLEMA 5: PREVENIR É MELHOR

QUE REMEDIAR
1º PERÍDO- FECHAMENTO 1
TUTORA: LUÇANDRA DO ESPÍRITO SANTO
COORDENADORA: SÁDALA

OBJETIVO 1: Diferenciar prevenção de doenças e


promoção de saúde.
Promoção da saúde: “processo de capacitação da comunidade para atuar na melhoria da
sua qualidade de vida e saúde, incluindo maior participação no controle desse processo”.
A promoção da saúde é o resultado de um conjunto de fatores sociais, econômicos, políticos e
culturais, coletivos e individuais, que se combinam de forma particular em cada sociedade e em
conjunturas específicas, resultando em sociedades mais ou menos saudáveis.

O que a Promoção da Saúde propõe é uma atuação que reverta situações como más
condições socioeconômicas (definidas, por exemplo, por renda per capita menor que o
salário mínimo, moradia com problemas de conforto térmico ou ausência de água e/ou
saneamento básico, ausência de alimentos necessários para a sobrevivência, criam
condições iníquas entre os diferentes grupos da população, gerando diferenças de
condições de vida,) para que a eqüidade seja alcançada, isto é, possam ser criadas
oportunidades para a justiça social, em que diferenças biológicas e de livre escolha sejam
respeitadas, ao mesmo tempo que sejam asseguradas condições mínimas para uma
sobrevivência digna.

Ao contrário dos Programas de Prevenção de Doenças, o formato dos Programas de


Promoção da Saúde deve ser pensado de modo a gerar uma mobilização que aproveite o
conhecimento adquirido para investir no campo sanitário. A proposta de pensamento deve
interferir diretamente no cerne do modo de vida das pessoas e melhorar de forma direta a
condição e a qualidade de vida. Isso implica em declarar guerra ao sedentarismo, investir
na reeducação alimentar de qualidade e no crescimento cultural do indivíduo, para que
sua imunidade fisiológica fique em alta.
Leavell e Clark reforçam o conceito sugerindo que ações de Promoção da Saúde são
medidas adotadas que não são dirigidas a nenhuma doença ou agravo em particular; mas
causam impactos positivos sobre a saúde da coletividade (1976 apud ANS, 2010).

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É preciso deixar claro que ao falar de Promover Saúde estamos falando de abolição do
sedentarismo, prática frequente de atividades físicas, alimentação equilibrada e de
qualidade e, por último, mas não menos importante o investimento em saneamento
básico. A Promoção da Saúde busca atingir as causas mais básicas, melhorar a resistência
do indivíduo ou do coletivo, e não apenas evitar que as doenças se manifestem, “trata-se
de um horizonte, de uma imagem-objeto ou de uma utopia” (LEFEVRE, 2007, p.37).

Prevenção de doenças: O termo Prevenção está relacionado a medidas tomadas antes do


surgimento ou agravamento de uma condição mórbida ou de um conjunto dessas
(LEFEVRE, 2004). Portanto, prevenir também significa agir para que a doença manifeste-se
de forma mais branda no indivíduo ou no ambiente coletivo.
O movimento da medicina preventiva surgiu, entre o período de 1920 e 1950 na Inglaterra,
EUA e Canadá, em um contexto de crítica à medicina curativa. Este movimento propôs uma
mudança da prática médica através de reforma no ensino médico, buscando a formação
de profissionais médicos com uma nova atitude nas relações com os órgãos de atenção à
saúde; ressaltou a responsabilidade dos médicos com a promoção da saúde e a prevenção
de doenças; introduziu a epidemiologia dos fatores de risco, privilegiando a estatística
como critério científico de causalidade (CZERESNIA, 2003, p.04).
Segundo Arouca (1975 apud CZERESNIA, 2003), o discurso da medicina preventiva emergiu
em um campo formado por três vertentes: a Higiene, que surgiu no século XIX; a discussão
dos custos da assistência médica; a redefinição das responsabilidades médicas que
aparece no interior da educação médica.

QUALIDADE DE VIDA: De acordo com a Organização Mundial da Saúde, qualidade de vida é


“a percepção do indivíduo de sua inserção na vida, no contexto da cultura e sistemas de
valores nos quais ele vive e em relação aos seus objetivos, expectativas, padrões e
preocupações”. Envolve o bem estar espiritual, físico, mental, psicológico e emocional,
além de relacionamentos sociais, como família e amigos e, também, saúde, educação,
habitação, saneamento básico e outras circunstâncias da vida.

OBJETIVO 2: Descrever os níveis de prevenção de doenças


segundo Leavell e Clark.
Nessa lógica causal, o restabelecimento da normalidade está fundamentado na visão
positiva da saúde, que é valorizada pela noção de prevenção sobre as doenças. Ou seja,

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procedimentos e ações promotoras de saúde e de prevenção de doenças, aplicadas tanto
ao indivíduo quanto à coletividade de pessoas acometidas ou não por doenças
(transmissíveis ou não-transmissíveis), encontram eco no âmbito do conhecimento da
saúde humana.

PREVENÇÃO PRIMÁRIA: Intervenção dos fatores pré patogênicos

● Promoção à saúde: moradia, escolas, estilo de vida


● Proteção específica: imunização, saúde ocupacional (conjunto de regras e
procedimentos para minimizar, eliminar e neutralizar os riscos decorrentes
das atividades laborais.)

PREVENÇÃO SECUNDÁRIA: Realizada no indivíduo sob ação do agente patogênico, ao nível


dos estado de doença

● Diagnóstico precoce: Inquéritos-descoberta, exames periódicos- detecção


● Tratamento precoce: isolamento e tratamento, evitar propagação
● Limitação da invalidez: evitar complicações futuras e sequelas

PREVENÇÃO TERCIÁRIA :

● Prevenção de incapacidades
● Reabilitação

OBJETIVO 3: Discutir a importância da prevenção


quaternária.
O termo prevenção quaternária (P4) foi utilizado pela primeira vez em uma conferência
da organização mundial de médicos de família (WONCA), em 1995, por Marc Jamoulle.
“ação feita para identificar uma pessoa ou população em risco de supermedicalização, para
protegê-los de uma intervenção médica invasiva e sugerir procedimentos científica e
eticamente aceitáveis.” Esse conceito ganhou popularidade entre os médicos de família,
entretanto não foi muito difundido nas outras especialidades médicas.

Se comparada com os outros tipos de prevenção, ela ocupa uma posição diferenciada. Um
espaço onde a doença no paradigma anatomoclínico ( verificar a existência de um estado
mórbido pelo exame anatômico.) não existe, mas a pessoa apresenta sintomas e sente-se
doente.

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Compreendendo o conceito de P4, o próximo passo é entender como utilizá-la na nossa
prática diária. Abaixo temos uma situação clínica que poderia ser conduzida de três formas
diferentes dependendo do olhar do médico.

Um homem de 52 anos procura atendimento para solicitar exames de check-up e diz o


seguinte: “Doutor(a), gostaria de fazer aquela bateria de exames para garantir a minha
saúde. Sabe como é, faço exames anualmente e não me descuido. Ah, não deixe de pedir
aquele da próstata.”

Nesse caso, três abordagens possíveis teriam desfechos completamente diferentes.

Uma delas poderia ser concordar com o paciente e solicitar os exames. Essa atitude
poderia reforçar o hábito de realizar exames desnecessários gerando mais adoecimento,
sobrediagnóstico e sobretratamentos.

Uma outra abordagem seria dizer para o paciente que ele não deveria realizar os exames,
pois muitos estudos científicos garantem que o uso de exames desnecessários causam
mais danos do que benefícios e por essa razão não solicitaria os exames. Nesse cenário, o
médico parece ter domínio da medicina baseada em evidência, porém desconsidera o
indivíduo como parte integrante de seu cuidado. A consulta é toda baseada no
conhecimento do médico e a pessoa atua apenas como um expectador. Essa abordagem
não consegue chegar no motivo real que trouxe o paciente ao consultório. Caso seja um
motivo que gere medo ou ansiedade no paciente este não terá espaço para abordar esse
sentimento.

A terceira abordagem seria o uso da P4 comprendendo o indivíduo na sua integralidade..


Nessa abordagem deveríamos procurar entender o que faz com que esse paciente pense
dessa forma, o que ele entende por exames de rastreio, qual o seu conceito de saúde,
quais são os seus medos e o que faz ele achar que apenas os exames podem gerar saúde.
Dessa forma, juntando os conceitos mais atualizados da medicina com o saber do paciente
poderíamos ter um novo plano na consulta. Esse plano conjunto iria gerar maior adesão
pois seria uma conduta personalizada, nos moldes daquela pessoa.

Em nossa prática diária lidamos com situações onde a P4 deveria ser a base para o
raciocínio clínico, onde a tomada de decisão deveria ser compartilhada com o paciente.
Porém, muitas vezes, este acaba sendo negligenciado por uma medicina voltada para
estudos científicos que não refletem a sua realidade. A cada novo dia surgem estudos
baseados em uma medicina defensiva e o distanciamento entre o médico e o paciente é

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cada vez maior. Muitas publicações de sobrediagnóstico e sobretratamento são realizadas
mas acabam sendo utilizados conceitos mais voltados para a medicina anatomoclínica.

Em 2003, a Organização Mundial de Colégios Nacionais, Academias e Associações


Acadêmicas de Médicos gerais/Médicos de Família (WONCA) propôs um conceito
relativamente pouco discutido que visa proteger os pacientes da intervenção médica
desnecessária e prevenir iatrogenias: a prevenção quaternária. Tal conceito tem evidente
relevância para a saúde pública e para o Sistema Único de Saúde (SUS), em tempos de
intensa medicalização social e expansão da atenção à saúde via Estratégia Saúde da
Família. Neste artigo, o conceito de prevenção quaternária é apresentado e
contextualizado, e sua relevância é discutida, ressaltando três situações comuns do
cuidado médico geradoras de grande iatrogenia: excesso de rastreamento, de solicitação
de exames complementares e de medicalização de fatores de risco. Defende-se a
necessidade da adoção e discussão deste conceito no SUS e especialmente na atenção
primária à saúde.

O caráter medicalizador 1,2 e intervencionista da racionalidade 3 e da prática médico-


científica começou, há algum tempo, a deixar entrever várias de suas limitações e mazelas,
classificadas por Illich 1 em três tipos de iatrogenias: clínica, social e cultural. A iatrogenia
clínica, relativa aos danos causados pela intervenção médica no indivíduo, a mais palpável
e melhor percebida pelos saberes e métodos científicos, cresceu tanto, que ganhou
dimensão coletiva e populacional, tornando-se recentemente a terceira maior causa de
morte nos Estados Unidos da América 4. Suscitou, assim, o reconhecimento acadêmico e
social de seu potencial danoso em grande escala. Em paralelo, dentro da própria categoria
médica, um conceito nascia intimamente relacionado à iatrogenia clínica e à medicalização
social, cuja apresentação é objetivo deste artigo: a prevenção quaternária.

Prevenção quaternária foi definida de forma direta e simples como a detecção de


indivíduos em risco de tratamento excessivo para protegê-los de novas intervenções
médicas inapropriadas e sugerir-lhes alternativas eticamente aceitáveis 7. Posto que um
dos fundamentos centrais da medicina é o primum non nocere (primeiro, não prejudicar), a
prevenção quaternária deveria primar sobre qualquer outra opção preventiva ou curativa
8.

A prevenção quaternária visa evitar :

● Excesso de rastreamento: exames em pessoas saudáveis para procurar fatores de


risco e ou doenças.

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● Excessos de exames complementares
● Medicalização de fatores de risco

Do ponto de vista histórico a prevenção migrou da Saúde Pública para a clínica das doenças.
Assim, a identificação de fatores de risco como parte da prevenção inaugurou uma nova era
na Saúde Pública e na Medicina. Fatores de risco, como a hipertensão arterial, são agora
considerados como "doenças".
O termo "fator de risco" diz respeito a um aspecto do comportamento pessoal, a uma
exposição ambiental ou a uma característica pessoal, biológica ou social em relação à qual
existe evidência epidemiológica de que está associada à determinada condição relacionada
com a saúde, condição essa que se considera importante prevenir. Numa linguagem mais
simples, usa-se o termo "fator de risco" para descrever características (fatores) que estão
associadas positivamente ao risco de desenvolvimento de doença, mas não são
necessariamente fatores causais. Um fator causal é aquele que ficou estabelecido com um
razoável consenso científico como agente causal de uma enfermidade.

OBJETIVO 4: Promoção de saúde: Analisar o contexto


histórico, desenvolvimento, sua importância,
fundamentos e ações.
A promoção de saúde supõe uma concepção que não restrinja a saúde à ausência de
doença, mas que seja capaz de atuar sobre seus determinantes. Deve incidir sobre as
condições de vida da população, extrapola a prestação de serviços clínico-assistenciais,
supondo ações intersetoriais que envolvam a educação, o saneamento básico, a habitação,
a renda, o trabalho, a alimentação, o meio ambiente, o acesso a bens e serviços essenciais,
o lazer, entre outros determinantes sociais da saúde. A expressão “promoção de saúde” foi
usada pela primeira vez em 1945 pelo canadense Henry Sigerist (Pereira et al., 2000). O
médico historiador definiu quatro tarefas essenciais à Medicina: a promoção de
saúde, a prevenção de doenças, o tratamento dos doentes e a reabilitação,
afirmando que “la salud se promueve proporcionando condiciones de vida decentes,
buenas condiciones de trabajo, educación, cultura física y descanso” (Sigerist apud
Terris, 1992, p.38). Terris (1992). Ele ressalta que esta definição original da promoção, que
enfatiza os “fatores gerais” de determinação da saúde, difere da concepção difundida pelo
Informe Lalonde, de 1974, que privilegiou os “fatores particulares”. Apesar disso, este
relatório foi tido como um marco histórico no campo da Saúde Pública, por questionar
oficialmente o impacto e o custo elevado dos cuidados médicos na saúde (Fundação
Oswaldo Cruz, 2000).

Lalonde destacara a limitação das ações centradas na assistência médica, insuficientes


para atuar sobre os grupos de determinantes originais da saúde identificados por ele: os

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biológicos, os ambientais e os relacionados aos estilos de vida. Propusera, então, ampliar o
campo de atuação da Saúde Pública, priorizando medidas preventivas e programas
educativos que trabalhassem com mudanças comportamentais e de estilos de vida.

As repercussões do Relatório Lalonde podem ser identificadas na concepção orientadora


das práticas de promoção de saúde ao longo da década de 1970 que, em sua maioria,
tiveram seu foco restrito à modificação de hábitos, estilos de vida e comportamentos
individuais não saudáveis, entre os quais o fumo, a obesidade, a promiscuidade
sexual e o abuso de substâncias psicoativas. Tal abordagem centrava-se na
prevenção de doenças crônico-degenerativas, problema prioritário nos países
desenvolvidos. A exemplo de outros intelectuais da Saúde Pública, Labonte (1996a) critica
tal concepção de promoção de saúde relativa aos hábitos particulares, explicitando que se
tratava de uma tentativa de contenção de custos da atenção às doenças. A prescrição de
certos comportamentos individuais é criticada inclusive pela OMS (WHO, 1984), que afirma
que seria um tipo de abordagem contrário aos princípios da promoção de saúde.
Cerqueira (1997), além de apontar o alcance limitado de tal enfoque, destaca a
responsabilização individual e a culpabilização conseqüentes a essa abordagem. Ao
considerar os indivíduos como exclusivos responsáveis pela saúde, as determinações
sócio-políticas e econômicas ficam desatreladas, mascaradas; os governos e os
formuladores de políticas são desresponsabilizados e a “culpa” pela situação de saúde
recai no indivíduo. A autora prossegue a crítica ao destacar o custo elevado e os baixos
resultados das campanhas de marketing social realizadas na década de 1980. Entre os três
principais “paradigmas” caracterizadores dos problemas de saúde apontados por Labonte
(1996a), o terceiro enfoque indica uma retomada da concepção original de promoção
defendida por Sigerist (apud Pereira et al., 2000). No primeiro grupo estariam os
problemas “médicos”, baseados na existência da doença e cujas ações são voltadas
ao tratamento dos sintomas, à erradicação das doenças e prevenção ao
agravamento do processo.

O segundo agrupamento, referente aos problemas de Saúde Pública, se encarregaria


da prevenção, baseando-se na conduta e na promoção de comportamentos
saudáveis, como a prevenção do hábito de fumar.

O terceiro grupo responderia pelos problemas “socioambientais”, visando a criação


de entornos físicos e sociais que favoreçam a saúde e o bem-estar dos indivíduos.
Suas ações destinam-se a mudanças sociais e fundamentam-se no trabalho comunitário,
envolvem medidas políticas e não dependem somente dos profissionais da saúde.

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Para Labonte (1996), esse terceiro enfoque corresponde à direção seguida pelos
profissionais da Saúde Pública que se filiam à “nova promoção de saúde”, dirigida aos
fatores gerais, estruturais. São problemas característicos dessa ordem a pobreza, o
desemprego, o estresse, as condições de trabalho e moradia precárias, o envelhecimento
populacional, a violência, o isolamento social, entre outros. Inspirada por estas novas
perspectivas, a promoção de saúde ampliou seu marco referencial e assumiu a saúde
como produção social, passando a valorizar mais intensamente determinantes sócio-
econômicos, a instigar o compromisso político e a fomentar as transformações
sociais.

O novo paradigma representa uma nova maneira de interpretar as necessidades e


ações de saúde, não mais numa perspectiva biológica, mecanicista, individual,
específica, mas numa perspectiva contextual, histórica, coletiva, ampla. Assim, de
uma postura voltada para controlar os fatores de risco e comportamentos
individuais, volta-se para eleger metas para a ação política para a saúde,
direcionadas ao coletivo. (Pereira et al., 2000, p.41. grifo nosso)

Neste contexto, a partir da década de 1980, a promoção de saúde passou a ganhar


destaque no campo da Saúde Pública, tendo o conceito sido introduzido oficialmente
pela OMS (WHO, 1984). Seu marco conceitual e sua prática foram desenvolvidos
predominantemente por Organizações Internacionais e por estudiosos da Europa
Ocidental, Canadá e Estados Unidos.

A Carta de Ottawa foi um marco importante. Inspirada pelos princípios da Declaração de


Alma Ata (1978) e pela meta “Saúde para todos no ano 2000”, a 1ª Conferência
Internacional sobre Promoção de Saúde, realizada em 1986, “supone la síntese de los
enfoques orientados hacia las causas generales y particulares de la promoción de la salud”
(Terris, 1992, p.41). Declara a Carta que a promoção de saúde “consiste en proporcionar a
los pueblos los medios necesarios para mejorar su salud y ejercer un mayor control sobre
la misma”3 (OMS, 1996, p.367). A Carta explicita que a promoção está além do setor
Saúde e enfatiza a atribuição da promoção de fazer com que todos os setores,
inclusive os não diretamente implicados, assumam a Saúde como meta e
compreendam as implicações de suas ações para a saúde da população. Dentre os
campos de ação da promoção de saúde mencionados na Carta de Ottawa estão o
estabelecimento de políticas públicas favoráveis à saúde, a criação de ambientes propícios,
o fortalecimento da ação comunitária, o desenvolvimento de habilidades pessoais e a
reorientação dos serviços sanitários.

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A 2ª Conferência Internacional sobre Promoção de Saúde, realizada em Adelaide
(Austrália) em 1988, enfatizou a elaboração de políticas públicas saudáveis. Na
Declaração é afirmado que o principal propósito das políticas públicas saudáveis é a
criação de ambientes físicos e sociais favoráveis à saúde.

A criação de tal entorno propício foi o foco da 3ª Conferência Internacional. Realizada


em Sundsvall (Suíça), em 1991 - um ano antes da ECO-924 , o encontro firmou o
compromisso das organizações do Sistema das Nações Unidas com o desenvolvimento
sustentável e procurou explicitar e enfatizar a interdependência entre ambiente e saúde. A
Declaração de Sundsvall preconiza que a criação de ambientes promotores de saúde
deve sempre ser guiada pelo princípio da equidade.

A Declaração de Jacarta, fruto da 4ª Conferência Internacional sobre Promoção de


Saúde, realizada na Indonésia, em 1997, reitera a concepção e os princípios referidos nas
conferências anteriores e explicita que a “saúde é um direito humano fundamental e
essencial para o desenvolvimento social e econômico” (Brasil, 2001, p.43).

Finalmente, a 5ª Conferência Mundial, realizada no México, em 2000, procurou avançar


no desenvolvimento das prioridades da promoção de saúde para o século XXI
identificadas em Jacarta e confirmadas pela Assembléia Mundial da Saúde de 1998: a)
promover a responsabilidade social em matéria de saúde; b) ampliar a capacitação das
comunidades e dos indivíduos; c) aumentar a “inversão” no desenvolvimento da saúde; d)
assegurar a infra-estrutura necessária à promoção de saúde e fortalecer sua base
científica; e) reorientar os sistemas e serviços de saúde.

Tendo a experiência brasileira em foco, a partir da 8ª Conferência Nacional de Saúde


(1986) muito tem sido falado sobre promoção de saúde (Mello et al., 1998). A promoção
é diretamente referida no Artigo 196 da Constituição de 1988 (Brasil, 1988). Na seção II,
capítulo II do título VIII encontram-se as bases conceituais e organizativas do Sistema Único
de Saúde (SUS). Sob a ótica da saúde como fenômeno multideterminado e produzido
socialmente, o Artigo 196 expressa uma importante conquista da Reforma Sanitária
brasileira ao instituir a Saúde como direito de todos e dever do Estado “garantido mediante
políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doenças e de outros
agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção,
proteção e recuperação” (Brasil, 1988, art. 196. grifo nosso).

A I Conferência Internacional de Promoção da Saúde realizada em Ottawa, em 1986 definiu


as principais estratégias promocionais que devem nortear as expectativas por uma nova

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saúde pública, colocando como pré requisitos para a saúde, condições e recursos
fundamentais: a paz, habitação, educação, alimentação, renda, ecossistema estável,
recursos sustentáveis, justiça social e equidade.

A Conferência Internacional de Santafé de Bogotá, realizada em 1992 e que tratou da


promoção da saúde na América Latina, reafirma as estratégias sistematizadas a partir de
Ottawa e aponta os desafios da construção da promoção da saúde em nossa região, como
intimamente relacionada ao enfrentamento da deterioração das condições de vida da
maioria da população, que leva a um aumento de riscos para a saúde. Transformar essas
relações conciliando interesses econômicos e propósitos sociais de bem estar, num
processo de edificação de solidariedade e equidade social seriam objetivos estratégicos de
uma política promocional de um país como o Brasil.

A V Conferência Internacional de Promoção do México, realizada em 2000 pactuada pelos


países presentes ressaltou que a saúde é um elemento positivo para o desenvolvimento
humano e que a promoção da saúde deve ser prioridade fundamental das políticas e
programas. Portanto a tarefa de pensar uma política de promoção da saúde no país e a
definição de estratégias, está vinculada ao entendimento que este desenvolvimento
conceitual e instrumental coincide com os desafios da sociedade humana moderna que
passam por: Recolocar o conceito amplo e positivo de saúde, como valor de vida,
entendendo que a complexidade de seus determinantes e condicionantes apontam à
superação dos interesses econômicos do desenvolvimento e a urgência de refletir
alternativas sociais, humanas e éticas desse mesmo desenvolvimento.

Superar a fragmentação do Estado moderno , admitindo que a construção de políticas e


ações intersetoriais passa por um planejamento conjunto e coordenado, em que a
administração dos conflitos na discussão dos recursos e do poder, sejam superados pela
imposição ética do caráter público dessas mesmas políticas, saudáveis porque objetivam a
construção do bem estar social. Restabelecer o diálogo entre diferentes culturas, religar
saberes conhecimentos que permitam ampliar a capacidade de entendimento de nossa
realidade e nossa intervenção sobre a mesma.

Ampliar a participação social e comunitária nas decisões de gestão, no acompanhamento e


controle das políticas, num processo de consolidação das formas representativas e
estimulando os modos diretos de participação, contribuindo para o fortalecimento da
cidadania, e aprofundamento da democratização das Instituições e do Estado brasileiro.
Fortalecer o direito á autonomia que se expressa nas escolhas, no julgamento e nas
resoluções de vida e de trabalho das pessoas, das familias e das comunidades e tem uma

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dimensão valorativa-afetiva Repactuar compromissos em torno da solidariedade, da
tolerância, da amorosidade, da esperança, da luta pela igualdade de direitos e pelo direito
a diferença.

Objetivos da Política de promoção da saúde

1) Atuar para que as condições políticas, econômicas, sociais, culturais, ambientais e de


conduta sejam favoráveis á saúde dos indivíduos e de suas comunidades no pressuposto
ético de defesa da vida e do desenvolvimento humano.

2) Contribuir para reduzir as desigualdades sociais quanto ao acesso às oportunidades


para o desenvolvimento máximo do potencial de saúde.

3) Qualificar o Sistema Único de Saúde na perspectiva da promoção da saúde como


enfoque que permeie suas políticas e ações e favoreça sua sustentabilidade, através da
melhor efetividade na abordagem dos problemas de saúde e redirecionamento de
recursos.

Promoção da saúde - organismos

Os estados, através dos seus organismos nacionais ou regionais podem e devem criar
planos que comtemplem ações concretas que visem melhorar a condição de saúde das
populações.

Estes planos devem ser elaborados tendo por base o conhecimento das principais doenças
que afetam uma determinada população. Por exemplo, se numa dada região as pessoas
morrem mais por enfarte, então devem ser tomadas medidas no sentido da sua
prevenção. Podemos criar, por exemplo, um plano para fazer chegar informação à
população alertando para os perigos da tensão arterial elevada (um dos fatores com forte
influência na doença), entre outras medidas que se julguem adequadas.

Estes planos devem ser levados a cabo por peritos em saúde pública e nas diferentes
especialidades da saúde.

Promoção da saúde no local de trabalho

Ações de promoção da saúde no local de trabalho são também de capital importância. A


produtividade dos trabalhadores nas empresas e organizações está diretamente
relacionada com a sua qualidade de vida e com a sua saúde mental e física. O stress no

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trabalho, por exemplo, é hoje em dia um fator preocupante nas empresas e organizações.
Levar a cabo programas de promoção de saúde que permitam combater este flagelo é de
capital importância.

A promoção da saúde no local de trabalho é o procedimento que resulta do esforço


agregado de empregadores, trabalhadores e da sociedade em geral, de modo a melhorar a
saúde e o bem-estar das pessoas no trabalho.

Ações como flexibilização dos horários de trabalho e do local (como o teletrabalho por
exemplo), formação contínua, alargamento de tarefas e rotatividade (nos casos de
trabalhos repetitivos), incentivos ao bom ambiente de trabalho, melhorias na ergonomia,
melhorias nas condições das instalações, incentivo à alimentação saudável nas cantinas
das empresas, incentivos à prática de exercício físico, formação e ajuda no combate ao
stress, incentivo ao abandono do tabaco, etc são exemplos de algumas ações que as
empresas podem levar a cabo, de modo a efetuar a promoção da saúde no local de
trabalho para os seus trabalhadores.

Promoção de saúde - ações individuais

A nível individual, cada vez mais as pessoas revelam preocupação em manter-se saudáveis,
prevenindo determinadas doenças. O homem tem vindo a tomar consciência de que está
nas suas mãos manter-se saudável, devendo, para isso, manter hábitos e práticas que o
conduzam nesse sentido. É exemplo disso, o cuidado com a nutrição, pois como é sabido
uma boa alimentação faz toda a diferença ou o exercício físico que é de enorme
importância na saúde e no bem estar. Ou seja, alimentação e saúde e exercício físico e
saúde são conjuntos de palavras indissociáveis, constituindo dois exemplos de
importantes desígnios na promoção da saúde.

Neste sentido, devemos desenvolver programas ou ações que visem a promoção da


saúde. Um programa de promoção da saúde deve ser desenhado de forma a permitir
melhorar a condição de saúde das pessoas, onde se enquadram as atividades de turismo
de saúde.

A promoção da saúde está, antes de mais, nas mãos de cada um de nós, uma vez que nos
cabe tomar as decisões diárias que mais influenciam a nossa saúde e bem estar.

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OBJETIVO 5: Explicar a influência dos Determinantes
Sociais de Saúde (DSS) na promoção da saúde.
Para a Comissão Nacional sobre os Determinantes Sociais da Saúde (CNDSS), os DSS são

os fatores sociais, econômicos, culturais, étnicos/raciais, psicológicos e

comportamentais que influenciam a ocorrência de problemas de saúde e seus

fatores de risco na população. A comissão homônima da Organização Mundial da Saúde

(OMS) adota uma definição mais curta, segundo a qual os DSS são as condições sociais em

que as pessoas vivem e trabalham. Nancy Krieger (2001) introduz um elemento de

intervenção, ao defini-los como os fatores e mecanismos através dos quais as condições

sociais afetam a saúde e que potencialmente podem ser alterados através de ações

baseadas em informação. Tarlov (1996) propõe, finalmente, uma definição bastante

sintética, ao entende-los como as características sociais dentro das quais a vida transcorre.

O modelo de Dahlgren e Whitehead e o de Diderichsen permitem identificar pontos para

intervenções de políticas, no sentido de minimizar os diferenciais de DSS originados pela

posição social dos indivíduos e grupos. Tomando o modelo de camadas de Dahlgren e

Whitehead, o primeiro nível relacionado aos fatores comportamentais e de estilos de

vida indica que estes estão fortemente influenciados pelos DSS, pois é muito difícil

mudar comportamentos de risco sem mudar as normas culturais que os influenciam.

Atuando-se exclusivamente sobre os indivíduos, às vezes se consegue que alguns deles

mudem de comportamento, mas logo eles serão substituídos por outros (ROSE, 1992).

Para atuar nesse nível de maneira eficaz, são necessárias políticas de abrangência

populacional que promovam mudanças de comportamento, através de programas

educativos, comunicação social, acesso facilitado a alimentos saudáveis, criação de

espaços públicos para a prática de esportes e exercícios físicos, bem como proibição à

propaganda do tabaco e do álcool em todas as suas formas. O segundo nível

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corresponde às comunidades e suas redes de relações. Como já mencionado, os laços

de coesão social e as relações de solidariedade e confiança entre pessoas e grupos são

fundamentais para a promoção e proteção da saúde individual e coletiva. Aqui se incluem

políticas que busquem estabelecer redes de apoio e fortalecer a organização e

participação das pessoas e das comunidades, especialmente dos grupos vulneráveis,

em ações coletivas para a melhoria de suas condições de saúde e bem-estar, e para

que se constituam em atores sociais e participantes ativos das decisões da vida social. O

terceiro nível se refere à atuação das políticas sobre as condições materiais e

psicossociais nas quais as pessoas vivem e trabalham, buscando assegurar melhor

acesso à água limpa, esgoto, habitação adequada, alimentos saudáveis e nutritivos,

emprego seguro e realizador, ambientes de trabalho saudáveis, serviços de saúde e

de educação de qualidade e outros. Em geral essas políticas são responsabilidade de

setores distintos, que freqüentemente operam de maneira independente, obrigando o

estabelecimento de mecanismos que permitam uma ação integrada. O quarto nível de

atuação se refere à atuação ao nível dos macrodeterminantes, através de políticas

macroeconômicas e de mercado de trabalho, de proteção ambiental e de promoção

de uma cultura de paz e solidariedade que visem a promover um desenvolvimento

sustentável, reduzindo as desigualdades sociais e econômicas, as violências, a

degradação ambiental e seus efeitos sobre a sociedade (CNDSS, 2006; PELEGRINI

FILHO, 2006). O outro modelo, proposto por Diderichsen et al., permite também identificar

alguns pontos de incidência de políticas que atuem sobre os mecanismos de estratificação

social e sobre os diferenciais de exposição, de vulnerabilidade e de suas conseqüências.

Embora a intervenção sobre os mecanismos de estratificação social seja de

responsabilidade de outros setores, ela é das mais cruciais para combater as

iniqüidades de saúde. Aqui se incluem políticas que diminuam as diferenças sociais,

como as relacionadas ao mercado de trabalho, educação e seguridade social, além de

um sistemático acompanhamento de políticas econômicas e sociais para avaliar seu

impacto e diminuir seus efeitos sobre a estratificação social. O segundo conjunto de

políticas busca diminuir os diferenciais de exposição a riscos, tendo como alvo, por

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exemplo, os grupos que vivem em condições de habitação insalubres, trabalham em

ambientes pouco seguros ou estão expostos a deficiências nutricionais. Aqui se incluem

também políticas de fortalecimento de redes de apoio a grupos vulneráveis para mitigar os

efeitos de condições materiais e psicossociais adversas. Quanto ao enfrentamento dos

diferenciais de vulnerabilidade, são mais efetivas as intervenções que buscam fortalecer a

resistência a diversas exposições, como por exemplo, a educação das mulheres para

diminuir sua própria vulnerabilidade e a de seus filhos. A intervenção no sistema de

saúde busca reduzir os diferenciais de conseqüências ocasionadas pela doença, aqui

incluindo a melhoria da qualidade dos serviços a toda a população, apoio a

deficientes, acesso a cuidados de reabilitação e mecanismos de financiamento

eqüitativos, que impeçam o empobrecimento adicional causado pela doença. Essas

intervenções sobre níveis macro, intermediário ou micro de DSS, com vistas a diminuir as

iniqüidades relacionadas à estratificação social, além de obrigarem a uma atuação

coordenada intersetorial abarcando diversos níveis da administração pública, devem estar

também acompanhadas por políticas mais gerais de caráter transversal que busquem

fortalecer a coesão e ampliar o “capital social” das comunidades vulneráveis, e promover a

participação social no desenho e implementação de políticas e programas (CSDH, 2006). A

evolução conceitual e prática do movimento de promoção da saúde em nível mundial

indica uma ênfase cada vez maior na atuação sobre os DSS, constituindo importante apoio

para a implantação das políticas e intervenções acima mencionadas.

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Referências

● Agência FioCruz de notícias. O conceito de promoçã o da saú de e os determinantes


sociais. 2010.

Promoçã o da saú de. Porque sim e porque ainda nã o! Saude soc. vol.13 no.1 Sã o
Paulo Jan./Apr. 2004

● Leavell e Clark - Medicina Preventiva. Cap. 2 Níveis de aplicaçã o da medicina


preventiva.

● Prevençã o quaterná ria: você sabe o que é ? - Portal PEBMED


● Prevençã o quaterná ria na atençã o primá ria à saú de: uma necessidade do Sistema
Ú nico de Saú de- Armando Henrique NormanI; Charles Dalcanale Tesser, publicado
pela scielo

● Promoçã o de saú de: concepçõ es, princípios e operacionalizaçã o, Juliana Lordello


Sícoli1 Paulo Roberto do Nascimento. Interface - Comunic, Saú de, Educ, v7, n12,
p.101-22, fev 2003

● Artigo scielo: A Saú de e seus Determinantes Sociais, por PAULO MARCHIORI BUSS e
ALBERTO PELLEGRINI FILHO, 2007

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