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Apresentação
De acordo com Elizandra Iop, os papeis e padrões sociais, desde o período pós-
revolução agrícola, em que a mulher possuiria uma importância maior na comunidade, até a
instituição do modelo capitalista de sociedade burguesa até então vigente no mundo posto
como ocidental, vem sendo moldados no sentido de designar à mulher o papel de “dona de
casa” responsável pelos afazeres domésticos bem como pela criação dos filhos e filhas,
enquanto ao homem caberia o dever de prover recursos para manter o lar e sustentar a família
através do suor de seu rosto.
Entretanto, a isso se soma a ideia de que, pelo fato de o homem ser o “provedor” da
casa, “cabeça da família” e responsável por gerir os recursos, o ente masculino teria direito ao
comando dos membros tidos como inferiores na escala social, o que inclui crianças, enfermos
e, sobretudo, mulheres. Essa característica de comando ou chefia, delega as partes subalternas,
aspectos típicos de uma espécie de propriedade, em que o homem, sendo o dono, teria a
liberdade de fazer para com as suas posses tudo aquilo que lhe parecer devido, submetendo-as
assim às suas vontades e desejos, seja forma direta, através de punições, castigos físicos e
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Ensaio elaborado como atividade avaliativa da disciplina de história do Brasil republicano.
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Graduandos do curso de licenciatura em história pela universidade estadual do Piauí em setembro de
2021.
represálias ou de forma indireta, por meio de imposições, ameaças e controle da vida
cotidiana, cerceando em última instância a liberdade feminina, na vida pública e íntima.
Nesse contexto, e ainda de acordo com Elizandra, surgiram ao longo dos séculos
mulheres que se rebelaram contra suas condições de subordinação, submissão, exploração e
expropriação pela figura masculina. Contudo, de acordo com Regina Pinto, o movimento
feminista só começa a se organizar de fato no final do séc. XIX, com a ação das sufragistas na
busca do direito à participação política, sobretudo através do voto no estado britânico. No
Brasil, essa luta também se inicia “formalmente” na busca pelo direito ao voto, mais
especificamente no começo do século XX em 1910, sendo liderado por Bertha Lutz, membro-
fundadora da Federação Brasileira pelo Progresso Feminino em 1922 no estado do Rio de
Janeiro.
A década de 60 foi particular para o movimento feminista no Brasil, haja vista que
durante esse período o mundo expandia em debate sobre causas sociais através do maio de 68
e de outros movimentos que argumentavam sobre questões como liberdade, racismo,
preconceito e etc, enquanto que no território brasileiro, desenvolvia-se o regime militar o que
consequentemente dificultava o debate sobre tais questões. Entretanto, ainda que existissem
limitações e barreiras impostas pelo o estado, os grupos feministas conseguiam, muitas vezes
a duras penas, levantar bandeiras que possibilitassem o diálogo sobre liberdade feminina, o
uso do anticoncepcional, recém comercializado no Brasil, entre outras pautas que tivessem
como foco a causa feminista e suas ambições de liberdade.
Segundo a autora:
Vale ressaltar, porém, que todos esses avanços são inquestionavelmente importantes,
muito embora não concedam por completo liberdade à mulher de fazer aquilo que desejar
com o próprio corpo, no sentido de ser senhora de si. É o caso, por exemplo, da lei 9.263/96
que concede o direito a mulher de esterilizar-se cirurgicamente por meio da laqueadura, mas
que para isso faz exigências de ela tenha no mínimo 2 filhos vivos do mesmo pai ou que tenha
25 ou mais. Em outras palavras, por mais que muito tenha sido conquistado no que tange à
mulher ter o direito de decidir sobre o próprio corpo, esse direito não se mostra como
completo, haja vista as limitações impostas tanto pelo estado como pelo sistema patriarcal
ainda vigente na contemporaneidade.
Conclusão
Referências
NETO, Eduardo Rios; MARTINE, George; ALVES, José Eustáquio Diniz. Fecundidade,
gênero e direitos reprodutivos: transformações sociais e uma agenda de direitos
humanos. Abep, 2015.
PINTO, Céli Regina Jardim. Feminismo, história e poder. Revista de sociologia e política,
Curitiba, 2010.