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Universidade de Évora Escola Superior de Enfermagem São João de Deus

Ano Letivo: 2022/2023


3º Ano - 5º semestre

Ana Marques Nº 49162


Ano letivo 2022/2023
Enfermagem de saúde materna e obstetrícia

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Ana M arques 49162 Ano letivo 2022/2023
Enfermagem de saúde materna e obstetrícia

Percurso dos cuidados de Outros fatores é a variação da disponibilidade de luz


natural na troca de estação, já que a síntese das
enfermagem no ciclo hormonas reprodutivas femininas FSH e LH é
estimulada quando os dias ficam mais longos.
gravítico-puerperal
 Definição de espaço para o nascimento:
 Ciclo gravítico puerperal  Primatas: isolamento no parto e regresso com
RN
Desde a conceção até ao nascimento do feto em que
 Afastamento controlado: local protegido/não
são necessários cuidados específicos uma vez que, a
exposição
gravidez implica transformações bio-psico-sociais à
mulher/família.  Local identificado anteriormente: menos
vulnerabilidade
Gravidez 40-42 semanas
Puerpério 6 semanas após o parto
 Papiro de Ebers (1550 a.C.)
É uma fase de transição.
Um dos tratados médicos mais antigos e importantes
Observar é usar os 5 sentidos e não só apenas ver. que se conhece.
Observação Céfalo-caudal.
 Indução do parto
Gravide não é doença mas por veze ocorrem  Lactação
desvios da saúde.  Mastite
 Regulação menstrual
 Sucesso do nascimento
 Regulação térmica  Prevenção de leucorreias
 Definição de espaço  Irrigações
 Acompanhamento e apoio  Fumigações vaginais
 Ambiente pré e pós-natal  Inserção de pessários
 Rituais e simbolismos  Afrodisíacos etc.

Sempre estiveram presentes alguns rituais. A mastite pode acontecer devido á amamentação.
Nos dias de hoje ainda acontece e é possível  Papiro de Kahun (1825 a.C.)
conviver com essa realidade nos serviços atuais.
Coleções de antigos textos que representam escritos
 Picos de sazonalidade procriativa antigos que incluem, entre outras coisas, um tratado de
matemática e outro de obstetrícia onde constam:
Um levantamento feito durante um ano pelo Instituti
Sapientiae, em São Paulo, com 1 932 mulheres  Prescrições sobre gravidez e fertilidade
submetidas À fertilização em vitro, verificou-se que as  Técnicas para escolha do sexo do RN
taxas de sucesso no procedimento foram maiores na  Contraceção
primavera: 73,5% das tentativas vingaram, conta 69%
 Ginecologia (prurido vulvar, prolapso e cancro
no outono, 68,7% no verão e 67,9% no inverno. A
uterino..)
concentração de estradiol (hormona sexual que atua na
 Infeções genito-urinárias
reprodução) por número de óvulos também foi
significativamente asi alta na estação.

Um estudo da Universidade Bem-Gurion do Negev,  Com o avançar do tempo:


em Israel, em que foram avaliadas mais de 6 mil
amostras, constatou que os homens têm Com o avançar do tempo as mulheres
espermatozoides mais saudáveis no fim do inverno e começaram a ser acompanhadas por outras
início da primavera. Os gametas apareceram em maior mulheres que já tinham tido filhos.
número no sémen, mais velozes e com menos Ao longo do tempo, o partejar sofreu inúmeras
anormalidades. mudanças. No final do seculo XIX, as mulheres
pariam os seus filhos com o auxílio de parteiras, no
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seu próprio domicílio. A presença dos médicos era consciencialize e idealize o parto, mas com
solicitada somente quando havia alguma espectativas exequíveis.
intercorrência na hora do parto.
A organização Mundial de saúde (OMS), enfatiza o
Gradualmente, foram sendo modificadas as cuidado prestado às mulheres, e defendem que o parto
práticas no processo de parto e nascimento, seja tratado como um processo fisiológico, natural,
tornando o parto um evento medicalizado. defendendo a atuação de enfermeiros obstetras e
equipas qualificadas na assistência à gestação e ao
Apos a segunda guerra mundial, no século XX, parto.
a gestação e o nascimento tornaram-se eventos
hospitalares, nos quais eram utilizados meios Atenção humanizada ao parto:
tecnológicos e cirúrgicos, fruto dos avanços
técnico-científicos e do desenvolvimento das  Novo olhar sobre o parto e nascimento
ciências medicas.  Experiencia verdadeiramente humana

Nessa época, a igreja e o estado começaram a Importante: acolher, ouvir, orientar e crias vínculo
preocupar-se também com as questões relacionadas no cuidado às mulheres, nesse contexto
À saúde e cuidados da população. A gravidez e o parto são processos fisiológicos. É
A qualidade das assistências e dos cuidados de importante a preparação para ao parto para regular
saúde oferecidos a gravidas, recém-nascidos e espectativas.
crianças estabelecem condicionantes importantes Os enfermeiros especialistas em Enfermagem de
para a evolução das condições de saúde da mulher Saúde Materna e Obstétrica são responsáveis não
e da criança. somente pelos cuidados que prestam diretamente às
 Componentes fundamentais da assistência mulheres, mas também pela identificação atempada das
que devem beneficiar de outros níveis de cuidados,
materno-infantil:
estando habilitados a detetar complicações e a aplicar
 Assistência pré-natal
medidas de emergência.
 Assistência ao parto
 Assistência materno infantil por parto Enquanto profissionais de saúde autónomos
comprometem-se a contribuir para a melhoria das
condições de acesso equitativo a cuidados de saúde de
 Aspetos favoráveis a assistência materno qualidade e risco controlado.
infantil: Procure junto dos enfermeiros especialistas em
 Proteção e acessibilidade a consulta pré Enfermagem de saúde Materna e Obstétrica, cuidados
concecional e pré natal especializados e seguros, de forma a construir famílias
 Assistência hospitalar ao parto saudáveis que são a ave do futuro.
 Alojamento conjunto da mãe e do recém-
nascido  2020 vai ser Ano Internacional do
 Aumento do número de consultas de saúde Enfermeiro e da Parteira
infantil no 1º ano de vida A organização Mundial da saúde (OMS) designou
 Universalização da cobertura vacinal.
2020 o Ano Internacional do Enfermeiro e da Parteira.
O aumento das intervenções no ciclo gravítico- A declaração oficial foi aprovada pelos Estados-
puerperal e a excessiva medicalização concorreram para membros da OMS que participaram na 72º Assembleia
um novo cenário nos cuidados maternos. A mulher Mundial de Saúde, realizada em Genebra, entre 20 e 28
passou a ser submetida a procedimentos por vezes de maio.
desnecessários, sem respeito pela sua autonomia.

Os profissionais de saúde, tornaram-se os  1950: Tx mortalidade infantil 100%


protagonistas nos cuidados à mulher no ciclo gravítico
 1960: Tx mortalidade infantil 77,5%- Parto
puerperal.
hospitalar 18,4%
Atualmente existe o plano de nascimento, as  1965: Tx mortalidade infantil 64,9%- Parto
aulas de preparação para o parto. Há uma hospitalar 26,1%
preparação, é necessário fazer com que a mulher se
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 Alguma mudança- partos no domicílio e
maternidade
 “Parto sem dor” desconhecido para a maioria.


Anos 70 grandes mudanças
 Higiene e saneamento
o 40% Das casas com água canalizada
o 17% Das casas com rede de esgotos
o 14% Das casas com recolha de lixos
 1970: tx mortalidade infantil 58%
o Parto hospitalar 37,5%
 1975: tx mortalidade infantil 38,9%
o Parto hospitalar 61,1%
 Mudança
o O estado declara-se com o principal
papel no sistema de saúde (pós-
revolução)
 Proteção à maternidade
 Anos 80- dinamização de cuidados de saúde
 Centro de saúde- crescimento atendimento a
gravidas e PF
 Cuidados diferenciados- incrementação do
parto hospitalar
 Criação de comissões que propõem políticas de
proteção
 UCF articulam cuidados de saúde

 Anos 90-2000
 1992: isenção de taxas moderadoras para
gravidas e parturientes
 1994: criação da comissão nacional de saúde da
mulher e da criança
 1996: saúde e segurança das trabalhadoras
gravidas, puérperas e lactantes.

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 Gestação de substituição  3: Saúde de qualidade

Ate 2030, reduzir a taxa de mortalidade materna


global para menos de 70 mortes por 100 000 nados-
vivos.

Até 2030, acabar com as mortes evitáveis de recém-


nascidos e crianças menores de 5 anos, com todos os
países a tentarem reduzir a mortalidade neonatal ara
pelo menos 12 por 1 000 nados-vivos e a mortalidade de
crianças menores de 5 anos para pelo menos 25 por
1 000 nados-vivos.

Até 2030, acabar com as epidemias de Sida,


tuberculose, malária e doenças tropicais negligenciadas,
e combater a hepatite, doenças transmitidas pela água e
outras doenças transmissíveis.

 Progresso
Segundo as agências da ONU, o mundo obteve
progressos nesta área. Desde 1990, o número de mortes
de crianças menores de 15 anos caiu 56%, passando de
14,2 milhões para 6,2 milhões em 2018.

Quanto à taxa de mortalidade materna, caiu 38%


entre 2000 a 2017. Os melhores resultados aconteceram
 Objetivo de desenvolvimento sustentável no sul da Ásia, com uma redução de quase 60% na taxa.
17 Objetivos para transformar o nosso mundo Para a OMS, “o sucesso se deve à vontade política
2015 ficará na historia como o ano da definição da de melhorar o acesso a serviços de saúde de qualidade,
Agenda 2030, constituída por 17 objetivos de investindo na força de trabalho em saúde, introduzindo
desenvolvimento sustentável (ODS). A agenda 2030 é atendimento gratuito para grávidas e crianças e
uma agenda alargada e ambiciosa que aborda várias apoiando o planeamento familiar”.
dimensões do desenvolvimento sustentável (socio, O conhecimento sobre a real situação de saúde de
económico, ambiental) e que promove a paz, a justiça e uma população é indispensável para o planeamento e
instituições eficazes. Os objetivos de desenvolvimento implementação de ações voltadas para a melhoria das
sustentável tem como base os progressos e lições condições de saúde.
aprendidas com os 8 objetivos de desenvolvimento do
Milénio, estabelecidos entre 200 e 2015, e são fruto do  Os indicadores de saúde são importantes
trabalho conjunto de governos e cidadãos de todo o porquê?
mundo. A agenda 2030 e os 17 objetivos de
Os indicadores de saúde materno infantil fornecem
desenvolvimento sustentável são a visão comum para a
subsídios epidemiológicos confiáveis monitorizando
humanidade, um contrato entre os líderes mundiais e os
diversos danos que causam morbimortalidade.
povos e “uma lista das coisas a fazer em nome dos povos
e do planeta”.  Indicadores de saúde, o que são?

Conceito: dados que permitem a comparação do que


é observado em determinado local, com o que é
observado noutros locais, ou em tempos diferentes.
Medem aspetos não sujeitos à observação direta.

Possibilitam quantificar e tornar compreensíveis os


fenómenos ocorridos em vários níveis da sociedade.

 Porque são úteis?


 Exibem a situação de saúde de uma população
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 Alertam sobre as alterações à situação atual de Mulheres em idade fértil (15-49)
saúde
 Índice sintético de fecundidade (ISF):
 Estimam as modificações da saúde ao longo do
tempo Nº médio de crianças vivas nascidas de mulheres em
idade fértil (15-49), admitindo que as mulheres estariam
submetidas Às taxas de fecundidade observadas no
 Taxa de fecundidade geral momento.

Quantos filhos existem em cada 1 000 mulheres em Calculo ISF:


idade fértil?
Somatório das taxas de fecundidade por idades, ano a
Nº de nados-vivos no ano X 1000 ano, grupos (15-49) observadas num período de tempo
(habitual/1 ano)
Nº de mulheres 15-49 anos
 Índice sintético de fecundidade causas da
 Taxa bruta de natalidade diminuição
Nº de nados-vivos durante determinado período de  Casamento tardio
tempo (hab 1 ano) X 1 0000  Idade tardia 1º filho
 Uso de contraceção
População média desse período de tempo
 Trabalho no exterior
 Investimento na carreira
 Investimento no filho único
 Taxa bruta de mortalidade e taxa de  Medidas políticas redutoras.
mortalidade infantil
Quantas mortes há por cada 1 000 residentes?
Quantas crianças morrem com menos de um ano de  Índice sintético de fecundidade
idade por cada 1 000 nascimento? consequências da diminuição
 População diminui
 A taxa de mortalidade materna
 Renovação das gerações problemática
Definição: a taxa de mortalidade materna  População jovem diminui
(MMRatio) é o número anual de mortes femininas por  Envelhecimento da população
100 000 nascidos vivos de qualquer causa relacionada
ou agravada pela gravidez ou seu tratamento (excluindo
causas acidentais ou incidentais).  Nascimento pré-termo
Inclui mortes durante a gravidez, parto ou no prazo Ocorre depois da 20º semana e antes de completar as
de 42 dias após a interrupção da gravidez, 37 semanas de idade gestacional.
independentemente da duração e local da gravidez, por
um ano específico. Nascimento de termo: ocorrido entre as 37 e 42
semanas de idade gestacional
Nº de óbitos de mulheres residentes por causas ligadas
a gravidez parto e puerpério Nascimento pós-termo: ocorre depois de completar
as 42 semanas de idade gestacional.
Nº de nascidos vivos de mães residentes
 Óbito fetal
X 100 000
Morte de um produto da conceção, antes da expulsão
 Fecundidade ou da extração completa do corpo materno,
Fecundidade: capacidade de gerar filhos. Observa-se independentemente da duração da gravidez, indica o
sobre a população feminina em idade de procriar (15-49 óbito o fato de, depois da separação, o feto não respirar
anos) nem dar nenhum outro sinal de vida, como batimentos
do coração, pulsações do cordão umbilical ou
Taxa de fecundidade: movimentos efetivos dos músculos de contração
voluntária
Nº total de nados-vivos por 1000 durante 1 ano
 Mortalidade infantil
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Óbitos de crianças nascidas vivas, que faleceram A salpingite pode causar uma diminuição do
com menos de um ano de idade. Taxa de mortalidade lúmen das trompas de Falópio, caso não seja bem
infantil. tratado, o ovo não passa mas continuam as divisões
celulares, o que irá originar uma gravidez ectópica.
 Elevada> 90º/00
 Baixa <12º/00  Período embrionário

Desenvolvimento Primeiros 2 meses (8 semanas): embrião finaliza o


seu desenvolvimento como “ser humano”.
embrionário e fetal
 Período fetal

9º a 40º semanas maturação e


diferenciação dos órgãos e sistemas. O feto pode
cerca de 50 cm no momento do parto a termo e
entre 3 a 4 quilos de peso.

Os eventos celulares são regulados por mecanismos


moleculares, principalmente pelos fatores de
crescimento e envolvimento de moléculas intracelulares
que promovem a sinalização entre as células.

 Diferenciação celular

As células particularizam-se de modo a gerar uma


diversidade celular competente da realização das
funções. Ocorre na fase de gástrula.

Adquirem características moleculares e estruturais


que as especializam. Contêm uma proteína que altera a
sua forma com DNA que a codifica.

 Desenvolvimento

Células que se tornam diferentes mas seguindo uma


processo ordenado.
Ovo fertilizado  blástula

O local onde a morula fica deve ser de boa


irrigação sanguínea.

Pode acontecer que a mulher tenha passado por


uma infeção no endométrio ou algo parecido e então
a morula pode implantar-se mais a baixo, num local
com melhor irrigação. Quanto mais a baixo se
implantar mais complicado é, visto que há um
aumento do tamanho do feto e da placenta. Pode
acontecer uma placenta prévia, que pode causar um
descolamento de placenta, logo uma hemorragia,
para além disso o bebe pode deixar de receber
oxigénio podendo levar à morte fetal e
posteriormente da mãe. Células tronco embrionárias derivam do blastocisto
dão origem a novas células tronco- autorrenovação.
DIP doença inflamatória da pele, pode Podem dar origem a vários tipos de células graças ao
acontecer por inflamação do e ndométrio ou nas seu grande potencial de diferenciação.
trompas de Falópio. Nas trompas de Falópio
designa-se de salpingite.
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 Folhetos germinativos ou
embrionários
 Ectoderme: epiderme, unhas, pelos, córnea,
cartilagem e ossos da face, tecidos conjuntivos
das glândulas salivares, lacrimais, timo,
tireóidea e hipófise, sistema nervoso, encéfalo e
neurônios, entre outros.
 Endoderme: pâncreas, sistema respiratório
(exceto cavidades nasais), pulmões, fígado e
epitélio da bexiga urinária, entre outros.
 Mesoderme: derme da pele, músculos,
Por volta do 8º ou 9º dia após a fertilização, dá-se a
nidação do blastocisto na superfície da mucosa uterina. cartilagens e ossos (exceto da face), medula
óssea, rim, útero, coração, sangue, entre outros.
Mucosa uterina rica em secreção viscosa
produzida sob a ação da progesterona.
 Nêurula 18º dia neurulação
 Nidação
Formação da placa
Processo que ocorre por volta do 8º- 9º dia após a
fertilização do óvulo. neural, a partir de um
espessamento
Ocorre na região achatado oposto à
mediana ou fundica da linha primitiva.
mucosa uterina.
Inicia a formação
do sistema neural.

Inicia a formação de estruturas que interferem na


sustentação do embrião.
Inicia a organogénese.

 Gástrula- toda a 3ºº semana

Na fase de gástrula, a diversidade celular do disco


embrionário trilaminar entra em organização espacial.

Há um crescimento diferenciado, o embrião torna-


se tridimensional (largura, altura e profundidade).

Este crescimento diferenciado resulta de


comportamentos celulares que levam à mudança de
forma, tamanho, posição, número e adesividade celular O sistema nervoso desenvolve-se a partir da
(permite a ligação entre células). ectoderme.
As células iniciais da mesoderme condensam-se para
formar a notocorda.
Neurulação início da formação do sistema neural.

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 Distúrbios da neurulação. Defeitos
do tubo neural

 Final da 3º semana
 O ectoderme acima da notocorda
A mesoderme que fica de cada lado da notocorda,
espessa e origina o tubo neural
espessa-se e forma colunas de mesoderme paraxial que
A notocorda é considerada uma estrutura transitória, se dividem em somitos com início cefalicamente.
já que ela pode fazer parte de apenas um determinado
 Formação dos somitos
momento da vida de alguns organismos. Dentre as
principais funções da notocorda, destacam-se ser um Os somitos são agregados compactos de células
sítio de ligação do músculo percurso vertebral e servir mesenquimais, dispostos em ambos os lados do tubo
de base para o esqueleto axial. neural e que
dão origem às
vértebras,
costelas e
musculatura
axial.

A notocorda alonga-se, a placa neural sofre um


alargamento e estende-se até à membrana bucofaríngea.

 18º Dia
 Somitos
A placa neural invagina ao longo do Células mesenquimais que dão origem a :
eixo central e forma o sulco neural e as
pregas neurais bilaterais.  Vértebras
 Costelas
 Musculatura

Diferenciam-se
estruturalmente e
determinam a sua
função no embrião:

 Esclerótomo-
as vértebras e costelas
 Miótomo (músculos)
 Dermátomo (pele)

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As anomalias congénitas podem ser categorizadas
em:

 Malformações
 Deformações
 Perturbações
 Displasias

 Malformações

Distúrbios estruturais, do comportamento,


funcionais e metabólicos presentes a quando do
nascimento. As pequenas anomalias correm em
aproximadamente 15% dos recém-nascidos.

Defeitos morfológicos se for comprovado que este


defeito foi causado por uma anormalidade
cromossómica, pode-se dizer que é uma alteração
morfogenética.

Gémeos siameses resultam da separação incompleta


dos blastómeros.

 Ao longo do desenvolvimento  Neurulação quando existe


embrionário carência de ácido fólico

As células vão adquirindo posições e funções Pode acontecer:


biológicas específicas.
 Anencefalia
Se estes comportamentos se alterarem durante a  Encefalocele
embriogéneses ocorrem mutações génicas ou  Mielomeniggocele
ambientais ou mesmo ambas. O que leva a um  Espinha bífida
crescimento diferencial anormal com formação de um
defeito congénito estrutural- Dismorfogéneses

As malformações congénitas resultam de uma  Alterações morfogenética


insuficiência no desenvolvimento do embrião, sendo
que a sua causa pode ser variada. Pode ser herdada. Durante a formação de estruturas,
por exemplo durante a organogénese pode causar
Nem todas as malformações congénitas têm ausência total ou parcial de uma estrutura ou alterações
explicação aparente. na configuração normal.
 Teratomas Lábio leporino existe uma alteação na
estrutura onde não ocorre o fechamento total, pode
Tumores que resultam de efeitos da migração de estar associado a fenda palatina. Estes bebés não
compostos de tecidos derivados das 3 camadas podem ser amamentados e tem um maior riso de
germinativas. Dentro da massa tumoral pode encontrar- engasgamento.
se dentes, cabelo, olho interno, hipófise, etc.
 Perturbação
 Anomalias congénitas
Resulta de alterações morfológicas de estruturas
Defeitos na estrutura dos tecidos, órgãos ou partes do depois da sua formação e são causadas por processos
corpo, presentes no momento do nascimento. destrutivos. Acidentes vasculares que levam a atresia do
intestino e defeitos produzidos por bandas amnióticas
são exemplos de fatores destrutivos.
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 Deformação

Ocorre graças Às forças mecânicas, causando uma  Síndrome


forma ou aparência anormal de uma determinada
posição corpórea. Pode-se citar como exemplo o “pé Grupo de anomalias que ocorrem juntas e com
etiologia específica, comum.
BOTO equino caro”, que é causado pela insuficiência
de líquido amniótico, resultando no pé torto do bebé. No início pode acontecer um aumento do número
Esta alteração é causada por forças mecânicas externas. de células sem ocorrer ao aumento.
Quando o bebé passa muito tempo na mesma Morula blástulagástrula Nêurula
posição no seu desenvolvimento pode nascer com pé
Boto, nos dias de hoje já há cirurgia. Muito comum A alteração dos níveis de progesterona podem
quando os bebés se colocam em posição pélvica levar ao aborto.

Alguns bebés nascem com um dos pés ou ambos Na nêurula ocorre o fechamento do canal neural,
ligeiramente torcidos devido às forças mecânicas, que irá originar a coluna vertebral. Quando o tubo
neste caso pode ser pedido à mãe para que mobilize neural não fecha origina a espinha bífida.
regularmente o pé de forma a tentar corrigir. Esta A pele e os ossos tem origem na mesoderme.
deformação pode acontecer por exemplo no fim da
gravidez devido ao aumento do tamanho do bebé e Antes do desenvolvimento da placenta o feto é
diminuição do líquido amniótico. alimentado pelo saco vitelino, depois vai-se
desenvolvendo a placenta e o saco vitelino
Posição pélvica modo de nádegas nádegas no desaparece.
colo do útero neste modo os bebés podem nascer por
via baixa O sistema cardiovascular, o coração é dos
primeiros a ser formado por ser indispensáve l.
Posição pélvica modo pés  Pés cruzados
colocados no colo do úte ro A partir das 25-26 semanas os bebés começam a
ouvir, então nesta fase quando o bebé está agitado já
Posição cefálica cabeça no colo do útero. se comunica para que se vá falando com o bebé e
Posição transversa sempre cesariana. começar a fazer festinhas para começar a criar
vínculos e acalmar. Nesta fase os pulmões do bebé
Quando ocorre um descolamento de placenta estão formados mas colapsados, as trocas gasosas
pode ocorrer hemorragia, parto prematuro, morte dão-se pela placenta.
do bebé e sofrimento do bebé.
Surfatante tem a função de maturar os pulmões
começa a ser produzido na 18-20 semanas, este
surfatante preenche os alvéolos. Quando há a
possibilidade de o bebé nascer prematuro, a mãe
 Displasia toma corticoides para desenvolver a maturação
pulmonar.
É a formação alterada de um determinado tecido, a
onde as células irão se dispor de forma inusitada e não Quando nasce na primeira inspiração os alvéolos
esperada, considerando os padrões. Não há uma causa preenchem-se de ar e o líquido é absorvido.
específica para o acontecimento da displasia.
O líquido amniótico protege/manter a
Alterações no temperatura do bebé, proteger do impacto/choque,
crescimento e ajuda/permite na deglutição e eliminação e permite
diferenciação celular. o desenvolvimento harmonioso visto que permite o
movimento do bebé.
Desenvolvimento
anormal dos tecidos Lábio leporino alteração estrutural onde não
embrionários. ocorre o fecho total

Dequitadura expulsão da placenta, espera-se


que seja uma situação fisiológica, normal, demorar
5-8min se demorar 30min razões para se
preocupar.
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Cotilédones lóbulos da placenta Gravidez de termo ou parto de termo: ocorre
entre as 37 – 40 semanas
O cordão umbilical é constituído por 2 artérias e
1 veia. Pós termo: mais de 40 semanas

A placenta tem a face materna (ligado há mãe) e Considera-se infertilidade quando um casal não
a face fetal (onde se encontra o feto) consegue engravidar ou levar a termo uma gravidez
após 2 anos de tentativa, segundo a OMS. Após 1 ano
A placenta produz estrogénio (crescimento do
de tentativas, se houver vontade do casal pode
útero, melhora do luxo sanguínea e prepara as iniciar-se o estudo ou causas da infertilidade.
glândulas mamárias) e progesterona
A OMS define infertilidade como a “ausência de
O trabalho de parto é produzido por questões gravidez após 2 anos de relações sexuais regulares e
hormonais entre outras. Há um envelhecimento da sem uso de contraceção”. Existe, no entanto, consenso
placenta que leva ao aumenta da oxitocina e que em considerar que após 1 ano, deve ser iniciado um
provoca as contrações que desenvolvem. processo de avaliação de eventuais fatores envolvidos.
Hormona lactogénica placentária ajuda na A infertilidade considera-se primária quando não
produção de leite. houve uma gravidez prévia e secundária nas demais
Placenta acreta: toca no miométrio (pode pensar situações, mesmo que a gravidez tenha resultado em
e preservar o útero). aborto ou ectópica.

Placenta increta: penetra no miométrio Probabilidade de gravidez/ciclo: 20-25%


(histerectomia retira-se o útero sempre nestes Final do 1º ano: 80% dos casais obtém gravidez
casos)
Final do 2º ano: 90% dos casais obtém gravidez.
Placenta percreta: atinge a serosa
(histerectomia) Infertilidade primária no caso de uma gravidez, é
secundária quando já houve uma gravidez que
A placenta não pode continuar no interior então
resultou num parto ou em aborto. Após o 3º aborto
tem de ser retirada.
seguido a mulher é encaminhada para as consultas
No tumor do trofoblasto neste caso fazem de acompanhamento.
curetagem (“raspagem”) do útero + medicação +
Das 8-12 semanas é um aborto espontâneo e o
quimioterapia, tem de haver vigilância. Neste caso a mais comum, até às 24 semanas é considerado aborto
análise de beta-HCG, caso exista significa que mas já existe um feto, acontece normalmente por
existem trofoblastos.
malformações.
Beta-HCG só existe quando existem  Esterilidade Vs infertilidade
trofoblastos iram originar a placenta. Quando
não existe gravidez significa que existe tumor do Infertilidadedificuldade de conceção ou de
trofoblasto. gravidez a termo

Infertilidade Esterilidade incapacidade absoluta de conceção.

 Fatores de infertilidade
Nas consultas de planeamento familiar estão
englobadas todas as mulheres até aos 54 anos, os A fertilidade é influenciada por fatores como:
homens em todo o seu processo vital.
 Idade da mulher, de forma mais significativa
A infertilidade e a esterilidade são situações acima dos 35 anos;
diferentes. Na infertilidade existe uma causa que não
 Tipo e frequência das relações sexuais
permite que a mulher engravide ou que não consiga
 Consumo de tabaco, de álcool ou drogas
levar a gravidez a termo. No caso da esterilidade a
ilícitas;
mulher não consegue engravidar. Em ambas as
 Medicamentos utilizados;
situações podem ter causas naturais ou por
laqueação de trompas.  Hábitos alimentares e estilos de vida;
 Certos tipos de trabalho e/ou lazer
Parto pré termo: antes das 37 semanas
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 Alterações significativas do peso (IMC <19 e> O útero divide -se em 3 partes: colo do útero ou
20) cérvix, o istmo (local onde há comunicação entre o
colo do útero e o corpo do útero) e o corpo do útero
35 anos pode existir um declínio das hormonas (o fundo faz parte desta parte)
disponíveis o que pode dificultar a gravidez ou a
nidação. O útero é constituído pelo endométrio,
miométrio.
As relações se xuais devem ser tidas 3 dias antes
do 14 dia após o início do ciclo e 3 dias depois. Não Os miomas são tumores benignos na parede do
sendo necessário ter relações sexuais todos os dias, útero, no caso de os haver pode dificultar a nidação.
pois os espermatozoides precisam de 24h para
 Endometriose
maturar, dias alternados pode ser mais benéfico que
todos os dias. Tecido endometrial cresce fora da cavidade
 Causas de infertilidade uterina modificação anatómica e funcional dos
tecidos menos espaço de decídua para alojamento do
Homem: embrião.

o Alterações do trato genital


o Qualidade e quantidade de espermatozoides
o Alterações de ereção e ejaculação
o Obesidade
Mulher:
o Idade reprodutiva avançada (>35 anos)
o Problemas ovulatórios
o Problemas das trompas: lesão, obstrução
o Problemas uterinos: da cérvix, mioma,
endometriose A endometriose é o crescimento anormal das
o Doenças crónicas, diabetes, tiroide, IST células do endométrio, estas células migram através
do sangue. Neste caso existem focos de células do
O útero é um tecido muscular, e as fibras do endométrio pelo corpo, pode ser no aparelho
tecido muscular podem estar intoxicadas com alguns reprodutor ou por outras partes do corpo, neste caso
destes consumos o que pode levar a que não ocorra no período menstrual as mulheres tem hemorragias
nidação, e caso a haja, pode não ocorrer a correta e muitas dores, porque todos os tecidos endometriais
formação da placenta.
vão ser regulados pelo ciclo menstrual e iram ter
Hidratação é importante porque desta forma sangramento.
dão-se de forma mais fácil os processos hormonais. Diagnostico:
A obesidade também está ligado aos processos
hormonais. o Ecografia
o Ressonância
Se a próstata estiver aumentada pode
interromper a passagem dos espermatozoides. Se os Sintomas:
homens estiverem maioritariamente sentados no
o Dismenorreia
trabalho pode interromper a formação de
o Perda abundante de sangue
espermatozoides.
o Dor
Geneticamente considera-se velhas a partir dos o Dispareunia
35 anos. No caso das mulheres que tem quistos nos o Disúria
ovários leva a que haja menos espaço para produção Gravidez:
do oócito.
o Procedimentos de fertilização
As gravidezes ectópicas são muito graves. Nestes
casos, as mulheres entram com uma dor muito forte Dispareunia dor no ato sexual
por vezes já com hemorragia interna, vão ao bloco e
por vezes é necessário retirar a trompa. Dismenorreia dor menstrual

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Não há tratamento definitivo.  Secreção vaginal purulenta (cheiro fétido)
Medicamentos: Tratamento:
o Anti-inflamatórios  Anti inflamatórios
o Anticoncecionais  Antibioterapia
o Suspensão da menstruação
Cirúrgico: Cirurgia Ginecológica
o Conservador  Histerectomia remoção do útero. Podem ser:
o Remover focos endometriose o Parcial se ficar o colo do útero, só se
retira o corpo do útero
O tratamento pode ser através de fármacos (anti- o Total remove-se a parte toda do útero
inflamatórios (o que causa a dor é a inflamação) o colo e o corpo do útero
anticoncecionais (para evitar a menstruação)) e  Pode optar-se por ficar 1
cirúrgico (deve ser sempre um procedimento trompa e 1 ovário para que não
conservador, deve ser preservado o sistema entre na menopausa
reprodutor da mulher, pois pudesse engravidar com precocemente
endometriose de forma natural ou por fertilização, o Radical retira-se todo o aparelho
logo o que se faz é retirar os focos encometrial) reprodutor.
 Salpingite  Salpingectomia remoção da trompa
 Ooforectomia remoção do ovo
Inflamação das trompas.~  Laqueação tubar método contracetivo
 Exenteração pélvica retirada de todo o
Agentes infeciosos canal vaginal alojamento nas
trompas reação inflamatória sistema reprodutor e incluído a bexiga.

A salpingite é a infeção das trompas de Falópio.


Podem ter várias causas, como as DST. DIP doença
inflamatória pélvica, neste caso a infeção da trompa
passa para a pélvis, neste caso pode evoluir para Podem ser realizadas por:
sepsis. O tratamento é feito com anti inflamatórios e
 Via abdominal
antibioterapia, normalmente requer internamento
 Via vaginal
para que não evolua.
 Via laparoscópica
Sintomas:
Estas cirurgias podem ser realizadas por
 Por vezes assintomática diferentes vias dependendo do tipo de patologia que
 Disúria tem. A via vaginal é utilizada principalmente no
 Poliúria prolapso uterino (quando o útero fica exteriorizado)
 Dispareunia (dor durante as relações sexuais) as restante normalmente é via abdominal
 Dor abdominal laparoscópica ou não. A via abdominal pode ser
 Febre realizado por incisão vertical (causa menos
 Dor lombar dor/conforto a incisão é feita no sentido das fibras
 Diarreia musculares logo é mais natural) ou horizontal
(melhor abordagem ao sistema reprodutor e mais
 Náuseas, vomito
discreto).
 Hemorragia vaginal irregular

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 Cuidados de enfermagem Mede 7-8 cm.

Acolher a utente, explicando-lhe os procedimentos  2º TRIMESTRE (15º A 26º SEMANA)


que se irão realizar.
Batimento cardíaco audível, primeiros movimentos
Validar os dados colhidos anteriormente e completar fetais, pele enrugada coberta de vernix.
com outros se necessário.
Mede cerca de 35,5cm e pesa 900gr.
Preparação pré-operatória.
No 2º trimestre é quando se realiza a ecografia
Canalizar uma veia e colocar soro em curso. morfológica. Neste trimestre acontece os primeiros
movimentos, na segunda gravidez os movimentos
Colocar meias de contensão, se necessário
sentem-se mais cedo visto que a mulher está mais
Monitorizar a utente. desperta para essa situação.

Posicionar adequado À intervenção. O vernix é uma camada branca que cobre o bebé
de forma a mantê -lo quente, com o desenvolver da
Administração de terapêutica. gravidez este vernix vai desaparecendo. Quando o
Colaborar com equipa médica. bebé nasce pode já não trazer vernix, no entanto,
pode trazer principalmente nas zonas de pregas.
Registar procedimentos e observações. Muito vernix ao nascer pode indicar que tem menos
de 37 semanas. Só se explica o que é sem necessidade
Vigiar e registar o estado geral da utente, sinais vitais
de limpar.
e perdas vaginais penso operatório.
 3º TRIMESTRE (27º A 42º SEMANAS)
Levante precoce.

Fazer ensino sobre os cuidados e vigilância, após a 30º Semana, os sistemas e órgãos estão
alta clínica. desenvolvidos, pode pesar 1600gr e medir 40cm.
Peso até 400gr e 50cm.
Os cuidados pré, pós e durante a cirurgia é igual
a outras cirurgias. Normalmente estas mulheres No 3º trimestre o que se pretende é que o bebé
entram na véspera, fazem jejum, visita anestésica cresça e engorde, maturando os órgãos internos.
onde pode ser necessária medicação pré anestésica,
algaliação para que a bexiga se mantenha sempre  Adaptações Maternas
vazia para não acontecer incisão na bexiga, terapia o Hormonas da gravidez
anticoagulante, meias de contenção, preparação do o Pressões mecânicas- útero
intestino, antibioterapia. A mulher é colocada em
posição ginecológica. Na gravidez existe um conjunto de alte rações
hormonais. Enquanto as mulheres estão
Pós operatórios, pensos, vigiar hemorragia gravidas quem comanda a libertação de
vaginal, vigiar drenos, no levante faze -lo de forma hormonas é a placenta. No início, a placenta vai
progressiva, meias de contenção, desalgaliamos, fazer um grande aumento da
vigiar as micções, fazer ensinos para a alta, quando produção/libertação de progesterona. Esta
vai fazer o penso, quando vai tirar os pontos/agrafos, hormona vai fazer com que os músculos lisos
relaxem, por exemplo no útero, vai fazer com
Um penso cirúrgico pode não necessitar de ser
que o útero não contraia para que a placenta se
trocado dia sim, dia não, caso não tenha sinais
coloque, vai também atingir as veias, a parede do
inflamatórios.
intestino, a parede do estomago, a parede da
Alterações fisiológicas da
bexiga etc. Por outro lado, a placenta vai impedir
que ocorra ovulação, pára a produção de
mulher grávida hormonas necessárias para a ovulação.
Pressão mecânica devido ao aumento do útero
 1º TRIMESTRE (14º SEMANA)
na gravidez.
Face formada, me as pálpebras, surgem os primeiros
folículos de cabelo, tem dedos e unhas, abre a boca.

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 ÚTERO de Braxton-Hicks não tem nenhuma destas
características, as mulheres percebem estas
Aumento da vascularização com dilatação dos vasos contrações visto que a barriga fica dura. Com estas
sanguíneos. contrações indica-se períodos de repouso.
Produção de fibras musculares novas-hiperplasia. Indicar posicionamento decúbito lateral esquerdo
Aumento das fibras-musculares-hipertrofia. para o repouso por que causa um bom
funcionamento dos órgãos. No decúbito dorsal a
Aumento da decídua. mulher faz pressão na veia cava e na aorta e não
acontece uma boa troca de oxigénio.
Sinal de Hegar
Sinal de Goodell  VULVA E VAGINA
o Sinal de Chadwick
Aumento acentuado de o Leucorreia
tamanho do útero dificuldade o Opérculo (rolhão mucoso)
respiratória e desconforto
contrações de Braxton-Hicks O sinal de Chadwick pode indicar gravides, neste
caso, a vulva pode mudar para uma cor azul/roxa,
Aconselha-se: devido ao aumento da volémia, então vai haver o
preenchimento de todos os vasos, a grande irrigação
o Períodos de repouso
dos capilares vai dar o tom azul arroxeado.
o Posicionamento confortável
o Vestuário confortável A leucorreia é o corrimento vaginal. Há um
o Exercícios de alívio da dor aumento do corrimento visto que este funciona como
uma defesa do organismo, então há um aumento
Vai acontecer uma hiperplasia do útero, ou seja,
deste corrimento para que a infeção, bactérias etc,
o aumento da produção de fibras musculares para
não possam afetar a mulher gravida.
que haja o aumento da parede do útero. Para que o
mesmo consiga desenvolver-se ao longo da gravidez, Desde o início da gravidez começa a formar-se o
levando ao aumento da vascularização deste. rolhão mucoso, chamado de opérculo, serve para
proteger o bebé. Forma-se através da produção de
Na hipertrofia é o real aumento do número de
outro tipo de muco muito espeço (gelatina espeça
fibras musculares, tudo isto acontece porque ocorro
elástica), faz como se fosse um tampão. Pode ser
um aumento do débito cardíaco.
expelido umas semanas antes do trabalho de parto,
O único meio que comprova uma gravidez é a no início do trabalho de parto ou durante o trabalho
ecografia. Existem casos onde a mulher pode de parto. Não indica que o nascimento irá acontecer
desenvolver placenta sem desenvolver o embrião, ou mas sim que estará para breve. Protege o feto de
por exemplo, a doença hidatiforme pode levar á microrganismos do meio extrauterino.
libertação de be ta-HCG.
 MAMAS
Até á 8º semana os profissionais podem saber se a
mulher esta gravida através do sinal de Hegar e Aumento de
Goodell. Estes sinais são vistos no colo do útero, são volume pesadas e
sinais de probabilidade, não existe a certeza. Ambos dolorosos mamilos
maiores e mais
os sinais são palpáveis ao toque vaginal, surgem por
volta da 8º semana. escuros libertação de
colostro 3º trimestre.
No sinal de Hegar o istmo está amolecido. No
toque de Goodell o colo do útero está amolecido. É importante um bom
suporte e que seja
Devido ao tamanho do útero as gravidas podem confortável.
sentir falta de ar, acontece também contrações
Braxton-Hicks estas contrações variam na Hipertrofia dos
regularidade, intensidade e frequência. As glomérulos de
Montegomery.
contrações de parto são regulares, são intensas e
aumenta de intensidade com o aumento da
frequência, e tem a mesma frequência. As contrações
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Desde o início da gravidez sofre m alterações para  Usar meias elásticas para compensar a
preparar os ductos mamários. Há um aumento do vasodilatação e ativação da circulação de
volume, são mais pesadas e dolorosas. Os mamilos retorno
devido ao aumento da vascularização vão ficar mais  Evitar estar muito tempo em pé
escuros e maiores.  Repousar com elevação dos membros
 Alternar períodos sentada e em pé
No fim da gravidez as mulheres podem começar  Vigiar TA
a libertar colostro. É constituído por água e uma  Vigiar lipotimias
grande quantidade de açúcar. Esta libertação pode o Evitar passar rapidamente da posição
ou não ocorrer. Não é suposto as mulheres sentada ou deitada para a posição ereta-
apertarem as mamas no fim da gravidez porque levantes progressivos.
quando existe uma estimulação da mama pode levar o Exercícios respiratórios moderados e
a acontecer contrações. movimentação vigorosa dos membros
Soutiens confortáveis e que promovam algum inferiores
suporte. O que importa e que se sintam confortáveis Há um aumento do débito a circular porque há a
com o que estão a usar. Se houver libertação de
necessidade de circulação no feto e na mãe. Vai
colostro existem discos e outras formas para não
haver um aumento do débito e na volémia. O
ficarem sujas.
aumento da quantidade de líquido leva a que
Há uma hipertrofia dos glomérulos de aconteça a hemodiluição, ou seja, há mais liquido
Montegomery, estes são glândulas sebáceas que na mas os constituintes do sangue são os mesmos, os
gravidez e na amamentação vão estar mais glóbulos vermelhos são os mesmos, devido a esta
evidentes. Estas glândulas servem para lubricar e situação as gravidas devem tomar ferro. No início da
hidratar o mamilo, para proteger de infeções e gravidez há uma grande deficiência de ferro pois
diminuir o risco de ocorrerem fissuras. passam para o feto alguns glóbulos.

As gravidezes devem tomar acido fólico por causa


das más formações do bebé e também visto que este
 SISTEMA CARDIOVASCULAR suplemento aumenta a produção de ferro.
O débito cardíaco (DC) aumenta cerca de 30-50% no A anemia das gravidas é uma anemia fisiológica.
início entre a 16º-24º semana.
Há um aumento das plaquetas para prevenir o
Após a 30º semana pode diminuir- útero aumentado- risco de hemorragia. Por outro lado há uma maior
obstruir a veia cava chance de formação de trombos.
Com o DC aumentado, aumenta a FC, em média para Edema dos membros inferiores visto que existe
8-90bpm. um relaxamento causado pela progesterona nos
vasos, o que causa os edemas.
O volume sanguíneo também aumenta
proporcionalmente com o DC. Usar meias de compressão, elevação dos membros
O que acontece: (debaixo do colchão colocar um cobertor para
elevação) para diminuir os edemas. Se estiverem
o Hemodiluição maioritariamente sentadas no sue trabalho, de 2/2h
o Aumento do volume de sangue 1500ml devem levantar-se e caminhar 15 minutos, se
o Começa a aumentar entre a 10º e 14º semana, trabalharem maioritariamente de pé de 2/2h devem
pico máximo 32º e começa a diminuir na 40º fazer períodos de repouso de 15minutos com os
semana membros inferior elevados.
o Maior tendência para a coagulação sanguínea
Há uma diminuição da tensão arterial devido há
o Aumento da concentração de vários fatores de
progesterona os vasos vão ter menos capacidade de
coagulação (VII, VIII, IX, X e fibrinogénio)
tensão, vão estar mais relaxados. Deve haver uma
o Função protetora contra hemorragias
o Maior suscetibilidade a trombose. vigilância da TA. Isto aumenta o risco de lipotimia,
então devem ser sempre avisadas para se levantar de
O que as gravidas devem fazer: forma mais lenta.

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Com o aumento da placenta há um aumento da contrair. As gravidas são muito propensas a infeções
concentração da progesterona a circular. urinárias porque a estase da urina forma um
ambiente quente e húmido. Devemos dizer as
mulheres para assim que querem ir à casa de banho
 SISTEMA RESPIRATÓRIO para irem e para libertar o mais poss ível. Devem
beber 1,5L a 2L de água por dia para a sua
Necessidades maternas de oxigénio estão acrescidas hidratação e para que haja líquido sempre a passar
em resposta ao: nos ureteres e na bexiga e não ocorra a acumulação.
Beber água ajuda também na retenção de líquidos.
o Aumento do metabolismo
o Necessidades relacionadas com o crescimento Devem realizar análises de urina de 3 em 3 meses,
do tecido uterino e mamário mas devem fazer testes rápidos (combur) quando
O que acontece: vão realizar consultas de vigilância (todos os meses),
existem algumas infeções urinarias que são
o Útero aumentado no 3º trimestre, diafragma assintomáticas. A infeção urinaria é das principais
eleva-se e o tórax alarga-se. causas de parto pré -termo. Muitas das vezes já só se
o Respiração passa de abdominal a torácica identificam quando estão a nível do rim, pielonefrite,
o Hiperventilação que é tratado em meio hospitalar. As pielonefrites
podem causar contrações do rim que estando perto
Aumento da vascularização nas vias aéreas do útero pode desencadear contrações no útero e
superiores edema e hiperemia nasal, laringe, traqueia, parto pré termo.
brônquios obstrução nasal, alterações da voz,
dificuldade respiratória.  SISTEMA TEGUMENTAR

O oxigénio é necessário para o desenvolvimento O aumento do fluxo de sangue causa:


das novas células.
o Máscara gravídica ou cloasma
Respiração torácica no 3º trimestre. o Hemagiomas
o Zonas de pigmentação mais escuras
Hiperemia são tecidos aumentados e o Linha negra
extremamente húmidos.
Recomenda-se:
 Higiene cuidada
 SISTEMA URINÁRIO
 Hidratação da pele
A taxa de filtração glomerular (TFG) e o fluxo  Devido ao aumento da atividade das glândulas
plasmático renal (FPR) são aumentados durante a sebáceas e sudoríparas
gravidez e esses aumentos são relacionados ao aumento Sofre alterações. Há um aumento da pigmentação
do DC, diminuição da resistência vascular renal e de alguns locais. Por exemplo nos himagiomas, na
aumento dos níveis séricos de algumas hormonas. linha negra da barriga. As gravidas libertam mais
O que se aconselha: suor e sentem mais calor.

o Aumentar a ingestão de líquidos Devem ter cuidados com a hidratação da pele por
o Repouso em decúbito lateral exemplo nos mamilos por causa das fissuras e na
o Realizar análises de urina prevenção de estrias, a pele é formada por fibras
elásticas e quando se partem nunca mais ficam
Aumento da taxa de filtração glomerular, há um unidas, a hidratação serve para prevenir a quebra
aumento do líquido que chega ao rim. Por outro das fibras elásticas.
lado, o rim também está mais relaxado o que pode
levar a que hajam algumas moléculas que antes da  SISTEMA NERVOSO
gravidez são filtrados. Por exemplo o caso das Ocorrem alterações:
proteínas.
o Alterações do eixo hipotálamo-hipófise
A progesterona vai atingir todos os constituintes
aumento do estrogénio e progesterona
do sistema. Pode acontecer estase da urina na bexiga, o Alterações fisiológicas específicas sintomas
visto que o músculo esta relaxado e não consegue neurológicos e/ou neuromusculares
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Compressão dos plexos nervosos pélvicos ou estase Desconforto abdominal:
vascular por compressão uterina/alterações sensitivas
MI  Sensação de peso ou pressão pélvica
 Tensão dos ligamentos redondos
Lordose dorso lombar/dor por compressão radicular.  Flatulência
 Cólicas abdominais
Edema que envolve os nervos periféricos pode  Contrações uterinas
originar síndrome do canal cárpico no final da
gravidez/parestesias, dor. Hipoglicémia e diabetes gestacional:
Acrotesia (perda de força e formigueiros das mãos) Necessidade fetal de um suplemento contínuo de
por tração do plexo braquial. glicose e aparecimento de hormonas placentares que
interferem na ação da insulina.
Cefaleias, tonturas e insónias
Há uma tendência para a hipoglicémia, e para
As mulheres nesta fase queixam-se mais de desenvolver diabetes gestacionais.
cefaleias no primeiro trimestre: deve se ao facto de
haver um aumento do fluxo sanguíneo e há um Recomenda-se:
aumento da pressão intracraniana.
o Ingerir regularmente alimentos evitando longos
Parestesias dos membros superiores (dedos): há períodos de jejum
um aumento significativo do abdómen e há medida o Evitar a excessiva ingestão de hidratos de
que a gravidez se desenvolve; vai comprimir os carbono
complexos nervos que partem da medula lombar o Realizar uma vigilância cuidadosa da gravidez.
que recai sobre os 3 dedos.
Inúmeras alterações que acompanham desde o
início ao fim da gravidez

 SISTEMA GASTROINTESTINAL Alguns mais característicos no 1 trimestre:


náuseas, enjoos e vómitos – acontece pelo efeito
Do mais comum para o menos comum: secundário da progesterona pois esta está em maior
o Enjoos, vómitos presença no organismo nesta altura.
o Apetite É frequente no último trimestre a sintomatologia
o Timpanismo de enjoos e vómitos devido ao novo aumento de
o Obstipação progesterona.
o Pirose
Aconselhar a ingerir sólidos de manha em vez de
Com causas psíquicas por sentimento de rejeição: líquidos e enquanto ainda estão no leito e depois da
 Náuseas ingestão do solido fazer então o levante progressivo;
 Vómitos devem fazer varias refeições repartidas e mais
fracionadas, de 2 em 2h para não haver risco de
Causas fisiológicas, pela progesterona no músculo hipoglicémia e lipotimia.
liso da parede gástrica:
Segundo trimestre: referem timpanismo,
 Náuseas obstipação e pirose (azia) – deve-se ao facto do
 Vómitos tamanho do útero aumentar o que eleva o diafragma
Na boca:  Ptialismo;  Hemorragias gengival ficando com menos espaço para os outros órgãos e o
estômago assim fica achatado e provoca pirose; a
Esófago, estômago e intestino:  Hérnia do hiato;  abertura da cárdia do estômago vai começar a
Pirose;  Obstipação afastar e os sucos gástricos começam a circular entre
o esófago e o estômago. Devemos aconselhar: não se
Recomenda-se:
deve fazer omeprazol (pode trazer mal formações
o Uma dieta rica em fibras e líquidos fetais); pode fazer outros protetores gástricos: óxido
o Refeições ligeiras de 2/2 horas (hipoglicémia) de alumino, muito possivelmente não solucionam o
o Evitar líquidos quando nauseada problema porque tem a ver com esta alteração
o Alimento açucarado sólido de manhã fisiológica; devem manter-se mais de pé ou não estar
o Evitar condimentos e cheiros ativos sempre sentada;
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Quanto ao timpanismo e obstipação: acontece por A hipófise e as hormonas placentárias vão interferir
causo do aumento da progesterona (atua em todos os na produção de:
tecidos lisos) vai atuar no intestino deixando-o mais
 Estrogénio e progesterona
“preguiçoso” e demora mais tempo a ser produzido
 HCG
provocando a obstipação; como é uma forma menos
 Prolactina sérica
continua a formação das fezes vai sendo deixando
espaço entre as fezes existindo a presença de ar que Durante a gravidez, a produção de estrogénio e
forma assim o timpanismo; aqui aconselha-se a progesterona inibem a secreção de FSH e LH.
ingestão de mais água (tem um papel fundamental
na gravidez, não ajuda só na obstipação, que previne Após a nidação, o ovo e as vilosidades coriónicas
também as infeções urinarias, aumenta a volémia, produzem HCG/produção de estrogénio e progesterona.
hidrata a pele, e ajuda na produção de liquido Progesterona é essencial para manter a gravidez,
amniótico; aconselha-se 1,5l a 2l de agua por dia); uma vez que relaxa s músculos lisos, diminui a
alimentos ricos em fibras (kiwis, ameixas, chia, contratilidade.
linhaça);
Prolactina sérica (adeno-hipófise) eleva-se desde o
O psicológico tem muito impacto no nosso físico e início da gravidez até ao termo, é responsável pela
quando a gravidez não e desejada es tes sintomas lactação.
podem estar presente ate ao fim, falta de apetite,
enjoos, náuseas. Ocitocina (neuroipófise) eleva-se com o
desenvolvimento fetal/estimula contrações uterinas e o
Cavidade oral: pitalismo (aumento da produção reflexo de ejeção do leite.
da saliva) – acontece devido as glândulas;
hemorragia a nível das gengivas (pois esta zona esta Somatrofina (lactógeneo placentário humano), ação
mais irrigada e a escova pode provocar a pouco esclarecida, hormona de crescimento, diminui o
hemorragia); metabolismo materno da glicose.

Hérnia do hiato: esta anomalia já presente na Glândulas tiroideias, aumenta na gravidez pro
gravida ira ainda agravar mais os sintomas a nível hiperplasia glandular e aumento da vascularização.
do estomago, é mais uma ocupação para o estomago;
Pâncreas:
Cólicas abdominais por causa do timpanismo e
o Feto necessita de quantidades substanciais de
flatulência que pode ser confundida com contrações.
glicose para prover crescimento e
Haverá um aumento pélvico.
desenvolvimento
A gravidez por si só já tem um efeito o Para suprir necessidades, utiliza as reservas
diabeticogenico na mulher; o metabolismo está maternas
aumentado na mãe e no feto; toda a glicose na mãe o Níveis sanguíneos de glicémia decrescem
vai ser transferida para o feto e assim causa o Insulina materna não atravessa a barreira
hipoglicémias; quanto mais glicose estiver a circular placentar.
mais o pâncreas produz insulina mas esta não passa
Papel muito importante durante a gravidez para
a barreira da placenta então vai degradar mais a
esta ser mantida até ao pós parto. Vai ser
glicose;
comandado pela placenta;
Assim, com o aumento no primeiro trimestre a
No início precisamos dos estrogénios para
gravida deve ingerir refeições mais pequenas e
proliferar os tecidos do endométrio, da
polifraccionadas e que sejam ricas em glicose.
progesterona.

Produção de HCG: atuar nas hormonas para não


 SISTEMA ENDÓCRINO ocorrer ovulação neste caso menstruação; (a mulher
não tem menstruação; pode ocorrer descolamentos
É muito importante: de placenta que provocam os sangramentos ).
o Manutenção da gravidez Prolactina sérica: hormona que vai comandar a
o Crescimento fetal produção de leite materno.
o Recuperação no pós-parto

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Ocitocina: papel mais importante no final da e no trabalho de parto seja formado o canal de parto
gravidez; e responsável pela contratilidade uterina para o bebe nascer.
(provoca contrações); o facto da sucção dos bebes a
Lombalgias: acontece nas gravidas, típico andar
mamar produz mais ocitocina que serve para o útero
contrair e volte ao seu normal. a pinguim - marcha de ansiã, afastam os pés para
manter o equilíbrio (inconscientemente volta a
As gravidas não devem estimular as mamas para desparecer).
perceber se tem leite pois estão a estimular a
produção de ocitocina e assim irá haver contração É importante explicar as gravidas que isto são
antecipada; situações normais e há medida que o abdómen cresce
estas podem aumentar mais. Podem fazer
Na manifestação de afeto e carinho ao recém- caminhadas, e mais exercício físico (yoga, pilates)
nascido a ocitocina te m de estar presente (hormona que ajudam a suportar melhor o peso do abdómen
do amor);
É raro mas pode acontecer, a diástase dos retos
Tiroide: esta glândula vai sofrer devido ao abdominais: rotura dos músculos abdominais que
aumento da circulação; nas mulheres que sofrem de pode voltar ao normal ou haver mesmo a separação
Hiper ou hipotiroidismo; onde a medicação será dos mesmo que demora muito tempo a corrigir
reajustada dependendo dos níveis que apresenta nas (alimentação equilibrada, muito exercício físico). A
análises. diástase é natural o que não e normal é não voltar ao
normal.

 SISTEMA MUSCULO-ESQUELÉTICO Vigilância da gravidez


É comum:  Período pré-natal
o Relaxamento dos ligamentos e mobilidade o Preparação física e psicológica para a
aumentada das articulações pélvicas parentalidade.
o Lombalgias o Crise de desenvolvimento no ciclo
o Marcha de anciã vital.
o Consultas de vigilância e rastreios
Devemos: o Educação para a saúde.
 Corrigir a postura A Gravidez tem uma duração de 40 semanas (9
 Fazer exercícios de suporte abdominal meses; 9 luas); sabendo que até as 37 é pré -termo; 38
 Fazer períodos de repouso as 40 termo; 41 pós termo.
 Calçado e vestuário adequado e confortável
 Massagens dorsais e exercícios de alívio e Há que fazer consultas de vigilância, rastreios
fortalecimento da musculatura e rotação da consoante a idade que a gravida aprese nta.
anca
As aulas de preparação de parto são
Diástase dos retos abdominais extremamente importante s.

As gravidas devem ir ao centro de saúde onde


existem enfermeiras especialistas de saúde materna,
aulas de preparação de parto, etc..

 Conceito
o Gesta: gestação
o Nuligesta: mulher que nunca teve
gravida
Varias alterações; este sistema “é que sustenta” o Primigesta: mulher que está grávida
todo o tamanho e aumento do abdómen; pela primeira vez
o Multigesta: mulher que está grávida
Relaxamento dos ligamentos e mobilidade pela segunda ou mais vezes
aumentada das articulações pélvicas: para aguentar o Para: paridade das mulheres
22
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o Paridade  Abortos e Gravidez Ectópica
o Nulípara: mulher que nunca pariu  Filhos Vivos
o Primípara: mulher que já pariu 1 vez
Exemplo:
ou esta a parir pela primeira vez
o Multípara: 2 ou mais; a partir do 4 Partos de termo 1
filho é uma grande multípara
o Embrião: até as 10 – 12 semana Partos pré termo 1
o Feto: a partir da 10- 12 semana
Abortos e gravidez ectópica 1
o Aborto: é considerado até às 22
semanas ou se não tivermos Filhos vivos 2
conhecimento da idade gestacional
O IO é 1-1-1-2
da mulher (gravidez não vigiada) e se
tiver menos que 500g também e
considerado aborto;
o Pré-termo
o Termo
o Pós-termo
o Viabilidade fetal: capacidade para
viver fora do útero desde,
aproximadamente, as 22 a 24 semanas
de amenorreia ou feto com peso Os números lêem-se separadamente.
superior a 500gr. Exemplo 2:
Pode ser considerado as 24 semanas nas o I GESTA – Parto
sessões de rastreio em que o feto apresenta o II GEST – ABORTO
malformações incompatíve is com a vida; pela o III GESTA – Parto
legislação pode ser feito aborto terapêutico (é o IV gesta – atual
intencional)
Esta esta mulher é IV gesta 2 PARA
Os nados mortos não contam no aborto; contam
 Informações da grávida nos partos termos ou pré termo mas não irá contar
o I gesta 0 para para os filhos vivos.
 Grávida pela primeira vez
 Não teve nenhuma gravidez Parto eutócico: parto vaginal
que atingisse a viabilidade A primeira coisa que se faz é fazer o INDICE
fetal. OBSTETRICO.
o II gesta I para:
 Já teve um filho  Diagnóstico de gravidez:
 Está gravida pela segunda vez o Anamnese
 História da mulher
A mulher pode ter estado gravida e ter tipo um o Exame físico
aborto então (primeira gesta 0 PARA- I gesta 0 Para  Palpação
– nunca pariu).  Toque
II gesta 0 para: gravida pela segunda vez mas  Auscultação
teve um aborto o Laboratorial
 Análises
Se o bebé nasça morto é uma primípara  Ecografia
 Índice obstétrico (IO) A anamnese (historia da mulher parte
obstétrica e do resto); exame físico (palpação;
Sistema de 4 dígitos separados por hífenes,
toque vaginal) – há sinais que nos dão sinal que
proporciona informação mais específica.
a mulher esta gravida (ate há 8 semana de
 Partos de termo gravidez; análises e ecografias (dá a certeza que
 Partos pré-termo (PPT)
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Ana M arques 49162 Ano letivo 2022/2023
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a mulher está gravida com as auscultações
fetais);

 Teste de gravidez
 Gonodotrofina coriónica humana (HCG)
 Teste sérico de urina.
 Teste imunológico da gravidez (Beta-HCG)

Resultado positivo – gravidez confirmada- iniciar


vigilância pré-natal.

Resultado negativo- persistência de amenorreia-


encaminhar para avaliação ginecológica
 Sinais de gravidez:
A mulher pode estar positiva em termos positivos o Sinais de presunção- são percecionados
de análises pode ter só o saco amniótico e aí faz-se pela mulher
ecografias de repetição até se confirmar ou ver se  Amenorreia
existe alguma mal formação.  Náuseas e vómitos
 Data da última menstruação (DUM)  Polaquiúria
 Fadiga
– Data provável do parto (DPP)  Alterações vaginais
o Regra de Neagle  Alterações mamárias
 1º dia da menstruação+ 7 o Sinais de probabilidade- alterações
dias+9meses observadas pelo examinador
 DUM- 3 meses  Teste de gravidez
 Inicio, meio e fim- 5,15,25  Sinal de Goodell
Quando a gravida não sabe o dia da última  Sinal de Hegar
menstruação mas sabe o mês:  Sinal de Chadwick
o Sinais de certeza- atribuídos apenas à
5 (inicio) / 15 (meio) /25 (fim) presença do feto
 Audição dos sons cardíacos
De acordo com a regra de Neagle dá-nos a
fetais
data provável do parto
 Visualização do feto
Data provável do parto corrigida (DPPc):  Palpação dos movimentos
confirmada pela ecografia (que pode coincidir fetais
com DPP ou não)  As mulheres começam a
apresentar muita fadiga no
 Gestograma início da gravidez por ação
da progesterona.
- IDADE GESTAIONAL (IG)
Exemplo:

Hoje dia 6 do 10 de quantas semanas uma


mulher que teve a última menstruação dia
2/8/2022 (a mulher neste exemplo muda de
semana sempre a terça feira)? 9 semanas + 2 dias

 Consulta de vigilância da gravidez


o Informação sobre esquema de
vigilância
o Boletim de saúde da grávida
o Periodicidade das consultas pré-natais
o Intervenções
o Rastreio analítico
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Ana M arques 49162 Ano letivo 2022/2023
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o Rastreio ecográfico os órgãos, dedos, pés, mãos, cavidades do coração.
Caso não se consiga ver todas as estruturas por
O boletim da gravida deve acompanha-la exemplo pela posição do bebé, a grávida pode
sempre durante a gravidez. Neste local existem
remarcar a ecografia ou pode ir dar uma volta para
vários dados essenciais (o tipo de sangue, o ganho
o bebé mudar de posição. Nesta fase, no fim do 2º
de peso ponderal).
trimestre, é estudada também quantidade de líquido
Nas consultas explicam-se logo o que irá amniótico.
decorrer, devem tirar-se as dúvidas que a Depois das 30 semanas as consultas devem ser
gravida tiver, realiza-se rastreio ecográfico e feitas de 2-3 semanas.
analítico de acordo com a idade gestacional.
A partir das 36 semanas devem ser semanais.
o 1º Consulta o mais precocemente
Devem monitorizar-se os batimentos cardíacos
possível,6-7semana e até 12 semanas
fetais.
o Cada 4-6 semanas até 30 semanas
o Cada 2-3 semanas até 36 semanas  Intervenções:
o 1-2 Semanas até o parto o Anamneses (IO, DUM, DPP, IG)
A 1º consulta deve ser feita o mais o Avaliação biofísica (peso, edemas)
o Avaliação da TA
precocemente possível, para avaliar a existência
o Altura do fundo uterino
de gravidez com a ecografia. Deve realizar-se
assim que existem sinais de probabilidade. Até as o Observação do bem-estar fetal
12 semanas termina o 1º trimestre, neste período (auscultação batimentos cardíacos,
realiza-se rastreios importantes. movimentos fetais)
o Análise de urina (“combur test”)
O rastreio analítico que avalia a existência de o Observação do estado vacinal
infeções, como hepatite, sífilis, sida etc. para o Avaliação do risco
além disso estuda-se o perfil hemodinâmico da o Educação para a saúde
mulher avalia-se a hemoglobina, a glicose entre
outros iões importantes. Realiza-se ainda um
rastreio analítico com marcadores analíticos A partir do índice obstétrico conhecemos o
histórico da mulher.
para descartar a possibilidade de síndromes
como trissomias. O rastreio das trissomias deve A gravidez provoca hipoglicemias porque o
realizar-se até ao fim do primeiro trimestre, deve metabolismo está aumentado devido á formação do
ser realizado com uma e cografia onde é medida feto (multiplicação celular necessita de muita
a translucênsia da nuca e a presença dos ossos do energia para ocorrer) e também com as náuseas e
nariz, com um rastreio analítico de marcadores vómitos há muita perda.
hormonais, este conjunto de resultados irá dar a
probabilidade do feto apresentar trissomias. É realizado uma avaliação biofísica onde se avalia
sempre o peso e os edemas. O peso é importante para
A trissomia 13 é incompatível com a vida. ter noção se está a acontecer um aumento ou perda
de peso. Um aumento do peso pode indicar
 Rastreio ecográfico e analítico
hiperglicemia, o que leva a uma passagem de glicose
o 1º Trimestre 11-13 semanas + 6 dias
para o bebé o que leva a um aumento o peso do feto.
o 2º Trimestre 20-22 semanas + 6 dias
A perda de peso não é favorável porque pode indicar
o 3º Trimestre 30-32 semanas + 6 dias
que não existe nutrientes suficientes para a gravida
(atualmente a última às 34 semanas)
e para o feto. Os edemas são normais na gravidez
Adaptar a cada caso clínico devido á progesterona e ao aumento da volémia, no
entanto, esta situação pode tornar-se patológica.
Até às 30 semanas deve fazer-se uma consulta Pode ser vigiado pelo sinal de Godet, podemos
mensal, de 4 a 6 semanas. O terceiro trimestre inicia- também avaliar através do peso, em casa pedir para
se às 23 semanas. Durante todo o segundo trimestre pesar-se todos os dias e trazer para a consulta, se o
e parte do terceiro. A ecografia morfológica deve ser peso aumentar e os edemas aumentarem podemos
feita perto do fim do segundo trimestre. Nesta concluir que aqueles edemas podem ser patológicos.
ecografia serve para perceber se o feto está
corretamente desenvolvida, todos os sistemas, todos
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Prevenir os infeções urinárias com a ingestão de Um obstáculo para as mulheres obesas
água e ir a casa de banho sempre que sente vontade cumprirem este aumento de peso são as dificuldades
e tentar ter o máximo de micção que der. económicas, para cumprir um regime/plano
alimentar.
Avaliar o risco através da tabela de godwick que
avalia o risco da gravidez, 0 continua a ser  Altura do fundo do útero
observado/acompanhado em cuidados de saúde
primários, tudo o que não seja 0 é acompanhado
noutros locais.

A educação para a saúde faz-se em todas as


consultas, podem também recorrer as aulas de
preparação para o parto, onde há ensinos para o
parto, o pós parto o puerpério as formas de cuidar
do bebé em casa etc.

 Progressão do peso na gravidez Deve ver-se nos cuidados de saúde primários e


deve ser avaliada em todas as consultas. É avaliada
O aumento exagerado e peso durante a gravidez pode com uma fita métrica, o início da fita é colocada na
ser difícil de perder após a gravidez, contribuindo, zona púbica e a outra ponta no fundo uterino onde
assim, para o excesso de peso e obesidade. encontramos feto com palpação.
Mulheres com aumento de peso igual ou superior a Esta medida que dá na fita métrica é coincidente
18Kg, durante a gravidez, estão particularmente em com a idade gestacional da gravida. Exemplo, se tem
risco. 22cm pode indicar que tem 22 semanas de idade
Alimentação deficiente compromete o gestacional. (o valor pode não ser assim tão certo).
desenvolvimento harmonioso da gravidez. A idade gestacional deve ser definida em todas as
Não exceder 20% do peso anterior consultas, no início de cada semana. Por exemplo
uma gravida com 20 semanas apresenta uma altura
do fundo ute rino 14, indica que existe a possibilidade
de o feto não estar a desenvolver-se de acordo com a
idade gestacional, há uma restrição de crescimento
intrauterino. Esta gravidez passa automaticamente
a ser uma gravidez de risco.

Esta avaliação pode não ocorrer todos os meses


porque as mulheres recorrem muito ao privado, o
Aumento de peso: que leva a que realizem ecografias quase todos os
meses.
 Feto- 3.2kg
 Placenta- 0,5kg
 LA- 1kg  Auscultação dos batimentos
 Útero- 1kg cardíacos fetais
 Volume sanguíneo- 1kg
 Mamas- 1kg

O aumento do peso deve ser gradual de acordo


com os trimestres da gravidez. O aumento de peso
pode variar ade gravida para gravida. O aumento do
peso consiste no desenvolvimento do bebé e na mãe,
bem como o líquido amniótico.

Nas mulheres obesas o ganho de peso ponderal


seja nulo. Pede -se que o aumento de peso seja apenas
o aumento do peso. Nos cuidados primários só deve ser realizado a
partir das 27/28 semanas. Porque os equipamentos
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Ana M arques 49162 Ano letivo 2022/2023
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são muito sensíveis por veze há dificuldade, se não A vacina da gripe também é recomendada, pois as
conseguirmos auscultar vamos criar ansiedade na gravidas são mais débeis.
gravida. Nos cuidados de saúde primários existe o
equipamento que se designa de Doppler. Todas as vacinas podem ser inoculadas na
gravida, há exceção das vacinas com vírus ativo. No
O foco é o local onde vamos ouvir os batimentos plano nacional de saúde existe uma que é a VASPR
cardiofetais. Manobras de Leopold, são manobras (vacina contra sarampo, papeira e rubéola) que no
que fazem com que percebamos a posição/as nosso PNV é dada em 2 doses, 1 ano e 5 anos. As
estruturas do feto. Colocamos as mãos no fundo gravidas normalmente já têm a toma desta vacina,
uterino para perceber se é a parte pélvica, mas caso não tenha na gravidez também não pode.
percorremos o abdómem na parte latera, a parte A rubéola pode causar más formações no feto.
mais dura é o dorso do outro são as estruturas, mais Quando a mulher esta a preparar-se para
a baixo colocamos as mãos em pinça para avaliar o engravidar e seja inoculada com esta vacina não
polo cefálico. Temos acesso ao foco na zona dorsal pode engravidar nos próximos 3 meses.
onde percebemos que está a parte cardíaca. Na
posição cefálica, onde o polo cefálico está mais a
baixo/direcionado no canal vaginal o foco encontra-  Educação para a saúde
se no dorso mais a baixo. Por vezes devido á o Alimentação
constituição abdominal da gravida podemos ouvir os o Exercício físico
batimentos na parte mole do feto. O normal é entre
120-160 bcf (batimentos cardíacos fetais in útero).
Existe um instrumento que se designa de  ALIMENAÇÃO E SUPLEMENTOS
estetoscópio de Pinard, pode ser usado no início da
gravidez, ouvimos durante um período de tempo e A gravidez é um estado fisiológico que implica o
depois fazemos as contas para minuto. ajustamento da alimentação às necessidades especiais,
de modo a garantir o desenvolvimento adequado do
NUNCA CABEÇA POLO CEFÁLICO bebé.
Quando o bebé está sentado, o polo pélvico está Manutenção da saúde materna durante a gravidez e
na direção do canal vaginal parto.

Provimento de nutrientes necessários ao


embrião/feto.
NUTRIÇÃO:
 Vacinas na gravidez
Um dos fatores que influenciam o resultado final da
A DGS recomenda as vacinas: gravidez.
 Vacinação combinada tosse convulsa, tétano e ESTADO NUTRICONAL MATERNO:
difteria em dose reduzida (Tpda)
 Vacina contra a gripe sazonal Fator especialmente significativo por constituir
medida preventiva de vários problemas
A DGS recomenda que seja feita a vacina da tosse
convulsa, do tétano e difteria (normalmente fala-se
da tosse convulsa porque é a que tem maior o 1º Trimestre- crucial para o desenvolvimento
quantidade na vacina). Esta vacina foi introduzida embrionário e orgânico do feto
porque estudos indicam que formam anticorpos no o Dieta saudável na preconceção- nutrientes
feto mais eficazes só que na vacinação após o adequados para o feto em desenvolvimento
nascimento. o Ácido fólico antes da conceção.
Esta vacina pode ser administrada das 24 semanas Devem:
até as 32/34 semanas. Esta vacina só pode ser
administrada após a realização da ecografia  Alimentos com qualidade
morfológica. Depende de serviço para serviço, em  Alimentação fracionada
alguns serviços é logo que faz a idade gestacional  Pequenas quantidades
mínima.  Intervalos regulares
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 Saladas desde o início da gravidez, especialmente se a grávida
 Peixe ou carne apresentar:
 Frutos
 Pão, massas e batata  Aumento exagerado de peso
 Ovo  Situação de doença
 Hortaliças  Desnutrição
 Leguminosas A dieta da gravida deve ser individualizada, devendo
Alimentos contraindicados: obedecer a algumas regras:

 Carnes gordas,  1l de leite ou derivados/dia


 Enchidos  2 Refeições de carne (100gr) ou peixe (100gr)
 Queijo fresco ou ovos (4 a 5 por semana)
 Hortaliças em todas as refeições,
 Caça
preferencialmente saladas cruas bem lavadas.
 Marisco
 Frutos maduros, secos crus
 Bebidas alcoólicas
 1,5l agua por dia
 Doces e bolos  Chá. Sumo de fruta
 Conservas  Pão em pequena quantidade de preferência
Os alimentos devem: integral
 Reduzidas quantidades de massas, batatas,
o Bem lavados arroz e açúcar
o Bem cozidos e grelhados  Leguminosas (especialmente quando o
o 1,5l/2l de água e 1l de leite ou derivados consumo de proteína animal é reduzido)
Recomendações gerais: No 1º trimestre porque o feto está em formação, há
maior necessidade de calorias mas corresponde a um
 3 Refeições por dia (peq almoço, almoço e
menos apetite da gravida em virtude das náuseas e
jantar), 2 lanches saudáveis e ceia
vómitos, dai a importância de selecionar alimentos a
 Utilizar as porções diárias recomendadas por
ingerir em pequenas quantidades, que proporcionem
grupo de alimentos
elementos necessários. A grávida pode aumentar cerca
 Cuidado no consumo de alimentos gordurosos de 1,5Kg.
e doces
 Diminuir a quantidade de sal na preparação dos No 2º trimestre, porque há uma certa adaptação ao
alimentos e alimentos industrializados estado novo, surge exacerbação do apetite que conduz
 6 a 8 copos de água por dia ao excesso de peso, pelo que se torna importante rever
 Atividade física a dieta para cortar excessos. A mulher pode aumentar
 Abstenção de álcool e tabaco 4,5kg a 5kg.

FERRO: No 3º trimestre existindo tendência para retenção de


líquidos e consequentes edemas, a mulher pode
o Suprir as necessidades do feto. aumentar cerca de 3,5kg a 4,5kg devendo ser
o Prover a expansão da massa eritrócitária consciencializada para problemas patológicos.
materna
o Suplemento ferro a iniciar, habitualmente no Os ensinos serão ligados há adoção de hábitos de
2º trimestre vida saudáveis, alimentação e exercício físico.

IODO: Uma das suplementações mais importantes no


primeiro trimestre são o ácido fólico e o ferro. O
o Facilita o metabolismo basa, compensa alguma primeiro por causa da formação do tubo neural e o
disfunção tiroideia própria da gravidez ferro devido á anemia fisiológica. Vitamina D
o Suplemento durante a gravidez e amamentação também é importante.

Uma alimentação equilibrada, alimentação


Na gravidez não se justifica uma dieta especial. No fracionada, ingerir 1,5L a 2L (devido obstipação,
edemas, sistema urinário, produção de liquido
entanto, deve ser considerado um regime de maior rigor
amniótico, etc).
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Alimentos que não devem ser ingeridos: o Vestuário e calçado confortável
mariscos e queijo fresco. O queijo fresco não é o Higiene oral
pasteriorizado correndo o risco da gravida
Higiene mias cuidada devido ao aumento da
desenvolver brucelose (provoca febres, dores no
transpiração.
corpo). Os mariscos não devem/não é recomendado
ser ingeridos devido às toxinas, podem provocar O creme hidratante serve para que não ocorra a
infeções gastrointestinais, e as gravidas pertencem quebra das fibras elásticas, e consequentemente
ao grupo de risco que desidratam facilmente, as prevenir estrias.
gravidas perdem água muito facilmente e podem
perder também líquido amniótico. Na higiene oral pode haver o sangramento das
gengivas, devido ao aumento da volémia e com uma
As gravidas devem ingerir os alimentos bem simples toque as gengivas podem sangrar.
passados, e os alimentos crus bem lavados, devido ao
risco de desenvolver toxoplasmose. Os agentes As gravidas devem usar sapatos sem saltos pela
infeciosos vem do gato, mas saem nas fezes, então os estabilidade, para manter o equilíbrio e para evitar
alimentos podem estar em contacto com essas fezes as quedas que podem ser traumáticas até mesmo
no solo. A toxoplasmose provoca malformações no para o feto.
feto, então devem ingerir alimentos lavados. A  EXERCÍCIO FÍSICO
toxoplasmose não provoca sintomatologia, provoca
o Ampliar o equilíbrio muscular
sim malformações no feto como alterações na
o Preparar a musculatura para o aumento de peso
audição ou na visão.
o Reduzir edemas
Quando fazem as análises do início da gravidez, o Melhorar a circulação sanguínea
também fazem a análise da toxoplasmose, se são ou o Diminuir cãibras
não imunes a toxoplasmose. Se as gravida forem o Aliviar desconfortos abdominais
imunes significa que já tiveram em contacto com este o Evitar ansiedade e depressão
agente patogénico então já tem anticorpos não o Facilitar o pós-parto
necessitando de tantos cuidados. Quando as
Por exemplo pilates pode aumentar o músculo da
mulheres não são imunes devem lavar muito bem os
coluna e lombar que ajuda no parto.
alimentos e devem de seguida desinfeta-los com água
e vinagre. As caminhadas ajudam a diminuir os edemas,
melhorando a circulação, diminuindo as caibras,
Uma gravida não imune pode tocar em gatos, não
ajuda também na redução da obstipação.
pode ter contacto com as fezes dos gatos.

As gravidas devem ser incentivadas a beber 2


copos de leite por dia, devido á presença do cálcio.  Isoimunização
Precisamos que uma grande quantidade de cálcio
que passe a barreira da placenta, e precisamos A doença hemolítica do RN ocorre quando os
também que a mulher fique com as reservas de sangues da mãe e do bebé são diferentes.
cálcio restituídas porque posteriormente quando
As incompatibilidades mais comuns são a do fator Rh
entram na menopausa existe uma grande perda de e do grupo ABO.
cálcio e para prevenir a osteoporose desse haver
reservas de cálcio. As doenças hemolíticas, surgem quando estão
presentes anticorpos maternos que vão destruir
O tabaco provoca hipoxia das células da placenta, hemácias do sangue do RN.
logo, a oxigenação e nutrição não vai ser a correta,
então esse feto vai nascer mais pequeno. Comum em:

O iodo deve ser administrado devido a possíveis o Mãe Rh- e filho Rh+
alterações da tiroide, este suplemento vai ajudar a o 10% a 15% dos casais tem incompatibilidade
regular. Rh
o Incidência de sensibilização e doença
 HIGIENE hemolítica tem diminuído desde o
o Higiene cuidada desenvolvimento da imunoglobulina anti-D.
o Creme hidratante

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SISTEMA ABO A prevenção consiste na administração de
imunoglobulina anti-D em mulheres Rh- e com exame
Presença ou ausência de dois antigénios (A e B) Coombs indireto negativos (ausência do anticorpo anti-
aglutinogénios. A grande maioria apresenta também, D na circulação sanguínea).
anticorpos naturais ou aglutininas (potentes anticorpos
do plasma que reagem com ao aglutinogénios A e B) A imunoglobulina anti-D “neutraliza” o antigénio D
presente nas hemácias fetais Rh+, que passaram para a
SISTEMA Rh
circulação sanguínea da grávida, impedindo, a produção
48 Antigénios (proteínas presentes nas membranas de anticorpos anti-D pela mesma.
das hemácias), sendo o mais importante, o antigénio D.
Aumentam a presença de hemácias fetais na
a sua presença ou ausência denota positividade ou circulação materna: aborto espontâneo ou terapêutico,
negatividade respetivamente.
gravidez ectópica, realização de procedimentos durante
Presença de anti-D Rh+ a gravidez (amniocenteses) Imunoglobulina anti-D
prevenção
Ausência de anti-D Rh-
Imunoglobulina anti-D (IM dose única) em grávidas
Rh- não sensibilizadas quando a classificação sanguínea
do parceiro for Rh+ ou desconhecida:

 28º Semana de gravidez


 No puerpério, quando o RN for Rh+ até 72h
 Nas síndromes hemorrágicos (aborto, gravidez
ectópica, descolamento prematuro da placenta,
perda de sangue)
 Trauma abdominal
 Óbito fetal
INCOMPATIBILIDADE ABO  Após procedimentos invasivos- amniocentese
Na consulta das 22 semanas:
Mais frequente que a incompatibilidade Rh, mas
com efeitos menos graves.  Consentimento informado
 Pedido teste de Coombs indireto, efetuar entre
Surge quando o sangue do feto é A, B ou AB e o
as 24 e 26 semanas
materno é O
Na consulta das 28 semanas:
Hiperbilirrubinémia facilmente tratada como
fototerapia.  Teste de Coombs indireto negativo,
administração Ig Anti-D
INCOMPATIBILIDADE Rh
 Registar Boletim saúde gravida
Mãe Rh- e feto Rh+ contacto através da placenta
(parto) Mãe pode produzir anticorpos para destruir os
glóbulos vermelhos do feto (anticorpo anti-Rh) Os TESTE DE COOMBS INDIRETO
níveis dos anticorpos aumentam ao longo de uma nova
gravidez, atravessam a placenta e chegam ao feto  Quantidade de anticorpos Rh+ que o sangue da mãe
Destruição eritrócitos- doença hemolítica do feto já produziu
(eritroblastose fetal) ou no RN (neonatal) TESTE DE COOMBS DIRETO
Durante uma primeira gravidez, raramente surgem Quantidade de glóbulos vermelhos do feto que já
estes problemas porque, geralmente, não há contacto foram invadidos pelos anticorpos da mãe.
significativo entre o sangue do feto e o da mãe até ao
momento do parto. No entanto, em cada gravidez As gravidas Rh- tem de fazer uma prevenção
posteiro, a mãe fica cada vez mais sensibilizada perante extra.
o sangue Rh+ e produz anticorpos cada vez com maior
A incompatibilidade pode acontecer em ambos os
antecipação.
sistemas ABO ou Rh.

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Ana M arques 49162 Ano letivo 2022/2023
Enfermagem de saúde materna e obstetrícia
Devemos prevenir sempre uma próxima A prevenção é realizada com a administração de
gravidez. imunoglobulina anti- D, em todas as gravidas Rh-, é
uma injeção intramuscular. É dada na gravidez (28º
No ABO o que acontece é quando a mãe é O
semana) e puerpério em bebes Rh+ num prazo
(significa que não tem antigénios A nem B) e se o
máximo de 72h após o parto se não irá dar-se a
bebé for A ou B ou AB, significa que a mãe ao entrar
produção de anticorpos, é dado sempre que existe
em contacto com o sangue do bebé o corpo da mãe hemorragia intra-abdominal por exemplo na
ira produzir anticorpos anti A, B ou AB. O que amniocentese entre outros. No parto, retira-se
significa que numa próxima gravidez o corpo da
sangue do cordão umbilical, caso dê negativo a
mulher vai reagir ao novo feto como um corpo
gravida Rh- não faz a toma de mais injeção, se for
estranho, caso o feto tenha tipo de sangue A, B ou
Rh+ tem de fazer mais uma toma pois houve
AB. O corpo da mulher irá atingir o sangue do bebé contacto. Caso haja aborto (por exemplo) dá-se
e vai destruir as hemácias do bebé. O bebé terá uma sempre a imunoglobulina após o ocorrido, visto que
hemorragia.
não se sabe o tipo de sangue do feto.
O contacto com o sangue do bebé pode dar-se o É importante na consulta das 22 semanas
parto.
devemos estar atentos ao tipo de sangue da gravida.
No grupo Rh, o anti-D é o que indica se o grupo É um medicamente que necessita de algum tempo de
sanguíneo é positivo ou negativo. Se a gravida tiver antecedência, que está em um local apropriado. Para
um grupo de sangue – então significa que a gravida garantir que está disponível às 28 semanas.
não tem antigénios anti-D. Se a mãe tiver contacto Pedir teste de Coombs indireto, na 28 se mana,
com o sangue do bebé vai produzir anticorpos anti- feito há mãe e serve para percebermos se já há
D e guarda alguns como memória, num futura
anticorpos produzidos e a quantidade que existe. No
gravidez é mais grave, existem mais anticorpos.
teste Coombs direito é feito ao bebé e este contabiliza
No ABO a quantidade de anticorpos e menor do a destruição das hemácias do bebé.
que no sistema Rh, para além disso os anticorpos
Se o Coombs indireto realizado por volta das 28
criados por Rh passam mais facilmente a barreira
semanas mostrar um numero elevado de anticorpos
da placenta, podendo causar hemorragias, anemias poderá já estar a ocorrer incompatibilidade e então
etc graves no feto. a mãe deve ser encaminhado para o hospital.
Na segunda gravidez é mais grave que na primeira
visto que já houve sensibilização e existem mais
anticorpos.

Esta destruição das hemácias pode causar uma


doença hemolítica do recém-nascido, uma anemia do
Doenças hipertensivas na
recém-nascido. Nos casos mais graves pode ser gravidez
necessário o internamento na neonatologia para
realizar exsanguineotransfusão (troca do sangue, A hipertensão é a complicação mais comum da
retirada de todas as hemácias). Estes bebés têm mais gravidez.
tendência para ictéria visto que da destruição das
Os distúrbios hipertensivos da gravidez agrupam
hemácias resulta uma solução amarelada que deixa
várias situações que possuem o traço comum de
os tecidos com esta coloração.
aumento da tensão arterial materna com um
No ABO normalmente acontece somente icterícia. correspondente risco para o bem-estar materno-fetal
No Rh que é mais grave pode ser necessário o
A hipertensão gestacional define-se como
tratamento anteriormente referido.
desenvolvimento da hipertensão moderada durante a
Se uma gravida Rh – que tem uma gravidez que gravidez numa mulher previamente normotensa, sem
não chega a termo, por exemplo por aborto, gravidez proteinúria ou edema patológico.
ectópica etc, a gravida tem de fazer sempre
A proteinuria gestacional é o desenvolvimento de
prevenção para a próxima gravidez, pois nunca se
proteinuria após as 20 semanas de gestação numa
sabe qual o tipo sanguíneo do feto e efetivamente mulher anteriormente sem proteinuria, nem hipertensão.
houve contacto entre os sangues.

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Causa importante de morbilidade e mortalidade  Fisiopatologia
materna.

Frequência e taxa de mortalidade, variam de acordo


com as condições socioeconómicas da população,
disponibilidade de serviços de saúde.
ETIOLOGIA

Base genética e imunológica que causa um


transtornomultissistémico com alterações vasculares e
hemodinâmicas.
 PRÈ_ECLAMPSIA/HTA GESTACIONAL

Normalmente ocorre em mulheres com mais de 35


anos e com paridade
A placenta vai introduzir de forma anormal as
Podem ter antecedentes de HTA em gravidezes suas vilosidades coriónicas nas paredes do útero,
anteriores. então a vascularização não se vai dar da forma
Excesso de peso e obesidade esperada. Então na placenta irá ocorrer uma baixa
perfusão sanguínea, que leva há isquemia da
Aborto anterior placenta, parte da placenta aquela parte que fica mal
Idade materna implantada, esta placenta entra em sofrimento
porque não tem a oxigenação e nutrição suficiente
Primigesta para o desenvolvimento da placenta e do feto. O
corpo vai reagir criando tecido epitelial, e criam-se
As doenças hipertensivas na gravidez podem pequenos trombos e ocorre vasoconstrição, com
trazer grande morbilidade e mortalidade para a diminuição da circulação, que leva a uma menor
gravida e pra o feto. Há mulheres hipertensas que irrigação de todos os restantes órgão da gravida.
engravidam e há mulheres gravidas que
desenvolvem hipertensão. A pré-eclampsia é uma patologia multissistémica,
atinge todos os sistemas.
HIPETENSÃO GESTACIONAL surge na
gravidez numa mulher previamente normotensa,
não surgem mais edemas nem proteinuria.
 Atuação terapêutica
PROTEINURIA GESTACIONAL a partir das
20 semanas existe hipertensão e surge também Reduzir os riscos para a mãe e para o feto.
proteinuria (proteínas na urina) que desencadeia Objetivo de:
uma situação ainda mais grave para a gravida e para
o feto.  Reduzir riscos e prematuridade
 Ter em conta a IG
A pré-eclampsia/HTA gestacional surge  Extração do feto e placenta
maioritariamente em mulheres mais velhas e com
maior paridade (mais partos), é menor a nas A pré eclampsia só termina quando é retirada a
nuligestas. placenta, ou seja, terminar a gravidez.
Existe um rastreio no início da gravidez, que se Isto acontece porque é a placenta que está na
pode fazer é avaliada a TA em ambos os MS e depois origem da fisiopatologia.
os dados são colocados numa tabela com os dados de
antecedentes pessoais, etc. que dá um resultado que Esta situação não é benéfica para o feto porque
indica a probabilidade de desenvolver esta situação não se desenvolve de forma correta, mas também
e pode ser receitado terapêutica preventiva. para a gravida visto que pode levar a risco de AVC,
convulsão etc.

 Prevenção

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Consulta vigilância (anamnese, AP, AF,  PRÉ-ECLAMPSIA
antecedentes obstétricos).
Problema específico da gravidez no qual a HTA se
Prevenção Primária: hábitos de vida saudáveis, desenvolve após as 20 semanas.
repouso, hidratação.
A hipertensão é definida como TA sistólica>
Prevenção secundária: avaliação TA 2x semana, 140mmHg ou TA diastólica> 90mmHG
aumentar frequência das consultas, vigiar medicação
instituída A proteinúria é definida como uma concentração>
30mg/dl numa amostra de urina.
Explicar e dar indicação para hábitos de vida
saudáveis. É um processo patológico vasoespástico,
multissistémico, caracterizado por hipertensão e
Vigiar a TA 2 vezes por semana, estar atento ao proteinúria, podendo ser moderada ou severa.
aumento dos edemas.

 Doenças hipertensivas
 Pré-eclampsia

Desenvolvimento de HTA e proteinúria numa


mulher previamente normotensa, após as 20 semanas de
gravidez ou no pós- parto inicial.

Pré-eclampsia: desenvolvimento de HTA +


proteinuria, numa mulher normotensa, situações
que surgem a partir da 20º semana de gravidez.
Valor superior a 140/90mmHg.

 Eclampsia Surge proteinuria devido há progesterona o rim


vai estar dilatado as proteínas facilmente passam
Desenvolvimento de convulsões ou coma, numa para a urina, também existe menor perfusão devido
mulher com pré-eclampsia. há vasoconstrição da HTA. Quanto maior a
Eclampsia: apresentação mais grave da pré - proteinuria maior a gravidade da HTA, ou seja,
eclampsia surge quando a gravida tem uma quanto maior a proteinuria menor a perfusão.
convulsão. Pode surgir quando uma mulher não é Oligonuria menor quantidade de micções,
seguida pode não se saber que a mulher tem uma devido há má perfusão há a menor produção de
pré-eclampsia. urina neste caso.

Podem referir cefaleias muito intensas, começam


 Hipertensão crónica a ter distúrbios visuais “vem luzinhas” devido á
hipertensão a nível craniano, aumento da pressão
HTA e/ou proteinuria na mulher grávida com intracraniana.
hipertensão antes das 20 semanas de gestação e que
persiste para além das 12 semanas pós-parto.
 ECLAMPSIA
HTA cronica HTA conhecida ou desconhecida,
o HTA pode ser desconhecida no entanto se durar 12 É o aparecimento de atividade convulsiva ou como
semanas após o parto, surge antes das 20 semanas. numa utente com pré-eclampsia, sem história patológica
pré-existente que pudesse levar a essas convulsões.

 Pré-eclampsia ou eclampsia sobreposta A apresentação inicial da eclampsia é diversa: 1/3


das mulheres desenvolve durante a gravidez, 1/3
Desenvolvimento de pré-eclampsia ou eclampsia na durante o TP, 1/3 nas primeiras 72h pós parto.
mulher com HTA crónica antes das 20 semanas de
gestação. Há sempre presença de convulsão.

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Durante o período da convulsão o feto não está a Conduta terapêutica encaminhar a gravida para
ser oxigenado. A gravidez tem de ser imediatamente bloco de parto para cesariana, porque já esta a
interrompida. prejudicar o feto e a gravida. Os órgãos estão a
entrar em falência e ficam normalmente em coma
Sendo que é multissistemica se ocorre a eclampsia
induzido 2/3 dias para repor o funcionamento dos
já existe dificuldade em outros órgãos. No caso do órgãos. Os bebés vão sempre para neonatologia.
rim pode acontecer que deixe mesmo de funcionar,
devido há má perfusão. Intervenções de enfermagem-puerpério

Ser vigiadas nas 48h seguintes. Avaliar a TA. Na


eclampsia pode ser necessário realizar balanço
 SINDROME DE HELLP hídrico por causa da oligúria.
A síndrome de Hellp e um diagnóstico laboratorial Se hidratarmos demais podemos correr o risco de
para uma variante de pré-eclampsia severa que implica edema pulmonar visto que se o rim não funciona.
disfunção hepática caracterizada por hemólise, aumento
das enzimas hepáticas e diminuição das plaquetas. Sulfato de magnésio está associado as
convulsões, previne as convulsões visto que previne
Surge, aproximadamente 20% das mulheres com o aumento da pressão intracraniana. Pode ser
pré-eclampsia severa e está associada ao aumento de instituído pós parto para prevenir a eclampsia
risco de morte materna. puerperal tardia. Faz se recolha de sangue por causa
É inespecífica na apresentação clinica, podem relatar da toxicidade dos tecidos.
histórias de mal-estar durante vários dias,
epigastrialgias ou dor no quadrante superior direito do
abdómen, náuseas e vómitos. Intervenções de enfermagem
(gravidez)
As complicações desta patologia incluem
insuficiência renal, edema pulmonar, rutura do  História familiar e pessoal
hematoma hepático, coagulação intravascular  Exame físico:
disseminada (CDI, descolamento da placenta. o TA
o Cefaleias
o H hemólise o Distúrbios visuais
o EL níveis elevados de enzimas hepáticas o Dor epigástrica
o LP contagem baixa de plaquetas o Edema intensificado
É grave tem uma situação nefasta. Esta síndrome o Resultados laboratoriais (proteinúria)
leva sempre as mulheres a estarem internados nos  Intervenções de enfermagem
cuidados intensivos. (puerpério)

Dor a nível da cintura e do estomago, só há certeza Após o parto, 48h os sintomas de pré-eclampsia,
nos resultados analíticos. Está a acontecer uma eclampsia desaparecem rapidamente.
hemólise, com níveis elevados de enzimas hepáticas,
pálidas ou com icterícia e contagem baixa de Manter vigilância após o parto:
plaquetas.  Avaliação de TA (4/4h)
Termina sempre na interrupção da gravidez.  Balanço hídrico
 Monitorização dos sintomas
Este é uma situação analítica. A mulher pode não  Manter perfusão de sulfato de magnésio durante
apresentar sintomas hipertensivos, a mulher não 24h após o parto.
tem de ter uma eclampsia ou pré -eclâmpsia para
desenvolver a síndrome. A eclampsia puerperal tardia é aquela que ocorre 48h
mas antes das 4 semanas pós-parto.
Sempre que a mulher entra com estes sintomas
nas urgências faz-se sempre analises. Sintomas baixa
glóbulos vermelhos, enzimas hepáticas elevadas,
plaquetas baixas. Os sintomas que descrevem são:
cefaleias graves, dor em cinturam a nível da cintura,
palidez ou icterícia.
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PRÉ-ECLAMPSIA LIGEIRA Betametazona de 12/12h ou então dexametzona
de 4/4h, corticoides, quando o feto tem até 34
o Repouso semanas, devem ser administrados estes
o TA diariamente medicamentos para maturação dos pulmões.
o Consulta 2x semana
o Avaliação débito urinário A partir das 34 semanas não deve ser feito.
o Avaliação diária do peso
A maturação só deve ser feita 1 vez.
o Dieta equilibrada
o Hidratação CTG é um exame que é feito por um
cardiotocógrafo, um dos sensores é colocado no
A gravida deve saber identificar:
fundo uterino (avalia a contratilidade uterina) e o
 Edema das mãos/face outro sensor é colocado no foco, deste aparelho sai
 Cefaleias um traçado idêntico ao do ECG que é avaliado por
 Dor epigástrica um médico e/ou enfermeiro especialista.
 Diminuição débito urinário
Recolha de sangue ara avaliação da existência de
 Náuseas e vómitos
proteinuria e para avaliar a função hepática por
 Hemorragia vaginal
causa da síndrome de Hellp.
 Desorientação
 Alterações visuais Ficam internados na enfermaria até melhoria.
 Diminuição dos movimentos fetais
Numa urgência de obstétrica devemos:
PRÉ-ECLAMPSI MODERADA
o Determinação de IG- corticoides
o Avaliação de TA  TAS> 140mmHg TAD > 90mmHg
o Avaliação de bem-estar fetal CTG  Proteinúria mais elevada
o Colheira de sangue para análise laboratorial  Alterações laboratoriais
o Avaliação ecográfica (LA, perfil biofísico e  Sintomatologia referida pela grávida
peso fetal)
Admissão no bloco de partos entre 6 a 12 horas.
A redução do sal na gravida não vai ter grande
Controlo e vigilância do bem-estar materno-fetal.
impacto no controlo da HTA. Nestes casos também
não se costumam medicar com anti hipertensores Instituição precoce de medidas de terapêuticas são
comuns, normalmente pode ser aspirina (torna o decisivas para o sucesso do tratamento, minimiza
sangue mais “líquido” e diminui o risco de trombos) complicações, previne/diminui a morbilidade e
esta medicação deve ter terminada umas semanas mortalidade materno-fetal
antes do parto por causa da hemorragia.
Se agravamento indução de TP
Ensinar a verificar os edemas (mãos, pés e face),
identificar cefaleias muito intensas, dor epigástrica e Se situação controlada:
diminuição do débito urinário. Deve ser explicado o Internamento grávidas
quando recorrer ao serviço de urgência. o Diurese> 120 ml 4h
Numa ida às urências devemos avaliar/identificar o Estabilização ou monitorização dos valores
a idade gestacional sempre. laboratoriais
o TA estável
Maturação pulmonar do feto, pois não sabemos o IG < 34 semanas
quando o bebé vai nascer. Esta maturação é feita
com a administração de corticoides. Os pulmões só No internamento a grávida:
atingem a sua maturação total quando a criança tem  Avaliação TA 1x turno
8 anos.
 Avaliação diária peso
No meio intrauterino que é um meio aquático os  Avaliação presença e grau de edema
alvéolos estão colapsados, no parto os alvéolos  Avaliação função renal (proteinuria e diurese)
deixam entrar o ar, os alvéolos expandem, na  Pesquisa de sinais de agravamento
expiração os alvéolos tem de libertar surfatante para  Pesquisa sinais de trombocitopenia
que o alvéolo não colapse.
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 Controlo laboratorial Avaliar a altura do fundo do útero comparado
com a IG para avaliar se está a ocorrer um correto
Medidas terapêuticas: desenvolvimento.
o Hidratação Proteinuria deve ser vigiado porque podemos
o Repouso no leito avançar para uma eclampsia que leva a convulsão.
o Proteção de estímulos externos
o Dieta polifracionada
Monitorização do bem-estar fetal: ECLAMPSIA (CRISE CONVULSIVA)

o Monitorização cardiotocografia CTG Convulsão tónico-clónica


o Ensino e avaliação do registo Cardiff
o Avaliação FU Período inicial (2 a 3seg) Olhos fixos com
o Ecografia contração dos músculos faciais.

Período de contração (15 a 20 seg.) Olhos


Já existem alterações analíticas e TA mais
protuberantes ou vermelhos.  Todos os músculos em
elevados. As mulheres normalmente ficam
contração clónica
internadas mas já no bloco de partos.
Período de convulsão Relaxamento e contração
Faz-se a maturação pulmonar e a prevenção de
muscular alternados.  Pausa respiratória alternada
paralisia cerebral com sulfato de magnésio (diminui
com respirações longas e profundas
a pressão intracraniano), faz se uma colheita do
líquido vaginal se tiver estreptococo-B pode  Proteção as vias aéreas com prevenção de
administrar-se antibióticos para que o bebé não seja aspiração do vómito
infetado com este microrganismo.  Prevenir lesões físicas
 Oxigenoterapia
Se não houver melhoria pode ser necessário uma
 Sulfato de magnésio (4 a 6gr EV lento/10 min)
indução de parto, que deve ser realizado o mais tarde
possível.  Fenobarbital sódico
 Avaliação fetal assim que possível
 Registar
 Vigiar sinais de nova crise ou sedação
MONITORIZAÇÂO MATERNA
INTENSIVA (agravamento situação)
 TA continua
SULFATO DE MAGNÉSIO
 Proteinuria 4/4h
 Debito urinário h/h Promover a melhoria da circulação cerebral-
 Oximetria prevenir as convulsões e promover a descida da TA.
 Balanço hídrico Dose de impregnação: 4 gr lento em bolus EV 5/10’
 Vigilância laboratorial
 Hidratação Dose e manutenção: 2 gr EV/h em perfusão continua
Níveis séricos 1-2/dia

Terapêutica: Movimentos respiratórios> 14 c/min

o Sulfato de magnésio Devemos medir várias vezes os níveis séricos para


o Anti-hipertensores (labetalol) avaliar a toxicidade. Pode realizar análises a cada
o Corticoides 8h.

A diurese é sempre necessária para perceber se o Eclampsia


rim continua a funcionar.
Ocorre sempre convulsão e é sempre muito grave.
Os estímulos externos, manter num ambiente Tem as mestas características de outras convulsões,
mais escurecido com menos notícias, para que a proteger via aérea administrar o valdio ou
gravida não esteja tão nervosa, e assim não hajam fenolbelbitrol.
alterações hormonais e a TA vai manter-se mais
estável.
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Após a convulsão devemos tentar avaliar os Gravidez de risco:
batimentos fetais. Quando ocorre convulsão uma
o Dupla adaptação (gravidez e complicações
parte da equipa fica com a gravida, outra parte vai
diagnosticadas)
contactar o bloco de partos, cuidados intensivos etc.
o Internamento hospitalar (ansiedade, solidão,
Devemos tentar re gistar o mais rápido possível,
perda de autonomia)
devemos saber horas etc.
o Parto inesperado
o Filho prematuro
o Relação de ajuda
 Parto
A vida vaginal é sempre a via preferencial seja ele
Mais de 34 semanas: a termo ou não. Não capacidade da mãe ou do feto
para não aguentar um parto, uma hemorragia
 Se condições para parto vaginal- ITP
franca avança-se para um parto abdominal.
 Se não reúne condições- CST
No trabalho de parto deve haver uma
Se menos de 34 semanas:
monitorização cardíaca, FR, TA, SatO2. Um
 Corticoides balanço hídrico, CTG para avaliar como é que o
 O parto é determinado pela evolução clinica ou bebé reage, podemos usar oxitocina hormona
agravamento sintética para que as contrações sejam mais intensas
e mais regulares e pode acelerar o parto, podemos
Trabalho de parto: dar analgesia em caso de patologia ou sem patologia.
o Monitorização contínua materna No pós-parto imediato, 2h após o parto. Numa
o Balanço hídrico gravidez normal também é no período onde podem
o CTG ocorrer complicações. No caso de patologia avalia-se
o TP com ocitocina sempre que possível novamente toda a funcionalidade da mulher.
o Analgesia epidural
o Administração de sulfato de magnésio Vigilância puerperal é tudo o que temos de vigiar
na mulher no pós-parto, uma das coisas é vigiar se o
Pós-parto imediato: útero esta a regredir para a sua posição normal.
 Cuidados diferenciados 12-24h Temos de avaliar as mamas, porque se não for
 Pesquisa de agravamento da situação clinica visto as mamas vão ficar duras, infetadas etc.
 Monitorização parâmetros vitais Vigilância de perdas hemáticas, o útero tem de
 Balanço hídrico contrair e libertar todos os restos hemáticos que
 Vigilância puerperal estiverem no seu anterior. Há contrações uterinas
 Vigilância das perdas hemáticas que faz com que fique pequenino de novo e só assim
 Involução uterina se preveni hemorragias graves.
 Estado das mamas
Quando o bebé está a mamar vai há hipófise para
Terapêutica reajustada: libertar uma hormona que contrai o útero para
voltar ao seu sítio.
o Perfusão de sulfato de magnésio
o Terapêutica anti hipertensora Os anti-hipertensivos podem ser reduzidos ou
o Corticoides (síndrome de Hellp) alterados.
o Vigilância laboratorial Corticoides no caso da síndrome de Hellp.
Pós-parto: Monitorizar a TA até 12 semanas por parto, para
 Vigilância pós-parto imediata- risco de vigiar se as mulheres são hipertensas ou se foi só
agravamento neste período eclampsia.
 Monitorização TA até 12 semanas do pós-parto Na primeira gravidez aconteceu, na próxima
 Gravidez posterior deve ser alvo de avaliação gravidez deve ocorrer uma maior vigilância.
pré-concecional
ASPETOS PSICOLÓGICOS

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Diabetes e gravidez A partir do momento que se descobre esta


situação fica a ser uma gravidez de risco ou de alto
Uma gravidez de alto risco é aquela em que a saúde risco. São referenciadas para meio hospitalar e
ou a vida da mãe ou do feto estão em perigo por geralmente são feitas por médico obstetra e por
patologias concomitante ou exclusivamente devido à outros profissionais. São vigiadas por uma equipa
gravidez. multidisciplinar médico obstetra, médico de
medicina interna ou endocrinologia e enfermeiros
Para a mãe, a situação de lato risco pode-se especialistas em saúde materna.
prolongar pelo puerpério (até 30 dias após o parto).
 Prevalência total de diabetes
A gravidez de alto risco constitui um problema alvo
dos cuidados médicos e de enfermagem. Em 2012 12,9% da população entre os 19 e 79 anos
de idade- aumentou 1,2% 2009.
O diagnóstico de alto risco impões uma crise
situacional para a família. No ano de 2012, a prevalência de diabetes
gestacional foi de 4,8% SNS.
A finalidade da gravidez, é o nascimento seguro de
crianças que possam desenvolver-se até ao máximo do
seu potencial.
 Diabetes gestacional
Progressos científicos e tecnológicos tem permitido
atingir um nível de cuidados de saúde perinatais muito Corresponde a qualquer grau de anomalia do
mais desenvolvidos do que anteriormente. metabolismo da glicose ocorrido pela primeira vez
durante a gestação.
As principais causas de morte na gravidez diferem
através do mundo, 3 grandes fatores etiológicos têm Controlo dos níveis de glicose no sangue materno,
persistido nos últimos 50 anos: reduz significativamente o risco para o RN.

 Hipertensão O aumento do nível de glicose materna pode ter


 Infeção como consequências complicações para o RN
 Hemorragia (macrossomia, traumatismo de parto, hipoglicémia)

Três causas que atualmente são determinantes da Mulheres que desenvolveram DG, tem risco
mortalidade materna são: aumentado de desenvolverem diabetes tipo II.

 Hipertensão gestacional A diabetes que se desenvolve durante a gravidez.


Ocorre pela primeira vez durante a gravidez. A
 Embolia pulmonar
gravide naturalmente já é um processo
 Hemorragia
diabetogénico, porque há uma alteração do
Algumas mulheres apresentam problemas metabolismo. No início da gravidez as gravidas
significativos durantes a gestação que podem afetar o tendem a ter hipoglicemias por produção excessiva
resultado da gravidez. de insulina na gravida, aumento do metabolismo da
mulher e passagem de glicose para o feto. A insulina
Algumas doenças surgem ou modificam-se ao longo não passa para o feto e vai sim atingir a glicose da
do período gravídico, devido às alterações fisiológicas mulher.
da gravidez.
A diabetes caracteriza-se por um aumento de
A diabetes é a complicação médica mais frequente da glicose.
gravidez.
O que acontece é que o pâncreas chega a um
Cada vez mais há um aumento da prevalência da momento onde não consegue dar resposta à glicose
diabetes. disponível.
Na gravidez há várias situações: mulheres
diabéticas que engravidam, mulheres que não são
diabéticas e que na gravidez desenvolvem diabetes e
existem os casos de mulheres que eram diabéticas
mas que não sabiam e de scobrem na gravidez.

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 Diabetes e gravidez  Fisiopatologia

Cerca de 8,7% das mulheres com mais de 20 anos de


idade, são diabéticas, desencadeadas por diabetes
gestacionais.

A maioria das mulheres (65%) com diabetes anterior


À gravidez, tem diabetes tipo II.

A taxa de mortalidade perinatal nas gravidezes bem


vigiada em que existe diabetes é aproximadamente igual
a todas as outras.

A chave para uma gravidez bem-sucedida é o


controlo rigoroso dos níveis de glicémia antes da
conceção e durante o período da gestação.

A gravidez complicada pela diabetes é considerada


de alto risco.

Situação de diabetes e gravidez, requerem adesão da A gravidez caracteriza-se por uma hipoglicémia
mulher para mudança de comportamentos. relativa.

O sucesso na intervenção é mais facilmente O aumento dos níveis de ácidos gordos livres
conseguida com abordagem multidisciplinar (obstetra, induzidos pela HP interfere diretamente na ação da
medico, internista, nefrologista, nutricionista, insulina e na entrada da glicose para as células.
enfermeiro)
Provável mecanismo antagónico entre a insulina e o
Devemos vigiar e controla os níveis de glicose no HPL.
organismo materno, para diminuir os fatores de A glicose e os aminácidos são transportados
risco para o feto. Um dos fatores de risco para o feto facilmente para o feto, através da placenta diminuindo a
é que podem ser bebés com mais de 4Kg, são RN glicose sanguínea materna- hipoglicémia.
macrossómicos, não é benéfico para os próprio bebé
nem para a mãe por causa do parto, podendo causar Com a diminuição da glicémia a gordura é
danos no canal de parto que podem ser difíceis de transformada em ácidos gordos e servem de fonte de
reparar. Facilmente nestes bebés pode acontecer a energia. Estes ácidos atravessam a barreia placentar e
fratura da clavícula, resolve-se com o crescimento do são prejudiciais para o desenvolvimento neurológico do
osso mas pode lesionar o plexo braquial podendo feto.
ficar sem mobilidade.
A placenta tem HPL que não deixa passar a
Não há ligação direta em que uma mulher que insulina pela barreira placentária. Os estrogénios e
desenvolva diabetes gestacionais e desenvolva a progesterona altera a resposta pancreática. O
posteriormente diabetes. No entanto, há um problema, a géneses da questão está na placenta.
aumento de predisposição para desenvolver diabetes
tipo 2 na menopausa. Consegue resolver-se com medicação, e após a
gravidez desaparece pois a causa é a place nta.
 Fatores de risco
Uma diminuição da glicémia, a gordura
o Obesidade (IMC> 30)
transformam-se em ácidos gordos, estes podem
o Idade materna (> 30 anos) ultrapassar a barreira placentária e causar danos no
o Glicosúria desenvolvimento do feto.
o História familiar
o Antecedentes pessoais de:  Durante a gravidez
 RN macrossómico (>4kg)
 Diabetes gestacional 1º METADE DA GRAVIDEZ

 Náuseas, vómitos e anorexia


 Menor consumo calórico
 Menor transferência de glicose
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 Hipoglicémia e cetose materna o Diabetes neonatal
 Risco de morte in útero
Quando o bebé nasce apresenta valores
2º METADE DA GRAVIDEZ hiperglicémicos. Após o nascimento pode acontecer
hipoglicemia porque a quantidade de glicose que vai
 Os fatores antagonistas da insulina (glucogan, receber são menores do que os que recebia in útero.
cortisol…) aumentam
 Maior tendência para a hiperglicemia Pode acontecer morte por asfixia, visto que são
maiores pode acontecer colapso do cordão umbilical
Na primeira metade há valores hipoglicémicos, por estarem a fazer pressão no cordão ou por darem
por outro lado, na 2º metade há tendência para um nó. Quando isto acontece o bebé pode ficar sem
valores hiperglicémicos. Então, começa a ocorrer receber oxigénio.
detetação de diabetes gestacional às 20 semanas
(metade da gravidez). Diabetes neonatal, no pós -parto é necessário um
tempo pata estabilizar os níveis de glicose, no
 Efeitos nocivos da diabetes na entanto pode não estabilizar, é uma situação rara.
mãe
o Infeções rato urinário
o Hipoglicémia MORTE FETAL
o Risco de hemorragia no parto
 Deficiente controlo metabólico
o Risco de pré-eclampsia e eclampsia
 Vasculopatia
o Hidrâmnios
o Paro pré-termo  Hidrâmnios
o Macrossomia fetal- parto distócico-  Macrossomia fetal
hemorragia  Complicações parto
o Cetoacidose

Maior risco para eclampsia e pré -eclampsia, na FETO/RN


diabetes os vasos ficam mais rígidos (devido há
passagem da glicose que passa para os vasos por RCIU provocada por má circulação feto-placentar
cristalização) o que pode levar ao aumento da TA.
Anomalias metabólicas:
Hidramnios aumento do líquido amniótico
 Hipocalcemia
Pode acontecer um parto pré termo, visto que o  Hipoglicémia
bebé é maior pode ser necessário interromper a  Hiperbilirrubinémia
gravidez induzindo o parto mais cedo por exemplo
as 37 semanas. Pode haver um mau desenvolvimento
intrauterino por má circulação, pode acontecer
Macrossomia fetal, bebé com mais de 4kg. Parto RCIU.
distócico parto vaginal com uso de algum
instrumento, que pode causar mais trauma no canal
vaginal e no bebé que pode originar uma VIGILÂNCIA PRÉ-NATAL
hemorragia.
 Identificação da doença pré-existente
Risco de cetoacidose igual aos diabéticos.  Despiste da diabetes
 Efeitos nocivos da diabetes no  Sinais e sintomas
 Antecedentes pessoas e familiares
feto/RN
o Macrossomia fetal As mulheres diabéticas devem manter-se
o Hiperglicemia, hipoglicémia compensadas antes de engravidar.
o Asfixia
o Morte in útero As complicações dependem especialmente, do
o Traumatismo de parto descontrole dos níveis de glicémia e das complicações
o Alterações metabólicas cardiovasculares subjacentes.
o RCIU
o Parto pré-termo
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As mulheres que desenvolveram diabetes Um dos valores for igual ou superior aos de
gestacional devem ser reavaliadas para reclassificação, referência é positivo e é diagnosticada com DG.
6 semanas após o parto.
Resultados inferiores aos de referência a prova é
A repercussão da diabetes na gravidez é elevada, mas negativa.
podem ser diminuídos os riscos com o controlo e
vigilância. Não se deve realizar antes das 24-28 semanas,
ausência de resultados consistentes.
Deve, também, considerar-se o tipo de diabetes e as
complicações já existentes. Vigilância apos as 28 semanas, glicémia em jejum,
se resultado inferior as 92 mg/dl PTGO com 75gr de
glicose.
RASTREIO DA DIABETES Podemos fazer/avaliar a predisposição da
gravida para desenvolver diabetes na gravides,
O período Idélia para a identificação da diabetes e
utilizando rastreios.
intervenção adequada ocorre entre as 24 e 28 semanas.
O período par afazer o rastreio da diabetes é
O primeiro passo para melhorar os resultados em
entre as 24 e as 28 semanas, embora a partir das 20
grávidas diabéticas é o rastreio precoce e eficiente.
semanas temos de estar alerta para os valores de
Todas as grávidas- glicémia plasmática em jejum glicose da mulher, para o resultado ser fidedigno tem
de ser entre as 24 e as 28 semanas.
Ao longo de todas as análises fazem glicémia
plasmática em jejum. Com menos de 92 mg/dl tem
de fazer PTGO (prova de tolerância a glicose oral).
Com valores entre 92-126 mg/dl pode ficar isenta de
fazer o PTGO, e ficar diagnostica com este valor
com diabetes gestacional.

PTGO são feitas 3 colheita, a 1ºé realizado jejum


de 6h, depois é dado um líquido com 75gr de glicose
deve faze-lo de uma só vez e depois são realizados as
outras 2 colheitas. Devem ficar sempre nos
laboratórios até á ultima colheita. É feita uma
colheita de sangue, a segunda 1h depois e a outra 1h
depois (ex, 9h-10h-11h)

São obtidos 3 resultados, se um dos valores for


igual ou superior aos valores de referência é
PTGO- PROVA DE TOLERÂNCIA GLICOSE ORAL resultado positivo, se todos forem a baixo é resultado
negativo.
PTGO com 75 gr glicose em 300 ml de água:
determinação às 0-1h-2h. DIABETES E GRAVIDEZ

Exceto gravidas com DG já diagnosticado e diabetes Os cuidados de saúde na diabetes induzida pela
prévias. gravidez, devem ser em tudo semelhantes aos que se
prestam na diabetes pré-gestacional, para compensar os
Manhã- jejum mínimo de 8h e máximo de 14h efeitos diabetogénicos na mãe e no feto.
Procedido de atividade física regular nos 3 dias O controlo pode ser apenas alimentar, sem recurso à
anteriores insulina.
Dieta não restritiva contendo pelo menos 150gr de Intolerância à glicose pode ser temporária:
hidratos de carbono diários.
o Apenas durante a gravidez, devido ao efeito das
Repouso durante a prova. hormonas placentares
o Mulher apresentar risco de adquirir a doença
mais tarde, nomeadamente, de se tornar obesa.
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Quando detetado diabetes gestacionais a gravidez movimento de pinça, vai haver alteração da
passa a ser de risco, a mulher deve ser acompanhado sensibilidade.
por nutricionista, endocrinologista ou médico de
medicina interna e obstetra. Deve verificar os valores e registar os mesmos.
Não é obrigatório registar em papel, pode registar no
Relativamente à alimentação, a gravida deve ser telemóvel
instruída a evitar hidratos de carbono (batata, pão,
Se houver gravidas a fazer insulina, devemos
arroz, massa) devendo ingerir na mesma mas
cumprindo algumas regras (meia batata explicar como se aplica, os locais onde se administra
etc. A insulina pode ser usada só durante a gravidez.
acompanhada de legumes ex), relativamente à fruta
pode ingerir uma peça de fruta por exemplo com Pré-pandrial-> 65 a <105
uma tosta para que o açúcar seja ingerido de forma
mais lenta ao longo do dia. Não devemos impor 1h pós pandrial <130-155
regras de proibição mas sim num tom positivo, 2h pós pandrial <120
explicar que não pode e pronto.
Alertar para os sinais e sintomas associados á
O grande objetivo/desafio é manter os valores da hipo e híper glicemia.
glicémia estável. Se estiver em constantes hipo e
hiper glicemias não é benéfico para a mãe nem par Devem ser incentivadas a ter perceção dos
ao desenvolvimento do feto. movimentos fetais. Porque podem acontecer
acidentes destes.
Diabetes pode ser controlada através:
EDUCAÇÂO PARA A SAÚDE
 Equilíbrio entre a dieta
 Recurso à insulinoterapia nas doses adequadas. o Estimular a gravidade no autocuidado
o Manter a glicémia em níveis normais
Importante é evitar as flutuações dos níveis de o Incentivar hábitos alimentares equilibrados e
glicose sanguínea. saudáveis
o Promover exercício físico
o Evitar o aparecimento e complicações
Intervenções de enfermagem (VIGILANCIA PRÉ-
NATAL) A gravida deve aprender:

Objetivo:  A funcionar com o glucómetro


 A punção
o Capacitar a mulher com competências e  Executar uma correta colheita de uma gota de
motivação para manter o controlo ótimo da sangue
glicémia  Autocuidado capilar 4/dia
o Reduzir a mortalidade e a morbilidade materna  Registar os valores
e perinatal  Relacionar os valores obtidos com a dieta e o
Deve fazer-se a: exercício
 Funcionar com a caneta de insulina, se
 Anamneses necessário
 Exame físico
Período do dia:
 Exames laboratoriais (HbA1c)
 Avaliação de sinais e sintomas o Pré-prandial> 65 e <105 mg/dl
 Avaliação de adaptação psicológica à doença o Pós-prandial (1h) <130-155 Mg/dl
o Pós-prandial (2h) <130
Devemos fazer ensino par aprender a avaliar
glicemias bem como a interpretar os resultados. Sinais de risco:

Pedir análise de globulina glicosada (HbA1c), o  Hipoglicémia:


valor da glicémia nos últimos 3 meses, valor em oSudorese
percentagem. oTremores
oProstração
Explicar o funcionamento do glicómetro. Nunca se
oConfusão mental
deve picar o dedo indicador e polegar, devido ao
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oPalidez As potenciais desvantagens incluem a possibilidade
 Hiperglicemia: de ocorrência de taquiassistolia, prematuridade
oHálito cetónico iatrogénica e induções falhadas.
oPoliúria
PARTO (DG)
oIrritabilidade
oMal-estar geral Bom controlo metabólico apenas com ajuste do
oAstenia plano alimentar e exercício físico- 40 a 41 semanas de
oNáuseas e vómitos gestação.
Motivar a gravida e efetuar contagem dos Bom controlo metabólico com necessidade de
movimentos fetais, precocemente às 32 semanas. intervenção farmacológica (insulina ou ADO)- ITP 39
Encaminhar para curso preparação psicoprofilaxia semanas.
para o parto. Existência de complicações maternas e/ou fetais
Facultar folhetos informativos sobre diabetes associadas- avaliar individualmente de acordo com a
gestacional. patologia em causa
PARTO (DPG)
Quando o diagnóstico de DG ou provável diabetes
prévia for feito no primeiro trimestre ou às 24-28 O parto antes do tempo apenas deve ser considerada
semanas de gestação, a grávida deve ser referenciada para as complicações obstétricas comuns ou perante o
para uma consulta hospitalar de Medicina Materno-fetal agravamento de doença materna (nefropatia,
para a diabetes, num Hospital de apoio perinatal (HAP) retinopatia)
ou hospital de apoio perinatal diferenciado (HAPD)
Na presença de complicações deve ser considerado o
internamento e a programação do parto.
AVALIAÇÂO FETAL A ITP unicamente para prevenção da macrossomia
A estimativa do crescimento fetal deverá assentar na deve ser evitada por não melhorar o resultado materno
avaliação clínica e ecográfica e neonatal.

A vigilância fetal na DG diagnosticada no VIA DO PARTO


1ºtrimestre é semelhante á da DPG. A gravida com diabetes poderá te rum parto por via
Na DG diagnosticada no 2º trimestre deve ser vaginal, na sequencia de contraindicação.
considerada a eco às 28-30 semanas para avaliação da A realização de cesariana eletiva deve ser ponderada
biometria e às 35-37 para avaliação da quantidade de em fetos com estimativas de peso superior a 4000gr,
LA e biometria. No entanto, a periodicidade de bem como em mulheres com antecedentes de partos
avaliação deverá ter em conta o controlo metabólico e o traumáticos (distocia de ombro, RN em paralisia do
aparecimento de complicações. plexo braquial e/ou lesões maternas).
A monitorização fetal será realizada com o uso de VIGILANCIA NO PÓS-PARTO
duas técnicas cardiotocografia fetal e perfil biofísico.
A vigilância no puerpério imediato é semelhante à da
A monitorização cardiotocografia deverá ser iniciada puérpera sem diabetes, com o objetivo de detetar e tratar
a partir das 36s, semanalmente. precocemente prováveis complicações, como a
PARTO hemorragia pós-parto secundária e atonia uterina e
infeção.
Na ausência de complicações materno-fetais, uma
Deve ser incentivada a amamentação e alçando-se
das questões colocadas é a necessidade de induzir o TP
para além dos benefícios gerais conhecidos a
e qual melhor IG.
diminuição do risco de desenvolvimento futuro de
Os potenciais benefícios associados à indução são diabetes.
evitar mortes fetais, assim como as complicações
A depressão pós-parto é mais frequente nas mulheres
relacionadas com o aumento excessivo do peso fetal
com DG e DPG, pelo que se deve ter especial atenção a
(distocia de ombros e lesões do plexo braquial).
esta situação.

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Nas puérperas diabéticas tipo I as necessidades de <40-45mg/dl nas primeiras oras de via. Está
insulina descem rapidamente, sendo grande o risco de relacionada com um hiperinsulinismo persistente. É
hipoglicemia. É frequente a puérpera não necessitar de mais frequente nos RN macrossómicos, nos prematuros
insulina por um período de 2 a 2h. e no RN com RCIU.
Diabéticos tipo II devem seguir protocolo de Sinais e sintomas inespecificos: cianose, apneia,
vigilância proposto e de referência manter a instabilidade térmica, hipotonia, tremor, irritabilidade,
insulinoterapia durante a amamentação. taquipneia, choro gritante

A maioria das mulheres com DG reverte para Fluxograma


normoglicemia no pós-parto. Se a gravida for tratada
com insulina, no puerpério imediato deve-se seguir um Ver a norma
esquema de vigilância e terapêutico idêntico ao da
gravida com DPG.
Na gravida bem controlada sem necessidade de Doenças infeciosas e
insulina, pode ser suspensa a vigilância glicémica.
gravidez
Antes da alta deve ficar assegurado a marcação do
PTGO de reclassificação, realizada às 6 a 8 semanas IST- INFEÇÔES SEXUALMENTE
após o parto e a consulta de reavaliação. TRANSMISSIVEIS
 75 gr de glicose às 0, 2h As IST na gravidez podem ser responsáveis por
 Jejum <110mg/dl e <140mg/dl após a morbilidade e mortalidade significativas.
sobrecarga- negativa
Algumas consequências podem perdurar para toda a
vida (infertilidade e esterilidade).
RN As sequelas psicossociais podem incluir alterações
nas relações interpessoais e baixa autoestima.
 Anomalias congénitas
 Macrossomia A infeção congénita pode afetar a formação e a
 Síndrome dificuldade respiratória qualidade de vida da criança.
 Alterações metabólicas
DOENÇAS INFECIOSAS

As doenças infeciosas alteram a saúde da mulher


RN-abordagem podendo influenciar, negativamente a função
reprodutora. Quando associadas a gravidez, assumem
O internamento em cuidados intensivos/intermédios especial relevo e colocam 3 questões particulares:
apenas está indicada na prematuridade. A maioria dos
RN de termo não necessitam de cuidados diferenciados,  O tratamento da doença da mãe
podendo permanecer junto da mãe.  O efeito da infeção no curso da gravide
A hipoglicemia neonatal tornou-se uma raridade no
filho da mãe com diabetes bem controlada.

Atualmente recomenda-se o contacto pele-a-pele


logo após o nascimento e alimentação na 1h de vida.

A glicémia plasmática deverá ser determinada entre


a 2º e 4ºh de vida, altura em que o risco de hipoglicémia
é elevado e posteriormente, se existir risco acrescido de
hipoglicemia. Se a glicémia for satisfatória à 2h de vida,
o risco de hipoglicémia é considerado baixo se a
alimentação/amamentação se mantiver adequada.
RN-Hipoglicémia

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 A influencia sobre o feto não só da doença
materna, mas também da terapêutica utilizada.

A existência de uma infeção crónica ou adquirida na


gravidez, pode colocar em risco a saúde da mãe/filho.

Os estados infeciosos podem causar no organismo


materno, um ambiente hostil ao desenvolvimento fetal
ou agravar a saúde materna, nomeadamente se á
patologia associada. ´

A infeção materna tem um grande potencial de


envolvimento fetal e pode ser causa de:

o Aborto
o Nado-morto
o Malformações congénitas
o RCIU
o RPM
o PPT
o Infeção neonatal Infeções podem prejudicar o feto e a saúde da
Complicações fetais: gravida, que assim não consegue passar
corretamente os nutrientes ao feto;
 RCIU
Nas mães portadoras de HIV: o que pretendemos
 Microcefalia
e que o bebe venha com uma carga viral reduzida;
 Hidrocefalia
 PPT Pode impossibilitar a mulher de levar a gravidez
 Síndrome de abstinência neonatal a termo;

Pode acontecer que o bebe não se ambienta ao


meio intrauterino e acontece um nado morto
RCIU
RPM
PPT: prato pré termo;
PODE surgir microcefalia (cére bro pequeno) e
hidrocefalia (dentro da cavidade craniana)
Síndrome de abstinência neonatal: no caso de
mães toxicodependentes; após o nascimento tem esta
síndrome devido a falta do consumo daquela
substancia. PORQUE as mães deixam de consumir
mas fazem a toma de medicação que vai causar
abstinência no bebe que lhe causa irritabilidade e
choro fácil que e necessário recorrer a neonatologia.

TOXOPLASMOSE

Infeção pode decorrer:

o Ingestão de alimentos contaminados


o Carne mal cozida
Infeção é comum mas a doença clínica é rara.

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Infeção muitas vezes vaga e silenciosa na mãe, - É importante fazer análises durante 3 meses para
mantendo potencial infetante para o feto in útero. perceber a imunidade as doenças infeciosas;
A infeção pode ocorrer através de 2 mecanismos: - IgG : Anticorpos DE MEMORIA
o Migração transplacentar – Igm: ANTICORPOS PRODUZIDOS PARA
o Via transplacentária COMBATER A INFEÇÃO
Todas as mulheres devem ter uma prova laboratorial - Podemos ter os se guintes resultados de análises:
para a toxoplasmose antes da conceção ou gravidez, o
mais precocemente possível.  IMUNE (já teve em contacto com a doença)
 NÃO IMUNE (nunca produziu anticorpos
IgG+ e IgM-: para a doença)
 DOENÇA ATIVA
 Protegidas contra futuras infeções não
necessitam repetir análises - Quando a doença está ativa temos de fazer mais
 Pode repetir passadas 3 semanas se suspeita de testes para perceber se a doença e recente, se esta
doença ativa neste momento;
 Aumento 4x- forte indício da doença
- Administrar a gravida espiramicina e cons oante o
IgG- e IgM -: grau de titulação do IgM pode ter de ser feita a
interrupção voluntaria da gravidez;
 Mulher não protegida
 Precauções na gravidez, realizar exames 1x - TEM DE COMER TODOS OS ALIMENTOS
trimestre ou em SOS BEM COZINHADOS

IgG+ IgM+:

 Doença em atividade RUBÉOLA


 2º Teste, se IgM titulo alto- infeção recente
Homem:
Tratamento deve ser indicado se houver:
 Final do inverno início da primavera
 Aumento 4x em relação à titulação anterior de  Contacto direto com secreções nasofaríngeas de
IgM pessoas infetadas
 Associada a uma suspeita clinica  1 Semana antes 1 semana depois do
aparecimento manchas
Espiramicina considerada inócua mesmo no 1º  Período de incubação 14-21 dias
trimestre:
Sintomas:
 3 Gr/dia 2 series de 15 dias com intervalo de 1
mês o Febre
 3 Gr/dia durante 4/6 semanas o Lifadenopatia (auricular e occipital)
o Artrite transitória
Confirmação da infeção pode justificar IVG. o Erupção cutânea maculo-papular
Prevenção: A infeção não é mais grave por ser desenvolvida na
o Evitar contacto com animais domésticos gravidez.
o Utilizarem luvas em contacto com horta ou Placenta é infetada colocando o feto em risco:
jardim aborto espontâneo, nado-morto, malformações
o Alimentos bem cozinhados, especialmente congénitas
carne
o Lavar as mãos A intensidade do envolvimento fetal, vai depender
o Lavar, atentamente, frutas e legumes da IG e agressividade viral.

Ingestão de alimentos contaminados através ao A confirmação desta infeção pode justificar a IVG
contacto com fezes de gato; dentro do quadro legar em vigor.

1º Teste serológico deve ser realizado antes da


conceção, incluindo as mulheres vacinadas.
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IgG+ e IgM -: o Varicela e herpes/zona

 Imunidade (recente se valores de IgG elevados,


repetir teste se valores baixos)
 Pode repetir passadas 3 semanas, se suspeita de
doença
 Aumento 4x- forte indício de doença
IgG- e IgM-:

 Mulher não protegida, não imune


IgG+ e IgM +: Infeção primária, aguda, muito contagiosa (infantil,
 Infeção evolutiva imunidade duradoura
 Referenciar grávida 95% Das mulheres estão imunes
Prevenção: Transmite-se:
 Se a mulher não estiver imunizada ou existirem o Contacto direto
dúvidas quanto à imunização, deve ser o Através de secreções respiratórias ou lesões
vacinadas (VASPR). cutâneas
 Se for vacinada desaconselha-se engravidas no o Contagio 2 dias antes da erupção até à
período de 3 meses após a vacina mesmo que o cicatrização das lesões
risco seja mínimo o Incubação 13/17 dias
 Mulheres grávidas não devem ser vacinadas
Infeção antes das 20 semanas:
 A gravida não imune, deve evitar contactos co
doentes, nomeadamente crianças sem  Morte fetal
diagnóstico.  Embriofetopatia (síndrome da varicela
 Nestas situações (não imune), o puerpério é o congénita)
período mais indicado para a administração da
vacina Infeção após as 20 semanas:

Doença infeciosa que transmite através de  Permanecer assintomática


secreções e da via aérea;  Provocar zona na infância.
Período de incubação de 14 a 21 dias, a pessoa
VARICELA PERINATAL
contagia 1 semana antes e 1 semanas depois da
doença; A gravidade da doença no RN depende da I em que
Vacina VASPR que não podem fazer quando ocorreu a infeção.
estão gravidas nem nos 3 meses antes da gravidez (a
vacina está “via”); podem fazer quando o bebé nasce Risco maxim quando a infeção ocorreu nas
e enquanto amamentam proximidades do parto
Também são feitas analises e perceber a sua
imunidade;
As mulheres apresentam frequentemente e
normal obter o resultado IgG+ IgM- porque estão Não ocorreu transmissão de anticorpos
vacinadas;

Determinação da IgG e IgM em gravidas não


VARICELA imunizadas com contacto com a infeção.
Vírus varicela zoster: Em gravidas não imunizadas, deve ser administrada
o Grupo herpes gamaglobulina específica (1ml/kg) em perfusão EV, a
correr em 48h.
Minorar a gravidade da doença e reduzir o risco de
varicela congénita.
A puérpera pode amamentar.
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O aleitamento materno, não sé contraindicação
para a vacina. SÍFILIS

Período de incubação Doença infeciosa com período de incubação em


 Contacto direto das erupções cutâneas média 3 semanas (entre 10 dias a 10 semanas).
 Quase toda a gente esta imune porque isto é
uma doença típica das crianças 2 Períodos: sífilis precoce e sífilis tardia não
 Este vírus que e da família do herpes, podem infeciosa
ocorrer anomalias fetais e este romper a Esta infeção causa morte fetal precoce e morte
membrana e provocar aborto espontâneo;
perinatal em 40% dos fetos afetados.
 Quando a gravida estiver em contacto tem de
recorrer imediatamente ao médico para A transmissão ocorre via transplacentária (risco mais
fazer prevenção para minorar a hipótese de elevado no período de evolução da sífilis precoce)
desenvolver varicela ou para o feto;
internadas para fazer o medicamento de Com a infeção fetal, pode ocorrer: aborto
forma preventiva; administrada espontâneo, nado-morto, RN de termo ou pré termo
gamaglobulina portador de sífilis congénita sintomática.
 O RN pode ser portador desta doença,
varicela ou ate mesmo desenvolver zona; DIAGNOSTICO
 ZONA: espécie de herpes que se desenvolve Prova serológica VDRL:
em local do organismo que se forma em
círculo; provoca febre, dores muito fortes;  Reativo 4 semanas- positivo – titulação
 É mais grave
Tratamento adequado cura a sífilis na mãe e no feto:

CITOMEGALOVÍRUS- CMV  Penicilina G benzatinica 2 400 000 U IM (1x


semana, 2 semanas)
Grupo herpes vírus  Penicilina G procaínica 600 000 U/dia, IM
Vírus permanece no hospedeiro durante 8 dias

Transmissível através de secreções, tosse Consulta de alto risco

Clinicamente idêntico á mononucleose (febre, RASTREIO


astenia, mialgia, cefaleias)  Consulta pré concecional
20 a 60 dias de período de incubação.  1º Consulta pré natal
 2º e 3º trimestre da gravidez.
Infeção congénita:
EDUCAÇÂO PARA A SAÚDE
o Infeção materna primária, 30 a 40% dos fetos
serão afetados Informar o casal de forma clara e factual
o Em 10% podem surgir hepatoesplenomegália e Não estigmatizar
icterícia
Abranger a sintomatologia
Infeção perinatal:
Abordar as possibilidades de tratamento e os riscos
o No parto, através das secreções vaginais
para a mãe e para o feto se a infeção não for tratada.
O diagnóstico é feito através de uma colheita de
• Doença sexualmente transmissível
sangue (serológico), onde se verifica a titulação da IgM Transmissão via transplancentaria
específica. • Pode causar malformações
A pesquisa destes anticorpos devem ser realizada no • Fazem eritromicina
período pré-concecional. • Rastreios: ensinos para evitar estas doenças
com adoção de estilos de vida saudáveis
Não há evidencia cientifica que justifique o rastreio • Nas análises o que obtemos é se a doença está
sistemático do CMV durante a gravidez. ativa ou não.

Fazem análises durante os 3 momentos de


gravidez nos 3 trimestres
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HIV Determinação da hepatite B (portador) e vacinação
nas situações de risco
Transmissão durante a gravidez, parto e aleitamento
materno Vacinação Td conforme PNV

Gravidez de alto risco Tratamento de eventuais infeções genitais

Medicação controlada Discussão sobre as implicações das DST no decurso


da gravidez e a necessidade de as prevenir.
Exames laboratoriais ao RN
Realizar quando a mulher está a planear uma
Realizar prova serológica nos 3 trimestres da gravidez.
gravidez
É importante perguntar as mulheres se já houve
Se positivo, encaminhar para a consulta de alto risco história de doenças infeciosas
Verificar a toma da medicação
“Serologias atualizadas ou não” Aquilo que se
Educação para a saúde. pesquisa na parte do soro do sangue, o local onde se
procura as doenças infeciosas.
Á transmissão para o feto seja através do parto,
da amamentação ou durante a gravidez. Esta “Serologia atualizadas e negativas” As análises
gravidez é de alto risco. tem 3 meses de validade, serologia atualizada tem
menos de 3 meses.
O HIV muitas vezes está associado a consumos
de estupefacientes (em alguns casos), deve ser Se a mulher está gravida não pode levar vacina
acompanhada para as consultas onde é planeado a da rubéola, deve planear-se sempre a administração
mudança de estupefacientes. de vacina para a tosse convulsa.

Pode acontecer a gravida não saber, então são Tanto na vigilância pré-natal, como no parto ou
feitas análises de 3 em 3 meses. puerpério, as mulheres com infeção (seja crónica ou
não) devem estar devidamente identificadas e
Toxoplasmose, citaloxivirus e rubéola análises supervisionadas, pelo risco de complicações
por anticorpos materno/fetais
Sífilis (VDRL) e HIV aparece se está positiva INTERVENÇÔES DE ENFERMAGEM (pré-natal)
ou negativa
Devem ser incentivadas a adquirirem hábitos de vida
As consultas de acompanhamento é importante saudáveis.
verificar se a gravida faz corretamente o esquema
terapêutico, porque o objetivo da terapêutica é Devem ser interrogadas sobre o consumo de drogas
diminuir a carga viral então é necessário perceber se no passado e no presente
a gravida toma a medicação de antirretrovirais. Se for a situação encaminhar para programas de
Nestas mulheres programa-se o parto, para a metadona
gravida fazer uma carga de anti retrovirais EV antes Realização de exames específicos à urina
do parto, após os partos os bebes fazem analises á
urina para perceber a carga viral. É possível que se É da responsabilidade do EESMO:
o esquema terapêutico for bem feito pode haver
o Identificar situações de risco
casos em que o bebé não tem qualquer carga viral.
o Incentivar ao tratamento
o Estabelecer ensino personalizado

INTERVENÇÔES DE ENFERMAGEM- pré- INTERVENÇÔES DE ENFERMAGEM (sala de


concecional partos ou urgência obstétrica)

Determinação da imunidade à rubéola e vacinação Verificar e interpretar os resultados analíticos


sempre que necessário
Identificar serologias não atualizadas para que se
Rastreio da toxoplasmose, sífilis, infeção HIV proceda no momento do parto, colheitas de sangue do
cordão e/ou grávida para pesquisa de agentes infeciosos.

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Comunicar à equipa (pediatra) Devemos explicar que quando isto acontece devem
ter em atenção dois aspetos: a hora a que rompeu e
Tomar medidas preventivas de contágio e cor do líquido que saiu.
propagação, consoante a situação
A horas visto que, a função do saco é proteger das
Proceder aos registos
infeções e choques sem saco amniótico estão mais
Ensino para alta- adoção de estilos de vida saudáveis, propensos a infeções, então a partir de uma certa
extensivos ao companheiro. hora após o rompimento começam a fazer profilaxia
de antibioterapia ev para prevenção de infeção no
Identificar o local onde estão gravida com bebe.
doenças infeciosas de forma a proteger os
trabalhadores e ao mesmo tempo outras gravidas. Devem estar atentas á cor do líquido
(transparente mais ou menos espeço), pode haver
INTERVENÇÕES DE ENFERMAGEM (puerpério) libertação de mecónio (primeira conteúdo intestinal
Tomar medidas preventivas de contágio e do feto antes do nascimento, cor verde escuro tipo
propagação, consoante a situação. alcatrão), quando liberta o mecónio o líquido
amniótico deixa de ser transparente, fica com cor
Proceder aos registos esverdeada, isto indica que pode haver hipoxia no
feto. Isto acontece porque, o feto está em sofrimento,
Ensino para a alta- adoção de estilos de vida
está com cianose e fica hipotónico então há
saudáveis, extensivos ao companheiro
relaxamento muscular então há um relaxamento dos
esfíncteres. Pode ficar verde-claro e verde-escuro e
Trabalho de parto e parto muito muito grosso, quanto mais grosso mais
mecónico mais tempo em hipoxia. Devemos explicar
às gravidas que se o líquido for claro podem ainda
calmamente arrumar as coisas e ir para o hospital,
se for verde-claro podem demorar um pouco mas
devem ir o mais rápido possível e se for verde-escuro
devem ir imediatamente para o hospital. Devemos
alertar que se for possível devem ir em carro próprio
porque é mais rápido que a chegada de uma
ambulância.

Se a gravida estiver internada, deve haver o


registo por parte das enfermeiras, devem ser sempre
colocados nos 2 processos. Quando a gravida entra
na sala de parto passa a ter 2 processos clínicos o da
mãe e do RN. Não devemos alertar muito as gravidas
sobre esta situação do líquido verde porque por
vezes quando há o rompimento da bolsa o feto desce
para que o polo ce fálico se encaixe na bacia, neste
movimento o feto pode fazer compressão do cordão
Durante a gravidez deve preparar-se o parto e o e faz um momento de hipoxia mas que pode reverter
puerpério, alertar e informar s obre todas as após o feto se posicionar, no entanto líquido escuro é
informações acerca do trabalho de parto e parto. feito de imediato cesariana de urgência.
No fim da gravidez as mulheres estão muito Ampla, regulares (intervalo regular), duram por
ansiosa, então ao mínimo sinal vão para a volta de 1 minuto e ao avançar no trabalho de parto
maternidade ou urgências obstétricas. No entanto, aumenta o tempo e frequentes. Contrações dolorosas
só existem 2 sinais que devem fazer com que as de 5 em 5 minuto durante 20min e só ai ir para o
mulheres recorram as urgências e são: a rotura hospital.
espontânea da bolsa de água (REBA) e contrações
uterinas regulares. A perda do rolhão mucoso não indica trabalho de
parto, existe uma libertação do rolhão mucoso que
Quando ocorre REBA há saída de líquido pode acontecer 1 dia antes, 1 semana ou 2 semanas,
amniótico, há um rompimento do saco amniótico. é um indicador de que o parto está para breve não se
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sabe quando. Características: grande quantidade de o Favorecer a preparação intestinal, se necessário
muco acompanhado ou não de sangue. o Fornecer informações obre os orários das
visitas formas de chamar, localização dos
A perda de sangue pode acontecer em qualquer sanitários e da unidade onde vai ficar internada
altura da gravidez, devem recorrer ao hospital mas o Realizar registos
não indica um trabalho de parto pode indicar uma
patologia diferente (ex. descolamento de placenta).

No fim da gravidez, o feto tem menos espaço para Pode acontecer na sala de urgência ou já no
se mover então mexe-se menos, então como não se quarto.
mexem as mães ficam preocupadas. Podem fazer
uma estimulação com açúcar, ingerir algo muito Recolher todos os dados de como correu a
doce, um rebocado ou assim, o feto podia estar a gravidez, para perceber o que pode acontecer ao
longo do parto.
dormir ou assim.
Aqui começa a chamar-se gravida ou parturiente.
O saco amniótico pode ser rebentado para
perceber a cor do líquido para perceber se existe O exame vaginal é feito pelo médico ou
hipoxia ou não, designa se a amniotomia, aconteceu enfermeiro especialista.
uma rotura artificial da bolsa de águas (RABA).
Há hospitais que fazer tricotomia e preparação
Perda do rolhão muscoso: intestinal outros não. A preparação intestinal é feita
somente pela questão
 Não é necessário recorrer à maternidade
Perda de sangue: Na admissão deve auscultações do batimento
fetal para descarte de consciência e prevenção de
 A gravida deve recorrer à maternidade acidentes.

Diminuição ou ausência dos movimentos fetais: Quando se faz o exame vaginal o colo do útero
esta completa, a mulher em mandada para casa visto
 A gravida deve recorrer à maternidade que no hospital ficam mais em repouso a fazer
ADMISSÂO- CUIDADOS DE ENFERMAGEM exames e assim, aumenta o stress etc, quando em
casa vão deambular e as contrações podem ter efeito
o Identificação mais positivo. Quando o colo do útero está mais fino
o História clínica as contrações foram eficazes, as fibras musculares
o Historia obstétrica migram para o corpo uterino. Até atingir os 10cm.
 Índice obstétrico
 Grupo sanguíneo
 Idade gestacional TRABALHO DE PARTO
 Data da última menstruação (DUM)
Consiste num conjunto de mecanismos que se
 Data provável do parto (DPP)
iniciam por meio de contrações do útero as quais
 Vigilância da gravide e exames
conduzem à dilatação do colo e levam à expulsão do
complementares
feto e posteriormente da placenta.
 Doenças da gravidez
o Durante a realização da admissão a mulher e A contração e relaxamento rítmico dos músculos
família, deve sentir-se acolhida uterinos e processos de expulsão dos produtos da
o Fornecer, à gravida, camisa de dormir da conceção.
instituição
o Verificar o sinal de trabalho de parto
o Realizar exame vaginal TIPOS DE PARTO
o Realizar tricotomia, se necessário
o Auscultação dos batimentos cardíacos fetais o Via baixa
(ACF)  Eutócico
o Avaliar os sinais vitais  Distócico (fórceps ou ventosas)
o Explicar os procedimentos e o decorrer do o Via abdominal
trabalho de parto  Cesariana eletiva

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 Cesariana emergente e urgente TEORIAS DE SUPORTE DO TRABALO DE
PARTO
Via baixa sem equipamentos parto eutócico
(feito for enfermeiras parteiras) Processo pelo qual as contrações uterinas
permitem que haja a dilatação e libertação de todo o
Via baixa com fortex, ventosa distócico
conteúdo do períneo (feto+ placenta).
Via abdominal cesarianas eletiva Teoria da distensão uterina Pensa-se que o útero
(programadas) ou emergente (risco imediato de
dilata/cresce até ao seu máximo e quando atinge esse
vida, não pode ser adiado) ou urgente (quando não
máximo e contrai para expulsar como se fosse um
pode ser adiado, se houver demora pode haver risco
corpo estranho.
para a mãe ou feto)
Teoria de estimulação de ocitocina Existe um
PARTO DISTÓCICO POR VENTOSA
momento onde deixa de ser produzida tanta
progesterona, então a hipófise começa a libertar
ocitocina que tem o efeito contrário, a ocitocina é a
hormona do amor porque está ligado
emocionalmente a parte afetiva emocional do
cérebro, por isso se diz que no fim da gravidez
namorarem muito, porque pode ajudar no trabalho
de parto.
Teoria de privação de progesteronaQuando a
gravidez chega ao final a placenta começa a ficar
envelhecida e como é ela que produz a progesterona,
com o envelhecimento produz menos e então deixa
de produzir as fibras musculares uterinas
Presença de pediatra e obstetra.
Teoria do aumento das prostaglandinas com a
É aplicado quando a mulher não consegue fazer
privação de progesterona há maior libertação de
força no período expulsivo ou o bebé não passa.
estrogénios e influencia no aumento
Assim que há expulsão da cabeça do bebé o parto
prostaglandinas, que amolecem o colo do útero.
ocorre de forma normal.
Pode ficar com hematoma que desaparece no dia
seguinte.
PARTO DISTÓCICO POR FÓRCEPS CONTRAÇÕES UTERINAS

Resultam da atividade do músculo liso do útero


devem ser rítmicas, aumentando de intensidade no
decurso do TP.
Avalia-se a frequência, intensidade e duração.

Orientar a cabeça para o canal vaginal.

Cavalgamento ou seja, os ossos da cabeça não


estão bem formados para passar pelo canal vaginal.
Parte de cima FC fetal e na parte de baixo as
contrações. Quando são regulares, boa amplitude
são eficazes para o TP.

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ESTÁDIOS DO TRABALHO DE PARTO O trabalho de parto do 1º filho é normal de 10 a
12h no segundo filho das 8as 10h.
1º Estádio- Apagamento e dilatação  Apagamento do
colo e dilatação No 2º filho já existe uma alteração do colo uterino,
no 1º filho primeiro ocorre toda a dilatação do colo
o 2º Estádio- Período expulsivo  Expulsão do uterino, ainda existe um período de contrações até
feto 30min ou mais para o bebe descer para o canal de
o 3º Estádio- Dequitadura expulsão da parto e só depois nascer. No 2º filho o bebé vai
placenta descendo ao mesmo tempo que o colo do útero dilata
o 4º Estádio- Puerpério imediato  6h após o o bebé vai descendo.
parto, as 2h primeiras é onde podem surgir
as complicações obstétricas, ainda são Fase latente é importante para o apagamento do
passadas no bloco de parto. colo, as contrações podem ser irregulares, e não são
imensamente intensas. Vai até aos 3cm.
Na fase ativa é aquela onde as contrações são
regulares, mais intensas, mais duradoras, onde
ocorre dilatação do colo uterino e vai até aos 7cm.

Na fase de transição, vai ocorrer a dilatação


completa, e contrações para posicionamento do bebé
para nascer.
1º ESTÁDIO- CUIDADOS DE ENFERMAGEM

Mostrar disponibilidade para esclarecer sobre os


procedimentos efetuados.

Informar sobre o progresso trabalho do parto, tendo


em conta os conhecimentos da parturiente e
acompanhante.
Manter o casal calmo e informado

Posicionar a parturiente, proporcionando-lhe


conforto e bem-estar
1º ESTÁDIO- APAGAMENTO E DILATAÇÃO
Manter a cama limpa.
1. Fase latente
oApagamento do colo Avaliar sinais vitais
o3/4 Cm Avaliar as características das contrações
oContrações irregulares e de intensidade
variável Avaliar o bem-estar fetal
2. Fase ativa
Verificar as perfusões endovenosas
oDilatação do colo
o4 Até 7cm Incentivar a eliminação vesical
oContrações frequentes regulares e
intensidade moderada Proporcionar medidas de alívio da dor
3. Fase de transição (farmacológicas e não farmacológicas)
oDilatação completa Elaborar os registos
oContrações com intervalos mais curtos,
intensidade moderada a forte Os enfermeiros generalistas estando no bloco de
oNecessidade de fazer força partos podem intervir também, mesmo que seja
responsabilidade do enfermeiro especialista ou
A mulher só entra em verdadeiro trabalho de médico.
parto na fase ativa. A fase latente não conta como
TP. A fase ativa inicia nos 3cm de dilatação.

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O 1º estádio é o mais longo. A expulsão é rápida. A força deve ser o mais contínua possível o maior
É neste momento que as gravidas fazem analgesia tempo possível.
epidural.
Devemos ensinar as gravidas que é sempre
Quando a bolsa está rota, a cama está durante a contração que devem fazer força, devendo
constantemente molhada/húmida, então o inspirar, encher o peito com a maior quantidade de
enfermeiro deve mudar constantemente os ar que consiga e depois meio que em apneia fazer
resguardos, os lençóis para que as gravidas se sintam força, quando a contração terminar expirar e
confortáveis. Conversar com as gravidas quando respirar calmamente. Se a contração for duradoura,
estas estão disponíveis, podemos também canalizar a gravida deve fazer uma troca de ar rápida.
veias, ajudar no posicionamento da gravida.
O feto passa por várias situações para nascer.
Nesta fase a gravida deve estar monitorizada com Imagem A o feto posiciona-se, em B já se consegue
o CTG, para perceber se o feto se encontra bem ver o ocipito, A posição favorável de nascimento é
durante todo o trabalho de parto e se as contrações com a face para baixo. De D para E o feto faz uma
estão a ser eficazes. rotação externa para a direita ou esquerda
consoante o bebé queira. Em F a parteira puxa para
Incentivar a gravida a respirar para aliviar a dor, baixo ou para cima para que aja o desencravamento
massagem na zona dorsal, posicionamento de dos ombros.
decúbito para que a gravida perceba onde se sente
melhor. Se o bebé trouxer uma “circular cervical” é o
mesmo, que dizer que o feto traz o cordão á volta do
Quando a gravida leva epidural é necessário ver
pescoço. Se houver cordão devemos dizer a gravida
se há esvaziamento vesical, pode ser necessário
para que controle a vontade de fazer força, em D,
colocar algália.
para que haja a pesquisa se existe cordão e se estiver
Os registos são sempre feitos pela enfermaria pode ter necessidade fazer logo a laqueação do
especialista. cordão umbilical.

2º ESTÁDIO- PERÍODO EXPULSIVO Na fase C pode designar-se de fase do


coroamento, é nesta fase que pode ser necessário
fazer a laceração. Nesta fase quem faz o parto
consegue perceber se o bebé vai passar fazendo uma
ligeira laqueação natural, ou então pode ser
necessário fazer episiotomia, ou seja quando os
tecidos estão completamente esticados faz-se um
corte lateral, de forma a proteger o esfíncter anal.
Isto acontece quando se percebe que o bebé será
grande e não irá passar sem fazer uma laceração
com complicações maiores (como a laceração do reto
que leva a que ocorra uma posterior operação e
incontinência para a gravida).
2º ESTÁDIO- CUIDADOS DE ENFERMAGEM

o Manter o casal informado sobre os


procedimentos efetuados
o Incentivar a parturiente a realizar esforços
expulsivos
o Verificar as perfusões endovenosas
o Realizar os registos

Quem participa mais nestes estádio é o


enfermeiro especialista no entanto o enfermeiro
Inicia-se quando já existe dilatação completa, a generalista também pode ajudar.
mulher tem de fazer esforços expulsivos quando
ocorre a contração, para que haja expulsão do feto. Quando o bebé nasce tem de se ter cuidados com
a puérpera e ao bebé.
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Se o bebé trouxer a mão unto á cara pode causar
lacerações internas.

Se a mãe for Rh-, deve haver a recola de sangue


do cordão umbilical antes de haver laqueação para
se perceber se o Rn é R+.

3º ESTÁDIO- DEQUITADURA

 Forma globulosa do útero


 Aumento do cordão solto na vagina
 Jato de sangue à vulva Mecanismo de Schultze

A placenta tem 2 partes a que está em volta do


feto e a que se cola ao útero. A parte rugosa é a que
está colada ao útero, ou por aparecer pela parte
membranosa/lisa que é parte que estava em contacto
com o feto. Pode aparecer das duas formas na vulva
o que se vê primeiro. Então diz-se que a dequitadura
ocorreu pelo mecanismo de Duncan (rugosa) ou por
mecanismo Shultze (parte fetal).

Temos de verificar se a placenta aparentemente


veio completa para que se verifique que não ficaram
restos in útero. Se os cotilenios (na parte rugosa) não
Os sinais de dequitadura devem acontecer 15 a estiverem a sangrar é porque em princípio não
20 min após o nascimento do bebé. Na zona ficaram restos placentares in útero, aparentemente e
abdominal forma-se um globo, novamente mais placenta está completa.
sangue a ser expulso pelo períneo, se houver ligeira
tração do cordão umbilical este começa a descair. Se Se a mulher não tiver perdas de sangue
puxar o cordão antes de da placenta estar descolado exageradas, sem queixas, faz levante etc não á restos
pode o cordão umbilical partir e a mulher ter de ir in útero, se isto não acontecer a mulher e
para o BO. Pode acontecer a ficar membranas da encaminhada para ecografia e despista-se.
placenta o que causa infeção e hemorragia. A forma
Se após o parto houver logo desconfiança a
de globo na mulher tem a ver com o útero a contrair
gravida vai logo para o BO e fazem-se outros
para descolar a placenta. O sangue resulta do
procedimentos.
descolamento da placenta.
3º ESTÁDIO- CUIDADO DE ENFERMAGEM

 Prevenir complicações tais como hemorragias


pós-parto
 Realizar expressão uterina
 Verificar a formação do globo de segurança de
Pinard
 Administração da terapêutica
 Realizar os registos

Mecanismo de Duncan As expressões uterinas é como se fosse uma


massagem a nível abdominal, a nível do útero para
estimular o útero a continuara a contrair para que
haja a libertação de restos de sangue e coágulos que
existem in útero. Este sangue e coágulos existem
porque após a libertação da placenta fica como se
fosse uma ferida no interior do útero, então esta

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massagem serve para promoção da hemóstase e o Promover o aleitamento materno
prevenção de hemorragia pós parto. o Incentivar a eliminação vesical
o Fornecer uma refeição à puérpera
Quando se faz esta massagem e coloca-se a mão o Verificar as perfusões endovenosas
no útero, e sente-se um globo, que se designa de globo o Realizar os registos
de segurança de Pinard, isto significa que o útero
está bem contraído para que ocorra o fenómeno de Principalmente nas 2 primeiras horas devemos
involução uterina, ou seja, o processo pelo qual o vigiar as hemorragias pós parto. Então devemos
útero vai regredindo para a posição e forma inicial vigiar os sinais vitais (taquicardia e hipotensão-
que demora algum tempo. indicador de hemorragia interna).

Primeiro faz-se a massagem para perceber se Devido há súbita alteração da pressão in útero a
existe o globo e onde se encontra este globo e só mulher pode sentir muitos tremores, é normal.
posteriormente se faz a expressão uterina, e neste Temos de fazer as expressões uterinas (a primeira
momento sim faz com que ocorra a libertação dos logo após a dequitadura), devem ser feitas várias
restos uterinos, no sentido de puxar para fora todos mais ou menos de 15 em 15 min ou de 20 em 20min
os restos in útero. até ao fim das 2h de pós parto imediato. No entanto,
estas expressões causam alguma dor e desconforto
Assim que ocorre a dequitadura a mulher entra
na mulher, principalmente nos casos das cesarianas.
no puerpério imediato.
Se nas primeiras expressões se vir que o útero está
Nesta altura é administrada medicação, bem contraído, não á perda de muita quantidade de
normalmente ocitocina, para que haja a rápida sangue podem fazer-se 2 ou expressões uterinas nas
contração do útero. É necessário também suturar as 2h.
lacerações caso as haja. Quando se faz a sutura de A mulher deve ficar em decúbito dorsal nas 2
uma episiotomia passa a episiorrafia (ferida primeiras horas sem almofada, para prevenir
cirúrgica que nos próximos dias de internamento
hipotensão devido as alterações que acontecem no
deverá ser vigiada).
parto.
A episiorrafia não leva penso para que não haja
Sempre que fazemos uma expressão uterina
a criação de um ambiente ainda mais húmido.
devemos fazer a avaliação da episiorrafia, nestas 2h
4º ESTÁDIO- PUERPÉRIO IMEDIATO devemos ver se há hemorragia, edema e hematoma
(se houver edema e hematoma pode indicar uma
Compreende as primeiras 6 horas após o parto. No hemorragia interna na zona da sutura e pode ser
entanto, as 2 primeiras horas têm maior significado para necessário abrir de novo para drenar).
despiste de complicações.
E neste momento que o bebé é colocado na mama
É caracterizado pelo restabelecimento físico e pela primeira vez, neste momento não se pretende
emocional da mulher/casal, sendo um momento crucial que o bebé mame de forma correta, mas sim que
para a promoção do aleitamento materno comece a explorar, que haja contacto com a mãe e
com a mama. Os bebés nestas 2 primeiras horas
O puerpério imediato vai até 6h pós parto. Este é
também estão muito acordados e excitados devido ao
da responsabilidade do enfermeiro generalista, tanto
nas primeiras 2h como nas 6h. parto, após este momento o bebé fica extremamente
relaxada e termina num sono profundo.
Neste momento o existe dois utentes para cuidar,
a puérpera e o bebé, com processos distintos. Se o bebé começar logo a mamar melhor para a
gravida, porque assim dá-se a libertação de
4º ESTÁDIO- CUIDADOS DE ENFERMAGEM ocitocina, que ajuda na involução uterina.

o Avaliar sinais vitais É importante fornecer também a primeira


o Realizar expressão uterina e verificar a refeição a puérpera. Visto que houve a
formação do globo de segurança de Pinard libertação/gasto de muitos nutrientes no parto, a
o Avaliar a quantidade das perdas de sangue perda de sangue, etc deve-se tentar que tolere o
o Avaliar as características da episiorrafia melhor possível para que haja o primeiro levante 6
o Estabelecer a relação precoce da díade ou tríade após o parto.
o Assegurar medidas de conforto e bem-estar

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Devemos incentivar a eliminação vesical, visto aliviadas de dor uma 6 a 7h após o parto, o que
que, se a bexiga estiver cheia esta está a ocupar diminui por exemplo a dor/desconforto das
espaço não deixando o útero ir pra a sua posição expressões ute rinas.
inicial, dificultando a involução uterina. Devemos
CONTRAINDICAÇÕES ABSOLUTAS:
avaliar também se existe globo vesical.
o Hemorragia ativa
Se o útero não estiver contraído, devemos
o Eclampsia
massajar e nunca deixar a mulher, devemos tocar á
campainha e chamar ajuda. o Sofrimento fetal agudo
o Sepsis local ou sistémica
Útero não contraído, grande quantidade de o Alterações da hemóstase
sangue a sair, sinais vitais e palidez hemorragia
CONTRAINDICAÇÕES RELATIVAS:

 Recusa da técnica pela parturiente


TRABALHO DE PARTO E DOR  Deformidade a nível da coluna vertebral
 Heparinização profilática

Quem faz este procedimento é o médico


anestesista. Quem decide o que se faz é o anestesista.

Quando a mulher tem espinha bífida, escoliose,


hérnias em alguns locais específicos etc podem ser
contraindicações para se fazer analgesia epidural
A epidural não atrasa o processo de parto, no
entanto os estudos dizem que se a analgesia for feita
antes dos 3cm de dilatação pode sim atrasar o TP.

Devemos promover o controlo da dor na mulher. VANTAGENS:


Existe do nas articulações pélvicas, etc. o Eficácia no alívio da dor
Temos analgesia epidural (administração de o Melhora o fluxo sanguíneo útero-placentar
analgésicos) e anestesia epidural (administra-se o Participação materna ao longo do TP
anestésicos) distingue-se pelos fármacos usados. Na o Permite manobras obstétricas
o Analgesia pós-parto
analgesia epidural o que se pretende e que a mulher
fique sem dor. Na anestesia epidural existe a DESVANTAGENS:
aplicação de fármacos para que se perca a
sensibilidade e mobilidade.  Lacunas e falhas analgésicas
 Incidência variável de hipotensão
ANALGESIA EPIDURAL
 Risco elevado de cefaleias em caso de
O bloqueio epidural é uma técnica que pode perfuração acidental a dura mater
proporcionar analgesia durante o parto ou anestesia na  Retenção urinária
cesariana, consoante o tipo, dose e concentração dos  Aumento variável da duração do TP e/ou
fármacos que são introduzidos no espaço epidural- incidência instrumental
normalmente um anestésico local (ropivacaína,
Pode dificultar o período expulsivo, visto que
bupivacaína ou lidocaína) associado ou não a um
opiáceo (fentanil ou sufentanil) com a analgesia podem perder a perceção da dor e a
mulher perde a perceção de contração. No entanto,
A porta de entrada é um espaço intervertebral na quem está a fazer o parto percebe quando está a
região lombar, geralmente entre L2 e L5. haver contração e diz.

Na analgesia pode não conseguir mexer as pernas, Pode ser utilizado mais instrumentos com o uso
no entanto, existe sim uma diminuição da de epidural, devido ao acontecimento no período
mobilidade no entanto não é como na anestesia. expulsivo.

As mulheres podem ficar mais colaborantes, visto


que sentem menos dor. Os opioides vão estar
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Pode haver retenção urinária ocupando espaço e prevenir isto podemos e devemos administrar lactato
não deixando o bebe descer. Neste caso ocorre, de Ringuer (usado em grandes hemorragias).
esvaziamento vesical, introduz-se uma sonda para
As náuseas e vómitos são efeitos dos opioides.
esvaziar naquele
momento e retira-se. Como se determina o período fértil
Os cateteres são da mulher?
colocados na zona 1. Escolha múltipla
lombar, e tem de ter a
posição de sentadas 2. Verdadeiros e falsos
enquanto a técnica
Proposta de perguntas para frequência
está a ser realizada.
Mas tem contrações 1. Assinale como Verdadeiro (V) ou Falso (F)
na mesma, então a cada uma das seguintes afirmações:
gravida deve dizer A. O período fértil da mulher corresponde
quando está a ter exclusivamente ao 14º dia de cada ciclo
contração o menstrual. (Falso)
anestesista decide se a gravida pode aliviar a posição B. O ciclo menstrual tem uma duração média de 28
ou então a gravida deve controlar e manter a dias. (Verdadeiro)
posição.
C. Não é possível engravidar fora do período fértil.
É uma técnica acética, é antesiada a pele, mas (Falso)
ninguém fica com agulhas no espaço epidural, fica D. A ovulação ocorre, em média, no 14º dia de um
sim com um cateter de plástico um fiozinho. ciclo menstrual de 28 dias. (Verdadeiro)
E. O óvulo, uma vez libertado, tem uma sobrevida
COMPLICAÇÕES:
de 24 horas. (Verdadeiro)
 Relacionadas com a técnica F. Ovulação e período fértil têm o mesmo
o Analgesia incompleta significado. (Falso)
o Bloqueio epidural extenso
o Punção acidental da dura mater 2. Como se determina o período fértil da
o Punção acidental de um vaso sanguíneo mulher?
o Dificuldade na introdução do cateter
 Relacionados com o procedimento A. Subtrair 14 dias ao 1º dia da próxima
o Hipotensão arterial materna menstruação (resposta correta)
o Retenção urinária B. Somar 14 dias ao último dia da menstruação
o Náuseas e vómitos C. Somar metade do número de dias da duração do
o Dor na região lombar ciclo menstrual ao penúltimo dia da
menstruação
Podem ficar com analgesia mais numa parte
D. Nenhuma das anteriores
abdominal do que noutra, pode acontecer pelo
cateter ficar mais direcionado para um lado do que
para o outro.
Como se determina o período fértil da mulher? –
Pode acontecer a punção da dura mater Fundamentação teórica
(membrana que protege a medula espinal) o que
pode acontecer é que a medicação administrada vai A menstruação dura entre cerca de 2 a 7 dias e
demorar mais tempo a ser eliminado e pode causar corresponde à descamação do endométrio de forma
mais efeitos secundários. O anestesista avisa a cíclica, ou seja, a cada ciclo menstrual (período que
gravida, esta deve ficar em repouso 24h, e levar decorre entre o primeiro dia da menstruação até o
muitos soros. primeiro dia da menstruação seguinte). Ocorre uma vez
por mês, sendo que entre cada ciclo menstrual decorrem
Após a administração dos primeiros opioides pode em média 28 dias. (SNS, 2021)
acontecer uma hipotensão, (os opioides causam
vasodilatação e causa diminuição da TA) então para O período fértil é o período em que a probabilidade de
engravidar é maior. A ovulação costuma acontecer 14
dias antes do início da menstruação seguinte (num ciclo
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de 28 dias). Para a fecundação ocorrer, o óvulo terá de A pílula do dia seguinte é composta por progesterona, o
ser fecundado até aproximadamente 24 horas depois da que altera o muco cervical, tornando-o mais espesso e
sua libertação nas trompas de Falópio, já que este é o alterando o pH uterino. Por este motivo, os
tempo que este permanece viável. Por sua vez, os espermatozóides vão ter mais dificuldade em chegar ao
espermatozoides mantém a sua capacidade fertilizante óvulo e consequentemente vai dificultar a fecundação.
durante 48 a 72 horas, o que significa que as relações Esta pílula interfere, ainda, na formação do endométrio.
sexuais antes do período fértil da mulher também
podem resultar na fecundação de um óvulo. Assim A pílula do dia seguinte atua pelos mesmos mecanismos
que a "pílula de toma regular”, atrasando ou impedindo
sendo, consideramos que o período fértil vai desde 3
a ovulação e deste modo prevenindo a fertilização ou a
dias antes até 3 dias depois da ovulação. (Lusíadas, s.d.)
implantação.
Deste modo, o dia provável da ovulação calcula-se
Existem 2 métodos distintos de pílula do dia seguinte:
subtraindo 14 dias à duração do ciclo menstrual
(Lusíadas, s.d.), ou melhor, subtraindo 14 dias ao último contraceptivo oral ou dispositivo intrauterino de cobre.
dia do ciclo menstrual. O contraceptivo oral previne a gravidez por inibição ou
bloqueio temporário da ovulação. O DIU previne a
fertilização por alterações químicas induzidas no
espermatozóide e óvulo, antes da fecundação e
O que é a pílula do dia seguinte e
possivelmente interfere na nidação por alterações
como atua? induzidas no endométrio.

A pílula do dia seguinte é o único método que pode ser Como efeitos secundários da toma do dia seguinte
utilizado após a relação sexual para prevenir a gravidez salienta-se: cefaleias; náuseas/ vómitos; fadiga;
não desejada. É uma contracepção de emergência e não
um método de planeamento familiar. Ou seja, a pílula mastalgia; pequena hemorragia vaginal; antecipação da
do dia seguinte é um método contraceptivo de menstruação; e desregulação da menstruação.
emergência que pode ser usado após a relação sexual, Vantagens e desvantagens
sendo capaz de inibir uma gravidez quando a mulher
imagina ter tido relações sem as devidas precauções. Vantagens: Evita uma gravidez indesejada e diminui o
número de abortos ou abandono de bebés.
Após uma relação sexual desprotegida, a pílula do dia
seguinte deve ser tomada o mais rápido possível, pois a Desvantagens: Não protege contra as DST´s.
sua eficácia reduz-se com o passar do tempo. Deve ser
tomada dentro das 72h após as relações desprotegidas e
no máximo até 120 horas (5 dias).
Perguntas para frequência
A pílula contraceptiva de emergência não é um método
anticoncepcional de uso frequente. Deve ser tomada 1. Verdadeiros e Falsos
apenas quando o método contraceptivo habitual falha ou - A pílula do dia seguinte é um método contraceptivo?
foi esquecido. Falso
A pílula do dia seguinte altera o ciclo menstrual. O
principal objetivo da pílula é bloquear a ovulação e com - A pílula do dia seguinte protege contra as Infeções
isso dificultar a incidência de gravidez. A contracepção Sexualmente Transmissíveis? Falso
de emergência deverá impedir ou retardar a libertação
- A pílula do dia seguinte pode desregular a
do óvulo evitando assim a fertilização. Impede também
menstruação? Verdadeiro
a formação do endométrio (camada que recobre o útero
para receber o óvulo fecundado e cuja descamação dá
- A pílula do dia seguinte é um método abortivo? Falso
origem à menstruação) e altera o ambiente do útero para
que o espermatozóide tenha mais dificuldade para se - A pílula do dia seguinte deve ser tomada
movimentar e alcançar o óvulo. Portanto, não chega a
frequentemente? Falso
haver a formação do embrião.

Como atua? - A pílula do dia seguinte inibe a ovulação? Verdadeiro

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-A pílula do dia seguinte é composta essencialmente por ocasionais e com uma maior duração, ausência de
progesterona? Verdadeiro menstruação e, no caso de mulheres que estão a amentar,
uma amenorreia pós-parto prolongada. As pilulas só de
progestagéneo também podem causar dores de cabeça,
tonturas, alterações do humor, uma maior sensibilidade
2. Enumere 4 efeitos secundários da toma da pílula do
dos seios, dor abdominal, náuseas e vómitos.
dia seguinte.
Quem pode e quem não pode usar estas pílulas?
Resposta - Cefaleias, náuseas/vómitos, fadiga,
mastalgia, pequena hemorragia vaginal, antecipação da Este método contracetivo é seguro e eficaz para quase
menstruação, desregulação da menstruação. todas as mulheres, inclusive mulheres que estejam
amamentando (iniciando 6 semanas depois do parto),
que já tiveram filhos ou não, mulheres de todas as idades
3. Quais os objetivos da pílula do dia seguinte? (adolescentes e mulheres acima de 40 anos), que
acabaram de ter um aborto espontâneo ou induzido ou
Resposta - Bloquear a ovulação e com isso dificultar a uma gravidez ectópica, que tenham anemia atualmente
incidência da gravidez. ou a tiveram no passado e mulheres infetadas com o
HIV, estejam ou não em terapia antirretroviral
Pílula Hormonal só de
Porém, em mulheres que estejam a amamentar há
Prosgestagéneo menos de 6 semanas após o parto, que apresentem
coágulos sanguíneos nas veias profundas das pernas ou
O que são as pilulas de progestagéneo? dos pulmões, que teve cancro de mama há mais de 5
anos e o mesmo não retornou, que tenha tumor, infeção
As pílulas de prosgestagéneo são pílulas que contêm ou doença aguda no fígado e, por fim, que esteja a tomar
doses muito baixas de um progestagéneo, sendo este barbitúricos, carbamazepina, oxcarbazepina, fenitona,
muito semelhante à hormona natural progesterona, primidona, topiramato ou rifampicina, é contraindicada
existente no corpo da mulher. a administração deste método contracetivo.
Estas pilulas, também conhecidas como “minipílulas”, Como estas pílulas devem ser usadas?
não contêm estrogénio e, por isso, podem ser usadas
durante a amamentação. Este método contracetivo causa Devem ser fornecidas à mulher o máximo de cartelas
o espessamento do muco cervical (fator que bloqueia/ possíveis (até suprimento de um ano. De seguida, será
dificulta a movimentação dos espermatozoides) e necessário explicar o tipo de cartela que existem e que
origina uma interrupção do ciclo menstrual, impedindo todas as pílulas presentes na cartela apresentam a
inclusive a ovulação mesma cor e são pílulas ativas, contendo uma hormona
Qual a eficácia destas “minipílulas”? que impedirá a ocorrência de gravidez. Após esta
explicação, será necessário informar a mulher que é
A eficácia deste método contracetivo depende de apenas tomada uma pílula por dia, até esvaziar a cartela,
mulher para mulher. que esta deve ser sempre tomada no mesmo horário e
que não se faz nenhuma interrupção entre cartelas
No caso de mulheres que têm menstruação, o (quando a mulher acabar a cartela, inicia a próxima logo
risco de gravidez é maior se as pílulas foram tomadas no dia seguinte), pois é muito importante que assim
com atrasos no horário ou de deixarem de ser tomadas aconteça de modo a evitar uma gravidez indesejada.
totalmente. É de extrema importância que uma mulher tome a
Caso seja a mulher que está a amamentar, se pílula só de progestagéneo no mesmo horário porque
estas pílulas forem tomadas todos os dias no mesmo esta contem uma quantidade muito pequena da hormona
horário, apresentam uma eficácia maior e tomar a pílula com mais de 3 horas de atraso pode
reduzir sua eficácia em mulheres que não estejam
Quais são os efeitos colaterais? amamentando. Mulheres que estejam a amamentar
dispõem de proteção adicional contra a gravidez
Algumas usuárias relataram que apresentaram proporcionado pela amamentação, por isso ingerir as
alterações nos padrões da menstruação, como por pílulas com atraso não é tão arriscado.
exemplo, hemorragias frequentes, irregulares,

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Perguntas elaboradas pelo grupo:

1. Assinale com V e F as seguintes opções, relativas à


Pílula Hormonal Só de Progestogénio:

- Este tipo de pílula contém uma hormona que impedirá


a ocorrência de gravidez. V

- Esta pílula deverá ser tomada com intervalo entre as


cartelas. F

- A pílula deve ser tomada no horário em que a mulher


preferir. F

- A mulheres que estejam a amamentar se tomarem a


pílula com atraso não é tão arriscado pois dispõe de
proteção adicional contra a gravidez pela
amamentação. V

- Esta pílula ao ter uma quantidade pequena de hormona


deve ser tomada sempre no mesmo horário sem
artasos. V

- A pílula deve ser tomada uma vez por dia, até esvaziar
a cartela, não interrompendo entre uma cartela e outra.
V

2. É de extrema importância que uma mulher tome a


pílula só de progestagéneo no mesmo horário porque
esta contem uma quantidade muito pequena da hormona
e tomar a pílula com mais de 3 horas de atraso pode
reduzir sua eficácia em mulheres que não estejam
amamentando. Mulheres que estejam a amamentar
dispõem de proteção adicional contra a gravidez
proporcionado pela amamentação, por isso ingerir as
pílulas com atraso não é tão arriscado.

Selecione uma opção:

- Verdadeiro

- Falso

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