Você está na página 1de 19

UNIVERSIDADE PITÁGORAS UNOPAR ANHANGUERA

POLO SANT’ANA DO LIVRAMENTO


CURSO SUPERIOR EM ENFERMAGEM

GUACIRA IRIGOYEN

O PARTO DE CÓCORAS E SEUS BENEFÍCIOS


NA VISÃO DOS PROFISSIONAIS DA ENFERMAGEM

Sant'Ana do Livramento

2023
2

GUACIRA IRIGOYEN

O PARTO DE CÓCORAS E SEUS BENEFÍCIOS


NA VISÃO DOS PROFISSIONAIS DA ENFERMAGEM

Artigo apresentado como requisito obrigatório para a


conclusão do curso, orientado pelo tutor à distância
do curso de Bacharelado em Enfermagem.
Orientador: Francielly Imazu Gomes

Santana do Livramento / RS

2023
3

SUMÁRIO

RESUMO ................................................................................................. 4
1. INTRODUÇÃO ...................................................................................... 6
2. OBJETIVOS ......................................................................................... 8
2.1 GERAL ..................................................................................... 8
2.2 ESPECÍFICOS.......................................................................... 8
3. METODOLOGIA DA PESQUISA.......................................................... 8
4. DISCUSSÃO E RESULTADOS ............................................................ 9
4.1 DISCUSSÃO ............................................................................. 9
4.2 RESULTADOS .......................................................................... 12
4.2.1 A IMPORTANCIA DO PARTO DE CÓCARAS E SEUS
BENEFÍCIOS PARA A MULHER E O RECÉM NASCIDO...... 12
4.2.2 OS BENEFÍCIOS DO PARTO DE CÓCARAS NA VISÃO
DO ENFERMEIRO................................................................. 14
CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................... 16
REFERÊNCIAS ......................................................................................... 18
4

RESUMO

É de conhecimento, e inclusive pode ser assistido em programas de televisão e


novelas, que antigamente as mulheres pariam seus filhos em sua residência, cercada
de familiares e com procedimentos naturais. Na atualidade a maioria dos partos são
realizados em instituições hospitalares e com intervenções durante um processo que
poderia ser fisiológico. Dentre as intervenções está a influência do ambiente hospitalar
e das práticas dos profissionais sobre a posição da mulher parir. Atualmente a maioria
dos partos no Brasil têm sido em posição litotômica (deitada de barriga para cima e as
pernas levantadas). O problema é que essa posição não facilita a saída do bebê , porém de
acordo com o Ministério da Saúde (MS) o parto vertical deve ser estimulado e
incentivado, sendo a posição de cócoras uma forma de viabilizar a verticalização da
mulher. Mesmo com a publicação da Lei 4717 de 19 de março de 2020, específica do
estado de Rondônia, que dispõe da autônoma da gestante na escolha da via de parto, o
MS incentiva o parto natural. O objetivo desse estudo é verificar a adesão ao parto de
cócoras e suas vantagens. Para elaboração deste trabalho, é realizada a revisão de
literatura sobre a assistência humanizada ao parto em posição de cócoras, com bases
nos artigos publicados nos últimos dez anos nas bases de dados da LILACS, BDENF e
SciELO, artigos acadêmicos, matérias publicadas em revistas e outros autores. Embora
não se tenha uma padronização ideal da posição de parir, quando a mulher está
verticalizada no momento do parto os mecanismos fisiológicos são respeitados.
Verificou-se que na maioria dos estudos o parto em posição vertical mostra-se benéfico,
e que entre os benefícios, foram destacados a diminuição do período expulsivo e menor
índice de episiotomia (consiste em uma incisão no períneo — a região entre o ânus e a
vagina — para facilitar a passagem do bebê). Com o estudo do material disponibilizado,
foi verificado maior adesão ao parto de cócoras em Centro de Parto Normal e no parto
domiciliar.

Palavras Chaves: Enfermagem obstétrica; Humanização do parto; Parto de Cócoras;


Parto Natural.

RESÚMEN

Es de conocimiento, e incluso se puede ver en programas de televisión y telenovelas,


que, antiguamente, las mujeres parían sus hijos en sus hogares, rodeados de familiares
y con procedimientos naturales. En la actualidad, la mayoría de los partos son
realizados en instituciones hospitalarias y con intervenciones durante un proceso que
podría ser fisiológico. Entre las intervenciones, está la influencia del ambiente
hospitalario y las prácticas de los profesionales sobre la posición de parto de la mujer.
Actualmente, la mayoría de los partos en Brasil han sido en posición litotómica
(acostada de barriga para arriba y las piernas elevadas). El problema es que esa
posición no facilita la salida del bebé; sin embargo, de acuerdo con el Ministerio de
Salud (MS), el parto vertical debe ser estimulado e incentivado, siendo la posición en
5

cuclillas una forma de viabilizar la verticalización de la mujer. Aún con la publicación de


la Ley 4717 de 19 de marzo de 2020, específica del estado de Rondonia, que dispone
de la autonomía de la parturiente en la elección del tipo de parto, el MS incentiva el
parto natural. El objetivo de este estudio es verificar la adhesión al parto en cuclillas y
sus ventajas. Para la elaboración de este trabajo, es realizada la revisión de literatura
sobre la asistencia humanizada al parto en cuclillas, con base en artículos publicados
en los últimos diez años en base de datos de LILACS, BDENF y SciELO, artículos
académicos, materiales publicados en revistas y otros autores. Aunque no se tenga una
estandarización de la posición ideal de parir, cuando una mujer está verticalizada en el
momento del parto, los mecanismos fisiológicos son respetados. Se ha verificado que,
en la mayoría de los estudios, el parto en posición vertical se muestra benéfico, y que
entre los beneficios, fueron destacados la disminución del período expulsivo y menor
índice de episiotomía (consiste en una incisión en el perineo – la región entre el ano y la
vagina – para facilitar el pasaje del bebé). Con el estudio del material disponibilizado,
fue verificado mayor adhesión al parto en cuclillas en el Centro de Parto Normal y en el
parto domiciliar.

Palabras Claves: Enfermería obstétrica; Humanización del parto; Parto en Cuclillas;


Parto Natural.
6

INTRODUÇÃO

O fato de dar à luz (nascimento) é historicamente um evento natural e


indiscutivelmente um fenômeno motivador, as primeiras civilizações agregaram a este
acontecimento inúmeros significados culturais, que através de gerações sofreram
transformações, e ainda hoje comemora-se o nascimento como um dos fatos
marcantes da vida. A obstetrícia, enquanto conjunto de práticas de assistência ao parto,
tem sua origem no conhecimento empírico acumulado pelas parteiras e a parturição era
considerada pela sociedade um processo natural, familiar e domiciliar, feminino e não
intervencionista (CRIZÓSTOMO; NERY; LUZ, 2007).
Com o passar dos anos o parto evoluiu de um processo natural a um
procedimento controlado, passou do domicílio ao hospital, ganhou-se tecnologia, e as
mulheres perderam a autonomia, inclusive, de escolha da melhor posição de parir,
gerando medos e ansiedades (PONTES et al., 2014).
A posição litotômica (deitada de barriga para cima com as pernas abertas)
passou a ser utilizada nas dependências hospitalares por ser mais confortável ao
médico na utilização de seus instrumentos. De fato, os avanços da obstetrícia
contribuíram com a melhoria dos indicadores de morbidade e mortalidade materna e
perinatais em todo o mundo, entretanto, as mulheres e recém-nascidos são expostos a
altas taxas de intervenções, como a episiotomia (corte para facilitar a passagem do
bebê), o uso de fórceps, aspiração nasofaringea, entre outras.
As variedades de posições durante o período expulsivo têm as suas
particularidades, benefícios, recomendações e contraindicações. A deambulação e
posições assumidas pela mulher no trabalho de parto e parto propiciam vantagens e
benefícios para mãe e filho, tais como aumento da contratilidade uterina, menor
necessidade de ocitócitos e analgesia e menos frequência de parto vaginal
instrumental. Levantadas tais evidências, acredita-se que a liberdade de posição e a
deambulação da parturiente em todo o desenrolar do trabalho de parto são formas de
cuidado benéficas e que devem ser encorajadas (MAMEDE et al., 2007a, b).
De acordo com a literatura pesquisada, observa-se que a posição vertical é
estimulada pelo ministério da saúde e que a posição litotômica de rotina deve ser
abolida, e a assistência ao parto pelo enfermeiro obstetra, deve ser ampliada por
7

reduzir intervenções desnecessárias na assistência ao parto. Uma vez que o Ministério


da Saúde orienta a posição vertical durante o trabalho de parto e parto, bem como a
assistência pelo enfermeiro obstetra contribuindo para um cuidado humanizado, o
presente trabalho propõe pesquisar na literatura as publicações abordando o parto na
posição vertical, sugerindo então a pergunta norteadora: “Quais os benefícios do parto
de cócoras na visão dos profissionais de enfermagem?”.
8

2 OBJETIVOS

2.1 OBJETIVO GERAL

Compreender a importância do parto de cócoras para a mulher e o recém


nascido e identificar seus benefícios.

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

A fim de atingir o objetivo geral, faz-se necessário trabalhar e entender os


seguintes objetivos específicos:

 Observar as publicações de artigos científicos que abordam o parto de


cócoras;
 Identificar os benefícios do parto em posição de cócoras;
 Analisar os benefícios do parto de cócoras para o enfermeiro

3 METODOLOGIA

Para Lakatos (2003), metodologia é o conjunto de atividades sistemáticas e


racionais que, com maior segurança e economia, permite alcançar o objetivo –
conhecimentos válidos e verdadeiros -, traçando o caminho a ser seguido, detectando
erros e auxiliando nas decisões do pesquisador.
Nesta pesquisa usamos a metodologia da literatura, considerando os materiais
disponíveis na internet, nos períodos de 2015 a 2022. Além da consulta de dados
bibliográficos a respeito do tema.
A pesquisa cientifica com a metodologia de pesquisa bibliográfica inicia-se por
meio de uma revisão da literatura de obras já existentes, no intuito de auxiliar o
pesquisador na delimitação do tema e na contextualização do objeto problema.
(SEVERINO, 2007)

Contudo observa-se os seguintes procedimentos:


1) leitura informativa ou exploratória, que constituiu na leitura do material para
saber do que tratavam os artigos;
9

2) leitura seletiva, cuja preocupação é a descrição e seleção do material quanto à


sua relevância para o estudo, excluindo-se os artigos que não são pertinentes ao tema
de interesse;
3) leitura crítica ou reflexiva que busca as definições para o parto de cócoras e
suas vantagens.
Foi realizada uma leitura dos títulos e dos resumos, com seleção secundária,
após a leitura do texto completo e avaliação da adequação do conteúdo com o objetivo
proposto, fez-se um levantamento das evidências obtidas.
A discussão será realizada de forma qualitativa e descritiva para análise das
categorias em questão com embasamento nos autores utilizados na pesquisa.

4 DISCUSSÃO E RESULTADOS

4.1 DISCUSSÃO

A literatura revisada apresenta que as posições verticalizadas no trabalho de


parto reduzem o período expulsivo, bem como diminuem a necessidade de episiotomia.
Entretanto, pode estar relacionada com o aumento de lacerações perineais bem como
perda sanguínea superior a 500 ml (GUPTA JK, et al., 2017). Em contrapartida, em
revisão sistemática \\\\\os autores compararam a posição de cócoras com posições
litotómicas e obtiveram que de 500 mulheres da amostra, 44% apresentaram períneo
íntegro comparadas com as 17% que adotaram posições litotomicas. Além do mais, o
estudo concluiu que existem diversos benefícios quando adotado posições
verticalizadas durante o processo de parir, principalmente na rotação de bebês
(ROCHA BD, et al., 2020).
Em um estudo realizado sobre percepções das gestantes sobre as posições de
parto, notou-se no quesito percepções sobre as posições verticalizadas, que as
mulheres avaliaram como uma experiência positiva. E, analisando os relatos foi
possível compreender impressões e sensações, como a rapidez da descida do feto,
diminuição de intervenções e interferências profissionais, bem como maior conforto
durante os puxos. Relataram ainda, ter medo de que seu filho caísse no chão. Apesar
dos possíveis riscos e benefícios das posições, deve-se permitir que sejam oferecidas
10

todas as posições às parturientes e que ela tenha autonomia de ser protagonista no


processo de Nascimento (SOUSA JL, et al., 2018).
A maioria dos profissionais relataram incentivar e ofertar todas as posições para
à parturiente, bem como a liberdade de escolha durante o processo de nascimento. A
liberdade da escolha da posição é um dos benefícios do parto normal, pois a parturiente
pode caminhar, de modo que ela se sinta mais confortável, diminuindo as intervenções
desnecessárias (SILVA DF, et al., 2018).
Além do incentivo ao pré-natal, os profissionais da classe médica indicaram a
procura de um fisioterapeuta para a realização do fortalecimento pélvico, este poderia
auxiliar na preparação da gestante no processo de nascimento e compreensão do seu
corpo. Em um estudo, objetivou-se conhecer a satisfação das puérperas quando
questionadas sobre o parto normal. Obteve-se como resultado, que o profissional
fisioterapeuta não é uma prática comum nos serviços de saúde. Apesar disso, o mesmo
contribuiria para a preparação do parto, o qual pode ser indicado desde o início da
gestação. Acreditando que a intervenção deste profissional favoreça a adesão ao parto
normal, a fisioterapia pélvica é essencial no preparo do assoalho pélvico, durante o
processo de gestação, facilitando a fase expulsiva e reduzindo a possibilidade de
lacerações graves na musculatura perineal (CHIVA VEC, et al., 2020).
Apesar dos benefícios e das indicações da fisioterapia pélvica, sabe-se que a
maioria das unidades básicas de saúde não dispõem de um fisioterapeuta, pois não
integram a equipe mínima. Desta forma as gestantes teriam que buscar outros meios
alternativos, o que por sua vez, podem ser um empecilho para as pessoas de baixa
renda. Apesar de ter relacionado com a incontinência urinária, demonstrou-se falta de
conhecimento sobre a atuação/importância do fisioterapeuta pélvico e a falta de oferta
deste serviço na rede pública de saúde (NETO AGC, et al., 2018). Portanto, a
implementação de um profissional fisioterapeuta na rede de saúde pública, aumentaria
o atendimento e facilitaria as adaptações às mudanças corporais ocorridas durante a
gestação e parto (CHIVA VEC, et al., 2020).
Durante o processo de nascimento, nossos resultados demonstraram que a
classe da enfermagem buscava acolher de forma humanizada e tranquilizadora as
parturientes, auxiliando-as nas escolhas do processo de nascimento. É importante que
11

os enfermeiros tenham boas práticas e soluções efetivas no momento do nascer, bem


como promovam a afetividade e segurança, melhorando o grau de informação das
mulheres, baseado em políticas e práticas de saúde (CARVALHO SS, 2019).
Essas práticas devem ainda, promover o acolhimento, escuta ativa e buscar o
uso da tecnologia apropriada a cada caso (BRASIL, 2011). Humanizar, no contexto
deste estudo, priorizou o cuidado obstétrico e o respeito à fisiologia do parto, tendo a
mulher como protagonista no processo de parturição (MEDEIROS RMK, et al., 2016).
Apesar do engajamento dos profissionais da enfermagem, a realização do
nascimento ainda é dada pela classe médica. São notáveis questões de empecilho,
quando fala-se da autonomia do enfermeiro, devido à presença do modelo biomédico, o
qual ainda é limitador para o efetivo exercício da autonomia. Apesar dos enfermeiros
relatarem não ter autonomia para realização do parto, quando o profissional médico faz
presente, nota-se que as práticas distintas entre os profissionais são necessárias para a
prestação de serviços sejam constituídas de forma coletiva e entre compartilhamento
profissional (MELO CCM, et al., 2016).
Cabe ressaltar que a resolução do Conselho Federal de Enfermagem (COFEN),
no Art.3º, IV, reporta que o profissional enfermeiro que estiver habilitado como
enfermeiro obstétrico, pode avaliar a evolução do parto, condições maternas e fetais,
além do mais podem adotar medidas pelas quais acharem apropriadas na assistência e
tomada de decisão, respeitado a autonomia e protagonismo da mulher (COFEN, 2016).
As limitações deste estudo estão relacionadas a sua realização em um único
local, bem como a dificuldade na coleta de dados, devido ao período pandêmico e
sobrecarga de trabalho dos profissionais. Desse modo, sugere-se que novos estudos
sejam feitos com mais participantes para que se possa contemplar ainda mais questões
que não estão elucidadas nessa pesquisa. Entretanto, o estudo contribui para a
reflexão dos profissionais da saúde, perante as práticas em saúde, as quais podem ser
ampliadas ou melhoradas, quando falamos de humanização. Ademais, o estudo
promove o reconhecimento e a valorização da equipe da enfermagem quando falamos
em adoção de conhecimentos e ações humanísticas de parturição.
12

4.2 RESULTADOS

O parto de cócoras é um tipo de parto normal no qual a mulher assume tal


posição, utilizado deste os tempos remotos pelos povos indígenas. Conferindo uma
maior separação das articulações entre os ossos da pelve, relaxamento dos músculos
perineais e consequente aumento de diâmetro da vagina de forma mais natural; permite
com que o bebê nasça com mais facilidade. Tende a ser mais rápido, não comprime
determinados vasos, confere menor dor, e geralmente não há necessidade de
episiotomia (corte vaginal). A recuperação imediata, e a possibilidade de participação
do companheiro, proporcionando apoio e segurança, são outras de suas vantagens.
É indicado para mulheres saudáveis cujo bebê está na posição cefálica (de
cabeça para baixo). Na maioria dos locais nos quais este parto é feito, há encontros
periódicos cujas mães e pais são orientados. As gestantes também praticam exercícios,
a fim de fortificar os músculos dos membros inferiores e também melhorar seu
condicionamento físico, no momento de dar a luz.

4.2.1 A IMPORTANCIA DO PARTO DE CÓCARAS E SEUS BENEFÍCIOS PARA A


MULHER E O RECÉM NASCIDO

Parir na posição de cócoras é uma prática indígena milenar. A posição de


cócoras para parir, passa a ser adotada na atualidade a partir dos trabalhos publicados
pelo Dr. Paciornik (ALMEIDA et al, 2012). O parto de cócoras é identificado como um
parto mais natural por ser vertical e, portanto, fisiológico. Com isso, a posição de
cócoras dá à mulher a sensação de controle do processo de parto (RICCI, 2013).

De cócoras, a mulher se posiciona agachada, apoiada sobre os pés, podendo


ser sustentada pelo acompanhante ou alguém da equipe, estar sentada em banquinho
meia lua, escada de dois degraus ou banco de até 45 cm de altura (GOMES, 2010).

Uma das vantagens do parto de cócoras é o menor esforço no período expulsivo,


além de facilitar a rotação e a descida fetal, ampliar os diâmetros da pelve em 25% e
melhorar a oxigenação fetal (SABATINO 2010; BALASKAS, 1993).
13

Sabatino (2010) evidencia em seu estudo que os índices positivos são


significativamente maiores no parto de cócoras quando comparados a posição
horizontal.

O parto de cócoras é a maneira mais fácil do bebê vir ao mundo, pois, a


gravidade puxa o peso para baixo e colabora no trabalho de parto, acelerando a
dilatação iniciada pelas contrações.16

Este tipo de parto propicia a auto-realização da mulher em relação a esse


processo, já que ela está no controle da situação, sobre suas próprias pernas, suas
próprias forças, facilitando seu acesso ao períneo, e, tendo a equipe de saúde e o
companheiro uma participação mais ativa ao prover o suporte da posição.

As principais vantagens para a mãe são um período expulsivo de menor


duração, maior alargamento da pelve, relaxamento facilitado dos músculos da região,
menores dores no momento da expulsão, menor trauma perineal e recuperação mais
rápida após o parto, mais precoce e efetiva. Para o recém-nascido, as vantagens são
um melhor Apgar (estado de saúde avaliado por testes específicos, logo após o
nascimento). As condições fisiológicas associadas e essas vantagens, tanto para a mãe
como para o feto, são devidas à ajuda natural da gravidade, ao aumento da área do
canal do parto, melhor circulação do sangue na região do útero e da placenta, etc.

Em relação aos benefícios do parto em posição verticalizada foram mais citados


nos artigos e autores estudados:

- Menor perda sanguínea

- Melhor vitalidade do feto e RN

- Diminuição do período expulsivo

- Menor índice de parto operatório

- Menor incidência de episiotomia

- Menor incidência de lacerações perineais


14

4.2.2 OS BENEFÍCIOS DO PARTO DE CÓCARAS NA VISÃO DO ENFERMEIRO(A)

O parto de cócoras geralmente decorre mais rápido do que os outros tipos de


parto, pois a posição de cócoras alarga a pelve mais que as outras posições, além de
relaxar os músculos da região, facilitando a saída do bebê.

Este parto só é indicado para mulheres que tiveram uma gravidez saudável e
que o bebê esteja voltado de cabeça para baixo. Outra vantagem do parto de cócoras é
que pode ser realizado sob efeito da anestesia epidural e pode-se ter a presença de um
acompanhante, como o companheiro ou uma doula.

As grávidas que desejam ter um parto de cócoras devem investir nesta posição
durante a gravidez, para que os músculos e o quadril se possam adaptar e alargar aos
poucos, para facilitar o trabalho de parto.

Segundo Andrade et al (2011), cabe destacar a relevância do conhecimento da


equipe de saúde e da assistência que é prestada, com destaque a de enfermagem,
consistindo de fundamental importância para que a vivência da gestação e parto sejam
experiências mais ricas e positivas possíveis, já que são momentos marcantes na vida
de mulher. Para tornar o parto humanizado, os enfermeiros precisam oferecer às
gestantes orientações e opções sobre o processo de parturição da maneira mais
natural e saudável.

As enfermeiras valorizaram em suas visões o efeito da gravidade, pois favorece


o ciclo das contrações e a descida fetal: o peso do feto exerce uma pressão crescente
sobre a cérvice; a cérvice é puxada para cima, facilitando o apagamento e a dilatação;
aumentam os impulsos da cérvice para a hipófise, causando maior secreção de
ocitocina; intensificam-se as contrações, exercendo maior pressão descendente no feto,
porém sendo menos dolorosos.9

As enfermeiras também enfatizaram a padronização da parturição na posição


horizontal, desde a entrada da figura do obstetra no parto, na civilização ocidental, as
mulheres foram colocadas deitadas de costas em mesas cada vez mais específicas,
com as pernas abertas, para que a região genital pudesse ser bem observada.3
15

No parto de cócoras é mais fácil fazer força com as pernas apoiadas no solo do
que na posição ginecológica, com as pernas no ar sustentadas por perneiras, pois a
massa muscular dos membros inferiores, a mais eficiente e importante do corpo
humano, é desprezada.

Além disso, as entrevistas ressalvaram que não se realiza analgesia no parto de


cócoras, o que neste sentido, pode gerar insegurança da gestante, uma vez que desde
os tempos mais remotos, o parto esteve aliado à tradição popular da idéia de dor,
porém têm-se muitas formas de aliviá-la, como uma das enfermeiras salientou que há
massagem para esse fim.

Infelizmente na maioria das instituições brasileiras, o parto tornou-se um ato


cirúrgico, medicalizado e cheio de intervenções e procedimentos desnecessários, que
em regra, impõem maior potencial de morbidade e mortalidade para a parturiente e o
concepto.
16

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O nascimento de uma criança é um processo fisiológico normal, mas, a


incompreensão e o medo causam tensão e dor. Logo, o medo pode ser superado
respeitando e educando-se a mãe sobre a fisiologia da gravidez e do trabalho de parto,
mas, para que isto ocorra é indispensável que a equipe de saúde tenha conhecimento
acerca dos diferentes tipos de posições de parto, apoiando e encorajando as mulheres
durante esse período.

Por intermédio deste estudo, foi possível conhecer as percepções dos


enfermeiros acerca do parto de cócoras e que apesar da muitos demonstrarem
interesse por essa modalidade, percebe-se que poucos tem experiência com esse tipo
de parto.

Além das vantagens mencionadas ao longo deste estudo, salienta-se ainda que
o relacionamento materno-infantil é beneficiado. A posição horizontal dissocia
completamente a mulher da chegada de seu filho, pois ela permanece, geralmente,
desinformada do que sucede na sua esfera genital. Nada vê, apenas imagina, e por
isso, com frequência, se angustia, sofre e se desespera. Não acompanha o resultado
do seu esforço, ao contrário do que acontece com a mulher na posição vertical, que
atentamente acompanha nos mínimos detalhes a chegada de seu filho.

Segundo os estudos realizados, a posição melhor é aquela que a mulher


escolhe, por se sentir mais confortável e no controle de seu processo de parto. Esse
deveria ser o foco da obstetrícia e da boa assistência ao parto, buscando oferecer um
ambiente obstétrico, onde à mulher possa se concentrar naquilo que seu corpo pede.

Acredita-se que o atendimento da equipe de saúde à parturiente volta-se, em


geral, para a satisfação das necessidades biológicas ao evoluir do processo de
parturição de forma mecanicista e impessoal. A equipe decide sobre seu corpo, sobre
sua saúde e de seu filho, sendo que, cada profissional desenvolve atividades que lhe
competem, mas ninguém se aproxima e não valorizam a sua singularidade. A equipe de
saúde deve ser apenas um facilitador do parto.
17

Isso demonstra que quanto mais à tecnologia avança, mais nos distanciamos do
humano. Por isso, esse estudo visa instigar essa reflexão, desde a formação
acadêmica, pois é uma cultura a se modificar no meio profissional da saúde e, além
disso, propor novas pesquisas acerca de tal tema em busca da efetiva transformação
dos trabalhadores de saúde das unidades de obstetrícias, pois, ainda, o parto se
apresenta como um ato médico-cirúrgico sem a participação ativa da parturiente,
prevalecendo às rotinas hospitalares rígidas, que acabam inibindo o processo natural e
fisiológico, com imobilidade e uniformidade de posição, levando a inúmeros partos
cesáreos e induzidos.
18

REFERÊNCIAS

Andrade FP; Almeida FDO de; Porto AR. O parto de cócoras na percepção do
enfermeiro. Rev enferm UFPE on line. 2011 jan./fev.;5(1):98-105. Disponível em:
https://periodicos.ufpe.br/revistas/revistaenfermagem/article/view/6666/5913. Acesso
em 03/02/2023.
ALMEIDA, Nilza Alves Marques; MEDEIROS, Marcelo; SOUZA, Marta Rovery de.
Perspectivas de dor do parto normal de primigestas no período pré-natal. Texto
contexto - Enferm. Florianópolis , v. 21, n. 4, DeZ. 2012.
BALASKAS, J. Parto Ativo: Guia prático para o parto natural. São Paulo: Editora
Grund, 1993.
BIO, Eliane Rodrigues. Intervenção fisioterápica na assistência ao trabalho de
parto. São Paulo. Faculdade de medicina da universidade de São Paulo, 2007. 123p.
Dissertação de mestrado, Faculdade de medicina da universidade de São Paulo.
Carta de Campinas, 1993 - Ato de fundação da Rede Pela Humanização do Parto –
ReHuNa. São Paulo: Amigas do parto; 2006-2010. Disponível em:
http://www.amigasdoparto.org.br/2007/index2.php?
option=com_content&do_pdf=1&id=397. Acesso em 26/01/23.
CARVALHO SS, et al. Revisão integrativa: promoção das boas práticas na atenção
ao parto normal. Rev. Aten. Saúde, 2020; 18(63): 110-119.
CHIVA VEC, et al. Avaliação do preparo dos músculos do assoalho pélvico na
assistência pré-natal. Revista Brasileira de Saúde Funcional, 2020; 11(1): 51-60.
CONSELHO FEDERAL DE ENFERMAGEM (COFEN). Resolução Nº 516/2016. 2016.
Disponível em: http://www.cofen.gov.br/resolucao-cofen-no-05162016_41989.html.
Acessado em: 22 de setembro de 2021.
CRIZÓSTOMO, C. D.; NERY, I. S.; LUZ, M. H. B. A vivência de mulheres no parto.
Escola Anna Nery Revista de Enfermagem, Rio de janeiro, v. 11, n. 1, p. 98-104, MAR.
2007.
GOMES, ML. Enfermagem obstétrica: diretrizes assistenciais. Rio de Janeiro:
Centro de Estudos da Faculdade de Enfermagem da Universidade do Estado do Rio de
Janeiro, 2010. Disponível em: http://abenfo.redesindical.com.br/arqs/manuais/027.pdf.
Acesso em: 23/01/2023
GUPTA JK, et al. Position in the second stage of labour for women without
epidural anaesthesia. Cochrane Database of Systematic Reviews, 2017.

LAKATOS, Eva Maria. Fundamentos de Metodologia Científica. 5ª Edição. São


Paulo. Atlas 2003.
19

MAMEDE, F. V. et al. O efeito da deambulação na duração da fase ativa do trabalho


de parto. Escola Anna Nery Revista de Enfermagem, Rio de Janeiro, v. 11, n. 3, set.
2007.
MEDEIROS RMK, et al. Cuidados humanizados: a inserção de enfermeiras
obstétricas em um hospital de ensino. Revista Brasileira de Enfermagem, 2016;
6(69): 1029-1036.
MELO CMM, et al. Autonomia profissional da enfermeira: algumas reflexões.
Escola Anna Nery 2016; 20(4): e20160085.
NETO AGC, et al. Avaliação do conhecimento sobre o tratamento fisioterápico da
incontinência urinária de esforço entre gestantes e puérperas atendidas na rede
pública de saúde do município de Patrocínio - MG. Revista Interdisciplinar de
Promoção de Saúde (RIPS), 2018.
PONTES, M. G. A.; LIMA, G. M. B.; FEITOSA, I. P.; TRIGUEIRO, J. V. S.. Parto nosso
de cada dia: um olhar sobre as transformações e perspectivas da assistência.
Ciência da Saúde Nova Esperança, João Pessoa, v.12, n.1, p.69-78, 2014.

RICCI Susan Scott. Enfermagem Materno-Neonatal e Saúde da Mulher. Rio de


Janeiro: Guanabara Koogan. 1.ª ed. 2013.

ROCHA BD, et al. Posições verticalizadas no parto e a prevenção de lacerações


perineais: revisão sistemática e metanálise. Revista da Escola de Enfermagem da
USP, 2020.
SEVERINO, A. J. Metodologia do Trabalho Científico. São Paulo, SP: Cortez, 2007.
SILVA DF, et al. Conhecimento das gestantes sobre as posições do parto. Revista
da Enfermagem da FACIPLAC, 2018.

SABATINO, H. Analise crítica dos benefícios do parto normal em distintas


posições. Rev. Tempus Acta Saúde, v.4, n.4, p.143-148, 2010.

SOUSA JL, et al. Percepção de puérperas sobre a posição vertical no parto.


Revista Baiana de Enfermagem, 2018;

Você também pode gostar