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Manobra de Kristeller
A manobra de Kristeller é a expressão do fundo uterino durante as contrações utilizando
as mãos para empurrar o feto em direção ao canal de parto durante o período expulsivo.
Seus riscos incluem: rotura uterina, lesões perineais graves, tocotraumatismo e maior
hemorragia materno-fetal, principalmente, quando executada com o antebraço ou
cotovelo. Em função dos riscos conhecidamente associados ao uso desta manobra e
pela ausência de benefícios com sua realização a prática da manobra de Kristeller é
formalmente contraindicada30.
Uso de antissépticos vaginais
Uma prática comum observada é a instilação de antissépticos na vagina e/ou vulva da
parturiente no momento do nascimento, com o objetivo de diminuir a incidência de
infecção local e complicações na cicatrização perineal. Essa prática, além de causar
desconforto à mulher, que apresenta extrema sensibilidade local e dor perineal no
momento do nascimento, não está associada a melhores resultados maternos e
neonatais: não diminui infeccção, corioamnionite, endometrite e sepse neonatal. Desta
maneira não deve ser realizada antissepsia vaginal e/ou vulvar de rotina.
O uso de ocitocina no segundo período do trabalho de parto
O uso de ocitocina artificial no segundo período do trabalho de parto deve seguir os
mesmos princípios das recomendações para seu uso no primeiro período do trabalho
de parto. Recomenda-se seu uso apenas quando houver parada de progressão no
segundo período (veja item 5.9.3. “Parada de progressão no segundo período do
trabalho de parto”), associada à hipodinamia uterina. Este diagnóstico deverá ser feito
por médico obstetra após avaliação criteriosa da parturiente, já que o uso
indiscriminado de ocitocina associa-se a maior risco de hipóxia fetal no período
expulsivo.
Episiotomia
Introduzida na prática clínica no século XVIII, a episiotomia tem sido amplamente
utilizada durante o parto, apesar da ausência de evidências científicas sobre seus
benefícios, sendo portanto um procedimento bastante controvertido. A justificativa
visava à redução do risco de lacerações perineais, disfunção do assoalho pélvico e
incontinência urinária e fecal. Pensava-se que os benefícios potenciais para o feto eram
devidos a um encurtamento do período expulsivo, o que facilitava um maior número de
partos espontâneos. Entretanto, além de não ter benefícios, a episiotomia ainda tem
efeitos adversos potenciais, incluindo extensão para lacerações de terceiro e quarto
graus, disfunção do esfíncter anal e dispareunia. Por isto, não é recomendada
a realização de episiotomia de rotina. Esta deve ser realizada em casos seletivos, como
na suspeita de alteração do bem estar fetal ou para o parto instrumental32,33. Quando
indicada a realização de episiotomia, é indispensável que a mulher seja informada sobre
o procedimento e esteja com analgesia efetiva. A técnica recomendada é a de
episiotomia mediolateral começando na comissura posterior dos lábios menores e
orientando-a habitualmente para o lado direito. O ângulo com relação ao eixo vertical
deverá ficar entre 45 e 60 graus. Mesmo para mulheres que tiveram lacerações de
terceiro e quarto graus prévias, a episiotomia não deve ser realizada de rotina.
Intervenções para reduzir o trauma perineal
O interesse por estratégias capazes de diminuir o risco de trauma perineal durante o
parto tem crescido, já que as evidências recomendam episiotomia restritiva e persiste a
controvérsia sobre a melhor maneira de proteger o períneo durante o nascimento34.
Existem diversas técnicas propostas para proteção perineal, incluindo massagem
perineal intraparto, técnica de flexão, manobra de Ritgen, uso de compressas mornas e
práticas hands on (posicionamento das mãos de modo a controlar a deflexão da cabeça
fetal) e hands off (mãos do assistente são mantidas preparadas mas sem tocar na cabeça
fetal e no períneo).
Sumariamente e considerando as limitações das evidências atuais, recomenda-se que:
1- A técnica de flexão e a manobra de Ritgen não devem ser usadas porque agem contra
o mecanismo normal do trabalho de parto35; 2- A massagem perineal não deve ser
realizada por profissionais de saúde no segundo período do trabalho de parto, por não
apresentar evidência de que é efetiva, além de causar desconforto para a
parturiente36,37; 3- A aplicação de compressas mornas é recomendada durante o
segundo período do trabalho de parto, se for desejo da mulher, pois reduz o risco de
lacerações de terceiro e quarto graus e a dor nos três primeiros dias após o parto; 4-
Ambas as técnicas hands on ou hands off podem ser empregadas1.