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TÉCNICA DE EPSIOTOMIA NA PARTURIENTE

Stephany de Barros1
Dayanne Granetto2

Resumo

A prática da Episiotomia ainda é bastante discutida entre todos os envolvidas


da área da saúde, sendo um assunto de grande importância, principalmente,
quando estão diante de parturientes que por sua vez necessitam de um
melhor entendimento e por consequência ter total consentimento daquilo que
irá ser realizado. Podendo também ser possível observar que a episiotomia é
realizada sem um enfoque seletivo. Porém, segundo estudos a taxa de
episiotomia está diminuindo em todos os países, mas ainda devido à
formação, por rotina e até mesmo os poucos estudos sobre o assunto, esse
procedimento ainda prevalece em muitos hospitais.

Palavras chaves: Episiotomia. Parturiente. Parto humanizado.

1 INTRODUÇÃO

Episiotomia é uma incisão efetuada na região do períneo para ampliar


o canal de parto, realizada geralmente por anestesia local. Sendo um procedimento
invasivo e com possibilidades de complicações. Sua indicação inclui a prevenção
de traumas perineais, evitar morbimortalidade infantil e favorecer a liberação do
concepto. Objetivo: O presente estudo tem o objetivo de analisar os pontos
negativos e positivos na realização da episiotomia de rotina e verificar a conduta
dos profissionais da saúde diante deste procedimento, visando a promoção da
saúde e atendimento de forma humanizada. Método: Trata-se de revisão
integrativa de literatura. Resultados: A coleta de dados do estudo aplicado foram 6
artigos científicos analisados embase de dados SciELO e MEDLINE/PubMed,

1
Curso de pós-graduação que está cursando. E-mail:
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Professor (a) Orientador (a). E-mail:
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publicados no recorde histórico de 2005 a 2020, com o resultado de estratégias de


busca para a seleção por três categorias temáticas: 1-A Prática da Episiotomia; 2-A
Episiotomia por mulheres; 3-A Episiotomia por obstetra. Justificativa: Observou-se
a importância de uma humanização perante mulheres em trabalho de parto e parto
com o intuito de mostrar a necessidade de um cuidado mais especializado de todos
os profissionais de saúde envolvidos, intervindo, com isso, uma melhora
assistencial no momento do parto.

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

O conceito contemporâneo da Obstetrícia envolve cuidados de


segurança e qualidade assistencial à mulher durante a gestação, o parto e o
puerpério, proporcionando procedimentos padronizados e resguardando a saúde
durante todo esse processo.
A episiotomia é um processo cirúrgico no qual é executada uma incisão
no períneo da mulher, no segundo período do parto, ou seja, momento da expulsão
do feto. A palavra deriva do termo Epision que significa região pubiana. Esta técnica
pode ser realizada com dois instrumentos cirúrgicos, a tesoura ou o bisturi. Após a
episiotomia, procede-se a sutura local, denominada de episiorrafia (TORTORA;
DERRICKS, 2012).
Em algumas mulheres no processo de parto pode ocorrer trauma
perineal, sejam pelas lacerações perineais espontâneas ou pela episiotomia. A dor
sofrida no processo de parto torna-se muitas vezes inesquecível para algumas
parturientes, o que pode impedir que elas voltem a ter o desejo de engravidar. Neste
estudo foi perceptível que a dor advinda da episiotomia, deixou sequelas não só
físicas como emocionais. Dentre as sequelas físicas, a episotomia aumenta o risco
de laceração perineal de terceiro e quarto grau, de infecção e de hemorragia, sem
diminuir complicações a longo prazo de dor e incontinência urinária e fecal
(TESSERet al., 2015).
Quando acontecem lacerações que afetam pele e mucosa da vagina, são
consideradas lacerações espontâneas, classificadas como de primeiro grau. As
lacerações que chegam a atingir os músculos perineais, tornam-se lacerações de
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segundo grau. Já as que atingem o músculo esfíncter do ânus são as de terceiro


grau. A episiotomia não só atinge a pele e mucosa, como secciona os músculos
transverso superficial do períneo e o bulbocavernoso (TORTORA; DERRICKS,
2012).
Com o intuito de prevenir tais eventos,uma atenção especial deve ser
dada às pacientes com fatores de risco como: cicatriz uterina prévia, indução do
parto de fetos macrossômicos, distorcia de ombros e intervenções obstétricas.
A mulher deve decidir sobre qual procedimento será realizado no seu
corpo, entendendo que a episiotomia pode ser evitada e recusada, para que não
aconteça de forma desnecessária.
Destaca-se que a episiotomia pode ser considerada “violência
obstétrica”, que é um termo utilizado para descrever diversas formas de violência
durante o cuidado obstétrico profissional, incluindo maus tratos físicos,
psicológicos, verbais e procedimentos desnecessários e danosos, como as
episiotomias.
Estudos mostram que aqueixa principal após o procedimento era de dor,
medo e falta de esclarecimento. Diante desse fato, essas mulheres acabavam
relatando o trabalho de parto apenas como um momento de dor e violência
(VILLELA, 2016; OLIVEIRA, 2016; TESSER, 2015).
É imprescindível que os profissionais de saúde sejam participantes
desse processo, desempenhando com excelência seu papel e utilizando seus
conhecimentos, a fim de esclarecer, orientar e promover o bem-estar físico e
emocional da mulher e do bebê, com o intuito de sepultar mitos e minimizar
sentimentos negativos. Todavia, precisam ter consciência dessa responsabilidade,
garantindo a realização de procedimentos favoráveis para a mulher e o bebê, não
realizando intervenções dispensáveis e preservando, acima de tudo, a privacidade
e autonomia da mulher (VILLELA, 2016).
Nestes termos, a episiotomia pode ser considerada uma violação dos
direitos sexuais e reprodutivos da mulher. Muitas referem dispareunia e se sentem
preocupadas em relação a deformidades na genitália. Portanto, o profissional de
saúde deve colocar o respeito ao corpo e bem-estar da mulher em evidência,
reduzindo os prejuízos físicos, fisiológicos, emocionais e psicológicos ao máximo
(OLIVEIRA, 2016).
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Estudos brasileiros com um número x de mulheres, apontaram que as


parturientes descreveram a sensação horrível que as submeteram, realizando
muitas vezes o corte sem anestesia e realizando a episiorrafia de qualquer forma.
Deste modo, a episiotomia se tornou além de uma experiência dolorosa, um
trauma, pois no momento de sua realização a mulher é incapaz de reagir a tal
intervenção externa (ZVEITER; PROGIANTI; VARGENS, 2010).
A falta de conhecimento e consentimento sobre a episiotomia por parte
da parturiente torna o procedimento uma forma de mutilação genital feminina,
agredindo não só a integridade pessoal, como também a autonomia quanto mulher.
O corte na região genital as deixa intimidadas frente a seu cônjuge ou parceiro
sexual. A grande maioria se sentiu violada e impotente para manter relações.
Previamente ao procedimento deveria ocorrer a orientação pelos profissionais dos
serviços de saúde, entendendo que mulheres são seres humanos com capacidade
de decisão, dotadas de emoções e discernimento (PROGIANTI; ARAÚJO; MOUTA,
2010).
Dessa forma faz-se de suma importância a orientação sobre este
método, visto que, primeiramente, está sendo tratado de um ser humano, que tem
a capacidade de decidir pelo que quer. Lembrando ainda que, mesmo estando em
uma situação de agonia, por conta das dores que o parto pode vir a trazer, são
mulheres providas de consciência (PROGIANTI, 2010).
Sendo assim, a assistência adequada durante o parto é fundamental
para que a mulher vivencie uma experiência com segurança e bem-estar sendo
imprescindível que a equipe de saúde proporcione atitudes que facilitem o vínculo e
respeito a todos os significados desse momento minimizando procedimentos
invasivos desnecessários (VILLELA, 2016).
Neste sentido, deve ser prática do profissional de saúde acolher a
mulher e identificar suas necessidades de forma individualizada, ofertando
atendimento de qualidade e humanizado. Ressalta-se ainda, que devem ser
baseados em princípios éticos e com o uso de procedimentos que tragam
benefícios evitando intervenções desnecessárias e que garantam a autonomia e a
privacidade, compartilhando as condutas a serem adotadas com a mulher e sua
família (OLIVEIRAet al., 2016).
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2.1 EPISIOTOMIA E SUAS INDICAÇÕES

No CISAM (Centro Integrado de Saúde Amaury de Medeiros) não há


orientação quanto a exercícios perineais para prevenção de lacerações, durante o
pré-natal, ou critérios formais para indicação da episiotomia. Durante o período
expulsivo do trabalho de parto o médico assistente é responsável pela realização
ou não do procedimento, existindo recomendações do serviço que sejam
realizadas apenas quando necessárias. Foram promovidas aulas de atualizações e
discussões aos profissionais da saúde com o intuito de esclarecer sobre as novas
diretrizes da assistência ao parto. É importante ressaltar que a episiotomia médio-
lateral foi realizada em todas as pacientes e que em estudo anterior as principais
indicações da episiotomia seletiva e referida pelos médicos assistentes foram
rigidez perineal, primiparidade, macrossomia fetal e prematuridade (CARVALHO,
2010).
A divulgação das taxas de episiotomia nos serviços de saúde, com
avaliação criteriosa de suas indicações, visa buscar sua redução após implantação
de políticas de restrição. Este estudo evidencia a importância da educação médica
continuada para a reformulação de antigos conceitos. O decréscimo da frequência
da realização de episiotomia, passando a obedecer às indicações seletivas, nos
traz uma grande satisfação como educadores e um grande estímulo para continuar
na busca pelo aprimoramento do conhecimento, refletindo numa melhor assistência
à saúde. Assim, neste serviço com uma frequência de 29% de episiotomia, ainda
temos que estimular a sua realização seletiva, atuando sobre os fatores associados
que permaneceram significativos em nosso estudo, doenças maternas e ausência
de parto vaginal anterior (CARVALHO, 2010).
Considera-se a episiotomia um procedimento agressivo quando
realizada sem critérios, sem indicações apropriadas e de forma rotineira. Nessas
condições, o procedimento que deveria ser um facilitador nos casos de urgência
obstétrica se torna um exemplo de desrespeito e apropriação do corpo da mulher
quando não indicado (VILLELA, 2016).

2.2 PREVENÇÃO PARA EPISIOTOMIA


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A mulher pode estar preparando seu períneo durante o pré-natal, como


forma de prevenir uma futura episiotomia, além de utilizar-se por uma posição
ortostática no momento do parto, compressas locais quentes e massagem perineal
durante o período expulsivo do parto, além do suporte do períneo para o
desprendimento cefálico.

Baracho et al. (2009), relata que o tipo de posição de parto vaginal, pode
gerar um fator de proteção para a ocorrência de episiotomia, destacando a posição
vertical de parto vaginal.

Progianti et al. (2006) sugere que os profissionais envolvidos na


assistência à mulher no momento do parto podem fazer uso de tecnologias não
invasivas no cuidado, incluindo desde procedimentos técnicos simples, como o uso
de compressas fitoterápicas, exercícios, aplicação de água morna, até a inserção
do vínculo e acolhimento, através de palavras de estímulo e conforto.

A mulher deve compreender que através de práticas de exercícios


durante o pré-natal e no momento do parto, pode ter a musculatura perineal forte,
evitando o risco de ser realizado a episiotomia e os profissionais por sua vez,
devem desprender-se do que costumam fazer há anos e atentarem-se às
atualizações científicas e recomendações estipuladas. (OLIVEIRA, 2005)[12].

É papel do médico obstetra durante o pré-natal, orientar bem a gestante


para a prática de massagem e exercícios musculares simples do assoalho pélvico,
com os quais a mulher pode alcançar excelente controle no nível de contração e
relaxamento do períneo e com isso obter a ampliação suficiente do canal do parto
no momento da saída do bebê. Esses exercícios ajudarão, tonificando e
fortalecendo o períneo, facilitando a recuperação e reduzindo o desconforto
(BASBAUM, 2019).

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
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A prática da episiotomia na parturiente pode trazer consequências


favoráveis ou não a saúde da mulher. Além disso, são práticas realizadas sem o
consentimento da parturiente ou qualquer indicação realizada de forma correta.

Profissionais da saúde possuem um papel essencial diante desta


prática, sendo aqueles que irão exercer essa prática corretamente, proporcionando
um ótimo momento para essas mulheres e seus partos, ou apenas irão cumprir um
protocolo pré-estabelecido, sem levar em consideração o que realmente seja
favorável a uma parturiente.

Dessa forma, esta etapa da pesquisa contribui com o aprofundamento


do conhecimento acerca da prática da episiotomia na parturiente e seus resultados,
considerados como alicerces da presente proposta de pesquisa.

Trata-se de revisão integrativa de literatura de estudos científicos

publicados no recorte histórico de 2005a 2020.

A presente revisão integrativa aplicou as seguintes etapas


metodológicas: 1) identificação do tema e seleção da hipótese ou questão de
pesquisa; 2) busca na literatura (definição das informações a serem extraídas dos
estudos selecionados estabelecimento de critérios para inclusão e exclusão de
estudos; definição das bases de dados, descritores); 3) categorização dos estudos;
4) avaliação dos estudos incluídos; 5) apresentação da revisão/síntese do
conhecimento e interpretação dos resultados (CROSSETTI, 2012).

Os resultados deste estudo ressaltam a importância da implementação


de educação continuada junto aos profissionais que atuam no processo de parto
que deve ser pensada como forma de conscientização, permitindo iniciar
discussões a respeito do uso da episiotomia de forma rotineira, com o objetivo de
reduzir a frequência de episiotomias desnecessárias.

Em sua maioria, os estudos mostram que as mulheres não recebem


nenhuma explicação antes de realizar procedimento. Profissionais da área da
saúde afirmam que a episiotomia é o único procedimento cirúrgico que pode ser
realizado sem o consentimento da mulher, sendo dessa forma considerado um
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procedimento invasivo, desrespeitando os princípios e ocasionando violência


obstétrica(OLIVEIRA/ MIQUILIN, 2005; PREVIATTI/SOUZA, 2007).

A Organização Mundial da Saúde e oMinistério da Saúde recomendam o


usorestrito da episiotomia e classifica seu usorotineiro e liberal como uma
práticaprejudicial, devendo esta ser desestimulada,tendo indicação em média de
10% a 15% doscasos.
De acordo com SANTOS (2014) e OLIVEIRA (2007), a episiotomia seria
utilizada de forma profilática, com a finalidade de prevenir traumas perineais,
redução de mortalidade infantil, prolapso e incontinência urinária.

REFERÊNCIAS

VILLELA, J. P. Sentimentos vivenciados pelas puérperas. Rev. de Enfermagem UERJ, vol. 24. 2016.

OLIVEIRA, A. P. G. Episiotomia: discussão sobre o trauma psicológico e físico nas puérperas: uma
revisão bibliográfica. Rev. Rede de Cuidados em Saúde, 2016.

KAMPF, C.; DIAS, R. D. A episiotomia na visão da obstetrícia humanizada: Reflexões a partir dos
estudos sociais da ciência e tecnologia. Rev. História, Ciência, Saúde - Manguinhos, vol. 25. Rio de
Janeiro, 2018.

SANTOS, J. O. Práticas rotineiras da episiotomia refletindo a desigualdade de poder entre


profissionais de saúde e mulheres. Esc. Anna Nery,Rev. de Enfermagem, vol. 12. 2014

MATTAR, R. A prática da episiotomia no Brasil. Rev. Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia, vol. 29,
n 1. Rio de Janeiro, 2007.

BASBAUM, C. Episiotomia: entenda o que é o “pique” e se é necessário. Rev. Rede de Cuidados em


Saúde. 2019.

PREVIATTI, J. F.; SOUZA, K. L. Episiotomia: em foco a visão das mulheres. Rev. Brasileira de
Enfermagem, vol. 60. Brasilia, 2007.

TORTORA, G. J.; DERRICKS, B. Fundamentos de anatomia e fisiologia. Ver. Corpo Humano, 2012.

TESSER, C. D. Violência obstétrica e prevenção quaternária: O que é e o que fazer. RBMFC, vol. 10, n
35. 2015
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PROGIANTI, J. M.; ARAÚJO, L. M.; MOUTA, R. J. O. Repercussões da episiotomia sobre a


sexualidade. Esc. Anna Nery, Ver. de Enfermagem, vol. 12. 2010.

CARVALHO, C. C.; SOUZA, A. R. Prevalência e fatores associados à prática da episiotomia em


maternidade escola do Recife, Pernambuco, Brasil. Ver. de Associação Médica Brasileira, vol. 56.
São Paulo, 2010.

OLIVEIRA, S.M. J.; MIQUILINI, E. C. Frequência e critérios para indicar a episiotomia. Rev. Esc. de
Enfermagem USP, vol. 39, 2005

CROSETTI, M.G.O. Revisão integrativa de pesquisa na enfermagem o rigor científico que lhe é
exigido [editorial]. Ver. Gaúcha Enferm., Porto Alegre, 2012.

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