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SERRA TALHADA - PE
2016
Jéssica Patrícia Cavalcanti Carvalho
Juliana Silva Brito Monteiro
SERRA TALHADA - PE
2016
Práticas Assistenciais da Equipe Multidisciplinar no Cuidado Obstétrico em um
Hospital Público de Serra Talhada - PE
Assistance Practices of the Multidisciplinary Team in Obstetric Care in a Public
Hospital of Serra Talhada - PE
Jéssica Patrícia Cavalcanti Carvalho¹;Juliana Silva Brito Monteiero¹;Cibelly de Souza
Brandão1* Faculdade de Saúde de Paulista, São Paulo – SP
Resumo: A violência obstétrica é o termo usado para definir, o tipo de abuso contra
a mulher durante o trabalho de parto e parto, sendo ela física ou verbal, em que vem
tomando maiores proporções em todo país, atingindo cerca de 25% das mulheres. O
presente estudo teve como objetivo identificar as práticas assistenciais realizadas
durante o processo de parturição em um hospital público do município de Serra
Talhada – PE. Tratou- se de um estudo de campo do tipo descritivo, transversal,
exploratório, retrospectivo com abordagem quantitativa. Participaram da pesquisa
um total de 19 mulheres, que tiveram parto realizado no Hospital Professor
Agamenon Magalhães – HOSPAM, no período de Janeiro à Março de 2015, em que
responderam a um questionário composto por 15 questões objetivas, que foi
aplicado em suas residências. A partir daí foi possível traçar o perfil das mulheres
mais acometidas por esse tipo de violência, bem como as formas como a mesma se
apresentou. Entre as entrevistadas foi encontrado os seguintes dados: pardas
(42,2%), idade entre 18 e 33 anos (94,6%), solteiras (36,8%), com ensino médio
completo (42,2%), renda igual a um salário (36,8%), multíparas (52,7%), tipo de
parto realizado, cesáreo (57,8%). Sobre a violência sofrida foi relatado o exame de
toque realizado de forma dolorosa (10,5%), e grande parte negou ter sofrido algum
tipo de agressão (73,6%). Quanto às práticas humanizadas, foram realizadas
conversas (21%), e dentre as práticas analisadas, foi citado por elas, não terem
passado por nenhuma (57,9), o acompanhante foi negado durante o parto, em todos
os casos (100%), o que viola o direito da parturiente. Acredita- se que esse estudo,
junto com os dados obtidos possibilitará uma melhor percepção dos profissionais
perante as necessidades de suas pacientes, bem como informar toda a sociedade
quanto ao tema abordado, a fim de que, façam valer seus direitos. Mostrando que a
violência contra a mulher, quanto parturiente é uma realidade também do interior do
país.
Palavras chave: Violência Obstétrica; Assistência; Obstetrícia.
Abstract: The Obstetric Violence is the term used to define the type of abuse against
women during labor and childbirth, it being physical or verbal, that has been taking
larger proportions across the country, reaching about 25% of women. This study
aims to identify the care practices performed during the parturition process in a public
hospital in the city of Serra Talhada - PE. It was a descriptive field study, cross,
exploratory, retrospective with a quantitative approach. The participants were a total
of 19 women who gave birth held at the Hospital Professor Agamemnon Magalhães -
HOSPAM, from January to March 2015, they responded to a questionnaire
containing 15 objective questions, which was applied at their homes. From there it
was possible to trace the profile of women most affected by this type of violence as
well as the ways in which it is presented. Among those interviewed was found the
following data: brown (42,2%), aged between 18 and 33 years (94.6%), single
(36.8%), with high school (42,2%), income equal a salary (36, %), multiparous
(52,7%), childbirth type performed, cesarean (57,8%). About this violence was
reported examining touch made painfully (10.5%), and largely had denied suffered
some type of aggression (73.6%). The humanized practices, conversations were held
(21%), and among the analyzed practices, was mentioned by them, have not
undergone any (57.9), the companion was denied during labor, in all cases (100%),
which violates the right of Mother. It is believed that this study, along with data
obtained will enable a better perception of professionals to the needs of their
patients, as well as informing the whole society on the subject addressed, so that, to
assert their rights. Showing that violence against women as a laboring woman is also
a reality of the countryside.
1 INTRODUÇÃO.....................................................................................................6
2 REVISÃO DE LITERATURA..............................................................................8
2.1 VIOLÊNCIA INSTITUCIONAL E HUMANIZAÇÃO...........................................8
2.2 VIOLÊNCIA DE GÊNERO................................................................................10
2.3 INSTITUCIONALIZAÇÃO DO PARTO.............................................................11
2.4 ASSISTENCIA NO CUIDADO À PARTURIENTE............................................12
2.5 PATOLOGIAS: ALTO RISCO NA GESTAÇÃO.........................................13
2.6 ESTRUTURA HOSPITALAR......................................................................14
3 METODOLOGIA..................................................................................................15
4 RESULTADOS E DISCURSÕES........................................................................16
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................27
REFERÊNCIAS BIBLIOGÁRFICAS......................................................................29
APÊNDICE..............................................................................................................42
APÊNDICE A – QUESTIONÁRIO..........................................................................43
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1. INTRODUÇÃO
2 REVISÃO DE LITERATURA
O parto vem deixando de ser de autoria da mulher, para dar vez a equipe de
profissionais que a assiste. Mas por medo, opressão, elas passam a calar, e
vivenciam cada imposição e tratamento proposto. Constituindo- se a partir daí a
violência institucional provocada contra a parturiente (WOLFF, WALDOW, 2008).
Outro ato agressivo, como desrespeito, peregrinação das pacientes em
diversos locais de saúde, negligência, falta de humanização no cuidado, são
classificados como a violência de gênero que se intensifica ainda mais a agressão
no período gravídico dessa mulher (BOTTI, 2013).
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3 METODOLOGIA
Trata-se de um estudo de campo do tipo descritivo, transversal, exploratório,
retrospectivo com abordagem quantitativa, é importante descrever um pouco sobre
os tipos de pesquisa apresentados para este estudo, a exemplo a pesquisa
descritiva é abrangente, onde irá relatar as características de determinada
população ou fenômeno, através de métodos que segue um modelo padrão, tais
como questionários e a observação sistemática, relatando assim com maior exatidão
os fatos, onde irá exigir um maior leque de conhecimentos por parte do pesquisador
(TRIVIÑOS, 1987).
O estudo foi realizado no Município de Serra Talhada, localizado no sertão
Pernambucano, a uma distância de 415 km de Recife, faz parte da XI Gerência
Regional de Saúde (GERES), o Município possui 18 Estratégias de Saúde da
Família, 1 Hospital Público e tem uma população de 83.051 habitantes conforme
Censo Demográfico 2010 (IBGE, 2010). O estudo foi efetuado no Hospital Professor
Agamenon Magalhães - HOSPAM localizado na zona urbana, escolhido por possuir
o maior número de atendimentos de gestantes /parturientes da região.
A população foi composta por mulheres que tiveram o parto realizado no
HOSPAM, a serem selecionadas pelo processo de amostragem aleatória simples,
respeitando os critérios de inclusão e exclusão previamente estabelecidos. O
referido hospital possuiu um quantitativo de 279 parturientes no setor obstétrico no
período de janeiro a março de 2015, dentre elas 70 fizeram parte dos critérios de
inclusão. A amostra de acordo com o cálculo amostral se constituiu de 36 mulheres,
onde apenas 19 fizeram parte do estudo, de acordo com nível de confiança de 95%
e percentual máximo de 5%. Os dados foram coletados através de um questionário,
contendo 14 questões objetivas que abordam dados sociodemográficos,
socioeconômico e fatores de risco. Foi aplicado no período de Setembro à
Novembro de 2015.
Esta pesquisa foi realizada dentro dos preceitos estabelecidos na Resolução
Nº 196/96, da Comissão Nacional de Ética em Pesquisa/Conselho Nacional de
Saúde (Conep/CNS), tendo sido aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa
Envolvendo Seres Humanas das Faculdades Integradas de Patos – Fundação
Francisco Mascarenhas – Patos – PB.
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4 RESULTADOS E DISCURSÕES
Participaram da pesquisa um total de 19 de mulheresque realizaram o parto
no Hospital Professor Agamenon Magalhães – HOSPAM, no período de janeiro a
março do ano de 2015, onde responderam a um questionário, contendo 15 questões
objetivas relacionadas ao seu ultimo parto.
A tabela 1 apresenta os dados relacionados à idade e estado civil de uma
forma
TABELA 1 - Dado sócio- demográfico (idade/ estado civil), das entrevistadas, com parto realizado no
HOSPAM no município de Serra Talhada – PE, entre Jan/Mar de 2015.
IDADE QUANT. % ESTADO CIVIL QUANT. %
18 – 25 9 47,3% Solteira 7 36,8%
26 – 33 9 47,3% Casada 6 31,6%
34 – 41 1 5,4% Divorciada 1 5,2%
União Estável 5 26,4%
TOTAL 19 100% TOTAL 19 100%
TABELA 2 - Dados sócio- demográficos (etnia/ escolaridade) das entrevistadas, com parto realizado no
HOSPAM no município de Serra Talhada – PE, entre Jan/Mar de 2015.
ETNIA QUANT. % ESCOLARIDADE QUANT. %
Branca 7 36,8% Analfabeta 2 10,5%
Preta 3 15,8% Fund. Completo 2 10,5%
Parda 8 42,2% Fund. Incompleto 3 15,8%
Indígena 1 5,2% Médio Completo 8 42,2%
Médio Incompleto 3 15,8%
Superior Completo 1 5,2%
TOTAL 19 100% TOTAL 19 100%
GRAFICO 1 - Situação econômica das mulheres pesquisadas, que tiveram o parto realizado no
HOSPAM no município de Serra Talhada – PE, entre Jan/Março de 2015.
referiram viver com mais de um salário mínimo (6) e com a quantia de menor que
um salário (6), ambas com 31, 6%.
Para Pallota e Lorenço (1999), a maior parcela das mulheres que sofrem
algum tipo de violência tem consciência de seus direitos como mulher, mas devido
sua situação econômica e por muitas ainda viverem sob a dependência financeira do
marido, optam por se calar por anos e anos, só procurando alguma ajuda quando a
situação já não está mais suportável.
Mesmo com a prevalência de 1 salário mínimo, é crescente o aumento das
famílias que vivem com uma renda acima disso, onde Romanelli (2000) diz que isso
está ocorrendo devido a ascensão da mulher no mercado de trabalho, deixando o
lar, para participar efetivamente nas despesas do mesmo, sendo feita uma
reorganização, dividindo tarefas com seu companheiro.
A tabela 3 traz informações sobre o tipo de parto de escolha, tendo como
possibilidades, o vaginal ou cesáreo e o número de partos contabilizando com a
última gestação, podendo ser primípara ou multípara.
TABELA 3 - Paridade e tipo de parto realizado na última gestação, das mulheres que foram atendidas no
HOSPAM em Serra Talhada – PE, entre Jan/Mar de 2015.
Nº DE PARTOS QUANT. % TIPO DE PARTO QUANT. %
Primípara 9 47,3% Vaginal 8 42,2%
Multípara 10 52,7% Cesáreo 11 57,8%
TOTAL 19 100% TOTAL 19 100%
nos hospitais públicos ainda é muita maior do que a taxa acima estabelecida
(BRASIL, 2010).
Sobre os antecedentes obstétricos, foi realizado um estudo no Hospital
Regional do Baixo Amazonas no período de Setembro de 2011, onde o número de
gestantes atendidas são de multíparas com taxa de 59% (ANJOS et. al, 2014),
porcentagem que se assemelha a encontrada na tabela acima.
O gráfico 2 mostra o processo patológico que as mulheres passaram em sua
ultima gestação, onde puderam optar por mais de uma resposta, com destaque
para hipertensão arterial (HAS) e infecção do trato urinário (ITU).
GRÁFICO 2 - Patologias relatadas pelas mulheres que tiveram parto realizado no HOSPAM em Serra
Talhada – PE, entre Jan/Mar de 2015.
caso, deve- se estar atento a possíveis mudanças, pois ela pode levar até a um
aborto prematuro (BRASIL, 2000).
O gráfico 3 retrata a classificação da equipe de saúde que prestou
atendimento a essa mulher, desde o acolhimento até a saída da paciente.
GRÁFICO 4 - Tipo de violência vivenciada pelas parturientes no HOSPAM em Serra Talhada – PE,
entre Jan/Mar de 2015.
Goldmam (2002) afirma ainda que, o toque vaginal durante o todo o processo
do parto deve ser minimamente realizado, pois há informações que mostra que a
realização abusiva do exame está ligada a contaminação da cavidade cervical.
O gráfico 5 retrata o percentual de parturientes que tiveram a presença de um
acompanhante de sua escolha nos três momentos do processo de parturição, sendo
eles o pré-parto, parto e pós parto.
GRÁFICO 7 - Práticas Humanizadas realizadas no pré- parto no HOSPAM, em Serra Talhada – PE,
entre Jan/Mar de 2015.
Nos dados presentes no gráfico, podemos observar que a maior parte das
parturientes relatou não terem sido realizadas nenhuma prática que auxiliasse o
alívio da dor, ansiedade e expectativas delas no pré- parto, chegando a um
percentual de 57,9% (11) das mulheres. Das usuárias que responderam o
questionário, 5,3% (1) relataram terem tomado algum tipo de medicação e 5,3% (1)
receberam massagens de conforto para alivio da dor. Outras puderam escolher a
posição que lhe era mais confortável, com percentual de 10,5% (2), e 21% (4)
relatou que a equipe conversou a fim de acalma-las.
Ouve-se muito atualmente falar em humanização, mas antes de tudo deve-se
entender o que esse termo significa,no qualFerreira(2009) diz que humanizar está
ligado ao que é humano, sendo complacente, amigável, civilizado, socializar de
maneira cordial.
Relacionado ao parto, a humanização requer que haja algumas modificações
no cuidado, redirecionando este a mulher e suas necessidades, tanto físicas quanto
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GRAFICO 8 - Estrutura Hospitalar do HOSPAM em Serra talhada – PE, de acordo com as gestantes
admitidas entre Jan/Mar de 2015.
No gráfico acima sobre a estrutura hospitalar relatada pelas mulheres 16% (3)
disse haver um local destinado ao acolhimento e 42% (8) relatou a existência de um
local confortável para observação da evolução do trabalho de parto. Em contra
partida, 42% (8) delas disse não ter presenciado nenhuma estrutura adequada para
atender as suas necessidades, como deve ser.
Em relação ao conforto prestado há condições que desfavorecem o ambiente
hospitalar como, o processo de ventilação, a escassez ou abundancia de
luminosidade, de sons entre outros, podendo gerar uma inquietação no decorrer do
trabalho e recuperação do paciente. Cada fator desse, influencia diretamente nas
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REFERÊNCIAS
DINIZ, C.S.G; CHACHAM, A. S. O Corte por cima e o corte por baixo: O abuso
de cesáreas e episiotomias em São Paulo. Questões Saúde Reprod. 2006;
1(1): 80-91.
REIS, S. L. S. dos; et. al. Parto normal x parto cesáreo: Análise epidemiológica
em 2 maternidades o sul do Brasil. Revista da AMRIGS, Porto Alegre, 53 (1):
7-10, Jan/Mar, 2009.
SCHRAIBER, L. B. et. al. Violência Vivida: A dor que não tem nome.Interface –
Comunic., Saúde, Educ. v. 7, n. 12, p. 41 – 54. São Paulo, 2003.
APÊNDICE
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Apêndice A – Questionário
1. Idade? _________
4. Estado Civil?
a) Solteira ( )
b) Casada ( )
c) Viúva ( )
d) Divorciada ( )
e) União Estável ( )
5. Etnia?
a) Branca ( )
b) Preta ( )
c) Parda ( )
d) Amarela ( )
e) Indígena ( )
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b) Não ( )