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INTRODUÇÃO

A CLÍNICA
MÉDICA

VALÉRIA SANTOS
CURSO TÉCNICO EM ENFERMAGEM
DISCIPLINA: CLÍNICA MÉDICA

1. INTRODUÇÃO

A Clínica Médica é um setor hospitalar onde acontece o atendimento integral do


indivíduo adulto que se encontra em estado crítico ou semicrítico, que não são
provenientes de tratamento cirúrgico e ainda àqueles que estão hemodinamicamente
estáveis, neste setor é prestada assistência integral de enfermagem aos pacientes de média
complexidade

• CLÍNICA: Vem do grego Kline = leito, acamado.


• MÉDICA: Vem do latim medicus = Cuidar de.

A clínica médica compreende um grupo de especialidades médicas desenvolvidas


dentro de uma unidade hospitalar, organizada segundo um conjunto de requisitos, onde o
paciente internado é submetido a exames clínicos (anamnese), físicos, laboratoriais e
especiais com a finalidade de definir um diagnóstico e, a seguir um tratamento específico.

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2. PRINCIPAIS ROTINAS DO SETOR DE CLÍNICA MÉDICA

• Admissão do paciente.
• Cuidados gerais de enfermagem (higiene, banho, medicação etc).
• Exames médicos e complementares.
• Visitas.
• Transferências.
• Alta.
• Óbito.

3. OBJETIVOS DO SERVIÇO DE ENFERMAGEM EM CLÍNICA MÉDICA:

• Propiciar a recuperação dos pacientes para que alcancem o melhor estado de saúde
física, mental e emocional possível, prevenindo doenças e danos, visando a
recuperação dentro do menor tempo possível ou proporcionar apoio e conforto
aos pacientes em processo de morrer e aos seus familiares, respeitando as suas
crenças e valores.
• Manter de um padrão de assistência prestada aos pacientes, o que exige a
aplicação de um plano de cuidados de enfermagem para a patologia específica do
paciente/cliente.
• Manter o cuidado centrado no paciente.

Figura 1: cuidado centrado no paciente.


https://slideplayer.com.br/slide/2960622/

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O grande desafio da enfermagem está em reconhecer as diferenças individuais de


cada paciente/cliente para assim atendê-lo individualmente. Muitas vezes ouvimos dizer
que devemos cuidar do paciente como se fosse nosso filho. Esta relação embora poderosa
não reflete o tipo de parceria que está proposto. Pode haver desigualdade, superproteção,
superioridade e até mesmo descaso. Outra forma de abordagem que ouvimos é que
devemos cuidar do paciente como nós gostaríamos de sermos tratados. Isto pode ser muito
bom ou ser desastroso porque dependerá do grau de autoestima do cuidador. O mais
importante de tudo é atender o paciente da maneira como ele mesmo gostaria de ser
tratado. Para isto, o profissional deverá conhecer as necessidades de cada indivíduo e ter
a sensibilidade de atendê-lo de forma respeitosa e ética.

4. CONSIDERAÇÕES GERAIS SOBRE SAÚDE E DOENÇA

Em 1947, a Organização Mundial de Saúde (OMS) definiu saúde como “um estado
de completo bem-estar físico, mental e social e não somente ausência de afecções e
enfermidades”. Direito social, inerente à condição de cidadania, que deve ser assegurado
sem distinção de raça, de religião, ideologia política ou condição socioeconômica, a saúde
é assim apresentada como um valor coletivo, um bem de todos.

Figura 2: conceito de saúde.


Fonte: https://m.facebook.com/susresumidoo/photos/a.117296210105194/140256807809134/?type&_rdr

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O “completo bem-estar " certamente, pode variar de acordo com o indivíduo, o tempo
e o espaço”. Em outras palavras, o que é bom para um não é obrigatoriamente para outro,
e nem a presença de bem-estar significa a ausência de doença.

Portanto, a saúde é um processo dinâmico em que o homem luta contra as forças que
tendem a alterar o equilíbrio da sua saúde; é o ajustamento dinâmico satisfatório às forças
que tendem a perturbá-lo. O complexo processo de redução da saúde não é provocado por
fatores simples ou específicos, mas pelo resultado da ligação contínua entre causas e
efeitos. Para considerar o indivíduo com saúde, é necessário que ele atinja um nível
excelente de ajustamento e equilíbrio entre o homem, os agentes e o meio ambiente.

Distingue-se da enfermidade, que é a alteração danosa do organismo. O dano


patológico pode ser estrutural ou funcional.

Doença (do latim dolentia, padecimento) é o estado resultante da consciência da perda


da homeostasia de um organismo vivo, total ou parcial, causada por agentes externos ou
não, estado este que pode cursar devido a infecções, inflamações, isquemias,
modificações genéticas, sequelas de trauma, hemorragias, neoplasias ou disfunções
orgânicas.

A doença é um processo anormal no qual o funcionamento de uma pessoa está


diminuído ou prejudicado em uma ou mais dimensões. É o resultado do desequilíbrio
entre o homem e o meio físico, mental e social.

O conceito de doença, o seu significado para o homem e as formas de abordá-la sofreu


variações com o passar do tempo. Assim, podemos agrupar os diversos conceitos
considerando algumas teorias:

• Teoria mística: doença como fenômeno sobrenatural, além da compreensão do


mundo.
• Teoria ambiental: doença em decorrência das alterações ambientais do meio
físico; teoria dos miasmas e do contágio.

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• Teoria da unicausalidade: baseia-se na existência de um único fator responsável

pelo aparecimento da doença. Na teoria unicausal, os vírus e as bactérias passaram

a ser as únicas causas das doenças, substituindo as explicações sobrenaturais.

Figura 3: teoria da unicausalidade


Fonte: https://www.passeidireto.com/pergunta/44002261/o-que-e-teoria-unicausal

• Teoria da multicausalidade: esse modelo considera a interação, o


relacionamento e o condicionamento de três elementos fundamentais da chamada
Tríade de Leavell Clark ou Tríade Epidemiológica ou Tríade ecológica: o
ambiente, o agente e o hospedeiro. A doença seria resultante de um desequilíbrio
nas autoregulações existentes no sistema.

Figura 4: teoria da multicausalidade


Fonte: https://www.passeidireto.com/arquivo/88824075/triade-epidemiologica

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• Teoria da determinação social: relaciona a organização da sociedade com as


manifestações de saúde ou de doença. Os fatores sociais, econômicos, culturais,
demográficos, são pensados como partes de um conjunto mais amplo de causas
que inclui fatores do ambiente físico e biológico em um componente designado
como meio-ambiente.

Figura 5: teoria da determinação social


Fonte: https://publica.ciar.ufg.br/ebooks/saneamento-e-saude-
ambiental/modulos/4_modulo_saude/01.html

Muitas vezes, por condições de vida, emprego, acesso à educação e à saúde não
favoráveis de seus antecedentes, o indivíduo tem menor possibilidade de chance de ter
uma vida digna e provida de condições favoráveis. Assim, o que era responsabilidade
quase que exclusiva da pessoa, ao não adquirir hábitos saudáveis, evitando os fatores de
risco, passa, em função dessas aludidas condições e da má redistribuição de renda, a ser
também responsabilidade da sociedade.

Atualmente, em função do entendimento de que problemas sociais têm presença


marcante na manifestação das doenças, haja vista serem problemas gerados na e pela
sociedade, isto pode gerar um novo modo de agir dos profissionais de saúde, criando
condições para o desenvolvimento de uma nova prática em saúde. Como identificar a
clientela que procura assistência clínica?

Os clientes que procuram a assistência clínica são, geralmente, constituídos por


indivíduos adultos jovens e idosos, acometidos de disfunções orgânicas de caráter agudo

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ou crônico. Sendo assim, a finalidade da assistência aos mesmos busca identificar,


remover e/ou minimizar os fatores desencadeantes das situações clínicas apresentadas e
restabelecer o equilíbrio orgânico com o mínimo de sequela possível. Faz-se importante,
ainda, considerar sua interação com o ambiente.

No entanto, grande parte dos atendidos possuem alguma enfermidade crônica ou


crônico-degenerativa. Esse fato significa que os sinais e sintomas do adoecimento destas
pessoas não ocorreram de forma súbita, ou seja, no momento em que procuram os
serviços de saúde. A doença, com certeza, já se havia instalado em algum período anterior
indeterminado.

De acordo com a evolução da patologia desses clientes, a busca dos serviços de


saúde - rede básica de atendimento e/ou rede hospitalar – começa a fazer parte das suas
necessidades, e quanto “mais doentes” forem mais necessitarão de internações em
hospitais até que retornem a um equilíbrio aceitável e ao convívio cotidiano.

A hospitalização costuma acontecer em momentos agudos, nos quais há


desequilíbrio entre saúde-doença, correlacionado ou não aos processos crônicos
implícitos à patologia. Por exemplo, um cliente com doença pulmonar obstrutiva crônica
apresenta grandes possibilidades de desenvolver pneumonias - que podem ou não estar
relacionadas com a patologia de base.

Para melhor entendimento, imagine que a doença não é um acontecimento isolado,


mas presente no dia-a-dia das pessoas, mediada como uma balança, onde, por um lado,
vários fatores pendem para a saúde; por outro, vários favorecem a ocorrência de doenças.
Assim, o prazer, a alegria, o lazer, o trabalho gratificante, o alimentar-se bem favorecem
nosso lado saudável, diferentemente da tristeza, do estresse, da falta de trabalho e da
desnutrição.

Nesse contexto, é importante distinguir os conceitos de doença aguda, crônica e


crônico-degenerativa:

• Aguda: situação que se instala abruptamente, produz sinais e sintomas logo após
a exposição à causa, em um período determinado para sua recuperação. Pode ser
decorrente de processos crônicos (complicações e/ou sintomas) e/ou infecciosos;

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• Crônica: são problemas de longo prazo, devidos à distúrbio ou acúmulo de


distúrbios irreversíveis, ou estado patológico latente; apresenta evolução
prolongada e sua resolução ocorre de maneira parcial;
• Crônico-degenerativa: são situações de evolução lenta e gradual, geralmente
assintomáticas, e não têm causa e/ou tratamento definidos. A assistência objetiva
o controle dos fatores desencadeantes. Ressalte-se que a questão social e
ambiental é importante fator de controle.

Independentemente da patologia, em cada cliente que você cuida faz-se necessário


atentar para o fato de que o mesmo está inserido num meio social particular, tem um modo
de trabalhar e de se relacionar com o meio ambiente e as pessoas que estão ao seu redor,
bem como consigo mesmo, o que determina formas de adoecer e morrer peculiares.

Embora tal entendimento esteja claro, você pode, no cotidiano, deparar-se com
contradições nas formas de executar o cuidado de enfermagem, pois a assistência
hospitalar é influenciada, predominantemente, pelo modelo que nega a produção social
das formas de adoecer-morrer, priorizando o controle das manifestações biológicas
(modelo clínico-assistencial) que apresenta parâmetros mais definidos e, portanto, de
domínio mais fácil.

5. VARIÁVEIS QUE INFLUENCIAM A DOENÇA E O


COMPORTAMENTO FRENTE À DOENÇA

Variáveis internas e externas influenciam a saúde e o comportamento frente


à saúde, assim como a doença e o comportamento de doença. Em geral,
as influências dessas variáveis e o comportamento de doença do paciente
afetam a probabilidade da busca de cuidados de saúde, a adesão à terapia
e os resultados de saúde. O impacto da Doença sobre o Paciente e a Família
objetivo é promover um ótimo funcionamento em todas as dimensões
durante uma doença.

a) Variáveis internas: percepções do paciente sobre os sintomas e a natureza


doença, influenciam o comportamento dele. Se os pacientes acreditarem que os
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sintomas de suas doenças interrompem sua rotina normal, é mais provável que
procurem a assistência à saúde do que não percebam os sintomas como
incômodos. Também serão mais propensos a procurar assistência se acreditarem
que os sintomas são sérios ou põem a vida em risco. A natureza da doença aguda
ou crônica, também afeta o comportamento do paciente. É provável que o paciente
com doenças agudas procure os cuidados de saúde e se submetam prontamente a
uma terapia. Por outro lado, o paciente com doença crônica cujos os sintomas não
são curados, mas aliviados somente em parte, podem não estar motivados a aderir
o plano terapêutico.

b) Variáveis externas: variáveis externas que influenciam o comportamento de


doença do paciente incluem: visibilidade dos sintomas, grupo social, contexto
cultural, variáveis econômicas, acessibilidade ao serviço de saúde e o apoio social.
A visibilidade dos sintomas de uma doença afeta a imagem corporal e o
comportamento de doença. Em geral, é mais provável que o paciente com um
sintoma visível procure assistência que aquele com sintomas visíveis.

Os grupos sociais dos pacientes auxiliam no reconhecimento da ameaça ou


apoiam a negação da doença potencial. Os efeitos da doença e sua interpretação variam
de acordo com as circunstâncias culturais. Práticas de dietas e crenças culturais
contribuem para a doença e a manutenção desta.

As variáveis econômicas influenciam o modo de reagir do paciente à doença. Por


causa das restrições econômicas, alguns pacientes retardam o tratamento e em muitos
casos continuam a realizar as atividades da vida diária. O acesso do paciente ao sistema
de saúde pode estar estreitamente relacionado com os fatores econômicos, em sistemas
privados de saúde.

Impactos da doença sobre o paciente e família

A doença nunca é um evento de vida isolado. O paciente e a família lidam com


mudanças resultantes da doença e do tratamento. Cada paciente responde de forma única

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à doença, o que exige a individualização do tratamento. O paciente e a família geralmente


passam por mudanças comportamentais e emocionais, além de mudanças de papéis, de
imagem corporal e autoconceito, bem como de dinâmica familiar.

Modificações comportamentais e emocionais

As pessoas reagem de maneira diferente às doenças. As reações comportamentais


e emocionais dependem da natureza da doença, da atitude do paciente, bem como a reação
de outros a ela etc.

As doenças sem risco de vida, de curta duração, evocam algumas mudanças


comportamentais no funcionamento de um paciente ou família, geralmente sutis e
passageira.

As doenças graves, particularmente que acarreta risco de vida, leva a mudanças


emocionais e comportamentais mais extensas, como ansiedade, choque, negação, ira e
afastamento.

Impacto na imagem corporal

Algumas doenças resultam em mudanças da aparência física. As reações do


paciente e da família frente diferem e geralmente dependem do tipo de mudança (por
exemplo: perda de um membro ou um órgão), de sua capacidade adaptativa, da rapidez
com que são realizadas as mudanças e dos serviços de apoio disponíveis.

Impactos nos papéis da família

Os indivíduos tem muitos papéis na vida, por exemplo, como assalariados, tomadores
de decisão, profissionais, crianças, irmãos ou pais. Quando ocorre uma doença, pais e
filhos tentam se adaptar às importantes modificações resultantes. A reversão de papéis é
comum. Se o genitor de um adulto fica doente e não pode realizar as atividades usuais, o

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filho adulto em geral assume muito das responsabilidades do pai e em essência se torna o
pai de seu genitor. Tal reversão da situação habitual, algumas vezes gera estresse e
conflito.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1. Brasil. Ministério da Saúde. Projeto de Profissionalização dos Trabalhadores


da Área de Enfermagem. 2. ed., 1.a reimpr. - Brasília: Ministério da Saúde; Rio
de Janeiro: Fiocruz, 2003.
2. MEDEIROS, A.D. Enfermagem em clínica médica. Disponível em:
https://docero.com.br/doc/1n5eev. Acesso em: 21/04/2022.
3. POTTER, Patricia A. Fundamentos de enfermagem. 9. Ed. Rio de Janeiro:
Elsevier, 2018.

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