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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS

Curso de Direito
Trabalho Interdisciplinar

Ana Clara Ferreira de Souza


Dhienifer Almeida Couto

A ascendência da autonomia da mulher no Brasil na perspectiva do aborto

Uberlândia 2020
PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS
Curso de Direito
Trabalho Interdisciplinar

Ana Clara Ferreira de Souza


Dhienifer Almeida Couto

A ascendência da autonomia da mulher no Brasil na perspectiva do aborto

Trabalho dissertativo com a finalidade de alavancar


diversos aspectos a respeito da ascendência da
autônima da mulher no Brasil na perspectiva do
aborto.
Uberlândia 2020

RESUMO 

Este trabalho tem como objetivo apresentar um conjunto de informações acerca do


tema “A ascendência da autonomia da mulher no Brasil na perspectiva do aborto.”. 
Partindo dessa premissa, alguns pontos serão expostos, tais como, o contexto histórico
da mulher na sociedade, a luta pelo direito das mulheres, a visão maternal na sociedade e no
religioso e o aborto. 
A metodologia utilizada para que fosse concluída a dissertação foi a consulta
bibliográfica de obras, artigos e das normas jurídicas, além de endereços online específicos. 
A proposta desta dissertação é tornar as informações de nível acadêmico mais
acessíveis e possibilitar a disseminação de saberes pautados nas conclusões de diversos
autores acerca da temática estudada, sendo assim de fácil acesso para aqueles que possua
interesse nos assuntos pesquisados. 
Ao atingir essa divulgação, dá-se como concluído objetivo principal desse conjunto de
ideias. 
O conhecimento acerca desses temas faz-se de extrema importância devido à
atemporalidade da problemática tratada e por estar intimamente ligada com a realidade
enfrentada por mulheres residentes no Brasil, onde o assunto tratado é visto ainda como um
grande “tabu”. 
 
 
Palavras-chave: aborto, mulher, direitos das mulheres, Código Penal Brasileiro, Art.
128 e ascendência da mulher. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

ABSTRACT   
 
The objective of this paper is to present a set of information about the theme "The rise
of women's autonomy in Brazil in the perspective of abortion." 
Based on this premise, some points will be exposed, such as the historical context of
women in society, the struggle for women's rights, maternal vision in society and religion and
abortion. 
The methodology used to conclude the dissertation was the bibliographic consultation
of works, articles and legal rules, in addition to specific online addresses. 
The purpose of this dissertation is to make information at the academic level more
accessible and enable the dissemination of knowledge based on the conclusions of several
authors about the subject studied, thus being easily accessible to those who have an interest in
the researched subjects. 
Upon reaching this disclosure, it is concluded as the main objective of this set of
ideas. 
Knowledge about these themes is extremely important due to the timelessness of the
issue addressed and because it is closely linked to the reality faced by women residing in
Brazil, where the issue addressed is still seen as a great “taboo”. 
 
 
KEYWORD: abortion, women, women's rights, Brazilian Penal Code, Art. 128 and
women's ancestry.  
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

Sumário

INTRODUÇÃO.........................................................................................................................5

CONTEXTO HISTÓRICO DA MULHER NA SOCIEDADE.................................................6

LUTA PELOS DIREITOS DAS MULHERES.........................................................................9

VISÃO MATERNAL NA SOCIEDADE E NO RELIGIOSO................................................11

ABORTO.................................................................................................................................13

CONCLUSÃO.........................................................................................................................15

REFERÊNCIAS.......................................................................................................................16

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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INTRODUÇÃO 

 
O artigo apresentado tem como objetivo de estudo, assuntos constantemente
debatidos, porém, sempre rotulados como polêmicos, o aborto e a ascendência da mulher na
sociedade, visto que compreende muitas questões além dos mesmos como, religião, cultura,
história e aspectos sociais. No âmbito jurídico, o tema aborto é estudado visando várias
questões como os direitos fundamentais à vida, a igualdade e a liberdade. 
Essa pesquisa fará uma análise na história da mulher, como ela é vista na sociedade e
também como o aborto é tratado socialmente e juridicamente. Sendo assim um desafio tratar
do aborto e a ascensão da mulher na sociedade em meio a tantas controversas. 
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CONTEXTO HISTÓRICO DA MULHER NA SOCIEDADE

Stearns (2006) alega que as mulheres antigamente tinham papéis definidos como a
criação das crianças.
Coulagens (2006) aborda as mulheres na sociedade como Grécia, Esparta, alega que
as mulheres naquelas sociedades eram sujeitas aos poderes de seus pais até se casarem, após
o casamento a mulher era obrigada a abandonar suas crenças, e adotar as crenças de seu
esposo, sendo assim as mulheres eram essenciais apenas na criação das crianças e nos
cuidados do lar.
Coulagens (2006) afirma ainda que os homens nessa sociedade eram vistos como a
continuidade das famílias pois somente com os filhos homens a família poderia prevalecer
sendo isso o elemento essencial.
Houve uma grande expansão do cristianismo como modelo de organização religiosa
que vigorou por muitos anos. Sendo responsável por uma estruturação de um pensamento de
submissão da mulher ao homem. “As tensões próprias do cristianismo acabavam na prática
acentuada o patriarcado.” (STEARNS,2006, p.104).
Contribuindo para que concepções religiosas fizessem da mulher uma figura de
pecado a qual poderia induzir o homem.

“Eu não permito que a mulher ensine ou doutrina o homem. Que ela conserve, pois
o silêncio. Porque primeiro foi formado Adão, depois Eva.
E não foi Adão que foi seduzido, mas a mulher que, seduzida, caiu em transgressão.
Entretanto, ela será salva pela sua maternidade, desde que, com modéstia,
permaneça na fé, no amor e na santidade” (PRIORE, 1997, p. 46 apud Timóteo 2:9-
15 )

Sendo as mulheres submetidas ao homem, a religião que contribuem para um controle


de suas atitudes.
Stearns (2006) afirma também que devidos as grandes navegações a o encontro de
povos diferentes que atribuem significados diferentes as organizações da mulher em seu
espaço. Tem se um choque cultural que culmina na tentativa dos povos europeus de subjugar
as mulheres das América para que essas se encaixam em padrões europeus definidos de
ordem religiosa.
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Em primeiro lugar, o contato com os europeus em geral piorou as condições as


condições das mulheres índias, em parte por causa das relações dos homens índios, mas
principalmente porque os europeus tentaram reforçar a hierarquia de domínio masculino.
Em segundo lugar, os europeus se declararam muito chocados com as condições dos
índios, e convictos, com frequência, de estarem ajudando as mulheres. (STEARNS,2006,
p.111).
Forçado dessa forma os índios assegurem a cultura muitos se negaram e foram mortos
e outros devido a doenças trazidas pelos europeus fazendo com que surgisse um grande
número de órfãos que foram abrigados pelos jesuítas. (Priore,1997).
Segundo Priore (1997) a construção da colônia brasileira era carregada de forte poder
patriarcal e dominava as relações que se estabeleciam no decorrer do desenvolvimento no
Brasil. A qual dominou por muitos anos. Sendo reforçada pela necessidade de um casamento
ou até mesmo a imposição dos conventos.
Marcando uma história onde a castidade era vista como elemento essencial, ao qual
era imprescindível as mulheres que queriam se casar, ou se tornarem freiras.
De acordo com o artigo sobre a mulher na pós-modernidade (2005)o que se estabelece
com a pós modernidade é o desenvolvimento cada vez maior do feminismo que abre
caminhos para uma abertura maior no mercado de trabalho.
Faz com que se abra a oportunidades do pensar mais e utilizar da razão para uma
definição mais ampla com relação aos conceitos de mulher e homem. O que se faz refletir
cada vez sobre o papel deles na atualidade.
O artigo a Mulher na pós-modernidade: uma breve reflexão sobre identidade, papéis
sociais e emoções (2005) também demonstra que a representação da mulher e a maneira
como ela é vista na sociedade sobre alterações. Dessa forma a um começo na alteração da
maneira que a concepção da mulher é trabalhada para uma evolução gradual.
Marca grandes avanços no decorrer da humanidade e possibilita uma independência
cada vez maior das mulheres fazendo com que estas comecem a
quebrar os paradigmas criados desde as primeiras sociedades.
O Brasil demorou a estabelecer o voto para as mulheres somente em 1932 foi
estabelecido o poder de voto às mulheres isso demonstra o quão trabalhoso é a luta pela
igualdade.
Como estabelece o artigo Mulher, corpo e subjetividade: uma análise desde o
patriarcado à contemporaneidade (2007), o capitalismo é um elemento que influencia na
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autonomia das mulheres para que essas consigam alcançar uma autonomia maior e uma
mudança na estrutura antes estabelecida.
Não só isso como também as conquistas a partir do feminismo como uma maneira de
quebrar o longo patriarcado imposto pela sociedade a qual a subjugou por muito tempo aos
afazeres da casa e as atividades que se relacionavam ao cuidado das crianças
O artigo (2007) aponto as evoluções e transformações que as mulheres tiveram no
Brasil dentro do contexto contemporâneo. Que aos poucos sendo inserido e assimilado por
uma sociedade cuja as raízes são marcadas por um forte e intensa luta contra o patriarcado
que limitava e subjugar a mulher a um objeto de comércio pelo casamento.
Em suma, as conquistas das mulheres são carregadas de um tempo grande contra o
patriarcado a subordinação aos homens o contexto da religiosidade, além de muitas vezes
existir fatores como a constituição que delimita o poder de autonomia das mulheres. No
Brasil a constituição até 2002 estabelecia que as mulheres precisavam possuir um
representante para executar qualquer ação legal.
Ainda existe um contexto em que muitas mulheres são inferiorizadas fazendo com
que essas não recebam os mesmos valores de salários que os homens no mercado de trabalho
como aponta o artigo de 2007 ao falar das mulheres.
Estabelecendo assim um contexto de grande evolução contra as muitas injustiças
criadas pelo patriarcado. E violência que a mulher sofria por ser considerada uma mercadoria
nas relações.
A qual tinha seu valor para o casamento e procriação apontando assim um aspecto de
mudança social com relação a visão estabelecida por gerações sobre o contexto da mulher e
seu papel.
A partir dessa reformulação com contexto histórico e sua evolução possibilitou que os
direitos das mulheres fossem iguais aos homens sendo que os deveres sempre foram
submetidos a elas nas trajetórias de suas vidas, abarcando uma evolução no contexto das
mulheres.
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LUTA PELOS DIREITOS DAS MULHERES

O movimento feminista se deu início no Brasil na segunda metade do século XIX, as


mulheres começaram a se envolver em causas polemicas, por volta de 1890 as mulheres
iniciou a luta pelo direito ao voto.
“Em fins do século XIX, as mulheres brasileiras incorporadas à produção social
representavam uma parte significativa da força de trabalho empregada, ocupavam
de forma cada vez mais crescente o trabalho na indústria, chegando a constituir a
maioria da mão-de-obra empregada na indústria têxtil. Influenciadas pelas ideias
anarquistas e socialistas trazidas pelos trabalhadores imigrantes espanhóis e
italianos, já se podiam encontrar algumas mulheres incorporadas às lutas sindicais
na defesa de melhores salários e condições de higiene e saúde no trabalho, além do
combate às discriminações e abusos a que estavam submetidas por sua condição de
gênero (COSTA, 2005, p. 11-12).”

Em 1964 com o golpe militar, o movimento feminista e qualquer outro


movimento foram silenciados.
No ano de 1993 em Viena acontecia Conferência Mundial sobre Direitos
Humanos, em sua Declaração e Programa de Ação, o primeiro instrumento internacional que
reconheceu os ‘direitos humanos da mulher’, conforme o Art.18

“Os Direitos Humanos das mulheres e das crianças do sexo feminino constituem
uma parte inalienável, integral e indivisível dos Direitos Humanos universais. A
participação plena das mulheres, em condições de igualdade, na vida política, civil,
econômica, social e cultural, aos níveis nacional, regional e internacional, bem
como a erradicação de todas as formas de discriminação com base no sexo,
constituem objetivos prioritários da comunidade internacional. A violência baseada
no sexo da pessoa e todas as formas de assédio e exploração sexual, nomeadamente
as que resultam de preconceitos culturais e do tráfico internacional, são
incompatíveis com a dignidade e o valor da pessoa humana e devem ser eliminadas.
Isto pode ser alcançado através de medidas de caráter legislativo e da ação nacional
e cooperação internacional em áreas tais como o desenvolvimento socioeconômico,
a educação, a maternidade segura e os cuidados de saúde, e a assistência social. Os
Direitos Humanos das mulheres deverão constituir parte integrante das atividades
das Nações Unidas no domínio dos Direitos Humanos, incluindo a promoção de
todos os instrumentos de Direitos Humanos relativos às mulheres. A Conferência
Mundial sobre Direitos Humanos insta os Governos, as instituições e as
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organizações intergovernamentais e não governamentais a intensificarem os seus


esforços com vista à proteção e à promoção dos Direitos Humanos das mulheres e
das meninas (VIENA,1993)”

Essa Declaração de Viena foi base para a criação da Convenção de Belém do


Pará.
Conhecida como Convenção de Belém do Pará no ano de 1994, foi aprovado a
Convenção Interamericana, o objetivo era prevenir as mulheres de possíveis agressões e punir
seus agressores, à Convenção Interamericana não teve eficácia.
Existem três termos usados para categorizar a violência contra a mulher: violência
doméstica é o termo usado para violências que ocorrem em casa (não sendo necessário ter
laços familiares ou sanguíneos), já o termo violência familiar é usado para casos de violência
entre membros da família, é o termo violência intrafamiliar que é usado para violências fora
do ambiente doméstico, mas que são feitas por parentes consanguíneos.
O Juizado Especial Criminal (JECrins), utilizava à Lei 9099/90 à fim de julgar os
casos de menor potencial ofensivo, para muitos foi vista como uma conquista, o objetivo
desta lei era de promover uma conciliação entre agressor e vítima.
Maioria dos casos julgados no âmbito dessa lei, eram casos de violência conjugal.
Maria da Penha, uma mulher que sofria violência doméstica, após inúmeras
tentativas de obter justiça e proteção contra seu agressor, decidiu escrever um livro relatando
o que passou em seu casamento, o objetivo do livro era sentenciar Marco e incentivar as
mulheres a denunciar os seus agressores. No ano de 1994, o livro foi publicado com o título
`Sobrevivi… posso contar`.
No ano de 1997, esse livro foi um meio de denunciar o Brasil na Comissão
Interamericana de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos (OEA), mas
somente em 2001 a denúncia foi concretizada, devido a essa denúncia o Brasil foi condenado
internacionalmente por tolerância e omissão estatal pela forma que a Justiça fazia os
inquéritos, e tratava os casos em relação à violência contra a mulher.
Como condenação o Brasil foi obrigado a aderir uma lei exclusiva em relação a
prevenção e a proteção da mulher em situação de violência doméstica ou familiar, juntamente
com a punição do agressor.
O presidente Luis Inácio Lula da Silva em seu governo, criou um projeto de lei em
companhia da Secretaria de Política para Mulheres, no dia 07 de agosto de 2006, foi
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convertido em Lei Federal 11.340, conhecida como Lei Maria da Penha, que entrou em vigor
no dia 22 de setembro de 2006.

VISÃO MATERNAL NA SOCIEDADE E NO RELIGIOSO

À questão de maternidade está relacionada ainda com a religião, devido ao


catolicismo e seu histórico à igreja prega que um filho é fruto, benção de Deus, a religião
prega o aborto como um pecado, a igreja em si prega que não se deve tirar à vida de um feto,
visto que apenas Deus pode tirar a vida.
Não há muito tempo atrás, as mulheres tinham escasso ou nenhum acesso à
escolarização, o que incluía aquelas que pertenciam à famílias de mais elevada classe social.
Tal cenário contribuiu para a perpetuação de um modelo social que produzia a alienação
feminina e submissão aos pais e maridos, que por sua vez gozavam de liberdade de ir e vir,
poder de voto, visibilidade e ascensão social (Bitencourt, 2011). Portanto, ainda que os
homens arcassem com as responsabilidades financeiras da criação dos filhos, a paternidade
não era sua principal função social (Barros, 2018).
A conceituação da maternidade na atualidade apresenta algumas mudanças, que se
deram a partir dos movimentos feministas que ocorrem, com maior força, desde a década de
70. As descobertas da medicina, tais como o surgimento dos métodos contraceptivos,
influenciaram a abertura feminina para outros papéis sociais, além de que a escolarização de
um maior percentual de mulheres caracterizou-se como fator de mudança (Tavares e Parente,
2015). Logo, o aumento da entrada feminina no âmbito acadêmico e no mercado de trabalho
possibilitou que o papel tipicamente atribuído às mulheres fosse questionado, fazendo com
que mudanças como a escolha pela maternidade fossem possíveis (Garcia, 2015).
Tendo em vista tais transformações, a função paterna torna-se alvo de discussões e
estudos. Embora a parentalidade represente o conjunto das funções e atividades
desenvolvidas por um progenitor ou cuidador, com vista ao saudável e pleno
desenvolvimento da criança a seu cargo, e a procriação seja aspectos fundamentada na ideia
biológica da perpetuação de espécies, tais conceitos podem diferir do que se entende por
paternidade (Alvergne, Faurie, & Raymond, 2009). A noção de engajamento paterno ou
paternidade corresponderia à criação dos filhos baseada na interação e disponibilidade
afetiva, bem como na prestação de cuidados que o pai dispõe ao filho. Desta maneira, a
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responsabilização paterna pelos cuidados da criança têm sido cada vez mais difundida
(Johnson, 2001).
Apesar do aumento das discussões em torno da noção de paternidade, estudos
apontam para a manutenção dos estereótipos sexuais já discutidos (Leone & Baltar, 2008;
Reskin & Bielby, 2005; England, 2005). Identifica-se um paradigma moderno, no qual tem-se
o aumento do ingresso das mulheres no mercado de trabalho e em graduações superiores, mas
uma manutenção do papel social da mulher como: esposa e mãe, sendo unicamente
responsável pelos serviços domésticos (Lastres & Marques, 2004; Rocha & Coutinho, 2008).
A criação de filhos permanece, portanto, como um papel majoritariamente feminino.
Neste preâmbulo, resultados levantados pelo departamento de Pesquisa Nacional por
Amostra de Domicílios (PNAD) do Instituto Nacional de Geografia e Estatística (IBGE), no
ano de 2015, mostram que 26,8 % das famílias brasileiras é composta por mães solteiras,
porcentagem que corresponde a um crescimento em relação ao ano de 2005, no qual 16 %
das famílias eram compostas por mães solteiras. Por outro lado, as famílias compostas por
pais solteiros em 2015 somam apenas 3,6 %. Quando convertidos em número de habitantes,
estes percentuais representam 54 milhões de famílias monoparentais femininas, contra 7
milhões de famílias monoparentais masculinas.
Em 2018, o IBGE levantou dados relativos à quantidade de horas trabalhadas por
homens e mulheres - pensando nas horas oficiais de trabalho remunerado e trabalho
doméstico - e constatou que 91% das mulheres entrevistadas declararam realizar tarefas
doméstica, enquanto apenas 53% dos homens declaram o mesmo. Sendo assim, a mulher
atual encontra-se num cenário complexo e ao mesmo tempo clássico, no qual desempenha
uma jornada dupla de trabalho que envolve a carreira e a vida pessoal conflitando entre si,
estando a maternidade muitas vezes no cerne deste conflito (Beltrame, 2012).
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ABORTO

Devido as religiões, principalmente o catolicismo, que é a religião


predominante no Brasil, o aborto ainda é tipificado como crime.
Segundo Varella em seu artigo " A Questão do Aborto", ele afirma que o aborto
ocorre desde que você tenha dinheiro, ainda em seu artigo ele afirma que muitas meninas na
adolescência engravidam sem ter condição de recorrer ao um aborto, mesmo que seja
clandestino.
O aborto clandestino pode trazer vários fatores de risco, como hemorragia, infecções,
erros que podem ser cometidos durante o procedimento, que pode colocar em perigo a vida
da gestante ou até mesmo do feto que pode não ter sucesso ao aborto.
A questão do aborto em si é muito complexo de discutir, envolve religião, família,
moralidade, sociedade, muitas dessas mulheres optam por praticar o aborto por acreditar ser à
melhor solução, devido não ter apoio dos pais, da família, do pai da criança.
No Código Penal Brasileiro o artigo 124 e 126 trata-se das penas para à gestante que
pratica aborto, para quem está ajudando à praticar, já nos artigos 127 e 129, trata-se das penas
quando a gestante pratica o aborto e sofre lesão corporal de natureza grave, ou, quando se
resulta em morte.
Alguns abortos que são puníveis:
Aborto doloso: artigo 124 a 126 do CP.
Aborto eugênico ou eugenésio: quando a gestante realiza o aborto devido ao feto
apresentar defeitos genéticos, como por exemplo: quando o bebê é anencefálico.
Aborto social ou econômico: quando a gestante realiza devido não ter condições
financeiras para sustentar o bebê.
Aborto honoris causa: quando a gestante realiza o aborto para ocultar sua desonra,
como por exemplo: quando a mulher fica gravida do seu amante.
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No Código Penal Brasileiro, em seu artigo 128º, inciso I, trata-se do aborto legal que é
quando a gestação pode trazer risco a vida da gestante, ou, em seu inciso II, quando a
gravidez é resultado de um estupro.

Art. 128 - Não se pune o aborto praticado por médico:

Aborto necessário

I - se não há outro meio de salvar a vida da gestante;

Aborto no caso de gravidez resultante de estupro

II - se a gravidez resulta de estupro e o aborto é precedido de consentimento


da gestante ou, quando incapaz, de seu representante legal.

Existem três tipos de abortos que não são puníveis, e não estão previsto em leis:
Aborto natural ou espontâneo: que é uma interrupção da gravidez de formas
fisiológicas.
Aborto acidental: quando a gestante sofre algum tipo de trauma, como por exemplo:
tombos, escorregão, quedas.
Aborto culposo: ocorre quando uma conduta imprudente, negligente ou ate mesmo
imperita, que faça a gestante ter um aborto.
No Código Civil de 2002, em seu artigo 2º, os direitos do nascituro são tutelados em
lei, já no caput artigo 5º da Constituição Federal Brasileira de 1988 está tutelado o direito à
vida, sem distinção.
Sendo assim, o aborto só está permitido nas duas hipótese apresentada no artigo 128º
do Código Penal, as outras demais formas, independente dos motivos que levou a gestante a
praticar o delito ela pode ser punida.
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CONCLUSÃO

A ascendência da mulher na sociedade ocorre desde de antigamente, as mulheres que


ficavam submissas ao homem, sendo eles: pai, marido, irmãos, muitas delas eram agredidas
dentro do seu ambiente doméstico, elas não obtinham recursos de proteção, ou até mesmo de
direitos. O movimento feminista surgia e ganhava força e grande repercussão, dando forças
as mulheres para lutar pelos seus direitos, com esse movimento as mulheres passou a não
aceitar mais situações nas quais eram submissas aos homens. Nesta longa jornada de
patriarcado, de violência, submissão e de um ponto de vista preconceituoso da mulher sendo
vista como um objeto. 
À mulher não obtém uma segurança, direitos, dentro da própria sociedade ou de casa,
ela se torna suscetíveis às situações de risco que eram observadas antes como normais, onde
as mulheres devem ser submissas, sem direito, sem voz e até obedientes aos seus maridos ou
homens considerados chefes da casa. 
O aborto é um grande tabu, onde ainda é tratado como crime pelo Código Penal
Brasileiro, sendo aceito apenas em situações que ofereça risco a vida da mulher ou onde a
gravidez é dada através de estupro. Mas a muitos casos em que crianças são mães e o aborto
não pode ser realizado por ser uma idade “aceitável” de se ter um filho, onde adolescentes
são levadas a achar que essa situação é natural, existem casos de mulheres que não podem
cuidar da criança, não podem oferecer segurança, alimentação, lar e mesmo assim são
obrigadas a ter a criança pelo fato do aborto ser criminalizado, e muitas dessas mulheres e
adolescentes buscam por abortos clandestinos e cresce cada vez o risco de vida as mesmas. 
Conclui-se assim que, a ascendência da mulher na sociedade ainda passa por um
longo caminho, um caminho onde ela ainda precisa de voz sobre seu corpo e suas escolhas,
onde ela não esteja suscetível a riscos e seja protegida ao fazer escolhas e decisões. 
16

Essa dissertação não encerra a discussão sobre o assunto tratado, é apenas mais um
argumento para se refletir e considerar a importância de a sociedade não criminalizar as
escolhas da mulher, sendo que tais escolhas também são direitos. 

REFERÊNCIAS

A questão do aborto | Artigo. Disponível em:


<https://drauziovarella.uol.com.br/drauzio/artigos/a-questao-do-aborto-artigo/>.
Acessado: 15 de outubro de 2020.

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https://repositorio.uniceub.br/jspui/handle/123456789/3057 >. Acessado: 15 de outubro de
2020.
Artigo Mulher, corpo e subjetividade: uma análise desde o patriarcado à
contemporaneidade (2007). Disponível: <
https://periodicos.unifor.br/rmes/article/view/1594/3576> Acessado: 01 de novembro de
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