Você está na página 1de 24

Exegese, Hermenêutica e Homilética

O QUE É EXEGESE?

O processo pelo qual o intérprete visa o texto bíblico em busca de sua história e do seu sentido
primeiro. O papel da exegese é através da consciência de onde veio buscar interpretar o sentido que o texto
teve no seu contexto e como ele pode servir para mim hoje.

Na exegese bíblica busca-se estabelecer o significado do texto e realizar uma averiguação


subjetiva dos resultados, procurando desenvolver métodos para superar as dificuldades encontradas na
compreensão de um texto bíblico. A exegese deve evitar soluções simplistas, mas seguir rumos históricos
e críticos. Contudo, as diferentes formas de leitura se distinguem pela finalidade e pela intensidade do
estudo, pelo grau de reflexão, etc.

Exegese é diferente de "eisegese", neste processo o interprete projeta sobre o texto as suas
próprias ideias.

O QUE É HERMENÊUTICA?

É a ciência da interpretação (busca o recurso da interpretação do texto). Ciência que objetiva a


compreensão dos sentidos que marcam um texto. A Bíblia não pode e nem deve ser interpretada ao bel-
prazer (prazer pessoal). A interpretação bíblica requer princípios aceitos pela ortodoxia bíblica.

Não esqueça, os livros lemos para saber o que tem na alma do autor, a Bíblia lemos para saber
o que temos na nossa alma. A partir da hermenêutica percebemos que há uma distância entre texto e leitor:

O QUE É HOMILÉTICA?

A Homilética é ciência que ensina como preparar e comunicar sermões, a arte de pregar. A
homilética é um instrumento que ajuda o pregador a organizar os pensamentos de tal forma que facilita a
exposição do sermão, porém de forma alguma anulará a inspiração do Espírito Santo. A preleção nos
possibilita diferentes formas e possibilidades de elocução Homilética. A Homilética envolve toda a pregação
e a liturgia do culto. "O conhecimento da forma ao corpo do sermão, enquanto que a unção do Espírito é a
vida deste corpo" IIPe.3,18.

A palavra homilética vem do grego, "homiletike", e significa ensino, conversa, assim nos dias
apostólicos a pregação cristã era feita nas casas em forma de conversação. É preciso atentar que pregar
não é apenas fazer discurso, mas é falar em nome daquele que nos enviou – Deus ICo.1,21; Is.52,7;
Rm.10,15 . O conceito bíblico de pregação é o anuncio das Boas Novas do Evangelho. Para a proclamação
do kerigma, isto é, da mensagem que deve ser obtida na dependência do Espírito Santo, sabendo-se que,
quem prega fala da parte de Deus. Outra questão relevante refere-se à vida do pregador. Aquele que prega
necessita que sua vida seja coerente com aquilo que ele fala. Segundo Josué Gonçalves "VIVER
PREGANDO E PREGAR VIVENDO", as nossas atitudes dizem muito mais que nossas palavras.

A credibilidade e a autoridade do pregador está no viver o que prega e isto significa que primeiro
a mensagem fez efeito na nossa vida e podemos falar com convicção, ser testemunha, oferecer algo
provado e aprovado, caso contrário corremos o risco de agir com hipocrisia. Por exemplo, um pregador
ministra sobre harmonia familiar e a palavra não condiz com sua vida prática, corre o risco de ser
desacreditado.

Além disso, para ser bem-sucedido neste ministério é preciso ser chamado por Deus, isto é,
vocacionado para esta obra Ef,4,11 "Ele mesmo deu uns para apóstolos, outros para profetas, outros para
evangelistas, outros para pastores e mestres". Todos os salvos foram chamados com uma vocação, porém
existe a chamada especifica. Para ser um bom obreiro é preciso compreender sua chamada e a sua
vocação.

A prática do exercício da pregação exige sacrifícios, tais como oração, estudo, dedicação,
comunhão, entre outros. Devido este esforço muitos têm se acovardado e negligenciado a tarefa. Que Deus
levante em nosso meio, homens e mulheres com a disposição do apóstolo Paulo, com intrepidez e
compromisso. Assim sendo, o Evangelho continuará transformando e abençoando vidas.
DEFINIÇÕES

Hermenêutica é a ciência e arte de interpretar textos.

A hermenêutica é a ciência que estabelece os princípios, leis e métodos de interpretação. Em sua


abrangência trata da teoria da interpretação de sinais, símbolos e leis de uma cultura.

 Hermenêutica é considerada ciência porque ela tem normas, ou regras, e essas podem ser
classificadas num sistema ordenado.
 Hermenêutica é considerada arte porque a comunicação é flexível e, portanto, uma aplicação
mecânica e rígida das regras, às vezes, distorcerá o verdadeiro sentido de uma comunicação.

Hermenêutica é um ato de caráter espiritual, quando se trata da interpretação da Bíblia, pois deve ser
realizada na dependência do Espírito Santo.

 Exige-se do bom intérprete que ele aprenda as regras da hermenêutica bem como a arte de aplicá-
las e que tenha uma vida piedosa.
 Interpretar um texto implica em duas vertentes:
 É tornar o autor bíblico contemporâneo do leitor (nós), aproximando-nos à compreensão da mesma
época do autor.

É comentá-lo de forma a alcançar a capacidade de compreensão das pessoas a quem se deseja comunicar
a sua mensagem.

Ao interpretar devemos partir de três perguntas básicas:

1. O que o texto diz ou qual seu significado? (Exegese);


2. O ele diz para mim ou qual seu significado para mim? (Devocional);
3. Como compartilhar com você o que o texto diz ou seu significado para nós? (Homilética).

A NECESSIDADE DA HERMENÊUTICA

A necessidade se dá pela razão que mencionamos em nossa introdução, isto é, pela diversidade de
diferença que existe de um homem para outro e podemos ainda acrescentar a razão primária da
necessidade da hermenêutica que é o pecado. Dessa forma podemos dizer que a necessidade da
hermenêutica se faz:

 Por causa do pecado que obscureceu o entendimento do homem e exerce influência perniciosa em
sua mente e torna necessário o esforço especial para evitar erros (2Pd 3.16 e Dt 7.10).
 Por causa do bloqueio histórico. Há um abismo histórico que nos separa dos escritores bíblicos e
das culturas primitivas. Precisamos transpor este bloqueio, se quisermos compreender o significado
da revelação. A antipatia de Jonas pelos ninivitas, por exemplo assume maior significado, quando
compreendermos os motivos históricos, que fizeram Jonas desprezar os ninivitas.
 Por causa do bloqueio cultural. O bloqueio Cultural. Cada um de nós vê a realidade, através de
olhos condicionados pela cultura. O conjunto de valores culturais, científicos e ideológicos de uma
cultura é o que chamamos de cosmovisão.

A cosmovisão da cultura bíblica é diferente em muitos pontos da cultura atual. Para entendermos
algumas passagens da Bíblia precisamos compreender, a cosmovisão das culturas bíblicas. Como
entender, por exemplo, I Coríntios 14:34? Será que está recomendação se aplica nos mesmos termos aos
dias de hoje? Como, era a visão primitiva do universo? Como eram os relacionamentos sociais? A forma de
se vestir? De comercializar? De se educar?

 Por causa do bloqueio linguístico. A Bíblia foi escrita em hebraico, aramaico e grego — três línguas
que possuem estruturas e expressões idiomáticas muito diferentes da nossa própria língua.
Estamos habituados a escrever e pensar com frases em nossa língua na sequência sujeito, verbo,
predicado. Esta forma de raciocínio e escrita não existe nas línguas primitivas. No grego, não existe
a sequência sujeito, verbo, predicado. Existem ainda diferenças nas estruturas verbais, na forma de
se organizar as frases, etc... A língua é um grande obstáculo para a interpretação bíblica.

Precisamos considerar também que, as línguas evoluem. O português de hoje, possui expressões
irreconhecíveis para o português do século XV. E vice-versa. A língua é dinâmica e constitui-se como um
obstáculo a ser vencido na interpretação das escrituras.
 Por causa do bloqueio filosófico. Cada cultura tem uma forma específica de teorizar a realidade, o
sagrado, o divino, etc... É importante nós compreendermos a filosofia de cada cultura para que
possamos entender parte de seus comportamentos sociais e religiosos. A filosofia de uma cultura
influencia profundamente seus comportamentos, sociais, políticos, econômicos e religiosos.

CARACTERÍSTICAS NECESSÁRIAS PARA ESTUDAR AS ESCRITURAS

Assim como para apreciar devidamente a poesia se necessita possuir um sentido especial para
o belo e poético, e para o estudo da filosofia é necessário um espírito filosófico, assim é da maior importância
uma disposição especial para o estudo proveitoso da Sagrada Escritura.

A Bíblia é um livro singular. Em suas páginas encontramos riquezas de conhecimentos de


teologia, psicologia, história, geografia, sociologia, antropologia, biologia, etc.

Não existe outro livro que, como a Bíblia, tenha sido escrito no decorrer de aproximadamente
1500 anos, por cerca de quarenta escritores, em três continentes diferentes, em meio ao calor do deserto e
no frescor de um palácio, em tempo de guerra e em tempo de paz. Seus escritores variam de homens
simples do povo a grandes sábios e doutores.

Por tudo isso e muito mais, se fazem necessárias, além do conhecimento hermenêutico, qualidades
vocacionais e espirituais ao intérprete da Palavra de Deus.

 Necessita de fé

Está escrito: “Sem fé é impossível agradar a Deus, por que é necessário que aquele que Dele se aproxima,
creia que Ele existe e que é galardoador dos que o buscam. ”(Hb 11.6). Aquele que ainda não tem fé não
está apto para interpretar a Palavra de um Deus em quem não crê, no entanto, deve lê-la e ouvi-la para
adquirir fé, como também está escrito: “a fé vem pelo ouvir, e o ouvir pela Palavra de Deus. ” (Rm 10.17).

 Necessita comunhão com Deus

Deus disse ao profeta: “Clama a mim e responder-te-ei e te mostrarei coisas grandes e ocultas que ainda
não sabes. ” (Jr 33.3). Quem pretende entender a Revelação Escrita de Deus deve viver em constante
oração, louvor e meditação em sua Palavra.

 Necessita de um espírito dócil.

Isto significa ausência de obstinação e teimosia diante da revelação divina. É preciso receber a Palavra de
Deus com mansidão (Tg 1.21).

 Necessita de um espírito amante da verdade.

Um coração desejoso de conhecer a verdade (Jo 3.19-21).

 Necessita de um espírito paciente.

Como o garimpeiro que cava e revolve a terra, buscando com diligência o metal precioso, da mesma maneira
o estudioso das Escrituras deve pacientemente, buscar as revelações que Deus propôs e que em algumas
partes é bastante profunda e de difícil interpretação.

 Necessita gosto pela leitura e escrita

Na lida exegética é preciso ler muito. Pessoas que não têm prazer na leitura enfrentarão sérias dificuldades
para interpretar textos.

Também não se admite num interpretador de textos a preguiça de escrever. Tudo o que se faz deve ser
anotado, sob pena de ter que se fazer de novo. A memória falha, mas a escrita não.

 Necessita senso de organização

Terá sem dúvida maior sucesso na interpretação quem for organizado. O arquivamento de anotações, ou o
backup de um arquivo, pode livrar o estudante de um duplo trabalho. Manter os livros de pesquisa
organizados e em local próprio facilita sua consulta quando necessário. Arquive suas anotações por assunto.
Isso vai ser muito útil quando precisar delas novamente.
Uma tarefa grande deverá sempre ser realizada em etapas para evitar o desânimo. As tarefas mais fáceis
devem ser concretizadas primeiro, a menos que uma outra ordem seja inevitável.

PRESSUPOSIÇÕES GERAIS DA HERMENÊUTICA

O que é uma pressuposição?

O filósofo Hilton Japiassu define o termo da seguinte forma: "Algo que se toma como previamente
estabelecido, como base ou ponto de partida para um raciocínio ou argumento". Uma pressuposição não é
demonstrada por meios de argumentos, é apenas aceita.

Toda Ciência tem pressuposições

Quais as principais pressuposições da hermenêutica?

Pressuposição I: A BÍBLIA TEM AUTORIDADE ESPIRITUAL E NORMATIVA

A Bíblia tem um inerente senso de autoridade que se vê no constante uso da expressão “diz o Senhor”, no
Antigo Testamento, e na aura de uma autoridade apostólica divinamente conferida no Novo Testamento.

Quanto mais nos afastamos do significado pretendido da Palavra, mais aumenta o descompasso com a
autoridade.

Fontes autoridade existentes:

 A fonte das Instituições e Tradições Cristãs (Igreja).


 A fonte da Razão (conhecimento teológico e filosófico).
 A fonte das Experiências (pessoal, empírico)
 A fonte Bíblica

Pressuposição II: A Bíblia é inspirada

Cada escritor se expressa de formas distintas, com diferentes ênfases e diversas figuras de linguagem. Por
exemplo, João usa a linguagem do “novo nascimento” para expressar o conceito da conversão, enquanto
Paulo prefere a linguagem da adoção. Paulo dá destaque a fé que pode levar a conversão, enquanto Tiago
destaca as obras que demonstram a fé.

Qual o método da inspiração?

 Inspiração mecânica ou teoria do ditado verbal


 Inspiração de conceitos ou ideias
 Inspiração plena e verbal
 Inspiração parcial

Pressuposição III: Há muitas questões tratadas na Bíblia, que são explicadas e provadas pela fé, e não
por via racional.

Exemplo: A existência de Deus, a dual natureza de Cristo, a Trindade, os milagres, o método da criação,
previsões proféticas..., etc...

Pressuposição IV: É necessária influência espiritual para uma correta compreensão das escrituras.
Cremos há uma influência do Espírito Santo no ato da interpretação dos textos bíblicos.

Todo leitor traz consigo um conjunto de “pré-conhecimentos”, isto é, crenças e ideias que compõem a
herança de seus antecedentes e da comunidade que lhe serve de paradigma. Raramente lemos a Bíblia em
busca da verdade: o que mais acontece é querermos harmonizá-la com nosso sistema de crenças e ver seu
significado sob a perspectiva de nosso sistema teológico preconcebido.

FATORES NO CAMPO RELIGIOSO QUE INFLUENCIAM O PROCESSO DE INTERPRETAÇÃO BÍBLICA

A pergunta fundamental feita na análise teológica é: Como essa passagem se enquadra no padrão total da
revelação de Deus? Antes de respondermos a esta pergunta, devemos ter uma compreensão do padrão da
história da revelação.
Há, neste momento uma necessidade de conhecimento dos conceitos de graça, lei, salvação e o ministério
do Espírito Santo.

"O ministro também deve compreender e explicar um texto teológicamente. Não somente deve estar
inteirado do que esse texto está dizendo em primeiro plano, mas também da teologia que elucida o texto."

Isto significa que o pregador deve conhecer as tradições, a filosofia, a maneira de pensar, a "Cosmovisão",
as ideias acerca de Deus e da religião na época em que aquela mensagem foi escrita.

As divisões naturais incluem as grandes doutrinas a serem estudadas na análise teológica: A Doutrina da
Criação; a Doutrina de Deus; a Doutrina do Homem e do Pecado; a Doutrina da Salvação.

É preciso ter este conhecimento para não se deixar levar cegamente por livros, comentários e outros
materiais que não estão isentos do pensar teológico do autor.

O quanto sabemos, o primeiro intérprete da Palavra de Deus foi o diabo, dando à palavra divina um sentido
que ela não tinha, falseando astutamente a verdade. Mais tarde, o mesmo inimigo, falseia o sentido da
Palavra escrita, truncando-a, isto é, citando a parte que lhe convinha e omitindo a outra.

MÉTODOS DA HERMENÊUTICA

Método é a maneira ordenada de fazer alguma coisa. É um procedimento seguido passo a passo com o
objetivo de alcançar um resultado.

Durante séculos os eruditos religiosos procuraram todos os métodos possíveis para desvendar os tesouros
da Bíblia e arquitetar meios de descobrir os seus segredos.

Método Analítico

É o método utilizado nos estudos pormenorizados com anotações de detalhes, por insignificantes que
pareçam com a finalidade de descrevê-los e estudá-los em todas as suas formas. Os passos básicos deste
método são:

A. Observação – É o passo que nos leva a extrair do texto o que realmente descreve os fatos, levando
também em conta a importância das declarações e o contexto;

B. Interpretação – É o passo que nos leva a buscar a explicação e o significado (tanto para o autor quanto
para o leitor) para entender a mensagem central do texto lido. A interpretação deverá ser conduzida dentro
do contexto textual e histórico com oração e dependência total do Espírito Santo, analisando o significado
das palavras e frases chaves, avaliando os fatos, investigando os pontos difíceis ou incertos, resumindo a
mensagem do autor a seus leitores originais e fazer a contextualização (trazer a mensagem a nossa época
ou ao nosso contexto);

C. Correlação – É o passo que nos leva a comparar narrativas ou mensagem de um fato escrito por vários
autores, em épocas distintas em que cada um narra o fato, em ângulos não coincidentes como por exemplo
a mesma narrativa descrita em Mc 10.46 e Lc 18.35, onde o primeiro descreve "saindo de Jericó" e o
segundo "chegando em Jericó";

D. Aplicação – É o passo que nos leva a buscar mudanças de atitudes e de ações em função da verdade
descoberta. É a resposta através da ação prática daquilo que se aprendeu.

Um exemplo de aplicação é o de pedir perdão e reconciliar-se com alguém ou mesmo o de adoração à


Deus.

Exercício: 1 Timóteo 2 e 3 (dividir a sala em dois grupos e cada um trabalhará o método analítico de um
capítulo).

Método Sintético (Procura o tema que amarra todo livro)

É o método utilizado nos estudos que abordam cada livro como uma unidade inteira e procura o seu sentido
como um todo, de forma global (é a busca de sintetizar o que leu em uma palavra). Neste caso determina-
se as ênfases principais do livro ou seja, as palavras repetidas em todo o livro, mesmo em sinônimo e com
isto a palavra-chave desenvolve o tema do livro estudado. Outra maneira de determinar a ênfase ou
característica de um livro é observar o espaço dedicado a certo assunto. Como por exemplo, o capítulo 11
da Epístola aos Hebreus enfatiza a fé e em todos os demais capítulos ela enfatiza a palavra SUPERIOR.
(De acordo com a versão Almeida Revista e Atualizada – ARA).

SUPERIOR:

A. Aos anjos – 1.4; f) Ao sacrifício – 9.23; l) Ao sacerdócio – 5 a 7;


B. A aliança – 7.22; g) Ao patrimônio – 10.34;
C. A bênção – 7.7.; h) A ressurreição – 11.35;
D. A esperança – 7.19; i) A pátria – 11.16;
E. A promessa – 8.6; j) A Moisés – 3.1 a 4;

11.3 – Método Temático (Busca no livro o tema desejado)

É o método utilizado para estudar um livro com um assunto específico, ou seja, no estudo do livro terá um
tema específico definido (a leitura de um livro a partir de um tema). Como exemplo temos a FÉ:

A. Salvadora – Ef. 2.8; D. Grande – Mt 15.21 a 28;

B. Comum – Tt 1.4; Jd 3; E. Vencedora – I Jo 5.4;

C. Pequena – Mt 14.28 a 31; F. Crescente – II Ts 1.3.

Método Biográfico de Estudo da Bíblia (Estuda a vida de um personagem)

Esta espécie de estudo bíblico é divertida, pois você tem a oportunidade de sondar o caráter das pessoas
que o Espírito Santo colocou na Bíblia, e de aprender de suas vidas (Escolhe um personagem bíblico para
estudar).

Sobre alguns personagens bíblicos muito foi escrito. Quando você estuda pessoas como Jesus, Abraão e
Moisés, pode precisar restringir o estudo a áreas como, "A vida de Jesus como nos é revelada no Evangelho
de João", "Moisés durante o Êxodo", ou "Que diz o Novo Testamento sobre Abraão". Lute sempre para
manter os seus estudos bíblicos em tamanho manejável.

Estudo Biográfico Básico.

PASSO UM – Escolha a pessoa que você quer estudar e estabeleça os limites do estudo (por exemplo,
"Vida de Davi, antes de tornar-se rei"). Usando uma concordância ou um índice enciclopédico, localize as
referências que têm relação com a pessoa do estudo. Leia as várias vezes e faça resumo de cada uma
delas.

1. Observações – Anote todo e qualquer pormenor que notar sobre essa pessoa. Quem era? O que fazia?
Onde morava? Quando viveu? Por que fez o que fez? Como levou a efeito? Anote minúcias sobre ela e seu
caráter.

2. Dificuldades – Escreva o que você não entende acerca dessa pessoa e de acontecimentos de sua vida.

3. Aplicações possíveis – Anote várias destas durante o transcurso do seu estudo, e escreva um "A" na
margem. Ao concluir o seu estudo, você voltará a estas aplicações possíveis e escolherá aquela que o
Espírito Santo destacar.

PASSO DOIS – Com divisão em parágrafos, escreva um breve esboço da vida da pessoa. Inclua os
acontecimentos e características importantes, declarando os fatos, sem interpretação. Quando possível,
mantenha o material em ordem cronológica.

Estudo Biográfico Avançado.

Os seguintes passos podem ser acrescentados quando você achar que o ajudarão em seus estudos
biográficos. São facultativos e só devem ser incluídos progressivamente, à medida que você ganhe
confiança e prática.
Trace o fundo histórico da pessoa. Use um dicionário bíblico para ampliar este passo somente quando
necessário. As seguintes

Perguntas haverão de estimular o seu pensamento.

1. Quando viveu a pessoa? Quais eram as condições políticas, sociais, religiosas e econômicas da sua
época?

2. Onde a pessoa nasceu? Quem foram seus pais? Houve alguma coisa de incomum em torno do seu
nascimento e da sua infância?

3. Qual a sua vocação? Era mestre, agricultor, ou tinha alguma outra ocupação? Isto influenciou o seu
ministério posterior? Como?

4. Quem foi seu cônjuge? Tiveram filhos? Como eram eles? Ajudaram ou estorvaram a sua vida e o seu
ministério?

5. Faça um gráfico das viagens da pessoa. Aonde ela foi? Por que? Que fez?

6. Como a pessoa morreu? Houve alguma coisa extraordinária em sua vida?

Método de Estudo Indutivo.

A. O método indutivo se baseia na convicção de que o Espírito Santo ilumina a quem examina as escrituras
com sinceridade, e que a maior parte da Bíblia não é tão complicada que quem saiba ler não possa entendê-
la. Os Judeus da Bereia foram elogiados por examinarem cada dia as escrituras "se estas coisas eram
assim". (At 17.10,11)

B. É óbvio que obras literárias tem "partes" que se formam no "todo". Existe uma ordem crescente de
partes, de unidades simples e complexas, até se formarem na obra completa.

C. A unidade literária menor, que o Estudo Bíblico Indutivo (EBI) emprega, é a palavra. Organizam-se
palavras em frases, frases em períodos, períodos em parágrafos, parágrafos em seções, seções em
divisões, e por fim, a obra completa.

PALAVRA – Unidade menor;

FRASES – Reunião de palavras que formam um sentido completo;

PERÍODO – Reunião de frases ou orações que formam sentido completo;

PARÁGRAFOS – Um discurso ou capítulo que forma sentido completo, e que usualmente se inicia com
mudança de linha.

SEÇÃO – Parte de um todo, divisão ou subdivisão de uma obra, tratado, estudo.

12 – EXEGESE

Exegese é o estudo cuidadoso e sistemático de um texto para comentários, visando o esclarecimento ou


interpretação do mesmo. É o estudo objetivando subsidiar o passo da interpretação do método analítico da
hermenêutica. Este estudo é desenvolvido sob as indagações de um contexto histórico e literário.

Segundo o Dicionário Teológico: Exegese: do Grego: ek + egnomai = ek + egéomai penso, interpreto,


arranco para fora do texto. É a prática da hermenêutica sagrada que busca a real interpretação dos textos
que formam o Antigo e o Novo Testamento. Vale-se, pois, do conhecimento das línguas originais (hebraico,
aramaico e grego), da confrontação dos diversos textos bíblicos e das técnicas aplicadas na linguística e na
filosofia.

É a disciplina que aplica métodos e técnicas que ajudam na compreensão do texto.


Do ponto de vista etimológico hermenêutica e exegese são sinônimos, mas hoje os especialistas costumam
fazer a seguinte diferença: Hermenêutica é a ciência das normas que permitem descobrir e explicar o
verdadeiro sentido do texto, enquanto a exegese é a arte de aplicar essas normas.

12.4 – Exercício exegético

Vamos exercitar a hermenêutica! Siga as instruções passo a passo.

A - Faça uma oração sincera a Deus

Ore a Deus desejando de todo o coração compreender a sua Palavra para aplicá-la à sua vida e também
compartilhar com outras pessoas.

B - Escolha o texto a ser estudado

O texto escolhido não deve ser grande nem complexo. A princípio, não se deve exceder a cinco versículos.
Deve ser tomado um texto que tenha o máximo de sentido literal por ser de mais fácil interpretação.

Sugestão:

18Então Jesus perguntou: "Com que se parece o Reino de Deus? Com que o compararei?

19É como um grão de mostarda que um homem semeou em sua horta. Ele cresceu e se tornou uma árvore,
e as aves do céu fizeram ninhos em seus ramos".

20Mais uma vez ele perguntou: "A que compararei o Reino de Deus?

21É como o fermento que uma mulher misturou com uma grande quantidade de farinha, e toda a massa
ficou fermentada". Lucas 13:18-21

Obs.: No original temos um verbo a mais nos versos 19 e 21 – verbo tomou ou pegou.

C - Leia o texto várias vezes e em várias Versões

Ninguém é capaz de interpretar qualquer texto lendo-o uma só vez. Aconselha-se que o estudante leia o
texto pelo menos dez vezes antes de qualquer outra iniciativa. Cada vez que se lê a passagem bíblica, mais
clara ela se torna para o leitor e coisas jamais encontradas na mesma passam a emergir de uma maneira
impressionante. Se possível, leia o texto em várias versões.

As línguas originais devem ser lidas e compreendidas, ou então o estudioso precisa ter acesso a textos
fidedignos, que transmitam fielmente o sentido texto original. O estudioso também deveria consultar não
apenas uma, mas muitas traduções, para então julgar os seus méritos comparativos, quanto a casos
específicos.

D - Leia o Contexto Imediato

É preciso ler o contexto[13] imediato, pelo menos, umas três vezes antes de começar a interpretação.
Provavelmente, outras vezes serão necessárias à medida que o estudo for evoluindo. Não admita a dúvida,
nem tenha preguiça de ler. Leia quantas vezes for necessário.

E - Examine as palavras desconhecidas no dicionário bíblico

À medida que se lê o texto, várias palavras[14] desconhecidas vão aparecendo. O estudante deverá ter à
mão lápis e papel e um bom dicionário bíblico para que escreva o significado das palavras desconhecidas
além de detalhes importantes. Essas informações serão de muita valia para pesquisas posteriores ou
quando da preparação de uma Pregação ou Estudo Bíblico.
Existem palavras que julgamos saber o seu significado mas, quando vamos ao dicionário, descobrimos,
atônitos, que o sentido é completamente diferente do que pensávamos.

Neste momento é importante estar atento aos verbos e suas variações de tempo (passado, presente, futuro
ou gerúndio) escrita pelo autor. Muitas vezes a palavra que encontramos no texto é uma variação da forma
radical da palavra. Por exemplo, em português poderíamos encontrar várias formas do verbo entregar:

Entregou, entregado, entregue, entregaremos.

F – Pesquise e anote sobre todo o material disponível, tendo em mente as regras de interpretação

Não consulte ainda outras exegeses para que a interpretação não seja induzida.

G - Traduza o texto em palavras atuais dando ênfase às lições nele contidas

A essa altura do labor exegético, e com o texto quase de cor, o estudante deve traduzi-lo em palavras
sinônimas com a ajuda do dicionário bíblico e de outras versões da Bíblia. Essa tradução deve ser no sentido
de simplificar o que está dito no texto.

H - Ponha os resultados de sua análise léxico-sintática em palavra não técnicas, de fácil compreensão, que
comuniquem com clareza o significado que o autor tinha em mente.

Sempre existe o perigo de ao fazer a análise léxico-sintática se envolver de tal maneira com os detalhes
técnicos, que perdemos de vista a finalidade da análise, a saber, comunicar o significado do autor com a
maior clareza possível. Há, também, a tentação de impressionar os ouvintes com nossa erudição e
profundas capacidades exegéticas. As pessoas precisam ser alimentadas, não impressionadas. O estudo
técnico deve ser feito como parte de qualquer exegese, mas é preciso que seja parte da preparação para a
exposição. A maioria dele não precisa aparecer no produto (exceto no caso de documentos teológicos
acadêmicos ou técnicos).

13 – FIGURAS DE RETÓRICA

Exporemos em seguida uma série de figuras com seus correspondentes exemplos, que precisam ser
estudados detidamente e repetidas vezes.

13.1 – Metáfora.

Esta figura tem por base alguma semelhança entre dois objetos ou fatos, caracterizando-se um com o que
é próprio do outro. É uma comparação não expressa. É a figura em que se afirma que alguma coisa é o que
ela representa ou simboliza, ou como que se compara. O sujeito está entrelaçado com a coisa comparada.

Metáfora é designação de um objeto ou qualidade mediante uma palavra que designa outro objeto ou
qualidade que tem com o primeiro uma relação de semelhança (p.ex., ele tem uma vontade de ferro, para
designar uma vontade forte, como o ferro).

Exemplos bíblicos:

Ao dizer Jesus: "Eu Sou a Videira Verdadeira", Jesus se caracterizou com o que é próprio e essencial
da videira (pé de uva);

Ao dizer aos discípulos: "Vós sois as varas", caracterizou-os com o que é próprio das varas.

Outros exemplos: "Eu Sou o Caminho", "Eu Sou o Pão Vivo", "Judá é Leãozinho", "Tu és minha
Rocha", etc.
Símile – “O reino dos céus é semelhante...”. Ao contrário da símile que é uma comparação expressa onde
o sujeito está de fora.

13.2 – Sinédoque.

Faz-se uso desta figura quando se toma a parte pelo todo ou o todo pela parte, o plural pelo singular, o
gênero pela espécie, ou vice-versa. É a substituição de uma ideia por outra que lhe é associada.

Exemplos:

- A parte pelo todo (ou o todo pela parte)


Vou sair da casa de meus pais e ter meu próprio teto. (casa)

- A classe pelo indivíduo (ou o indivíduo pela classe)


Quanto mais o Homem constrói, mais o Homem destrói. (os seres humanos)

- O singular pelo plural (ou o plural pelo singular)


O aluno deverá manter o silêncio na biblioteca. (todos os alunos)

Exemplos bíblicos:

Toma a parte pelo todo: "Minha carne repousará segura", em vez de dizer: meu corpo. (Sl 16.9).

Toma o todo pela parte: "...beberdes o cálice", em lugar de dizer: do cálice, ou seja, parte do que há
no cálice.

Gn 6:12 “E viu Deus a terra, e eis que estava corrompida” – terra=homem do geral pelo particular.

13.3 – Metonímia.

É o emprego do nome de uma coisa pelo de outra com que tem certa relação. A metonímia se refere à
substituição de palavras com sentidos próximos, ou seja, é utilizada uma palavra em vez de outra, sendo
que ambas partilham uma relação de proximidade de sentido, de contiguidade. Emprega-se esta figura
quando se emprega a causa pelo efeito, ou o sinal ou símbolo pela realidade que indica o símbolo.

Exemplos:

Jesus emprega a causa pelo efeito: "Eles têm Moisés e os profetas; ouçam-nos", em lugar de dizer
que têm os escritos de Moisés e dos profetas (Lc 16.29).

Jesus emprega o símbolo pela realidade que o mesmo indica: "Se eu não te lavar, não tem parte
comigo." Lavar é o símbolo da regeneração.

“Falem os dias e a multidão dos anos ensine...”. A idade por aqueles que a têm (Jó 32:7).

“Duas nações hão no teu ventre”. Os progenitores pelas descendências (Gn 25:23).

13.4 – Prosopopeia.

Esta figura é usada quando se personificam as cousas inanimadas, atribuindo-lhes os feitos e ações das
pessoas. É personificação de coisas ou de seres irracionais.

Exemplos:

"Onde está, ó morte, o teu aguilhão?" (I Cor 15.55) Paulo trata a morte como se fosse uma pessoa.

"Os montes e os outeiros romperão em cânticos diante de vós, e todas as árvores do campo baterão
palmas." (Is 55.12)

"Encontraram-se a graça e a verdade, a justiça e a paz se beijaram. Da terra brota a verdade, dos
céus a justiça baixa o seu olhar." (Sl 85.10,11)

“Todos os meus ossos dirão: Senhor quem é como tu” (Sl 35:10). Ossos/fala
13.5 – Antropomorfismo (alguns dizem que é sinônimo de prosopopeia)

É a linguagem que atribui a Deus ações e faculdades humanas.

Exemplo:

Gn 8:12 “O Senhor cheirou o suave cheiro, e disse ...”. Cheirar/sentido

13.6 – Ironia.

Faz-se uso desta figura quando se expressa o contrário do que se quer dizer, porém sempre de tal modo
que se faz ressaltar o sentido verdadeiro. É a expressão de um pensamento em palavras que, literalmente
entendidas, exprimiriam o pensamento oposto.

Exemplos:

"Clamai em altas vozes... e despertará." Elias dá a entender que chamar por Baal é completamente
inútil (1 Rs 18.27).

“Clamai aos deuses que escolhestes, eles que vos livrem no tempo de vosso aperto (Juízes 10:14).

13.7 – Hipérbole.

É a figura pela qual se representa uma coisa como muito maior ou menor do que em realidade é, para
apresentá-la viva à imaginação. É um exagero. É a afirmação em que as palavras vão além da realidade
literal das coisas.

Exemplos:

"Vimos ali gigantes... e éramos aos nossos próprios olhos como gafanhotos... as cidades são
grandes e fortificadas até aos céus" (Num. 13.33).

"Nem no mundo inteiro caberiam os livros que seria, escritos" (Jo. 21.25).

"Rios de águas correm dos meus olhos, porque não guardam a tua lei" (Sl 119.136).

Dt 1:28 “As cidades são grandes e fortificadas até os céus”.

13.8 – Alegoria.

É um modo de expressão ou interpretação que consiste em representar pensamentos, ideias, qualidades


sob forma figurada. Podemos dizer que é uma figura retórica que geralmente consta de várias metáforas
unidas, representando cada uma delas realidades correspondentes.

Exemplo:

"Eu Sou o Pão Vivo que desceu do céu, se alguém dele comer, viverá eternamente; e o pão que eu
darei pela vida do mundo, é a minha carne... Quem comer a minha carne e beber o meu sangue tem a vida
eterna", etc. - Esta alegoria tem sua interpretação nesta mesma passagem das Escrituras. (Jo 6.51-65)

13.9 – Fábula.

É uma narrativa, em prosa ou verso, com personagens animais que agem como seres humanos, e que
ilustra um preceito moral.
Exemplo:

"O cardo que está no Líbano, mandou dizer ao cedro que lá está: Dá tua filha por mulher a meu filho;
mas os animais do campo, que estavam no Líbano, passaram e pisaram o cardo" (2 Rs 14.9). Com esta
fábula Jeoás, rei de Israel, responde a proposta de guerra feita por Amazias, rei de Judá.

13.10 – Enigma.

O enigma também é um tipo de alegoria, porém sua solução é difícil e abstrusa (obscuro). Enigma é
a definição de algo por suas qualidades ou particularidades, mas difícil de entender.

Exemplo:

"Do comedor saiu comida e do forte saiu doçura" (Jz 14.14).

13.11 – Tipo.

É o estudo das figuras e símbolos da Bíblia, com os quais Deus procura mostrar, por meio de coisas
terrestres as coisas espirituais. O tipo é uma classe de metáfora que não consiste meramente em palavras,
mas em fatos, pessoas ou objetos que designam fatos semelhantes, pessoas ou objetos no porvir. Estas
figuras são numerosas e chamam-se na Escritura sombra dos bens vindouros, e se encontram, portanto, no
Antigo Testamento.

Exemplos:

A serpente de metal levantada no deserto foi mencionada por Jesus como um tipo para representar
sua morte na cruz (Jo 3.14).

Jonas no ventre do grande peixe, foi usado como tipo por Jesus para representar a sua morte e
ressurreição. (Mt 12.40)

O primeiro Adão é um tipo para Cristo o último Adão. (I Cor 15.45)

Maná no deserto Alimento espiritual

Libertação do Egito Libertação do mundo

Marcha no deserto Nossa peregrinação na terra

13.12 – Símbolo

Representa alguma coisa ou algum fato por meio de outra coisa ou fato familiar, que se considera a propósito
para servir de semelhança ou representação.

Exemplos:

A majestade pelo leão,

a força pelo cavalo,

a astúcia pela serpente,

o corpo de Cristo pelo pão,

o sangue de Cristo pelo cálice.


Números Simbólicos

A Bíblia tem uma numerologia própria. À medida que se desenrola a revelação escrita de Deus ao homem
vários números vão aparecendo de uma maneira importante e, muitas vezes, com um significado conotativo.

Vejamos alguns números que se destacam:

Número quatro

Número global. Indica o cósmico natural. Fala daquilo que é completo. Não trata da plenitude, mas do
alcance global.

“ Depois disto vi quatro anjos em pé nos quatro cantos da terra, retendo os quanto ventos da terra, para que
nenhum vento soprasse sobre a terra, nem sobre o mar, nem contra árvore alguma.” (Ap 7.1).

Número seis

Fala do homem, de sua formação, de sua falibilidade.

“ Criou, pois, Deus o homem à sua imagem; à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou. E viu
Deus tudo quanto fizera, e eis que era muito bom. E foi a tarde e a manhã, o dia sexto.” (Gn1.27,31).

“ Aqui há sabedoria. Aquele que tem entendimento, calcule o número da besta; porque é o número de um
homem, e o seu número é seiscentos e sessenta e seis.” (Ap 13.18)

Número sete

Indica perfeição, plenitude, união do céu e terra, o sagrado. É o número de Deus e também o número dos
mistérios.

“As palavras do Senhor são palavras puras, como prata refinada numa fornalha de barro, purificada sete
vezes.” (Sl 12.6).

“A sabedoria já edificou a sua casa, já lavrou as suas sete colunas.” (Pv 9.1).

“ Ao anjo da igreja em Sardes escreve: Isto diz aquele que tem os sete espíritos de Deus, e as estrelas:
Conheço as tuas obras; tens nome de que vives, e estás morto.” (Ap 3.1).

“ E vi quando o Cordeiro abriu um dos sete selos, e ouvi um dos quatro seres viventes dizer numa voz como
de trovão: Vem!” (Ap 6.1).

Número doze

Fala dos propósitos eletivos de Deus.

“E, chamando a si os seus doze discípulos, deu-lhes autoridade sobre os espíritos imundos, para
expulsarem, e para curarem toda sorte de doenças e enfermidades.” (Mt 10.1).

“ E levou-me em espírito a um grande e alto monte, e mostrou-me a santa cidade de Jerusalém, que descia
do céu da parte de Deus, tendo a glória de Deus; e o seu brilho era semelhante a uma pedra preciosíssima,
como se fosse jaspe cristalino; e tinha um grande e alto muro com doze portas, e nas portas doze anjos, e
nomes escritos sobre elas, que são os nomes das doze tribos dos filhos de Israel. Ao oriente havia três
portas, ao norte três portas, ao sul três portas, e ao ocidente três portas. O muro da cidade tinha doze
fundamentos, e neles estavam os nomes dos doze apóstolos do Cordeiro.” (Ap 21.10-14).
Número quarenta

Fala das intervenções de Deus na História da humanidade especialmente no que se refere à salvação do
homem. Simboliza provação, santificação.

“ Quando subi ao monte a receber as tábuas de pedra, as tábuas do pacto que o Senhor fizera convosco,
fiquei no monte quarenta dias e quarenta noites; não comi pão, nem bebi água.” (Dt 9.9).

“ E quando tiveres cumprido estes dias, deitar-te-ás sobre o teu lado direito, e levarás a iniqüidade da casa
de Judá; quarenta dias te dei, cada dia por um ano.” (Ez 4.64).

“E começou Jonas a entrar pela cidade, fazendo a jornada dum dia, e clamava, dizendo: Ainda quarenta
dias, e Nínive será subvertida.” (Jn 3.4).

“ Então foi conduzido Jesus pelo Espírito ao deserto, para ser tentado pelo Diabo. E, tendo jejuado quarenta
dias e quarenta noites, depois teve fome. (Mt 4.1-2).

“ Fiz o primeiro tratado, ó Teófilo, acerca de tudo quanto Jesus começou a fazer e ensinar, até o dia em que
foi levado para cima, depois de haver dado mandamento, pelo Espírito Santo, aos apóstolos que escolhera;
aos quais também, depois de haver padecido, se apresentou vivo, com muitas provas infalíveis, aparecendo-
lhes por espaço de quarenta dias, e lhes falando das coisas concernentes ao reino de Deus. (At 1.1-3).

Número setenta

Fala da administração de Deus sobre o mundo.

“ Disse então o Senhor a Moisés: Ajunta-me setenta homens dos anciãos de Israel, que sabes serem os
anciãos do povo e seus oficiais; e os trarás perante a tenda da revelação, para que estejam ali contigo.
Então descerei e ali falarei contigo, e tirarei do espírito que está sobre ti, e o porei sobre eles; e contigo
levarão eles o peso do povo para que tu não o leves só.” (Nm 11.15-16).

“ E toda esta terra virá a ser uma desolação e um espanto; e estas nações servirão ao rei de Babilônia
setenta anos. Acontecerá, porém, que quando se cumprirem os setenta anos, castigarei o rei de Babilônia,
e esta nação, diz o Senhor, castigando a sua iniqüidade, e a terra dos caldeus; farei dela uma desolação
perpetua. (Jr 25.11-12).

“ Setenta semanas estão decretadas sobre o teu povo, e sobre a tua santa cidade, para fazer cessar a
transgressão, para dar fim aos pecados, e para expiar a iniqüidade, e trazer a justiça eterna, e selar a visão
e a profecia, e para ungir o santíssimo.” (Dn 9.24).

“ Depois disso designou o Senhor outros setenta, e os enviou adiante de si, de dois em dois, a todas as
cidades e lugares aonde ele havia de ir. E dizia-lhes: Na verdade, a seara é grande, mas os trabalhadores
são poucos; rogai, pois, ao Senhor da seara que mande trabalhadores para a sua seara.” (Lc 10.1-2).

13.13 – Parábola.

É uma narrativa alegórica que transmite uma mensagem indireta, por meio de comparação ou
analogia, sempre com o objetivo de ilustrar uma ou várias verdades importantes. É uma narrativa de
acontecimento real ou imaginário em que tanto as pessoas como as coisas e as ações correspondem a
verdades de ordem espiritual e moral

Exemplos:

O Semeador (Mt 13.3-8);

Ovelha perdida,

dracma perdida

filho pródigo (Lc. 15), etc.


13.14 – Símile.

A figura de retórica denominada Símile procede da palavra latina "similis" que significa semelhante ou
parecido a outro. É uma analogia. Comparação de cousas semelhantes.

Exemplos:

"Pois quanto o céu se alteia acima da terra, assim (do mesmo modo) é grande a sua misericórdia
para com os que o temem". (Sl 103.11);

"Como o pai se compadece de seus filhos, assim (do mesmo modo) o Senhor se compadece dos
que o temem". (Sl 103.13)

13.15 – Interrogação.

A palavra interrogação procede de um vocábulo latino que significa pergunta. Mas nem todas as perguntas
são figuras de retórica. Somente quando a pergunta encerra uma conclusão evidente é que é uma figura
literária.

"Interrogação é uma figura pela qual o orador se dirige ao seu interlocutor, ou adversário, ou ao público, em
tom de pergunta, sabendo de antemão que ninguém vai responder."

Exemplos:

"Não fará justiça o Juiz de toda a terra?" (Gn 18.25)

"Não são todos eles espíritos ministradores enviados para serviço, a favor dos que hão de herdar a
salvação?" (Hb 1.14)

"Quem intentará acusação contra os eleitos de Deus?" (Rm 8.33)

"Com um beijo trais o Filho do homem?" (Lc 22.48)

13.16 – Apóstrofe.

Interrupção súbita do discurso que o orador ou o escritor faz, para dirigir-se a alguém ou a algo, real ou
fictício (p.ex.: a seguir, leitor amigo, contarei a história tal como sucedeu).

A palavra apóstrofe procede do latim apostrophe e esta do grego apo, que significa de, e strepho, que quer
dizer volver-se. O vocábulo indica que o orador se volve de seus ouvintes imediatos para dirigir-se a uma
pessoa ou cousa ausente ou imaginária.

O emprego desta figura, na eloqüência, produz grandes efeitos sobre as paixões que o orador procura
transmitir aos ouvintes."

Exemplos: A Palavra de Deus é interrompida pela palavra do profeta.

"Ah, Espada do Senhor, até quando deixarás de repousar?" (Jr 47.6)

13.17 – Antítese.

Este vocábulo procede da palavra latina antithesis e esta de palavras gregas que significam colocar uma
coisa contra a outra. "Inclusão, na mesma frase, de duas palavras, ou dois pensamentos, que fazem
contraste um com o outro."

Exemplos:

"Vê que proponho hoje a vida e o bem, a morte e o mal." (Dt 30.15)

"Entrai pela porta estreita (larga é a porta e espaçoso o caminho que conduz a perdição e são muitos
os que entram por ela) porque

estreita é a porta e apertado o caminho que conduz para a vida, e são poucos os que acertam com
ela." (Mt 7.13,14)
13.18 – Provérbio.

Este vocábulo procede das palavras latinas pro que significa antes e verbum que quer dizer palavra. Trata-
se de um dito comum ou adágio.

Exemplos:

"Médico cura-te a ti mesmo" (Lc 4.23);

"Nenhum profeta é bem recebido em sua própria terra." (Mt 6.4; Mt 13.57)

13.19 – Paradoxo.

Denomina-se paradoxo a uma proposição ou declaração oposta à opinião comum; a uma afirmação
contrária a todas as aparências e à primeira vista absurda, impossível, ou em contraposição ao sentido
comum, porém que, se estudada detidamente, ou meditando nela, torna-se correta e bem fundamentada.

Exemplos:

"Deixa aos mortos o sepultar os seus próprios mortos". (Mt 8.22)

"Coais o mosquito e engolis o camelo". (Mt 23.24)

"Porque quando sou fraco, então é que sou forte". (2 Cor 12.10)

13.20 – Clímax ou Gradação

A palavra clímax ou gradação procede do latim climax e esta do grego klimax que significa escala, no
sentido figurado da palavra. A Enciclopédia Brasileira Mérito nos proporciona a seguinte definição da palavra
gradação: "Concatenação dos elementos de um período de modo a fazer com que cada um comece com a
última palavra do anterior; amplificação, apresentação de uma série de idéias em progressão ascendente
ou descendente. Também se diz clímax." O essencial é que exista avanço ou progresso na oração,
parágrafo, tema, livro ou discurso.

Exemplo:

O capítulo oitavo de Romanos é um maravilhoso clímax ou gradação. Começa com os vocábulos


"nenhuma condenação", e termina dizendo que "nenhuma criatura nos poderá separar".

13.21 – Acróstico

Composição poética em que o conjunto das letras iniciais, mediais ou finais compõem verticalmente uma
palavra ou frase ou uma sequência alfabética.

Há uma dificuldade na exemplificação dos acrósticos bíblicos uma vez que foram escritos originalmente em
Hebraico e, portanto, a letra inicial das palavras não são as mesmas na língua portuguesa. Os textos foram
escritos em forma de acrósticos originalmente.

Exemplos bíblicos:

Salmos 119; 25; 34; 111; 112;

Os últimos 22 versículos de Provérbios;

A maior parte de lamentações de Jeremias.

Exemplos práticos:

Jesus,

Eu sou teu servo.


Sou teu discípulo.

Uni-me a Ti.

Somente a Ti!

14 – REGRAS FUNDAMENTAIS DE INTERPRETAÇÃO

Não devemos nos esquecer que a primeira pessoa a interpretar as Escrituras, de forma distorcida, foi o
diabo. Ele deu à palavra divina um sentido que ela não tinha, falseando astutamente a verdade (Gn 3.1).

Os seus imitadores, conscientes e inconscientes, têm perpetuado este procedimento enganando à


humanidade com falsas interpretações das Escrituras Sagradas.

14. 1 – Primeira Regra – A Bíblia é explicada pela própria Bíblia, ou seja, A BÍBLIA É SUA PRÓPRIA
INTERPRETE.

Esta é a regra fundamental da Hermenêutica Bíblica. Vemos em Jesus e nos Apóstolos a preocupação
constante com essa norma de interpretação. Muito do que Jesus e os Apóstolos disseram é repetição do
que está exarado “em Moisés, nos Profetas e nos Salmos.”(Lc 24.44). Jesus usava os textos do Antigo
testamento, enquanto concebia o Novo. Ele dominava os que estava escrito e a ninguém deixava sem uma
resposta satisfatória.

O conselho que se dá aqui é que o estudante da Bíblia a leia toda, pelo menos uma vez por ano, para que
conheça o seu Contexto Geral, sem o qual não se pode entender as partes.

Além do contexto geral é importantíssimo atentar para o que chamaremos didaticamente de Contexto
Mediato

A interpretação de um texto envolve a compreensão de cada palavra ou expressão nele contida. Existem
palavras que encerram, em si mesmas, todo o seu significado. Outras têm o sentido elucidado na frase,
oração ou parágrafo onde está contida. Outras, ainda, poderão depender do contexto imediato, mediato ou
do contexto geral das Escrituras.

Um exemplo simples de erro da não observância do contexto imediato está na interpretação da “nuvem de
testemunhas” de Hebreus 12.1. Diz-se erradamente, no meio evangélico, que essa nuvem de testemunhas
são as pessoas que vivem ao nosso redor, quando, na verdade, são os “heróis da Fé”, cujos nomes e feitos
estão narrados no capítulo 11 do mesmo Livro. É preciso tomar muito cuidado porque mudança de capítulo
não significa mudança de assunto. Os versículos por sua vez não são parágrafos completos e, por isso, é
preciso ler com atenção privilegiando a idéia e não a forma como o texto está dividido.

14.2 – Segunda Regra – É preciso, o quanto seja possível, tomar as palavras em seu sentido usual e
comum.

Porém, tenha sempre presente a verdade de que o sentido usual e comum não equivale sempre ao sentido
literal.

Exemplo: Gn 6.12 = A palavra CARNE (no sentido usual e comum significa pessoa)

A palavra CARNE (no sentido literal significa tecido muscular)

14.3 – Terceira Regra – É de todo necessário tomar as palavras no sentido que indica o conjunto da frase.

Exemplos:

A. A palavra FÉ

FÉ em Gl 1.23 = significa crença, ou seja, doutrina do Evangelho.

FÉ em Rm 14.23 = significa convicção.


B. A palavra GRAÇA

GRAÇA em Ef 2.8 = significa misericórdia, bondade de Deus.

GRAÇA em At. 14.3 = significa pregação do Evangelho.

C. A palavra CARNE

CARNE em Ef. 2.3 = significa desejos sensuais.

CARNE em I Tm 3.16 = significa forma humana.

CARNE em Gn 6.12 = significa pessoas.

14.4 – Quarta Regra – É necessário tomar as palavras no sentido indicado no contexto, a saber, os
versículos que estão antes e os que estão depois do texto que se está estudando.

No contexto achamos expressões, versículos ou exemplos que nos esclarecem e definem o significado da
palavra obscura no texto que estamos estudando.

14.5 – Quinta Regra – É preciso levar em consideração o objetivo ou desígnio do livro ou passagem em que
ocorrem as palavras ou expressões obscuras.

O objetivo ou desígnio de um livro ou passagem se adquire, sobretudo, lendo-o e estudando-o com atenção
e repetidas vezes, tendo em conta em que ocasião e a quais pessoas originalmente foi escrito. Alguns livros
da Bíblia já trazem estas informações. Ex.: Provérbios 1.1-4.

14.6 – Sexta Regra – É necessário consultar as passagens paralelas, "explicando cousas espirituais pelas
espirituais" (I Cor. 2.13)

Passagens paralelas são as que fazem referência uma à outra, que tem entre si alguma relação, ou tratam
de um modo ou outro de um mesmo assunto.

Existe paralelos de palavras, paralelos de ideias e paralelos de ensinos gerais.

A. Paralelos de palavras – Quando lemos um texto e encontramos nele uma palavra duvidosa, recorremos
a outro texto que contenha palavra idêntica e assim, entendemos o seu significado.

Ex.: "Trago no corpo as marcas de Jesus." (Gl 6.17). Fica mais fácil o seu entendimento quando lemos a
passagem paralela: "Trazendo sempre no corpo o morrer de Jesus (I Cor. 4.10).

B. Paralelos de Ideias – Para conseguir ideia completa e exata do que ensina determinado texto, talvez
obscuro ou discutível, consultasse não somente as palavras paralelas, mas os ensinos, as narrativas e fatos
contidos em textos ou passagens que se relacionem com o dito texto obscuro ou discutível. Tais textos ou
passagens chamam-se paralelos de ideias.

Ex.: "Sobre esta pedra edificarei a minha igreja". (Mt 16.16) Quem é esta pedra? Se pegarmos em I Pd 2.4,
a idéia paralela: "E, chegando-vos para ele, (Jesus) pedra viva..." entenderemos que a pedra é Cristo.

Outro exemplo: Em Gl 6.15, o que é de valor para Cristo é a nova criatura. Que significa esta expressão
figurada? Consultando o paralelo de 2 Cor. 5.17, verificamos que a nova criatura é a pessoa que "esta em
Cristo", para a qual "as cousas antigas passaram", e "se fizeram novas".

C. Paralelos de ensinos gerais – Para a correta interpretação de determinadas passagens não são
suficientes os paralelos de palavras e de idéias, é preciso recorrer ao teor geral, ou seja, aos ensinos gerais
das Escrituras.

Exemplos: - O ensino de que "o homem é justificado pela fé sem as obras da lei", só será bem compreendido,
com a ajuda dos ensinos gerais na Bíblia toda. Segundo o teor ou ensino geral das Escrituras, Deus é um
espírito onipotente, puríssimo, santíssimo, conhecedor de todas as cousas e em todas as partes presente.
Porém há textos que, aparentemente, nos apresentam um Deus como o ser humano, limitando-o a tempo
ou lugar, diminuindo em algum sentido sua pureza ou santidade, seu poder ou sabedoria; tais textos devem
ser interpretados à luz dos ensinos gerais das Escrituras.

14.7 – Sétima Regra – Tenha sempre em mente o Assunto Central das Escrituras

Jesus Cristo é o assunto central da Bíblia. Daí dizermos que a Bíblia é um Livro Cristocêntrico. Ele é o
“Cordeiro...conhecido antes da fundação do mundo”(1Pe 1.19-20), é o que se manifestou “na plenitude dos
tempos”(Gl 4.4) para oferecer o sacrifício único pela redenção da humanidade e é, finalmente, o que
“descerá do céu com alarido, e com voz de arcanjo, e com trombeta de Deus”(1Ts 4.16) para consumar a
redenção no Reino de Deus para sempre.

Estudar a Bíblia tendo como foco principal o Filho de Deus dá ao intérprete a segurança de quem tem um
caminho único a seguir na lida interpretativa.

14.8 – Oitava Regra – Tome consciência do contexto histórico-geográfico

Algumas perguntas interessantes de cunho histórico-geográfico podem ser feitas ao texto. Por exemplo: Em
que época o texto foi escrito? Onde estavam o autor e os destinatários à época do escrito? Eram escravos
ou livres? Eram abastados ou pobres? Eram cultos ou incultos? Estavam sendo perseguidos ou em paz?
Eram nômades ou sedentários? Viviam em sua terra natal ou estavam longe da pátria? Viviam numa região
árida ou em meio a mananciais de água? Eram habitantes de cavernas, de casas, ou de tendas? Que tipo
de tecnologia usavam? Quais eram seus costumes, crenças, valores, e comportamentos? Como era a sua
organização social, política e econômica? Que tipo de alimentação usavam?

Haverá muito mais luz para se entender o texto se essas perguntas respondidas. Assim o intérprete deve
ponderar sobre essas situações no momento do estudo.

14.9 – Nona Regra – Procure reconhecer a forma literária do texto

Precisamos saber se estamos diante de um escrito histórico, doutrinário, biográfico, poético ou profético[15],
ou ainda se é um texto misto. Não é tarefa difícil identificar formas literárias quando se conhece o contexto
geral das Escrituras.

A análise literária identifica a forma ou método literário usada em determinada passagem com vistas às
várias formas como: história, narrativa, cartas, exposição doutrinal, poesia e apocalipse. Cada uma tem seus
métodos únicos de expressão e interpretação.

São textos históricos aqueles que visam informar os fatos importantes a respeito de Israel, da Igreja ou ainda
de outros povos relacionados principalmente com Israel.
A poesia tem características singulares que são a conotação e/ou a metrificação e/ou a repetição de ideias,
etc.

No grego, devemos considerar o termo poietés - fazedor, realizador. No sentido literário um poeta é alguém
que exprime suas idéias mediante imagens verbais, metáforas e outros artifícios literários. Um poeta prima
pela brevidade
de expressão, em conjunção com expressões claras e eloquência.
A profecia tem como principal característica a predição de fatos históricos relativos a Israel, como às outras
nações e à igreja.

O texto misto contempla duas ou mais formas literárias. Assim sendo, o texto: “Quando, pois, deres esmola,
não faças tocar trombeta diante de ti, como fazem os hipócritas nas sinagogas e nas ruas, para ser
glorificados pelos homens. Em verdade vos digo que já receberam a sua recompensa. Mas tu, quando deres
esmola, não saiba a tua mão esquerda o que faz a direita”(Mt 6.2-3). Esse texto é, ao mesmo tempo,
doutrinário e poético. Nele o Senhor Jesus doutrina e usa uma figura de linguagem tornando-o mais belo e
cheio de significado.

Os textos históricos e biográficos nos convidam à pesquisa histórica, ao conhecimento dos fatos tais como
se deram no tempo em que foram escritos.
O texto doutrinário exige uma extrema cautela do intérprete pois clama pela aplicação atual das verdades
nele contidas. Uma má aplicação dessas verdades pode incorrer em erros doutrinários. Constituem doutrina
os ensinamentos de Jesus, dos apóstolos e dos profetas.

14.10 – Décima Regra – Localize o texto numa das Dispensações Bíblicas

Dispensação é um período de tempo em que Deus trata com o homem de um modo específico.
Deus está falando com um homem inocente? Com um homem pecador e sem Lei? Está falando com um
homem que tem conhecimento da Lei de Moisés? O escrito é aplicado aos que estão debaixo da Graça? O
escrito se refere ao Milênio de Cristo?

“Os dipensacionalistas partem de um estudo hermenêutico coerente, considerando a interpretação normal


e gramatical, um fundamento essencial à sua hermenêutica. Com essa base, fazem distinção entre Israel e
a igreja quanto à dispensação. Como expressou Radmacher: “A interpretação literal é a ‘linha mestra’ do
dispensacionalismo (...). Sem dúvida, o mais significativo desses (princípios) é a manutenção da
diferenciação entre Israel e a igreja”. Ryrie também comentou essa questão: “Se a interpretação direta e
normal consiste o único princípio hermenêutico válido e se for aplicada coerentemente, a pessoa se tornará
dispensacionalista. Na medida que uma pessoa acredita que a interpretação normal é fundamental nessa
mesma medida ela se tornará obrigatoriamente dispensacionalista”. Aceitar os termos Israel e igreja no
sentido normal, literal, equivale a conservar sua distinção. Israel sempre significa o Israel étnico, nuca se
confundindo com o termo igreja, nem as Escrituras jamais empregam igreja em substituição ou como
sinônimo de Israel.”

Quando Jesus disse que haverá menos rigor no juízo para Sodoma e Gomorra do que para as cidades que
rejeitaram a pregação dos Apóstolos, pondera sobre o conhecimento espiritual dessas cidades: “E, ao
entrardes na casa, saudai-a; se a casa for digna, desça sobre ela a vossa paz; mas, se não for digna, torne
para vós a vossa paz. E, se ninguém vos receber, nem ouvir as vossas palavras, saindo daquela casa ou
daquela cidade, sacudi o pó dos vossos pés. Em verdade vos digo que, no dia do juízo, haverá menos rigor
para a terra de Sodoma e Gomorra do que para aquela cidade.” (MT 10.12-15).

Paulo afirma que “todos os que sem lei pecaram, sem lei também perecerão; e todos os que sob a lei
pecaram, pela lei serão julgados.” (Rm 2.12).

O escritor aos hebreus diz: “Mudando-se o sacerdócio, necessariamente se faz, também, mudança na Lei.”
(Hb 7.12). Ele está se referindo ao sacerdócio de Cristo.

Sob a orientação de Moisés e Josué, o povo de Israel punia em nome do Senhor, através de grandes
batalhas, os povos daquém e dalém do Rio Jordão, por causa de seus terríveis pecados. Hoje, a instrução
de Cristo é: “se alguém te bater na face direita, oferece-lhe também a outra”(Mt 5.39). Paulo completa
dizendo: “Porque não temos de lutar contra a carne e o sangue, mas sim contra os principados, contra as
potestades, contra o príncipe das trevas deste século, contra as hostes espirituais da maldade, nos lugares
celestiais.”(Ef 6.12).

Deus tem mudado suas estratégias no trato com o homem no decorrer dos séculos e isso precisa ser levado
em consideração no momento do estudo.

14.11 – Décima Primeira Regra – Considere o texto sob a ótica do povo a quem se destina

A Bíblia divide a humanidade em três povos:

Os Judeus, descendentes de Abraão, com quem foi feita a Antiga Aliança.

Os Gentios, também chamados no Novo Testamento de povos ou nações ou gentes ou gregos (esse
último nome por causa da língua e cultura grega espalhada por todo o mundo de então) são aquela parte
da humanidade que ainda não havia feito aliança alguma com o Deus eterno;

E, por fim, a Igreja, composta de Judeus e Gentios que fizeram com Deus o pacto da Nova Aliança
em Cristo.
Confira esta classificação nas palavras de Paulo: “Não vos torneis causa de tropeço nem para judeus, nem
para gentios, nem para a igreja de Deus”(1Co 10.32).
Há textos na Bíblia que só se aplicam a judeus. Outros só se aplicam a Igreja. Outros ainda, só dizem
respeito aos gentios. Mas há também, textos de aplicação mista, que englobam dois dos povos citados, e
os de aplicação geral envolvendo os três povos.
Mateus destina seu Evangelho especialmente aos judeus e por isso, preocupa-se constantemente em
mencionar o cumprimento das profecias do Antigo Testamento na vida e obra de Jesus, com o fito de
convencer aos judeus de que Jesus é o Messias prometido a Israel.

Paulo escreve suas cartas à Igreja de Cristo e então preocupa-se em que os irmãos permaneçam firmes na
doutrina, na fé, no amor, na boa conduta e na esperança das promessas de Deus.

Marcos destina seu Evangelho aos romanos, portanto, a gentios e, assim sendo, mostra com dinamismo e
beleza o extraordinário trabalho de Jesus em favor dos homens em obediência ao seu Pai celestial.
Apresenta-o como único e insubstituível meio de salvação para a humanidade. Além disso, toma o cuidado
de explicar costumes judaicos e expressões escritas na língua dos judeus.

Em contraste com outras questões que envolvem o evangelho de Marcos, parece geralmente aceito pelos
estudiosos de que este evangelho foi escrito em Roma, provavelmente visando os gentios daquela cidade.

14.12 – Décima Segunda Regra – Analise a postura espiritual dos destinatários do texto

Os Filipenses eram um povo generoso, amoroso e cooperante. Estavam sempre ajudando o apóstolo Paulo
em suas dificuldades. Que esperar de um Escrito dirigido a um povo desse quilate? Está claro que a Epístola
há de ter um tom amigável, íntimo, fraterno e abençoador.

Filipos, importante cidade da Macedônia e colônia romana, tinha sido evangelizada por Paulo durante a sua
segunda viagem, no ano 50 (At 16.12-40). Ele tornou a passar por lá duas vezes, quando da sua terceira
viagem no outono de 57 (At 20.1-2) e na Páscoa de 58 (At 20.3-6). Os fiéis que ele conquistou lá para Cristo
testemunharam uma tocante afeição por seu Apóstolo, enviando-lhe socorros a Tessalônica (Fp 4.6) e
depois a Corinto (2Co 11.9). E quando Paulo lhes escreve é precisamente para agradecer-lhes novos
recursos que ele acaba de receber por intermédio do delegado deles, Epafrodito (Fp 4.10-20).

O Senhor Deus disse a Moisés, quanto à geração que foi libertada do Egito: “ Tenho observado este povo,
e eis que é povo de dura cerviz.” (Ex 32.9b). Ora, o tratamento divino com um povo, assim duro, é diferente
do tratamento que Ele daria a um povo dócil espiritualmente. O profeta escreverá bênçãos ou maldições, da
parte de Deus, dependendo da posição espiritual do povo em relação a Deus.

Detectada a situação espiritual do grupo de pessoas a quem é destinado o Texto, torna-se mais fácil
entender toda a linha de raciocínio do escritor e a forma como ele externa suas emoções e sua posição
espiritual em relação ao povo. Também fica mais simples compreender a postura do próprio Deus em
relação àquelas pessoas.

14.13 – Décima Terceira Regra – Analise as características pessoais do escritor e das personagens do texto
em estudo

Deus é o autor das Escrituras, entretanto, coube ao homem ser canal usado por Ele para que sua Palavra
pudesse chegar até nós.

O homem tem uma personalidade determinada por sua herança genética, pelo meio em que vive, e pelo
seu “eu” consciente e dotado de livre-arbítrio. Tudo isso faz de cada escritor bíblico um instrumento peculiar
por onde ressoa a inspiração e a revelação divinas.

Podemos descobrir essas características de indivíduos na Bíblia através de um estudo que focalize o
personagem ou escritor bíblico ao longo de todas as passagens bíblicas em que esse escreve e/ou aparece.

É mais fácil compreender um texto onde a personalidade de seu escritor e os personagens são conhecidos
do estudante. Podemos identificar o temperamento e o caráter de determinados personagens da Bíblia, por
suas atitudes, à medida que aparecem no cenário bíblico.

Tomando o Apóstolo Pedro como exemplo, distinguimos duas fases em sua personalidade: A primeira, antes
da sua completa conversão: “ Simão, Simão, eis que Satanás vos pediu para vos cirandar como trigo; mas
eu roguei por ti, para que a tua fé não desfaleça; e tu, quando te converteres, fortalece teus irmãos.” (Lc
22.31-32). E a Segunda, após a conversão total e o batismo no Espírito Santo.

Assim, vemos primeiramente um Pedro espontâneo, líder, impulsivo, agressivo, etc. É espontâneo, quando
faz muitas perguntas a Jesus cujas respostas nos é de extrema valia para o povo de Deus através dois
séculos. É imprudente quando tenta convencer ao próprio Jesus a não morrer na cruz. É impulsivo quando
avança sobre as ondas sem ter fé para tal, culminando no ridículo do quase afogamento, ou quando se
propõe a morrer com Jesus embora não estivesse preparado para isso. É violento quando se arremete
contra a guarda e fere um soldado.

Na Segunda fase de sua vida temos um Pedro equilibrado, pacífico, sofredor, corajoso, cheio de fé e da
graça de Deus e um grande líder. Equilibrado quando é capaz de apoiar e incentivar a Paulo no seu trabalho
entre os gentios e, ao mesmo tempo, conviver com os judaizantes dirigindo a Igreja entre eles. Pacífico
quando é repreendido por Paulo na cara e não rompe com ele. É sofredor quando é surrado pelos judeus
por causa do Evangelho. É corajoso quando desafia as autoridades judaicas que queriam emudecê-los para
que não pregassem o Evangelho, não temendo açoites e nem mesmo a morte. Mostra-se cheio de fé e da
graça de Deus quando cura multidões de enfermos com o passar da sua sombra sobre eles. Tornou-se um
grande líder entre os apóstolos e foi contado entre as “colunas” da Igreja que estava em Jerusalém.

A personalidade de Pedro é uma das mais empolgantes da bíblia. Esse apóstolo tornou-se um exemplo
daquilo que Deus pode fazer na vida de um homem que a Ele se dedica e Nele tem fé.

14.14 – Décima Quarta Regra – Descubra o objetivo do texto

É muito importante descobrir o objetivo do texto em tela, pois, através dele, temos uma linha mestra para a
interpretação. Às vezes, o próprio texto ou contexto nos informa o objetivo como é o caso dos sinais
registrados no Evangelho de João. “Jesus, na verdade, operou na presença de seus discípulos ainda muitos
outros sinais que não estão escritos neste livro; estes, porém, estão escritos para que creiais que Jesus é o
Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais vida em seu nome.”(Jo 20.31).
Quando o objetivo não está explícito no texto, o conselho é lê-lo o texto várias vezes até descobri-lo. Estando
evidente o propósito com que um determinado texto foi escrito tem-se a coluna vertebral de todos os
argumentos usados pelo escritor, podendo-se facilmente detectar o que é principal e o que é acessório.
A descoberta do objetivo central do texto livra o exegeta de uma interpretação marginal ou secundária.

É preciso tomar em consideração o objetivo ou desígnio do livro ou passagem em que ocorrem as palavras
ou expressões obscuras...

O desígnio alcançado pelo estudo diligente nos oferece auxílio admirável para a explicação de pontos
obscuros, para a aclaração de textos que parecem contraditórios e para conseguir um conhecimento mais
profundo de passagens em si claras.

14.15 – Décima Quinta Regra – Verifique se o texto é numenológico ou fenomenológico

Fenomenológica (perspectiva humana) é aquilo que os sentidos do homem percebem.

Numenológica (perspectiva divina) é a realidade que está de fato ocorrendo, independente de como
a percebem os sentidos do homem, é a coisa em si.

Os sentidos humanos são facilmente enganados pelo que é a aparência da realidade e daí surge a narração
fenomenológica. Um texto clássico desse tipo de narração está no Livro de Josué onde o texto afirma que
o sol parou. Hoje, pelos conhecimentos científicos, sabemos que se o sol parar não perceberemos que o
mesmo parou, desde que a terra continue girando normalmente em seus movimentos de rotação e
translação. Não temos aqui um exemplo de linguagem figurada. O que o escritor disse é aquilo que percebeu
por meio dos sentidos, portanto, pensava estar narrando a realidade tal como se deu.

O estudante da bíblia precisa buscar o máximo de conhecimento científico em todas as áreas para que
possa diferenciar o real do sensitivo, embora nunca poderá conhecer aquilo que a ciência ou o próprio Deus
ainda não revelou e que, por isso mesmo, permanece sob a miopia dos sentidos humanos.

Outra narrativa fenomenológica importante se encontra na passagem bíblica em que Saul consulta a
necromante de En-Dor:
“Vendo Saul o arraial dos filisteus, temeu e estremeceu muito o seu coração. Pelo que consultou Saul ao
Senhor, porém o Senhor não lhe respondeu, nem por sonhos, nem por Urim, nem por profetas. Então disse
Saul aos seus servos: Buscai-me uma necromante, para que eu vá a ela e a consulte. Disseram-lhe os seus
servos: Eis que em En-Dor há uma mulher que é necromante. Então Saul se disfarçou, vestindo outros
trajes; e foi ele com dois homens, e chegaram de noite à casa da mulher.

Disse-lhe Saul: Peço-te que me adivinhes pela necromancia, e me faças subir aquele que eu te disser. A
mulher lhe respondeu: Tu bem sabes o que Saul fez, como exterminou da terra os necromantes e os
adivinhos; por que, então, me armas um laço à minha vida, para me fazeres morrer? Saul, porém, lhe jurou
pelo Senhor, dizendo: Como vive o Senhor, nenhum castigo te sobrevirá por isso. A mulher então lhe
perguntou: Quem te farei subir? Respondeu ele: Faze-me subir Samuel. Vendo, pois, a mulher a Samuel,
gritou em alta voz, e falou a Saul, dizendo: Por que me enganaste? pois tu mesmo és Saul.

Ao que o rei lhe disse: Não temas; que é que vês? Então a mulher respondeu a Saul: Vejo um deus que
vem subindo de dentro da terra. Perguntou-lhe ele: Como é a sua figura? E disse ela: Vem subindo um
ancião, e está envolto numa capa. Entendendo Saul que era Samuel, inclinou-se com o rosto em terra, e
lhe fez reverência.

Samuel disse a Saul: Por que me inquietaste, fazendo-me subir? Então disse Saul: Estou muito angustiado,
porque os filisteus guerreiam contra mim, e Deus se tem desviado de mim, e já não me responde, nem por
intermédio dos profetas nem por sonhos; por isso te chamei, para que me faças saber o que hei de fazer.
Então disse Samuel: Por que, pois, me perguntas a mim, visto que o Senhor se tem desviado de ti, e se tem
feito teu inimigo? O Senhor te fez como por meu intermédio te disse; pois o Senhor rasgou o reino da tua
mão, e o deu ao teu próximo, a Davi. Porquanto não deste ouvidos à voz do Senhor, e não executaste o
furor da sua ira contra Amaleque, por isso o Senhor te fez hoje isto. E o Senhor entregará também a Israel
contigo na mão dos filisteus. Amanhã tu e teus filhos estareis comigo, e o Senhor entregará o arraial de
Israel na mão dos filisteus. Imediatamente Saul caiu estendido por terra, tomado de grande medo por causa
das palavras de Samuel; e não houve força nele, porque nada havia comido todo aquele dia e toda aquela
noite.” (1Sm 28)

Claro está que Satanás, conhecedor das limitações humanas, criou todo um ambiente de engano para que
fosse passada a impressão de que Samuel houver saído do Paraíso de Deus para participar daquele culto
espírita.

É interessante notar que o escritor do texto citado, que não foi Samuel por já estar morto, narrou os fatos
como percebidos pelos sentidos daqueles que lá estiveram ou por terceiros que deles tiveram notícia.

A não compreensão da narrativa fenomenológica e o engano de Satanás tem subsidiado até hoje os
espíritas que encontram, nesse texto, uma base para sua doutrina de consulta aos mortos.

14.16 – Décima sexta regra - Retire do texto suas verdades temporais e intemporais
Depois de todo o estudo indicado acima, chega o momento final da interpretação, onde o estudante vai
procurar traduzir o que o texto significava para o povo de sua época e como essas verdades podem ser
aplicadas em nossa época e cultura. Chamamos de verdades temporais, as que duram apenas um período
de tempo e intemporais, as que permanecem para sempre.

Com a Nova Aliança, ficaram ultrapassados vários costumes, ritos e ensinos da Velha Aliança. Por isso
precisamos estar atentos para as coisas que a própria Palavra fez perecer e que certos intérpretes fazem
questão de ressuscitar contrariamente aos ensinos de Cristo e dos Apóstolos. O discernimento sobre as
verdades temporais e intemporais baseia-se principalmente na comparação dos demais escritos bíblicos
com aquilo que é a Doutrina de Jesus.

Os ensinos de Jesus constituem o que é essencial para o homem. Jesus não se detém em miudezas, mas
trata do que é substancial para que o perdido pecador seja reconciliado com Deus e viva uma vida que lhe
seja agradável. Jesus ensina o que é moral e espiritual. Ele lança sabiamente um novo e maravilhoso
mandamento: “Um novo mandamento vos dou: que vos ameis uns aos outros; assim como eu vos amei a
vós, que também vós vos ameis uns aos outros. Nisto conhecerão todos que sois meus discípulos, se
tiverdes amor uns aos outros.” (Jo 13.34-35).

As verdades que estão relacionadas com a Lei do Amor são intemporais. Todo ensinamento bíblico que
aperfeiçoa o leitor para a prática do amor reverente a Deus e respeitoso ao próximo é para sempre.
14.17 – Décima Sétima – Compare suas conclusões com as de bons exegetas

Comparando sua exegese com a de escritores bem recomendados e tarimbados, poderá medir seu grau de
capacidade de interpretação, ao mesmo tempo que terá mais segurança para expor suas conclusões e se
envolver em outras jornadas exegéticas.
Um dos grandes erros das mais famosas seitas heréticas existentes entre nós é o desprezo por tudo o que
já foi feito pelos estudiosos de todas as épocas sobre as Escrituras. Desconsideram o labor de santos,
doutos e dedicados homens de Deus à tarefa de estudar, interpretar, compilar e traduzir os escritos
canônicos e isto numa época em que tudo era feito à mão. Os hereges surgem com novas interpretações,
traduções e acréscimos ao material canônico, como se toda a revelação e interpretação divinas lhes fossem
confiadas particularmente, levando multidões às trevas da ignorância do bom e sadio conhecimento a
respeito de Deus.

Você também pode gostar