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Missionários Fazedores de Tendas

 O Apóstolo Paulo fazia tendas por profissão. Ele


trabalhava com outros que faziam tendas em Corinto
enquanto evangelizava. Ele usava as suas habilitações
para se auto financiar e abrir portas para a sua missão
nessa grande cidade (veja Atos 18:1-4).
 Max Warren afirmou: Eu creio que existe um chamado
para um tipo de atividade missionária inteiramente nova
a ser desenvolvida paralelamente aos moldes
tradicionais… Homens e mulheres… indo… como
empregados assalariados comuns… para trabalhar… com
uma perspectiva cristã.
 A recompensa financeira ou a promoção estarão
completamente subordinados à sua vocação cristã.

CONCEITO:
1. O fazedor de tendas é um cristão que trabalha num
contexto transcultural, reconhecido pelos membros da
cultura local como “algo mais” do que apenas um
“religioso profissional”; não obstante, em termos do seu
compromisso, chamado, motivação e treinamento, ele é
de fato um missionário. (Don Hamilton)
2. Fazedores de tendas são testemunhas cristãs de qualquer
nação que, com suas habilidades e experiências, obtêm
acesso e se mantêm em outra cultura com o objetivo
primário de fazer discípulos para Jesus Cristo e, onde
possível, estabelecer e fortalecer igrejas. (TI – Tentmakers
International)

3. Fazedores de tendas são discípulos de Jesus Cristo que,


chamados por Deus e comissionados pela sua Igreja,
usam seus dons, talentos e habilidades profissionais para
servir ao Senhor em um contexto transcultural.
(Interserve)

4. Fazedores de tendas são pessoas cujas vocações seculares


os dirigem para uma cultura diferente ou lhes permite um
acesso criativo a um país "fechado". Eles usam os seus
empregos como apoio financeiro à medida que
compartilham Jesus com os que estão à sua volta. Em
países de acesso criativo, o seu testemunho cristão é
compartilhado com muita precaução.
Como se vê, a maioria dos autores entende o fazedor de
tendas no contexto transcultural. Isso é óbvio, no sentido de
que, na nossa própria cultura, no final das contas, todos
somos fazedores de tendas! Todos devemos ser testemunhas
de Cristo em nossas vidas e trabalhos. Por isso, na missiologia,
o termo “fazedor de tendas” é mais compreendido e
difundido no contexto transcultural.

MOTIVAÇÃO

Antes de ir para o campo, é preciso que o futuro fazedor de


tendas avalie sua verdadeira motivação, que o está atraindo
nesta direção. Algumas motivações, por exemplo, podem ser:
 Insatisfação com minha situação atual (fuga?)
 Gostaria de conhecer outras culturas (aventura)
 Vejo as necessidades e acho que posso ajudar (boa
vontade)
 Estou disposto a ir e tenho condições e apoio
(disponibilidade de recursos)
 Vou fazer o que eu gosto! (busca de realização pessoal)
 É legal! Tenho uns amigos que foram… (modismo)
 Creio que Deus me chamou (certeza da vocação)
Mesmo que haja variadas motivações (quase todo missionário
também é aventureiro…), a última opção acima deve ser a
verdadeira e última motivação. Por isso, precisamos fazer a
oração do salmista: “Sonda-me, ó Deus, e conhece o meu
coração: prova-me e conhece os meus pensamentos; vê se há
em mim algum caminho mau, e guia-me pelo caminho eterno”
(Sl 139.23-24).

POSSIBILIDADES

Podemos nos realizar dentro do reino de Deus de diversas


maneiras, como missionários bi-ocupacionais:

1. Testemunho de vida:
Trabalho honesto e eficaz, modelo de família cristã,
amizade verdadeira, solidariedade. “Pregue o evangelho
o tempo todo. Se precisar, use palavras”, disse São
Francisco de Assis.

2. Alcance evangelístico específico:


O missionário bi-ocupacional pode alcançar pessoas que o
missionário tradicional às vezes não alcança, pois não
carrega o clichê de “pastor” ou “missionário”. Ele pode
penetrar camadas sociais de pouco acesso para o
missionário tradicional, como pessoas do governo,
pessoal de universidades, operários etc.

3. Ponte de contato:
O fazedor de tendas pode se tornar numa verdadeira
ponte de contato entre outros missionários e pessoas ou
comunidades a serem alcançadas.

4. Apoio logístico:
O profissional em missões pode apoiar trabalhos
missionários de diversas maneiras, disponibilizando
recursos próprios ou de sua organização para igrejas e
missões, praticando a hospitalidade, recebendo e
repassando encomendas e correspondência, fazendo
compras para outros missionários etc.

5. Abertura de novas oportunidades:


Fazendo um trabalho de qualidade em sua profissão ou
ofício, o missionário bi-ocupacional pode abrir
oportunidades de trabalho para outros fazedores de
tendas. O seu “chefe” logo vai lhe perguntar: “Você não
tem algum colega em seu país que trabalha da mesma
forma que você para nos indicar?”

6. Menor custo:
No caso do profissional parcial ou totalmente
autossustentado, o custo para a igreja mantenedora é
substancialmente menor (se bem que sempre deve haver
algum envolvimento financeiro da igreja e, ou missão, por
menor que seja, para que se sintam participantes e
corresponsáveis pelo trabalho). Mas é importante
esclarecer que isso acontece na minoria dos casos, porque
os países que precisam desta estratégia (locais de acesso
restrito) são justamente, na sua maioria, alguns dos
países mais pobres do mundo – onde os salários são
baixos ou inexistentes. Muitos destes missionários entram
como voluntários e dependem do sustento financeiro de
suas igrejas e amigos no país de envio.

7. Realização profissional:
O sentimento de ser útil e se sentir realizado geralmente
são bem mais fortes no fazedor de tendas. Ele pode ter se
deslocado de sua terra de origem para suprir uma
necessidade específica em um outro local. Às vezes, é o
único profissional da área num raio de vários quilômetros,
o que gera uma grande satisfação no serviço.

DIFICULDADES

1. Testemunho restrito:
Em países “fechados” ou de acesso restrito, há fortes e
declaradas restrições ao testemunho cristão, seja por
parte da empresa ou do governo.

2. Tempo reduzido:
Não é fácil “dar conta do recado” — ter tempo suficiente
para trabalhar (em alguns casos, quando se contrata um
profissional estrangeiro, é requerido dele muito mais do
que 8 horas por dia: requer-se dedicação total mesmo!),
desenvolver atividades propriamente “ministeriais” e de
apoio à igreja local, aprender a língua etc. E, se o fazedor
de tendas não aprender devidamente a língua e os
costumes locais, o testemunho pela palavra se torna
muito difícil.
3. Curto prazo:
Nos casos em que há salário, geralmente os contratos são
de um a dois anos, quando não de alguns meses. Às vezes,
existe a possibilidade de renovação de contrato. De
qualquer forma, este prazo é bastante curto para se
acostumar e adaptar bem à nova cultura, aprender a
língua, praticar discipulado, ajudar no desenvolvimento
da igreja local.

4. Falta de apoio:
Pelo caráter peculiar do fazedor de tendas, muitas vezes
ele nem é reconhecido como missionário. Assim, falta-lhe
apoio em muitos sentidos: cuidado pastoral, intercessão,
comunicação com a igreja local e com outros fazedores de
tendas para troca de experiências etc. Se ele fizer parte
de uma agência missionária, e não for um fazedor de
tendas independente, este apoio poderá ser suprido, o
que será bem melhor para ele.

5. Desnível social:
Em alguns casos, o fazedor de tendas recebe um salário
bem mais alto que os nacionais, mora em casa bem
melhor, às vezes em condomínio, têm mais recursos. Isso
pode não ser um mal e ser até necessário para fazer o
trabalho – mas também produz um afastamento social
das outras pessoas.

6. Falta de preparo:
Não deveria ser assim, mas, muitas vezes, o fazedor de
tendas tem um preparo bíblico, espiritual e missiológico
aquém do necessário para enfrentar situações totalmente
adversas e diferentes das que está acostumado.

7. Inviabilidade:
O ministério bi-ocupacional é inviável em casos de
ministérios específicos, que requerem tempo, período de
permanência no campo e dedicação integrais do
missionário. Exemplo: tradução da Bíblia para uma língua
não escrita.

PERIGOS
Depois de ir para o campo, o fazedor de tendas está sujeito a
alguns perigos, como:
1. Manter um nível de vida muito acima do nível dos
moradores locais;

2. Buscar realização profissional como prioridade;

3. Querer voltar após “três ou quatro meses” (choque


cultural);

4. Enfraquecer o seu compromisso inicial, o que pode


ocorrer por diversas razões: preparo deficiente, falta de
ligação com uma agência missionária e, ou, igreja de
origem, falta de apoio ou mesmo preconceito da
liderança evangélica local, falta de companheirismo,
sobrecarga imposta pelo próprio trabalho, estresse, um
novo relacionamento (no caso de solteiros) ou falta de
adaptação do cônjuge (principalmente se a pessoa foi
com um projeto só para ela mesma, sem incluir o cônjuge)
etc.

5. Ser tentado de forma nunca antes experimentada.


(Satanás não desiste de derrubar-nos e, longe do nosso
convívio espiritual natural, as tentações virão, com
certeza, mais fortes.)

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