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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO........................................................................................................ 3
2 FISIOLOGIA DA FECUNDAÇÃO ........................................................................... 4
2.1 O ciclo ovariano .................................................................................................. 4
2.2 A fecundação ...................................................................................................... 8
2.3 Os anexos embrionários ................................................................................... 10
3 FISIOLOGIA DA GESTAÇÃO .............................................................................. 12
3.1 A gestação ........................................................................................................ 12
3.2 Alterações fisiológicas ...................................................................................... 13
3.3 Principais hormônios envolvidos no período gestacional e suas funções ........ 34
4 FISIOLOGIA DO PARTO ..................................................................................... 39
5 REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA ......................................................................... 43

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1 INTRODUÇÃO

Prezado aluno!

O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante ao


da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um aluno
se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma pergunta, para
que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é que esse aluno faça
a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a resposta. No espaço virtual,
é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas poderão ser direcionadas ao
protocolo de atendimento que serão respondidas em tempo hábil.
Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa
disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das
avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora que
lhe convier para isso.
A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser seguida
e prazos definidos para as atividades.
Bons estudos!

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2 FISIOLOGIA DA FECUNDAÇÃO

Fonte: bit.ly/3DA92ha

A fisiologia é o ramo das ciências biológicas que estuda o funcionamento e as


funções dos seres vivos. A fisiologia da fecundação inclui, portanto, uma descrição das
etapas da fertilização e todo o conhecimento da reprodução humana. Este estudo
começa com a compreensão das células germinativas originais que residem no embrião
e se diferenciam em gametas. Neste capitulo você aprendera sobre o ciclo ovariano,
fecundação e a formação dos anexos embrionários.

2.1 O ciclo ovariano

A idade reprodutiva feminina normal é caracterizada por flutuações rítmicas


mensais na secreção do hormônio feminino, correspondendo a alterações nos ovários e
outros órgãos genitais. Esse padrão rítmico é conhecido como ciclo ovariano feminino
(mais precisamente, ciclo menstrual). O ciclo dura em média 28 dias. Ciclos menstruais
longos duram 45 dias e curtos 20 dias embora o ciclo de duração anormal esteja, com
frequência, associado à menor fertilidade. O ciclo sexual feminino tem duas
consequências importantes. Primeiro, em condições normais, apenas um óvulo é liberado
do ovário a cada mês, então geralmente apenas um feto começa a se desenvolver de
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cada vez. Em segundo lugar, o endométrio uterino antecipadamente é preparado para a
implantação do óvulo fertilizado (GUYTON; HALL, 2011).
De acordo com os autores, as gônadas compõem os órgãos sexuais feminino e
masculino, bem como as glândulas acessórias, ductos e estruturas reprodutivas, também
chamadas de genitálias. As gônadas constituem os ovários nas mulheres e testículos nos
homens, liberam os gametas ou células germinativas: ovócito e espermatozoide.
Iniciaremos exemplificando as partes do aparelho reprodutor feminino e suas
funções. Externamente a genitália feminina possui uma dobra de pele chamada de
grandes lábios. Internamente, identificamos outra estrutura formada por uma dobra de
pele um pouco menor, que compõem os pequenos lábios, e o clitóris, que é uma pequena
porção de tecido sensorial erétil. Logo abaixo do clitóris encontra-se o meato urinário e,
a vagina. Observe na Figura 1 as estruturas do aparelho reprodutor feminino.

Figura 1 - Composição do aparelho reprodutor feminino.

Fonte: Guyton; Hall (2011, p. 1041).

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Abordaremos agora o chamado ciclo ovariano, cuja duração, em média, é de 28
dias. A principal característica é exatamente essa: ser um ciclo, diferentemente do sexo
masculino, no qual a produção dos gametas ocorre de forma contínua. Os gametas
femininos são desenvolvidos em ciclos mensais (média de 28 dias, variando entre 24 e
35 dias), e o ciclo ovariano influencia o ciclo menstrual, que ocorre no útero.
Acompanhe, na Figura 2, o esquema visual para o ciclo ovariano. É interessante
observar as diferentes morfologias dos folículos primário, secundário, terciário, ovócito
ovulado, corpo lúteo e o corpo lúteo em regressão.

Figura 2 - Estágios do crescimento folicular no ovário, mostrando também a formação


do corpo lúteo.

Fonte: Guyton; Hall (2011, p. 1043).

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A Figura 2 mostra os estágios progressivos do crescimento folicular nos ovários.
Logo após o nascimento em uma criança do sexo feminino, cada óvulo é circundado por
camada única de células da granulosa; o óvulo, com esse revestimento de células da
granulosa, é denominado folículo primordial, como mostrado na figura. Ao longo de toda
infância, as células da granulosa nutre cada óvulo e secretem um fator inibidor da
maturação do oócito que mantém o óvulo parado em seu estado primordial, no estágio
de prófase da divisão meiótica. Alcançando a puberdade, quando FSH e LH da hipófise
anterior começam a ser secretados, os ovários, em conjunto com alguns dos folículos em
seu interior, começam a crescer.
O aumento moderado do óvulo é o primeiro estágio de crescimento folicular é,
onde o diâmetro aumenta por duas a três vezes. Logo em seguida ocorre o crescimento
de outras camadas das células da granulosa, conhecidos como folículos primários.
Logo nos primeiros dias de cada ciclo sexual mensal feminino, as concentrações
de FSH e de LH, secretados pela hipófise anterior, aumentam, esse aumento do FSH é
ligeiramente maior do que o de LH e o precede em alguns dias. Esses hormônios,
especialmente o FSH, induzem o crescimento de seis a 12 folículos primários por mês.
Inicialmente ocorre uma rápida proliferação das células da granulosa, levando ao
aparecimento de muitas outras camadas dessas células (GUYTON; HALL, 2011).
Ainda segundo autor, as células fusiformes derivadas do interstício ovariano,
unem-se em diversas camadas por fora das células da granulosa, acarretando ao
aparecimento de uma segunda camada de células, conhecida como teca, que se dividem
em duas camadas. As células adquirem características epitelioides semelhantes na teca
interna, e desenvolvem a capacidade de secretar mais hormônios esteroides (estrogênio
e progesterona). Já na teca externa, é formada a cápsula de tecido conjuntivo muito
vascular, que passa a ser a cápsula do folículo em desenvolvimento.
Logo após a fase proliferativa inicial do crescimento que pode durar alguns dias, a
massa de células da granulosa secreta um líquido folicular que contém estrogênio em
alta concentração, um dos hormônios sexuais femininos mais importantes. O que
acarreta ao aparecimento do antro dentro da massa de células da granulosa, como
mostrado na Figura 2.

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Inicialmente ocorre o crescimento do folículo primário até o estágio antral
estimulado, principalmente, pelo FSH. Em seguida, ocorre crescimento muito acelerado,
levando a folículos ainda maiores, denominados folículos vesiculares.
Os seguintes fatores acarretam o crescimento acelerado: (1) o estrogênio é
secretado no folículo e faz com que as células da granulosa formem quantidades cada
vez maiores de receptores de FSH, o que leva a efeito de feedback positivo, uma vez que
as células da granulosa ainda mais sensíveis ao FSH. (2) O FSH hipofisário e os
estrogênios juntos ligam-se a receptores de LH nas células originais da granulosa,
permitindo, assim, que ocorra a estimulação do mesmo além da estimulação do FSH, o
que leva a secreção folicular acelereda.
Resumidamente após a ovulação, as células secretoras dos folículos residuais se
desenvolvem em corpo lúteo que secreta grande quantidade dos principais hormônios
femininos, estrogênio e progesterona. Passado 2 semanas, o corpo lúteo degenera,
levando a diminuição dos hormônios ovarianos estrogênio e progesterona, surgindo a
menstruação. Um novo ciclo ovariano, então, se segue (GUYTON; HALL, 2011).

2.2 A fecundação

Após a ejaculação durante a relação sexual, alguns espermatozóides são seguem


por 5 a 10 minutos na direção ascendente da vagina e através do útero e das trompas de
Falópio até as ampolas das trompas próximas às terminações ovarianas. Contrações do
útero auxiliam no transporte dos espermatozóides ate as trompas de Falópio, estimuladas
por prostaglandinas no líquido seminal masculino e também por ocitocina liberada pela
hipófise posterior da mulher durante o seu orgasmo. Cerca da metade dos bilhões de
espermatozóides depositados na vagina, alguns milhares chegarão a cada ampola
(WIDMAIER et al., 2017).
Para que ocorra gravidez, a introdução do espermatozoide precisa ocorrer de 5
dias antes a 1 dia depois da ovulação. Isso se deve ao fato de que o espermatozoide,
após sua ejaculação na vagina, mantém sua capacidade de fertilizar um óvulo por um
período de 4 a 6 dias, e o óvulo que sofreu ovulação permanece viável por apenas 24 a
48 horas.
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A fertilização começa com a fusão do espermatozóide e do óvulo na tuba uterina,
geralmente algumas horas após a ovulação. Em geral, o óvulo deve ser fertilizado dentro
de 24 a 48 horas após a ovulação. Muitos espermatozoides se movem entre as células
da granulosa que ainda circundam o óvulo (formando a corona radiata) se ligam à zona
pelúcida (Figura 3).

Figura 3 - Fertilização e bloqueio da polispermia. O retângulo na parte superior indica a


área aumentada na imagem abaixo. O tamanho do espermatozoide está exagerado
para maior clareza.

Fonte: Widmaier et al (2017 p. 974).

As glicoproteínas da zona pelúcida atuam como receptores para as proteínas da


superfície do espermatozoide. A cabeça do espermatozoide contém muitas dessas
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proteínas e, portanto, liga-se simultaneamente a vários receptores espermáticos na zona
pelúcida. Essa conexão desencadeia a chamada reação acrossômica: a membrana
plasmática da cabeça do espermatozóide muda para que as enzimas do acrossoma
ligadas à membrana abaixo estejam agora expostas ao ambiente externo - ou seja, a
zona pelúcida. As enzimas quebram o caminho através da zona pelúcida à medida que
os espermatozoides usam suas caudas para passar por esse revestimento. O primeiro
espermatozóide que passa por toda a zona pelúcida e atinge a membrana plasmática do
oócito se funde com essa membrana, em seguida a cabeça do espermatozoide então
penetra lentamente no citosol do óvulo (WIDMAIER et al; 2017).

2.3 Os anexos embrionários

Você pode observar ate aqui a complexidade da reprodução humana, desde a


formação das células germinativas até seu encontro, gerando a fecundação. Ocorrendo
a fertilização do ovócito pelo espermatozoide na tuba uterina, a partir daí uma intensa
divisão celularse inicia (duas, quatro, oito, 16 até centenas de células) ao mesmo tempo
em que esse conjunto de células se desloca em direção ao útero para a implantação no
endométrio.
De acordo com Silverthorn (2017), o blastocisto é uma cavidade oca com mais de
100 células. Suas camadas externas formam o córion, membrana extraembrionária, que
eenvolve o embrião e forma a placenta. As células internas do blastocisto formarão o
embrião e outras membranas, como o âmnio, o alantoide e o saco vitelino. O âmnio é
responsável pela secreção do líquido amniótico no qual o embrião boiará; o alantoide
torna-se o cordão umbilical.
Para que ocorra a infiltração na parede uterina é secretado pelas céluas externas
do blastócito enzimas, consequentemente as células do endométrio crescem e recobrem
o blastócito até ele ficar totalmente implantado no endométrio. Sequencialmente o córion
forma a placenta com as vilosidades coriônicas, responsáveis pela absorção dos
nutrientes e gases do sangue materno. O sangue fetal e o materno não se misturam, e
são transportadas por difusão simples ou transmembrana (SILVERTHORN, 2017).

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Concluindo, observe a Figura 4A, que mostra o desenvolvimento embrionário e os
anexos: placenta, cordão umbilical, saco vitelino, cório e âmnio. A Figura 4B demonstra
um recorte ampliado da placenta, onde ocorre a dinâmica da absorção de nutrientes,
gases, anticorpos do sangue materno e liberação das toxinas do embrião para serem
excretados pelo organismo materno.

Figura 4 - (a) Embrião em desenvolvimento e os anexos embrionários. (b) Ampliação das


vilosidades coriônicas da placenta e a relação com a absorção de nutrientes, gases e
anticorpos maternos.

A B

Fonte: Silverthorn (2017, p. 829).

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3 FISIOLOGIA DA GESTAÇÃO

Fonte: bit.ly/3gKf7Pl

Durante a gestação ocorrem várias adaptações fisiológicas que acabam afetando


o organismo materno. Decorrente ao fato parâmetros laboratoriais plasmáticos e urinários
apresentam-se alterados principalmnete nos dois últimos trimestres (FERREIRA et al.,
2016). Neste capítulo, você conhecerá os principais fatores fisiológicos que exercem
maior influência nas alterações do organismo materno.

3.1 A gestação

Segundo Ferreira et al. (2016), o primeiro trimestre da gravidez é caracterizado


por importantes alterações biológicas devido à intensa divisão celular que ocorre nesta
fase. A saúde do embrião depende do estado nutricional da mãe antes da gravidez, não
apenas em termos de suas reservas energéticas, mas também em termos de vitaminas,
minerais e oligoelementos. A natureza biológica seria muito contraditória se não fosse
assim, pois nesse período a mulher sofre com náuseas e vômitos devido à nova fase
hormonal, que faz com que ela fique sem alimentação. Mesmo que essa mãe coma

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bolachas e água por um dia e perca peso (dentro dos limites adequados), isso não
prejudicará o feto.
As adaptações maternas mais importantes à gravidez são mediadas
principalmente pela placenta, que é considerada a interface funcional entre mãe e feto e
secreta hormônios maternos e fatores de crescimento que têm efeitos fisiológicos.
O segundo e terceiro trimestres fazem parte da segunda fase da gestante, onde
as condições ambientais afetam diretamente o estado nutricional do feto. Peso suficiente,
ingestão alimentar, fator emocional e estilo de vida são fatores decisivos para o
crescimento e desenvolvimento normal do feto. Esta fase dura aproximadamente 28
semanas, período relativamente curto em termos de morbimortalidade materna e fetal.
Portanto, a disciplina da gestante, relacionada ao seu estilo de vida e à qualidade do pré-
natal, é responsável pelas consequências imediatas e futuras tanto para a mãe quanto
para o filho (FERREIRA et al., 2016).
O Quadro 1, a seguir, apresenta essa diferenciação celular nos períodos
gestacionais e o aumento de peso do feto nas últimas 10 semanas.

Quadro 01 - Diferenciação celular nos períodos gestacionais e aumento de peso do feto


nas últimas 10 semanas.
Idade gestacional Tipo de Velocidade Peso médio do feto
crescimento

1ª Trimestre (12 semanas). Hiperplasia Lenta 12ª~=300g


2ª Trimestre (13-27 semanas). Hiperplasia e Acelerada 27ª~=1.000g
hipertrofia

3ª Trimestre (acima de 28 Hipertrofia Máxima 38ª~=3.000g


semanas).

Fonte: Adaptado Ferreira et al. (2016).

3.2 Alterações fisiológicas

A seguir, serão apresentadas as principais alterações fisiológicas que ocorrem


durante o período gestacional:
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Composição corporal e ganho de peso

Segundo Guyton e Hall (2017), a mais aparente dentre as diversas reações da


mãe ao feto e os altos níveis de hormônios da gravidez é o aumento de tamanho dos
vários órgãos sexuais. Por exemplo, o útero aumenta de aproximadamente 50 gramas
para 1.100 gramas, e as mamas quase dobram de tamanho. Ao mesmo tempo, a vagina
aumenta, e o introito se expande mais. Além disso, os diversos hormônios podem causar
mudanças acentuadas na aparência da gestante, às vezes resultando no
desenvolvimento de edema, acne e traços masculinos ou acromegálicos.
Em média, a gestante engorda durante a gravidez cerca de 11 kg a 15 kg, e grande
parte desse ganho de peso ocorre nos últimos dois trimestres. Desse peso adicional,
cerca de 3,5 kg são do feto e 2 kg do líquido amniótico da placenta e das membranas
fetais. O útero aumenta perto de 1,3 kg, e as mamas outro 1 kg, ainda restando aumento
médio de peso de 3,4 kg a 7,8 kg. Cerca de 2 kg são líquido extra no sangue e no líquido
extracelular, e geralmente o restante 1,3 kg a 5,6 kg é acúmulo de gordura.
O líquido extra é eliminado na urina, nos primeiros dias após o parto, ou seja,
depois da perda dos hormônios retentores de líquido da placenta. Durante a gravidez, a
mulher normalmente sente mais vontade de comer, em parte como consequência da
remoção de substratos alimentares do sangue materno pelo feto e em parte devido a
fatores hormonais. Sem o controle pré-natal apropriado da dieta, o ganho de peso da
mulher pode ser tão grande quanto 34 kg, em vez dos usuais 11 kg a 15 kg (GUYTON;
HALL, 2017).
O principal objetivo de identificar a desnutrição em mulheres antes da gravidez é
atingir o maior número possível de mulheres com baixas reservas energéticas e, assim,
encaminhá-las para tratamento diferenciado para reduzir os riscos de desnutrição
intrauterina e complicações maternas e fetais resultantes desse processo.
Portanto, o peso da mãe depende de seu estado nutricional pré-gestacional. As
mulheres que estavam desnutridas antes da gravidez deveriam ganhar mais peso,
enquanto as mulheres que estavam acima do peso ou obesas antes da gravidez
deveriam ganhar menos peso.

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O Quadro 2, a seguir, apresenta o ganho de peso de acordo com o estado
nutricional pré-gestacional.

Quadro 02 - Ganho de peso da gestante e estado nutricional pré-gestaocional.

IMC (Kg/m3) Ganho de peso total Ganho de peso semanal


pré - gestacional (Kg) (g/semana)
<19,8 (baixo peso) 12,5-18 500 a partir do 2° trimestre

19,26 (eutrofia) 11,5-16 400 a partir do 2° trimestre

26,1-29(sobrepeso) 7,0-11,5 300 a partir do 2° trimestre

>29 (obesidade) 7,0-9,1 200 a partir do 2° trimestre

Fonte: Adaptado de Ferreira et al. 2016.

O Quadro 3, abaixo, o maior ganho de peso é devido ao feto, seguido do líquido


amniótico e da placenta. O restante é devido ao aumento dos tecidos maternos, incluindo
o útero e as glândulas mamárias, o tecido adiposo (gordura), o sangue materno volume
e o líquido extracelular. Nas primeiras 10 a 13 semana de gestação ocorre um ganho de
peso próximo a 5%; o restante ocorre relativamente de modo uniforme durante o resto
da gravidez, a uma taxa média de aproximadamente 400 a 450 g por semana.

Quadro 03 - Peso de cada componente da gestação


Componentes da Ganho de peso
gestação (Kg)

Feto 3,5
Reserva de gordura 3,3
Volume de liquido 1,8
materno
Liquido amniótico 0,8
Volume sanguíneo 1,3
Útero e músculos 1
Mamas 0,8

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Placenta 0,70
Ganho de peso total 13,2
Fonte: Adaptado de Ferreira et al. (2016).

O ganho de peso excessivo durante a gravidez está associado a uma série de


complicações semelhantes às associadas ao sobrepeso e à obesidade (por exemplo,
pressão alta e diabetes gestacional). Além disso, o ganho de peso extremo durante a
gravidez provavelmente fará com que a puérpera fique com sobrepeso e obesidade. Por
outro lado, o baixo peso gestacional em mulheres com baixo peso ou peso normal antes
da gravidez está associado ao risco de ser pequeno para a idade gestacional (PIG).

Composição e volume sanguíneos

Um dos fatores fisiologicos observados na gestação é a alteração no volume


sanguíneo que aumenta em aproximadamente 50% ate o final da gestação. Os eritrócitos
e hemoglobina aumentam em 20%. Essa diluição fisiológica promove queda de 20% da
hemoglobina plamática, 15% no hematócrito. Contudo, o volume corpuscular médio
(VCM) e a concentração média de hemoglobina permanecem inalterados em pacientes
não-anêmicas. Ainda com o aumento do volume sanguíneo ocorre a diminuição de
albumina sérica, outras proteínas séricas e vitaminas hidrossolúveis. Por outro lado, as
concentrações séricas de vitaminas lipossolúveis e frações lipídicaa, como triglicerídeos,
colesterol e ácidos graxos livres podem aumentar (FERREIRA et al., 2016).
A maioria das mulheres grávidas precisa de suplementos de ferro. As mulheres
podem começar a gravidez com reservas de ferro relativamente baixas devido à depleção
durante a menstruação. O feto precisa de cerca de 300 mg de ferro por dia; uma mulher
precisa de 500 mg/dia adicionais de ferro principalmente no segundo trimestre, porque a
massa de glóbulos vermelhos na circulação aumentou. Além do aumento da necessidade
de ferro, a diminuição da acidez gástrica pode impedir a absorção desse elemento. É por
isso que muitos profissionais de saúde prescrevem suplementos de ferro durante a
gravidez para prevenir a anemia.

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De acordo com Ferreira et al. (2016), as necessidades de ácido fólico também
aumentam durante a gravidez para prevenir a anemia megaloblástica materna (glóbulos
vermelhos grandes e disfuncionais), que tem sido associada a um risco aumentado de
defeitos do tubo neural. Como o ácido fólico ajuda a sintetizar o DNA necessário para o
rápido crescimento celular, as mulheres devem, idealmente, começar a tomá-lo pelo
menos três meses antes de engravidar. Recomenda-se que todas as mulheres em idade
reprodutiva que podem engravidar consumam 400 µg/dia (0,4 mg/dia) de ácido fólico.
Esta ingestão extra ajuda a mulher a produzir mais glóbulos vermelhos e apoia o
crescimento da placenta e do feto. Também pode ajudar a reduzir outros defeitos
congênitos, como fenda palatina, lábio leporino e alguns defeitos cardíacos.

Função cardiovascular e pulmonar

Importantes alterações ocorrem no sistema cardiovascular da mulher durante a


gestação. Essas mudanças são necessárias para a circulação placentária e fetal
adequada (ORSHAN, 2010).
O sistema cardiovascular também sofre alterações durante a gestação. O coração
se eleva, em aproximadamente 12%, pela posição e pelo aumneto da pressão
intrauterina. O débito cardíaco aumenta de 30 a 40% devido a circulação placentária
(625mL/min) nas fases iniciais, aumentando o trabalho cadíaco, devido aumento da
frequência cadiaca e do volume sistólico, possivelmnete devido as alterações
decorrentes do volume sanguíneo, do retorno vesnoso e dos hormônios circulantes
(FERREIRA et al., 2016).
Ainda segundo autor, nos dois primeiros trimestres a pressão arterial cai,
decorrente da pressão diastólica, aumento da condutância periférica total e decremento
da pressão sistólica. A pressão venosa aumenta em membros inferiores, devido a
compressão das veias cavas inferiores e ilíacas pelo útero em crescimento, podendo
levar ao aparecimento de varizes em membros inferiores, na vulva e hemorroidas. Esse
maior represamento de sangue nos membros inferiores, caso o retorno de sangue
diminua significativamente, pode levar ao aparecimento de síndromes hipotensiva.

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A gestação afeta o sistema respiratório mais notadamente nos estágios finais. Em
consequência das crescentes demandas de oxigênio dos tecidos fetais e maternos, a
quantidade de oxigênio que a mulher usa aumenta em quase 20% no final da gestação.
Uma quantidade correspondente de dióxido de carbono também se forma. Os efeitos
dessas mudanças, que se acredita serem causadas pela progesterona, são o aumento
do esforço respiratório, a dispneia ocasional e a diminuição de PaCO2 ligeiramente
abaixo do normal.
O útero empurra o diafragma para cima devido crescimento. A compensação
resulta de troca gasosa pulmonar mais eficiente. As ações da progesterona e estrógeno
aumentam a sensbilidade e vascularização, dos centros respiratórios, levando a
hipervetilação para suprir o aumento de 20% da necessidade de oxigênio (FERREIRA et
al., 2016).

Quadro 04 - Mudanças fisiológicas na gestação e épocas esperadas

Trimestre Semana Mudanças fisiológicas

Primeiro 1a2 Implantação do blastócisto


6 Gonatropina coriônica Humana secretada
8 Naúseas e vômitos
10 a 12 Perfil do feto visivel na ultarssonografia
16 Coração fetal audivel no doopler
Mudança na pigmentação da pele
Possivel expressão do colostro

Segundo 18 a 20 Percepção dos movimentos fetais


Coração fetal audivel no sonar
20 Partes fetais palpáveis atraves da parede
abdominal
Lactogéno placentário humano secretado

Terceiro 27 Maior volume sanguíneo, aumento do


debito cardíaco e pulso
38 Aumento uterino, provocando hipotensão
postural supina, falta de ar, edema,
hemorroidas e lordose.
Insinuação

Fonte: Adapatado de Orshan (2010).

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Função gastrintestinal

Segundo Ferreira et al. (2016), durante a gravidez o trato gastrointestinal sofre


diversas modificações que afetam o estado nutricional. No primeiro trimestre, naúseas e
êmese ocorrem frequentemente. Desejos e aversões a alimentos são comuns. Ocorre o
relaxamento do músculo uterino devido o aumento das concentrações de progesterona,
possibilitando o crescimento fetal reduzindo a motilidade GI com reabsorção aumentada
de água, resultando em constipação. A diminuição da motilidade intestinal resulta da
pressão do feto em crescimento sobre o intestino e dos efeitos da progesterona,
provocando constipação. (Figura 4).

Figura 4 - O útero e o feto em crescimento empurram o fígado para cima, comprimem o


estômago e a bexiga e deslocam o diafragma para cima.

Fonte: Orshan (2010).

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Com o relaxamento do esfincter esofagiano inferior e a pressão no estômago
devido o crescimento uterino causam regurgitação e refluxo gátrico. Durante o segundo
e o terceiro trimestre ocorre um aumento da vesícula biliar, reduzindo sua capacidade de
esvaziar. A vesícula tende a tornar-se lenta, possivelmente devido aos efeitos da
progesterona sobre a musculatura lisa. A estase subsequente da bile e o aumento dos
níveis de colesterol na gestação podem predispor as mulheres a colelitíase (FERREIRA
et al., 2016).

Função do Sistema tegumentar

A pigmentação adicional geralmente ocorre devido ao aumento do hormônio


estimulador de melanócitos secretado pela glândula pituitária e aos efeitos estimulantes
de melanócitos do estrogênio e da progesterona (CUNNINGHAM et al., 2020).
Uma linha escura (linha nigra) do esterno a pube pode ser visível que divide o abdome
verticalmente em dois hemisférios (Figura 5).

Figura 5 - As mudanças na pele na gestação incluem a linha nigra e as estrias gravídicas.

Fonte: Cunningham et al. 2020.

Manchas escuras também podem aparecer em todo o rosto, principalmente no


nariz e bochechas - cloasma. Cloasma também é conhecido como uma "máscara de
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gravidez". A hiperpigmentação aumentada geralmente desaparece quando o hormônio
estimulador de melanócitos diminui durante o período pós-parto (CUNNINGHAM et al.,
2020). Tal pigmentação pode aparecer novamente com o uso de contraceptivos orais.
À medida que a gravidez avança, a pele do abdômen se expande. Isso causa
pequenos rasgos na camada conjuntival da pele, resultando no que chamamos de
estrias. Essas manchas nunca desaparecem completamente, mas tendem a amolecer e
tornar-se prateadas ou brancas quando o bebê nasce. As estrias podem aparecer em
seus seios à medida que crescem ou em outras partes do corpo à medida que você ganha
peso. Outros também acreditam que a massagem que acompanha o uso desses
produtos é benéfica na prevenção ou redução de alterações na pele.
À medida que a gravidez progride, o músculo reto pode esticar até o ponto de
separação. Isso é chamado de diástase. Quando isso acontece, uma forma piramidal
pode aparecer na parte inferior do abdome quando a mulher levanta a cabeça de uma
superfície plana e os músculos subjacentes se projetam da amputação. A gravida não
deve levantar pesos até 1-2 semanas após o parto.

Função Renal

Em decorrencia da gestação a taxa de filtração glomerular (TFG) aumenta em


torno de 50%, embora o volume urinário não modifique. Devido ao aumento do volume
sanguíneo a TFG aumenta com redução da creatinina sérica e concentrações de
nitrogênio da ureia. Ocorre a diminuição da reabsorção tubular renale a glicosúria pode
ocorrer juntamente com a excreção aumentada de vitaminas hidrossolúveis (FERREIRA
et al., 2016).

Quadro 5 - Modificações fisiológicas primordiais ocorridas durante a gestação.

Mudanças
cardiovasculares Mudanças respiratórias Modificações renais
Volume vascular: Volume respiratório Fluxo plasmático renal
hipervolemia efetivo
Condutância periférica Volume corrente Taxa de filtração
total glomerular

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Volume sistólico Pressão de gás Fração de filtração
carbônico
Débito cardíaco Capacidade residual Retenção primária
funcional eletrólitos - sódio
Pressão arterial sistólica Volume de reserva Limiar osmótico
inspiratória
Pressão arterial Alcalose respiratória Sensação de sede
diastólica
Fluxo sanguíneo tissular, Secreção de arginina e
em geral vasopressina
Retenção acumulada de
sódio
Secreção de fatores
natriuréticos – ANP
(peptídeo natriurético
atrial).
Fonte: Adaptada Ferreira et al. (2016).

Função do Sistema reprodutivo

As alterações relacionadas à gravidez afetam o útero, colo do útero, ovários,


vagina e mamas. As mudanças mais óbvias estão no útero, que aumenta gradualmente
para acomodar o feto em crescimento.

Útero
O útero durante a gravidez sofre um crescimento constante e previsível. O peso
aumentou de 50 g para 1100 g. Seu volume varia de 10 a 5.000 ml e a parede do útero
aumenta de 1 a 2 cm, tornando-se mais fina, elástica e com cerca de 1,5 cm de espessura
no final da gestação (CUNNINGHAM et al., 2020).
Por volta da sexta semana de gravidez, a parte inferior do útero logo acima da
cérvice fica bastante mole. Um médico pode confirmar esse achado realizando um exame
bimanual. Para este teste, uma pessoa insere um dedo na vagina e sente o abdômen
com a outra mão. O examinador mal consegue sentir a parte inferior do útero ou é muito
fino. O útero se inclina ligeiramente sobre o colo do útero. Esse amolecimento é chamado
de sinal de Hegar. (Figura 6).

22
Figura 6 – Sinal de Hegar

Fonte: Orshan (2010).

O sinal de Hegar na gestação é o amolecimento do segmento uterino inferior


imediatamente acima da cérvice. Na palpação, a área torna-se difícil de sentir ou parece
extremamente fina; além disso, o útero flexiona-se com mais facilidade sobre a cérvice.
As contrações uterinas começam por volta da 12ª semana de gravidez e continuam
enquanto persistirem. Sua intensidade aumenta à medida que a gravidez avança. As
mulheres podem experimentar contrações de Braxton-Hicks já no terceiro trimestre da
gravidez, isso contribui para o aumento do fluxo sanguíneo para a placenta, como
ondulações no útero, tais contrações podem ser sentidas e vistas na fita do monitor.
Durante os últimos meses de gravidez, eles podem aumentar tanto que os clientes os
confundem com dores de parto (CUNNINGHAM et al., 2020).
Após cerca de 20 a 24 semanas, a parede uterina é fina o suficiente para permitir
que os contornos do feto sejam palpados por um examinador experiente. Essa palpação,
chamada de método de Leopold, ajuda o especialista a determinar a posição do feto.
Também facilita a ausculta do coração fetal (CUNNINGHAM et al., 2020). Ainda segundo
autor, a altura do fundo (parte superior do útero) deve corresponder à semana
gestacional. Por exemplo, com 28 semanas de gestação, a distância da pube ao fundo
deve ser de aproximadamente 28 cm. Com 34 semanas de gestação, deve ser de 34 cm.

23
Com cerca de 38 semanas na primigesta, a altura uterina diminui ao nível da altura de 36
semanas. Esse fenômeno, denominado de insinuação, ocorre quando a cabeça fetal
encaixa na pelve em preparação para o parto.

Cérvice

O colo do útero torna-se vascularizado e inchado em resposta ao aumento do


estrogênio circulante da placenta. Os vasos sanguíneos aumentados tornam o colo do
útero roxo escuro em vez de rosa pálido. O aumento de fluido entre as células amolece
o colo do útero. (Figura 7).

Figura 7 - O enfermeiro avalia a altura da sínfise até o fundo uterino com uma fita métrica.

Fonte: Orshan (2010).

Esse amolecimento, sinal de Goodell, é significativo. A consistência do colo do


útero não grávida se assemelha à ponta do nariz, enquanto a consistência do colo do
útero grávida se assemelha ao lóbulo da orelha. Pouco antes do nascimento, o colo do

24
útero amolece até poder ser comparado à consistência da manteiga. A descoberta é
característica da 'maturidade para o nascimento (CUNNINGHAM et al., 2020).

Ovários

A ovulação é interrompida pelo feedback de estrogênio e progesterona produzidos


pelo corpo lúteo (início da gravidez) e placenta (final da gravidez). Esse feedback
interrompe a secreção do hormônio folículo-estimulante (FSH) e causa amenorreia
(ORSHAN, 2010).

Vagina

O estrogênio circulante altera o epitélio vaginal. O aumento da vascularização faz


com que a parede vaginal mude de cor de rosa pré-gravidez para roxo escuro (sinal de
Chadwick). O aumento do estrogênio também afeta o epitélio vaginal e os tecidos
subjacentes, fazendo com que eles inchem e se tornem ricos em glicogênio. Este tampão
mucoso atua como uma barreira para evitar a entrada de bactérias na vagina, prevenindo
a infecção do feto e das membranas (ORSHAN, 2010).
O pH das secreções vaginais muda de um valor alcalino acima de 7 para um valor
ácido de 4 ou 5. O principal culpado é o Lactobacillus acidophilus, uma bactéria que
prospera em um ambiente rico em glicogênio. Essa mudança de pH tem efeitos
benéficos, pois ajuda a evitar a entrada de bactérias na vagina durante a gravidez, mas
também tem um efeito desfavorável, pois proporciona um ambiente propício ao
crescimento de albicans, embora o tratamento de C. Albicans são projetados
principalmente para promover conforto, mas também precisam prevenir infecções no
recém-nascido ao passar pelo canal do parto durante o parto. O tratamento pode incluir
miconazol, clotrimazol ou nistatina.

25
Mamas

As alterações mamárias resultam de altos níveis de estrogênio e progesterona


circulantes e aumento do fluxo sanguíneo. No início da gravidez, as mulheres podem
relatar sintomas como formigamento, inchaço ou sensibilidade. À medida que a gravidez
progride, o tamanho da mama aumenta de cerca de 45 g na décima semana para cerca
de 405 g na quadragésima semana. As clientes necessitam de um sutiã maior para
acomodar o tamanho aumentado das mamas (ORSHAN, 2010).
Durante a gestação, as mamas da mulher crescem. As aréolas escurecem e
aumentam, e as glândulas sebáceas tornam-se maiores e podem ficar protuberantes.
(Figura 8).

Figura 8- Mamas na gestação

Fonte: Orshan (2010).


26
A aréola escurece e aumenta de tamanho. As glândulas sebáceas na aréola
(nódulos de Montgomery) aumentam e às vezes incham. As secreções dessas glândulas
ajudam a manter os mamilos intactos e evitam o ressecamento e rachaduras durante a
amamentação. Veias azuladas podem aparecer acima dos seios. Isto é devido ao
aumento da vascularização na área. Na 16ª semana, o mamilo pode começar a passar
colostro.

Função do Sistema urinário

Durante o início da gravidez, as mulheres podem urinar com mais frequência até
que o útero se mova para fora da pelve e alivie a pressão na bexiga. Essa frequência
retorna ao final da gravidez quando ocorre a insuinação e a cabeça do feto pressiona a
bexiga (ORSHAN, 2010).
No final da gravidez, a água corporal total aumenta cerca de 6,5 litros. Durante a
gravidez, os rins da mulher devem filtrar os excrementos fetais e maternos. Os rins
também devem ser capazes de lidar com o aumento do fluxo sanguíneo renal. O tamanho
do rim aumenta em quase 1,5 cm. A taxa de filtração glomerular e o fluxo plasmático
renal começam a aumentar no início da gravidez para atender às crescentes demandas
do sistema circulatório.
No início do segundo trimestre, a taxa de filtração glomerular aumenta em
aproximadamente 50% e permanece nesse nível durante toda a gestação. Em segundo
lugar, o fluxo plasmático renal aumenta simultaneamente em 30-60%, mas diminui do
final da gravidez ao termo e é aproximadamente 50% maior do que em mulheres não
grávidas. Esses aumentos resultam em níveis diminuídos de nitrogênio ureico no sangue
(BUN) e creatinina. Aminoácidos e vitaminas hidrossolúveis são perdidos na urina em
grandes quantidades (ORSHAN, 2010).
A frequência urinária na gestação está relacionada com a mudança de posição do
útero à medida que o feto cresce. (Figura 9).

27
Figura 9 - Mudança de posição do útero à medida que o feto cresce

(A) No início da gestação, a pressão do útero contra a bexiga provoca o aumento da frequência urinária.
(B) No segundo trimestre, a posição uterina muda, aliviando a pressão na bexiga. (C) No final da
gestação, o útero mais uma vez é pressionado sobre a bexiga, aumentando a frequência.
Fonte: Orshan (2010).

O aumento do índice de filtração glomerular, do hormônio antidiurético (ADH), das


prostaglandinas e da progesterona e a diminuição da resistência vascular fazem com que
a mulher excrete sódio. O corpo aumenta a reabsorção de sódio nos túbulos renais para
manter a pressão osmótica. A progesterona aumenta as respostas do sistema renina-
angiotensina-aldosterona, aumentando a produção de aldosterona e auxiliando na
reabsorção de sódio. Estrogênio e cortisol também afetam o aumento da ingestão de
sódio (CUNNINGHAM et al., 2020).
Ainda segundo autor, quanto maior a taxa de filtração glomerular, mais glicose é
filtrada nos túbulos renais. A reabsorção de glicose pelas células tubulares ocorre a uma
taxa constante, de modo que parte da glicose é eventualmente excretada na urina
durante a gravidez. Da mesma forma, quando os níveis séricos de glicose estão baixos,
a glicose é excretada na urina.
Altos níveis de progesterona aumentam o diâmetro do ureter. A compressão
ureteral do útero aumentado e do plexo venoso ovariano e a pressão do ureter contra a
borda pélvica podem causar hidronefrose e hidroureter. A compressão da uretra pode
impedir que a bexiga esvazie adequadamente, o que pode levar à infecção. Mais tarde

28
na gravidez, o útero em crescimento exerce pressão sobre a bexiga, causando retenção
urinária e pielonefrite. Essas infecções são importantes porque aumentam o risco de
parto prematuro.

Sistema musculoesquelético

Segundo Orshan (2010), as necessidades de cálcio e de magnésio aumentam


porque os ossos fetais estão em formação e os níveis plasmáticos estão baixos. A ingesta
de cálcio deve ser de 1.300 mg/dia nas gestantes de 18 anos ou menos e de 1.000 mg/dia
naquelas com mais de 18 anos. A ingesta de magnésio deve ser de 400 mg/dia para as
primeiras e de 350 mg/dia para as últimas. Alguns estudos demonstram que a
suplementação de cálcio é eficaz na redução da incidência de pré-eclâmpsia, enquanto
outros não encontraram nenhum efeito.
À medida que a gestação progride, as articulações pélvicas tornam-se mais
flexíveis sob a influência da relaxina. Essa maior flexibilidade facilita o parto do feto, mas
também pode causar desconforto para a mulher. Às vezes, a sínfise púbica separa-se
até 3 a 4 mm, provocando dificuldade para caminhar (ORSHAN, 2010).
Segundo o autor, o peso crescente do feto e a protrusão do abdome causam
lordose, uma curvatura anterior anormal da coluna na região lombar, enquanto a mulher
tenta manter o centro de gravidade. Ela pode, posteriormente, apresentar dor lombar
crônica.

Diferenças fisiológicas relacionadas com idade e raça ou etnia

Muitas mudanças fisiológicas são comuns a todas as mulheres durante a


gestação, independentemente da idade, da raça ou da etnia. Algumas diferenças, no
entanto, são exclusivas de determinadas faixas etárias ou de pessoas de uma raça ou
etnia específica (PACHECO et al., 2018). (Figura 10).

29
Figura 10- Mudanças progressivas na postura materna durante a gestação.

Fonte: bit.ly/3Dqwlc8

Mães adolescentes que ainda não terminaram de crescer podem estar em maior
risco de complicações relacionadas, como desproporção cefalopélvica (DPC), o que
aumenta a probabilidade de cesariana. Baixo peso ao nascer, parto prematuro e
gravidez. Há um risco aumentado de bebês nascer com hipertensão (HIG), embora
alguns estudos sugiram que o risco HIG esteja relacionado ao parto e não à idade. Tais
riscos são maiores em adolescentes jovens, especialmente aquelas que concebem nos
primeiros dois anos da menarca. Riscos como má nutrição, problemas de saúde e
problemas relacionados à pobreza também podem afetar negativamente a gravidez
(PACHECO et al., 2018).
As mulheres acima de 35 anos apresentam maiores incidências de condições
preexistentes, como diabete e hipertensão. A hipertensão preexistente aumenta o risco
de desenvolvimento de descolamento prematuro da placenta e de hipertensão induzida

30
pela gestação, que podem resultar em recém-nascidos de baixo peso. O risco para parto
cesáreo é maior para essas mulheres. Têm sido levantadas dúvidas sobre as taxas mais
elevadas de parto prematuro e cesáreo estarem relacionadas com a maior incidência de
complicações maternas ou simplesmente com o aumento da idade.
Existem poucos estudos identificando as diferenças entre os grupos minoritários
ou as alterações entre as mulheres em idade reprodutiva nesses grupos. As mulheres
mexicano-americanas geralmente dão à luz bebês com maior peso do que as afro-
americanas e as brancas com fatores de risco similares. Os bebês de baixo peso ao
nascer que são filhos de mulheres mexicano-americanas têm, no entanto, um índice de
mortalidade mais alto do que qualquer dos dois outros grupos. Um estudo constatou que
as afro-americanas tinham três vezes mais probabilidade e as asiático-americanas duas
vezes mais chance de dar à luz um bebê com baixo peso ao nascer do que as brancas,
independentemente de idade, paridade, educação ou nível de pobreza (PACHECO et al.,
2018).
Várias doenças ou alterações que podem afetar a gestação parecem ser
prevalentes em mulheres em idade reprodutiva de diferentes antecedentes étnicos ou
raciais. A incidência de diabete é maior entre as nativas americanas e as afro-
americanas. A tuberculose é mais prevalente nas primeiras e nas asiáticas. A hipertensão
preexistente é mais frequente em afro-americanas, assim como a anemia falciforme. A
doença de Tay-Sachs é mais comum na população judaica Ashkenazi. Já a talassemia é
mais comum nas mulheres do Mediterrâneo, do Oriente Médio e do sudeste da Ásia.
As afro-americanas têm maior risco de morrer por causas relacionadas com a
gestação, como hemorragia, hipertensão induzida pela gestação e embolia pulmonar, do
que as mulheres brancas. Algumas razões sugeridas para essa diferença incluem acesso
diferenciado ao cuidado, bem como qualidade e conteúdo do atendimento. As afro-
americanas e as de outras minorias étnicas apresentam maior índice de mortalidade
neonatal do que as brancas (PACHECO et al., 2018).

31
Alterações nutricionais

A gravidez está associada ao aumento da demanda energética, incluindo o gasto


energético, devido à alta taxa metabólica basal (TMB). Esse aumento na TMB é devido
ao aumento do consumo de oxigênio devido ao aumento do trabalho nas funções
circulatória, respiratória e renal da mãe, bem como ao aumento da massa tecidual. A
magnitude do aumento da TMB durante a gravidez varia consideravelmente entre as
mulheres, mas as razões para essa variação não são totalmente compreendidas (SALLY,
2018).
Assim, segundo autor, vários fatores adicionais podem ser responsáveis pela
variabilidade na resposta da TMB à gravidez, como, por exemplo, a variação na
magnitude do aumento do trabalho cardíaco. Esse aumento é considerado responsável
por aproximadamente 40% do aumento no consumo de oxigênio no final do 1º trimestre
e 25% do aumento no final do 2º trimestre. Além disso, os aumentos nas concentrações
séricas do fator de crescimento I (IGF-I) semelhante à insulina durante a gravidez estão
relacionados com o aumento da TMB, pois sabe-se que tais concentrações estão
correlacionadas com o peso corporal durante a gravidez e variam em resposta à ingestão
de alimentos, de modo que refletem a situação nutricional materna.
A gestação causa um aumento de 2 a 3 vezes na necessidade de ferro, não
apenas para a síntese de hemoglobina, mas também para o feto e para a produção de
certas enzimas. Há um aumento de 10 a 20 vezes na necessidade de ácido fólico e um
aumento de duas vezes na necessidade de vitamina B12. O feto médio requer cerca de
30 g de cálcio para manter os seus processos fisiológicos, porém a maior parte desse
cálcio é transferida para o feto durante o 3º trimestre e deriva do aumento da absorção
dietética pela mãe (SALLY, 2018).
Há uma diminuição na concentração sérica total de cálcio durante a gravidez, em
virtude, principalmente, de uma redução nos níveis séricos de albumina devido à
hemodiluição, resultando em uma diminuição na fração ligada à albumina do cálcio.
Entretanto, a fração fisiologicamente importante — o cálcio sérico ionizado — permanece
inalterada. Portanto, os níveis séricos maternos de cálcio são mantidos durante a

32
gravidez e as necessidades fetais são supridas pelo aumento da absorção intestinal, que
dobra a partir da 12ªsemana de gestação.
O pico da demanda de cálcio ocorre apenas no 3º trimestre, e o aumento precoce
na absorção desse nutriente pode permitir que o esqueleto materno armazene cálcio com
antecedência. Além disso, os níveis séricos de vitamina D aumentam na gestação, e esse
aumento é diretamente responsável pelo aumento da absorção intestinal de cálcio.

Alterações metabólicas

As alterações nas secreções hormonais maternas levam a mudanças na utilização


de carboidratos, gorduras e proteínas durante a gravidez. A gravidez é um estado
diabetogênico, e as adaptações no metabolismo da glicose permitem o desvio da glicose
para o feto, a fim de promover o seu desenvolvimento, mantendo uma nutrição materna
adequada. As células β-pancreáticas secretoras de insulina sofrem hiperplasia, o que
resulta no aumento da secreção de insulina e no aumento da sensibilidade insulínica no
início da gravidez (KAMPMANN et al., 2019).
A resistência materna à insulina tem início no 2º trimestre e seu pico no 3º
trimestre, em decorrência do aumento da secreção de hormônios diabetogênicos, como
lactogênio placentário humano, hormônio do crescimento, progesterona, cortisol e
prolactina. Esses hormônios causam uma diminuição da sensibilidade insulínica nos
tecidos periféricos, como adipócitos e músculo esquelético, interferindo na sinalização do
receptor de insulina.
Segundo Kampmann et al. (2019) o efeito dos hormônios placentários sobre a
sensibilidade insulínica torna-se evidente no pós-parto, quando há uma diminuição
repentina na resistência insulínica. Os níveis de insulina são aumentados tanto no estado
de jejum quanto no pós- -parto na gravidez. Os níveis de glicose no jejum, no entanto,
são diminuídos devido a:

 Aumento do armazenamento de glicogênio tecidual;


 Aumento do uso de glicose periférica;
 Diminuição da produção de glicose pelo fígado;
33
 Absorção de glicose pelo feto.

As mudanças nos níveis hormonais também ajudam a garantir que a massa


muscular materna seja conservada, pois impedem que ela seja utilizada para fornecer
energia ou aminoácidos para o feto. A taxa de acúmulo de nitrogênio aumenta dez vezes
ao longo da gravidez, sem aparentemente nenhum aumento no equilíbrio de nitrogênio.
Além disso, ocorre uma redução de 30% na síntese de ureia e uma queda em
concentração de ureia plasmática no último trimestre de gravidez. Isso sugere que a
decomposição de aminoácidos pode ser suprimida, representando um mecanismo de
economia de proteínas (KAMPMANN et al., 2019).
Evidências também sugerem que a proteína pode ser armazenada no início da
gravidez e utilizada em um estágio posterior para atender às exigências do feto em
crescimento.
As respostas adaptativas ajudam a atender ao aumento da demanda por
nutrientes, independentemente do estado nutricional da mãe. Tais respostas
homeostáticas incluem o aumento da absorção de ferro e cálcio. Outros minerais, como
o cobre e o zinco, também podem mostrar melhor absorção. Há uma redução da
excreção urinária de alguns nutrientes, incluindo a riboflavina e a taurina.
O aumento da secreção do hormônio aldosterona, particularmente no final da
gravidez, pode levar ao aumento da reabsorção de sódio dos túbulos renais, o que pode
encorajar a retenção de fluidos (KAMPMANN et al., 2019).

3.3 Principais hormônios envolvidos no período gestacional e suas funções

Na gravidez, a placenta forma quantidades especialmente grandes de


gonadotropina coriônica humana, estrogênios, progesterona e somatomamotropina
coriônica humana, esses hormônios desempenham papéis cruciais na condução das
adaptações fisiológicas maternas durante a gravidez., modulando a fisiologia materna. A
produção hormonal se inicia logo após a concepção e mesmo antes da implantação,
como evidenciado pela identificação no soro materno da hCG apenas alguns dias após
a ovulação em um ciclo fértil (GUYTON; HALL, 2017).
34
A Figura 11, a seguir, apresenta a anatomia de uma placenta.

Figura 11 - Anatomia da placenta e seus componentes.

Fonte: bit.ly/3WgrbYO

Gonadotrofina coriônica humana

A menstruação geralmente começa em mulheres não grávidas cerca de 14 dias


após a ovulação, quando grande parte do endométrio uterino se desprende da parede
uterina e sai do útero. Se isso acontecesse após a implantação do óvulo, a gravidez seria
interrompida. No entanto, esta escala é evitada pela secreção de gonadotrofina coriônica
humana através do desenvolvimento de tecidos embrionários. Simultaneamente com o
desenvolvimento das células trofoblásticas no óvulo fertilizado, as células trofoblásticas
sinciciais secretam gonadotrofina coriônica humana no fluido materno (GUYTON; HALL,
2017).
O autor afirma que a secreção desse hormônio pode ser medida primeiramente no
sangue, 8-9 dias após a ovulação, logo após a implantação do blastocisto no endométrio.
Depois disso, a secreção aumenta rapidamente, atingindo um nível máximo em cerca de
10-12 semanas de gravidez, e diminui novamente para um nível mais baixo em cerca de

35
16-20 semanas de gravidez, e continua nesse nível pelo resto da gravidez. Função da
gonadotrofina coriônica humana. A gonadotrofina coriônica humana é uma glicoproteína
com um peso molecular de aproximadamente 39.000 e tem basicamente a mesma
estrutura molecular e função do hormônio luteinizante secretado pela hipófise.
Sua principal função é prevenir a involução do corpo lúteo no final do ciclo sexual
mensal da mulher. Em vez disso, o lúteo secreta quantidades ainda maiores de seus
hormônios sexuais – progesterona e estrogênio – nos meses seguintes. Esses hormônios
sexuais impedem a menstruação e fazem com que o endométrio continue a crescer e
armazenar grandes quantidades de nutrientes em vez de serem distribuídos ao produto
menstrual. Como resultado, as células semelhantes a deciduais que se desenvolvem no
endométrio durante o ciclo sexual normal de uma mulher tornam-se verdadeiras células
deciduais – bem inchadas e nutritivas – ao mesmo tempo que o blastocisto se desenvolve
(GUYTON; HALL, 2017).
Sob a influência da gonadotropina coriônica, o corpo lúteo no ovário materno
cresce para cerca de duas vezes original cerca de um mês após o início da gravidez. E
sua secreção constante de estrogênios e progesterona sustenta a natureza decidual do
endométrio uterino, que é essencial para o desenvolvimento fetal precoce. Se o corpo
lúteo for removido antes de aproximadamente sete semanas de gestação, quase sempre
ocorrerá aborto espontâneo, às vezes até a 12 a semana.
Após esse período, a placenta secreta quantidades suficientes de progesterona e
estrogênios para a manutenção do período gestacional. O corpo lúteo involui lentamente
depois da 13 a a 17 a semana de gestação.
A gonadotrofina coriônica humana também tem um efeito estimulador nas células
intersticiais testiculares em fetos do sexo masculino, resultando na produção de
testosterona em fetos do sexo masculino até o nascimento. Essa pequena liberação de
testosterona durante a gravidez faz com que a genitália masculina cresça no feto em vez
da genitália feminina. No final da gravidez, a testosterona secretada pelos testículos do
feto também faz com que os testículos desçam para o escroto (GUYTON; HALL, 2017).

36
Progesterona

A progesterona também é necessária para uma gravidez bem-sucedida; na


verdade, é tão importante quanto o estrogênio. Não só é secretado em quantidades
moderadas pelo lúteo no início da gravidez, mas a placenta o secreta em quantidades
enormes mais tarde. Os efeitos específicos da progesterona, necessários para o curso
normal da gravidez, são os seguintes, segundo Guyton; Hall (2017):
1. A progesterona faz com que células deciduais se desenvolvam no endométrio
uterino. Essas células têm papel importante na nutrição do embrião inicial.
2. A progesterona diminui a contratilidade do útero grávido, evitando, assim, que
contrações uterinas causem aborto espontâneo.
3. A progesterona contribui para o desenvolvimento do concepto mesmo antes
da implantação, pois especificamente aumenta as secreções das trompas de Falópio e
do útero, proporcionando material nutritivo apropriado para o desenvolvimento da mórula
(massa esférica, de 16 a 32 blastômeros, formada antes da blástula) e do blastocisto.
Existem ainda razões para acreditarmos que a progesterona afeta a clivagem celular no
embrião em desenvolvimento inicial.
4. A progesterona, secretada durante a gravidez, ajuda o estrogênio a preparar
as mamas da mãe para a lactação.

Estrogênio

Segundo Guyton e Hall (2017), a placenta, como o lúteo, secreta tanto estrogênio
quanto progesterona. Estudos histoquímicos e fisiológicos indicam que esses dois
hormônios, como a maioria dos hormônios placentários, são secretados pelas células
trofoblásticas sinciciais da placenta. Perto do final da gravidez, a produção diária de
estrogênios da placenta aumenta em aproximadamente 30 vezes a produção normal da
mãe. No entanto, a secreção de estrogênios pela placenta difere da secreção ovariana.
Mais importante ainda, os estrogênios secretados pela placenta não são sintetizados de
novo a partir de substratos placentários básicos. Em vez disso, eles consistem quase
inteiramente de compostos esteróides androgênicos, dehidroepiandrosterona e 16-
37
hidroxidehidroepiandrosterona, que são produzidos nas glândulas adrenais maternas e
fetais.
O sangue transporta esses andrógenos fracos para a placenta e as células
trofoblásticas os transformam em estradiol, estrona e estriol. (As glândulas adrenais fetais
são muito grandes e cerca de 80% compõem a chamada zona fetal, cuja principal função
parece ser a secreção de desidroepiandrosterona durante a gravidez.) (GUYTON; HALL,
2017).
Durante a gravidez, níveis extremos de estrogênio (1) fazem com que o útero
aumente; (2) aumento das mamas da mãe e aumento da estrutura dos ductos lácteos; e
(3) aumento da genitália externa materna. Os estrogênios também relaxam os ligamentos
da pelve da mãe, tornando as articulações sacroilíacas relativamente flexíveis; e músculo
púbico, elástico. Essas mudanças facilitam a passagem do feto pelo canal do parto.
Existem fortes razões para acreditar que os estrogênios também influenciam muitos
desenvolvimentos fetais gerais durante a gravidez, como a intensidade da proliferação
celular no embrião inicial (GUYTON; HALL, 2017).

Somatomamotropina coriônica humana

A somatomamotropina coriônica humana é um hormônio proteico com peso


molecular de aproximadamente 22.000 que é secretado pela placenta por volta da quinta
semana de gestação. A secreção desse hormônio aumenta gradativamente durante o
resto da gravidez, proporcionalmente ao peso da placenta. Embora as funções da
somatomamotropina coriônica sejam incertas, ela é secretada muitas vezes mais do que
todos os outros hormônios da gravidez combinados. Também tem algumas implicações
potencialmente importantes (GUYTON; HALL, 2017).
Primeiro, quando a somatomamotrofina coriônica humana é administrada a
vários tipos de animais, ela causa pelo menos o desenvolvimento parcial das mamas do
animal e, em alguns casos, a lactação. Como essa foi sua primeira função a ser
descoberta, esse hormônio foi chamado de primeiro lactogênio placentário humano e
acreditava-se que tivesse funções semelhantes à prolactina. Mas as tentativas de usá-lo
para promover a amamentação em humanos não foram bem-sucedidas.
38
Em segundo lugar, esse hormônio tem um efeito fraco, semelhante ao hormônio
do crescimento, que causa a formação de tecidos proteicos da mesma forma que o
hormônio do crescimento. Sua estrutura química ainda é semelhante à do hormônio do
crescimento, mas requer 100 vezes mais somatomamotropina coriônica humana do que
o hormônio do crescimento para promover o crescimento.
Terceiro, a somatomamotropina coriônica humana reduz a sensibilidade materna
à insulina e a utilização de glicose, de modo que maiores quantidades de glicose podem
ser usadas pelo feto. Como a glicose é o principal substrato usado pelo feto para produzir
energia para o crescimento, a importância potencial dessa influência hormonal é óbvia.
Além disso, o hormônio promove a liberação de ácidos graxos livres das reservas de
gordura da mãe e, assim, fornece essa fonte alternativa de energia para o metabolismo
da mãe durante a gravidez. Portanto, a somatomamotropina coriônica humana parece
ser um hormônio metabólico geral com efeitos nutricionais específicos na mãe e no feto
(GUYTON; HALL, 2017).

4 FISIOLOGIA DO PARTO

Parto significa o nascimento de um bebê. No final da gravidez, o útero torna-se


cada vez mais excitável e, eventualmente, ocorrem contrações rítmicas muito poderosas
para expelir o bebê. A causa exata do aumento da atividade uterina é desconhecida, mais
duas principais são: (1) alterações hormonais progressivas que aumentam a
excitabilidade do miométrio e (2) alterações mecânicas contráteis progressivas
(GUYLTON; HALL, 2011).
Durante grande parte da gravidez, o útero experimenta periodicamente contrações
lentas, lentas e rítmicas, chamadas de contrações de Braxton Hicks. Essas contrações
se fortalecem gradualmente no final da gravidez; então, de repente, dentro de algumas
horas, eles mudam e se tornam excepcionalmente fortes, começam a apertar o colo do
útero e então forçam o bebê a passar pelo canal do parto, resultando no parto.
Esse processo é denominado trabalho de parto e as intensas dores de parto que
antecedem a parturição final são chamadas de contrações do parto. Não se sabe o que
faz com que o ritmo lento e fraco do útero de repente se transforme em fortes contrações.
39
No entanto, com base na experiência com outros tipos de sistemas de controle fisiológico,
foram propostas teorias para explicar o início do trabalho de parto (GUYLTON; HALL,
2011).
A teoria do feedback positivo sugere que a expansão do colo do útero pela cabeça
do feto acaba se tornando tão grande que o reflexo que aumenta a contratilidade do corpo
uterino. Este processo é repetido até que o bebê seja expelido. A demonstração dessa
teoria está na Figura 12 e as observações que a correspondem são as que se seguem.

Figura 12 –Teoria do desencadeamento de contrações intensamente fortes durante o


trabalho de parto.

Fonte: Guylton & Hall (2011 p. 1069).

Primeiramente, as contrações do trabalho de parto correspondem a todos os


princípios de feedback positivo, ou 1. A cabeça do bebê abre o colo uterino 2. A distensão
cervical excita a contração fúndica 3. A contração fúndica empurra o bebê para baixo e
distende ainda mais o colo 4. O ciclo se repete várias vezes.

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Em segundo lugar, dois tipos conhecidos de feedback positivo aumentam as
contrações uterinas durante o trabalho de parto. (1). Quando todo o útero se contrai
devido à dilatação cervical e a cabeça do bebê é empurrada para baixo, essas contrações
dilatam ainda mais o colo do útero. (2) A dilatação do colo do útero também faz com que
a hipófise secrete oxitocina. Este é outro meio de aumentar as contrações uterinas .
Resumindo, podemos assumir que múltiplos fatores aumentam a contratilidade do útero
ao final da gravidez.
Em última análise, as contrações tornam-se mais fortes o suficiente para
estimular o útero, especialmente o colo do útero, e o feedback positivo aumenta ainda
mais a contratilidade do útero, tornando a segunda contração mais forte que a primeira,
mais forte que a segunda e assim por diante. Quando essas contrações se tornam fortes
o suficiente para provocar esse tipo de feedback, cada contração subsequente se torna
mais forte que a anterior e o processo termina - uma vez que o fortalecimento do processo
de feedback atinge um certo feedback crítico inicia-se um ciclo vicioso.
Você pode perguntar sobre os muitos casos de aborto espontâneo em que as
dores do parto se tornam progressivamente mais fortes, depois mais fáceis e depois
desaparecem. Se em algum momento após o início das dores de parto não estimular
suficientemente o útero, o feedback positivo pode ser revertido e as dores de parto
desaparecem (GUYLTON; HALL, 2011).

Contrações Musculares Abdominais durante o Trabalho de Parto

Fortes contrações uterinas durante o trabalho de parto enviam sinais de dor tanto
do útero quanto do canal do parto. Esses sinais não apenas causam dor, mas também
desencadeiam reflexos neurogênicos na medula espinhal para os músculos abdominais,
causando contrações violentas desses músculos. As contrações do abdômen contribuem
significativamente para a força de expulsão do bebê (GUYLTON; HALL, 2011).
Portanto, quando o útero se contrai, o bebê é empurrado para baixo em direção
ao colo do útero. No início do trabalho de parto, as dores do parto ocorrem a cada 30
minutos. À medida que o trabalho de parto progride, ele começa a cada 1 a 3 minutos e
aumenta rapidamente em intensidade, com períodos muito curtos de relaxamento entre
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eles. As contrações combinadas do útero e dos músculos abdominais durante o
nascimento do bebê exercem uma força descendente de 12 kg em cada contração.
Felizmente, essas contrações são intermitentes. O trabalho de parto severo pode
bloquear ou até mesmo interromper o fluxo sanguíneo através da placenta. Se continuar,
o feto pode morrer. De fato, o uso excessivo de múltiplos estimulantes uterinos, como a
ocitocina, em vez de contrações rítmicas, pode causar espasmos uterinos e levar à morte
fetal. Em mais de 95% dos nascimentos, a cabeça é expelida primeiro.
Quando o bebê entra no canal de parto primeiro com as nádegas ou os pés, isso
é chamado de apresentação pélvica. A cabeça age como uma cunha, abrindo a estrutura
do canal de parto quando o feto é empurrado para baixo.
O primeiro grande obstáculo para a expulsão do feto é o próprio colo do útero. A
chamada primeira fase é o período de dilatação cervical progressiva até que a abertura
do colo do útero seja tão grande quanto a cabeça do feto. Este estágio geralmente dura
de 8 a 24 horas para as primeiras gestações e apenas alguns minutos para gestações
múltiplas. Quando o colo do útero está totalmente dilatado, as membranas fetais
geralmente se rompem e o líquido amniótico vaza repentinamente da vagina.
A cabeça fetal então se move rapidamente para o canal do parto, exerce uma
força para baixo e é eventualmente expelida pelo canal do parto. Esta é a segunda fase
do trabalho de parto e dura menos de um minuto em gestações múltiplas e mais de 30
minutos nas primeiras gestações (GUYLTON; HALL, 2011).

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5 REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

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