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PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO STRICTO SENSU EM GESTÃO

INTEGRADA DO TERRITORIO
DISCIPLINA: FUNDAMENTOS DA CIÊNCIA E PESQUISA
DOCENTES: Dra. Maria Celeste R. F. de Souza; Dra. Renata B. F. Campos

FICHAMENTO E LEVANTAMENTO SISTEMÁTICO DE ARTIGOS NO


PORTAL DE PERIÓDICOS CAPES

NOME: AGNES ROCHA DE ALMEIDA

PROBLEMA DE PESQUISA REFERENTE À ESTA REVISÃO SISTEMÁTICA:


O que a academia tem publicado acerca do “Sagrado Feminino” no Brasil?

CRITÉRIOS DE BUSCA UTILIZANDOS: ´


“Sagrado feminino”
Resultados: 10
Dentre eles: 1 – Editorial e 9 artigos
Todos revisado por pares
Período das publicações: 2013 a 2020

DE LIMA, Gigliola Marcos Bernardo et al. O SAGRADO FEMININO: HISTÓRIAS DE


LUTA E LUTO. Revista de Ciências da Saúde Nova Esperança, v. 12, n. 1, p. 81-89,
2014.
Objetivo:

1 -Título: O poder feminino nas praticas da Wicca: uma analise dos


"Circulos de Mulheres".(texto en portugues)(Ensayo)

Referencia:
Cordovil, DanielaO poder feminino nas práticas da Wicca: . Revista Estudos
Feministas [online]. 2015, v. 23, n. 2 [Acessado 28 Junho 2021] , pp. 431-449.
Disponível em: <https://doi.org/10.1590/0104-026X2015v23n2p431>. Epub
May-Aug 2015. ISSN 0104-026X. https://doi.org/10.1590/0104-
026X2015v23n2p431.

Objetivo: fazer “uma análise das práticas e da filosofia subjacente aos Círculos
de Mulheres, com o objetivo de discutir como é feita dentro da cosmovisão
wiccaniana a inversão simbólica das características negativas atribuídas ao
feminino na cultura ocidental. Irei comparar a abordagem conferida ao sangue
menstrual e ao feminino nos Círculos de Mulheres com as representações do
sangue menstrual enquanto poluição, encontradas em diferentes matrizes
religiosas e na cultura popular brasileira” (CORDOVIL, 2015, p. 434)

Metodologia: “A pesquisa foi realizada por meio de observação participante das


reuniões do Círculo de Mulheres promovidas pela Abrawicca em Belém, Pará,
por um período de cinco meses (..)”. (CORDOVIL, 2015, p. 434)

Fichamento:

“Na cultura Ndembu, estudados por Vitor Turner, a cor vermelha está
relacionada, entre outros aspectos, ao sangue menstrual, simbolizado pela árvore
sagrada utilizada na iniciação. Os tembés, no Pará, realizam a festa de menina
moça, ou festa do moqueado, conjunto de rituais pelos quais passa a menina
após a menarca. Esta estrutura de isolamento/liminaridade da mulher durante o
ciclo menstrual é recorrente em diversos povos” (CORDOVIL, 2015, p. 435)

*Buscar estudos sobre cultura e menstruação no Brasil

“A partir de análises de proibições e tabus alimentares na Bíblia judaica, Mary


Douglas chega ao conceito de poluição ritual como principal característica do
sagrado. A noção de poluição ou de impureza está ligada àquilo que foge à
capacidade humana de classificar, causando inquietação e incerteza.”
(CORDOVIL, 2015, p. 435)

*Buscar autora Mary DOUGLAS, 2012

“Nas religiões de matriz africana é ambíguo o tratamento conferido ao sangue


menstrual. No Brasil, mais particularmente na Amazônia, é difundida a prática
de afastar a mulher de suas tarefas litúrgicas durante o período menstrual, pois
esta condição é considerada “suja” e impura, por isso inapropriada para o
contato com as divindades. (SILVA, 2013).” (CORDOVIL, 2015, p. 436)

“Essas controvérsias dentro das religiões de matriz africanas mostram que a


reabilitação do simbolismo do sangue menstrual está no cerne do debate a
respeito da inferiorização do sagrado feminino no interior dos sistemas
religiosos e simbólicos. Na Amazônia, as representações populares sobre o
interdito ligado ao sangue menstrual são tão intensas que parece ainda pequena a
possibilidade de reversão desse tabu entre a maioria da população.
Tal estigma negativo atribuído ao sague menstrual, que tem raízes profundas na
cultura judaico-cristã” (CORDOVIL, 2015, p. 436)

Estudar o Silva, 2013. De acordo com o texto, as matrizes africanas trazem a


menstruação como um período no qual a mulher deve estar afastada dos rituais.
Quando falamos do resgate do sagrado feminino e práticas ancestrais
relacionadas à menstruação, provocamos nos ouvintes o pensamento que essas
práticas sagrados tem matrizes africanas, mas não, precedem o período de
colonização americana.
A luta sobre o poder simbólico da menstruação e do ciclo mensal da mulher é
um campo de verdadeira guerra. As opiniões oscilam entre a glorificação do
sangrado e a sua culpabilização por uma série de doenças e, todavia, sua
inutilidade para as mulheres que não pretendem ter filhos, tornando-se, então,
uma ‘sangria inútil’. De fato, há vários anos que em alguns países estão sendo
levadas a efeito campanhas em favor da suspensão da menstruação, baseando-se
em investigações médico-científicas que a assinalam como a causa principal de
uma série de sintomas que têm tomado o nome genérico de ‘transtornos pré-
menstruais’ e têm constituído um novo estigma para as mulheres, a ‘TPM’.
(NATANSOHN, 2005, p. 295). (CORDOVIL, 2015, p. 437)
“O Círculo de Mulheres Ísis-Afrodite é aberto à participação de mulheres de
todas as religiões; no entanto, a metodologia utilizada está fortemente ligada à
Tradição Diânica do Brasil (TDB), visto que a condutora do grupo é iniciada
nessa tradição.” (CORDOVIL, 2015, p. 437)

Salvei esta parte para procurar sobre a Tradição Diânica do Brasil

“Também há no grupo duas mulheres cuja prática religiosa principal não é a


Wicca. São coordenadoras do centro de terapias alternativas ou holísticas no
qual acontecem as reuniões. Essas coordenadoras do centro, que se encontram
também em uma fase da vida pós menopausa, demonstram profundo interesse
por vivências holísticas e participam do Círculo de Mulheres como parte de uma
busca espiritual particular, na qual combinam diferentes elementos.”

Salvei esta parte para procurar sobre terapias alterativas ou holísticas e a


conexão com o sagrado feminino

“O perfil variado das mulheres que participam do círculo demonstra que, apesar
de conduzido a partir de uma metodologia cujos pressupostos se ligam à Wicca
de Tradição Diânica, o Círculo de Mulheres não se restringe a ela.”
(CORDOVIL, 2015, p. 441)

Essa informação é relevante para desvincular da religião a pratica do circulo de


mulheres.

“O nojo da menstruação, problemas de má relação com o corpo e com a


sexualidade, e de baixa autoestima são chamados na linguagem wiccaniana de
“feridas do ventre”, no caso das mulheres; ou “feridas do falo”, para os
homens.25 Essas feridas recebem o nome geral de “feridas do patriarcado” e são
entendidas como representações traumáticas sobre o corpo e a sexualidade
construídas ao longo da biografia do sujeito” (CORDOVIL, 2015, p. 442)

Estudar sobre: Feridas do patriarcado. Corpo e sexualidade feminina. (território


do corpo)

“Michel de Certeau discute, em sua obra a Invenção do Cotidiano, como o


sujeito da modernidade se constrói através de uma arte de fazer, das práticas
cotidianas que visam instaurar significados inteligíveis para o que ele chama de
homem comum, o sujeito anônimo que vivencia o fim das meta-narrativas, que
sucumbem em um campo de insegurança ontológica característico da
modernidade.” (CERTEAU, 2013) (CORDOVIL, 2015, p. 442)

Estudar se é possível relacionar a Invenção do cotidiano com a relação da


mulher com o corpo.

“Os antigos Mistérios do Sangue, relembrados e celebrados pelo atual


movimento de espiritualidade feminina permitem a compreensão e percepção da
natureza cíclica da mulher, vista e vivida pela experiência individual e
reverência coletiva. Apesar de sua ausência na sociedade moderna, muitos dos
ensinamentos e conceitos antigos referentes ao ciclo menstrual sobrevivem nos
mitos, lendas, folclores e, de maneira velada, nos contos de fadas. Essas histórias
foram criadas a partir das experiências pessoais de nossas ancestrais e podem
servir de base para que as mulheres modernas compreendam suas próprias
vivências e as enriqueçam com novas percepções, exercícios e práticas.”
(FAUR, 2011, p. 214). (CORDOVIL, 2015, p. 443)

Tenho o livro da Mirella Faur. Verificar se pode ser utilizada como referencia no
meu texto de dissertação

Pensar essa invenção do cotidiano a partir do feminino impõe um desafio, pois


as mulheres são sujeitos silenciados da sociedade de consumo. O consumo,
apesar de marcadamente feminino, é um lugar de objetificação da mulher, que é
oferecida como mercadoria para o consumo dos homens e de outras mulheres.
(CORDOVIL, 2015, p. 444)

Relação com o texto de (CERTEAU, 2013)?

“Nesse sentido, o Círculo de Mulheres combina a reprodução de simbolismos de


gênero consagrados pela cultura patriarcal, ao lado de uma reflexividade, por
meio da qual esses mesmos símbolos são ressignificados.31 Por exemplo, o ato
de manufaturar seus próprios utensílios contém uma crítica com relação à
sociedade de consumo, que aliena as pessoas dos objetos materiais que fazem
parte de seu cotidiano” (CORDOVIL, 2015, p. 444)

No texto a autora aborda um critica a sociedade de consumo. A pratica de


trabalhos manuais é uma forma de significar os objetos (pratica pré-moderna)
A autora fala que a sociedade de consumo silencia e objetifica a mulher.

“As religiões tradicionais já não servem mais de abrigo às mulheres


contemporâneas. Por outro lado, religiões inspiradas em uma ressignificação de
práticas antigas, que pregam um resgate do sagrado feminino a partir de
símbolos alternativos à matriz judaico-cristã, exercem forte apelo nos meios
urbanos. Um exemplo desse fato é a expansão do Candomblé e das religiões de
matriz africana, em geral, entre camadas médias intelectualizadas. (ORO, 1995).
(CORDOVIL, 2015, p. 444)

Embora traga esse exemplo do candomblé, vale lembrar que no que tange ao
sagrado feminino, as matrizes africanas não são referência. O candomblé é uma
pratica que valoriza o sagrado feminino? Teve alteração na sua aplicação no
Brasil?

“Por outro lado, a biologização do gênero está presente ao associar o “poder”


feminino ao útero e o “poder” masculino ao falo.” (CORDOVIL, 2015, p. 446)

Bucar sobre esse termo: biologização do gênero

“A reflexão em torno do círculo permite caracterizá-lo como um fenômeno


urbano, uma forma de sociabilidade típica da modernidade. Seu ponto forte é a
inversão de tradicionais estereótipos ligados à mulher, mobiliando o imaginário
que associa o gênero feminino ao cuidado e ao espaço doméstico, porém
esvaziando-o do significado de inferiorização atribuído pelo patriarcado.
(CORDOVIL, 2015, p. 446-447)

Essas práticas estão repletas de sentido em uma modernidade caracterizada pela


dissolução dos laços sociais e pela liquidez dos saberes, dos encontros e das
pertenças BAUMAN, 2000. (CORDOVIL, 2015, p. 447)

Estudar sobre a modernidade liquida, e BAUMAN

Consideração final: Ainda que as mulheres do Círculo de Mulheres não sejam


propriamente feministas, e o círculo esteja muito distante do que pode ser
caracterizado como uma militância, é por meio de seus saberes-fazeres
cotidianos que essas mulheres produzem vivências alternativas ao consumo, à
modernidade e o patriarcado. (CORDOVIL, 2015, p. 447)

2 - Título: Espiritualidades feministas: Relações de gênero e padrões de


família entre adeptos da wicca e do candomblé no Brasil

CORDOVIL, Daniela. Espiritualidades feministas: Relações de gênero e padrões


de família entre adeptos da wicca e do candomblé no Brasil. Revista Crítica de
Ciências Sociais, n. 110, p. 117-140, 2016.

Objetivo: Realizar um estudo comparativo entre duas religiões cujos ritos e


práticas permitem a valorização da mulher e do sagrado feminino, a wicca e o
candomblé.

Metodologia: A pesquisa foi desenvolvida através de uma combinação de


pesquisa de campo e bibliográfica. O levantamento de dados empíricos
baseou-se nos fundamentos da etnografia e da observação participante
A pesquisa de campo teve lugar nas cidades de Belém, São Paulo e Brasília,
entre 2011 e 2015. Os dados coletados no Brasil sobre religiões afro-brasileiras
foram levantados no período entre 2011 e 2013.
Durante a pesquisa foi feito um levantamento de associações civis comandadas
por afrorreligiosos na cidade de Belém e foi realizada uma entrevista com suas
principais lideranças, assim como o acompanhamento de eventos políticos,
caminhadas, palestras, etc. Foram também realizadas entrevistas com sete
lideranças, três homens e quatro mulheres. Consultaram-se ainda fontes
secundárias em jornais e na internet.
A escolha das lideranças que participaram na pesquisa foi feita de acordo com o
seu grau de engajamento político e com a promoção de políticas públicas. Ou
seja, foram escolhidos propositadamente para participar do estudo apenas os
sacerdotes e sacerdotisas que possuíam engajamento direto ou indireto com a
promoção dessas políticas.
A pesquisa sobre praticantes de wicca teve início em 2013, a partir da
observação participante realizada em rituais e eventos públicos desta reli- gião
promovidos pela Abrawicca – Associação Brasileira de Arte e Filosofia da
Wicca – em Belém, Pará. A partir dessa observação e do contato com esses
grupos, passei a frequentar os eventos nacionais promovidos por esta associação
em São Paulo e Brasília, entre 2014 e 2015. Entre as atividades acompanhadas
estava o Círculo de Mulheres, restrito a participantes do sexo feminino
(Cordovil, 2015). Foram realizadas entrevistas com sete praticantes da religião,
cinco mulheres e dois homens.
O critério para estabelecer a relevância destes grupos foi etnográfico, já que era
possível observar os seus rituais e eventos sendo realizados em espaços públicos
e centros holís- ticos da cidade de Belém. Também realizei a pesquisa na
internet, onde se pode facilmente encontrar indícios da presença dessas
lideranças na mídia, em websites e em diversos estudos acadêmicos.

Fichamento:

Candomblé

“Seus princípios doutrinários e litúrgicos são o resultado de negociações entre as


elites fundadoras do culto, provenientes da África e as adaptações realizadas no
Brasil (Matory, 2005), o que denota a existência de mudança e sincretismos na
construção desta religião. No entanto, entre os afrorreligiosos no Brasil, é
corrente a crença de que o candomblé seria a religião de matriz africana que
mais se aproxima dos cultos praticados na África, por admitir formalmente
menor grau de mudança nos cultos. Desta forma, as noções do que é tradicional
ou sincrético estão sendo utilizadas aqui a partir de categorias nativas e não
analíticas.” (CORDOVIL, 2016, p. 122)

Houve mudança na pratica do Candomble na Africa aqui no Brasil?

“Um aspecto que chamou atenção de pesquisadores das religiões afro-brasileiras


foi a grande presença de mulheres como lideranças dos cultos. Os estudos de
Nunes Pereira (1979) e Sérgio Ferretti (2009) realizados na Casa das Minas,
tradicional templo religioso do Tambor de Mina, reli- gião afro-brasileira
presente em São Luís, no Maranhão, demonstraram que todas as lideranças do
culto eram mulheres, não sendo permitido aos homens submeter-se ao processo
iniciático que torna o adepto preparado para receber as divindades em estado de
transe”. (CORDOVIL, 2016, p. 122)

Mulheres na liderança?
“Na década de 1930, a antropóloga norte-americana Ruth Landes realizou
pesquisa de campo em Salvador e com base nesta pesquisa publicou um
polémico artigo onde afirma a existência de um matriarcado nos terreiros de
candomblé nagô em Salvador, por serem em grande parte liderados por
mulheres, que possuem total autonomia na administração dos templos (Landes,
1940). A autora também observou o surgimento de uma outra vertente de culto,
os candomblés de caboclos, onde os homens podiam entrar em transe com as
divindades e assumir a liderança dos cultos. Esses homens sacerdotes possuíam
comportamentos homossexuais. ” (CORDOVIL, 2016, p. 122-123)

O texto fala que os homens que assumem esse papel tem trejeitos femininos, cita
autores que refletem sobre se de fato incorporavam os espíritos femininos

“No universo dos terreiros de candomblé são diversos os momentos em que o


sagrado feminino é valorizado. Essa valorização se dá pelo culto aos orixás
femininos e metás, a reprodução de seus mitos e suas liturgias e pelo papel de
liderança exercido pelas mulheres e homossexuais masculinos afeminados nos
templos religiosos. ” (CORDOVIL, 2016, p. 125)

O sagrado feminino aqui está na imagem da mulher sagrada? Ou os mitos e


rituais são sagrados?

Wicca

“A wicca é uma das vertentes do neopaganismo, conjunto de religiões baseadas


no culto da natureza e na recriação de práticas ritualísticas de povos antigos ou
pré-cristãos. Nas décadas seguintes à sua criação, a nova religião espalhou-se
pela Europa e pelos Estados Unidos, influenciando militantes da contracultura e
da segunda onda do feminismo (Pike, 2004).” (CORDOVIL, 2016, p. 125)

Buscar sobre os povos pre-cristãos. (nos textos do sagrado feminino fala-se


muito sobre as Deusas pre-cristãs, como figuras que voltam a ser cultuadas
através das redes sociais.

“As questões de gênero são permanentemente discutidas pelos praticantes da


Wicca. Toda a cosmovisão wiccaniana baseia-se na desconstrução do
patriarcado, considerado um grande empecilho à felicidade humana. Para o
praticante da wicca, o objetivo da religião é trazer felicidade e plenitude aos
seres humanos na sua vida na Terra. Não faz sentido para os wiccanianos a ideia
de punição, castigo ou culpa, pois não acreditam em um outro mundo mais pleno
e perfeito, como ocorre no cristianismo; buscam a felicidade na sua existência
atual. ” (CORDOVIL, 2016, p. 126)

Importante utilizar essa citação no que tange ao castigo e culpa impetrados pelo
cristianismo, principalmente no que se refere à desvalorização do feminino.

“Para a wicca a natureza é sagrada e o acesso a este sagrado se dá de forma


imanente, ou seja, não existem mediações. A natureza é a própria Deusa e tudo
que existe nela é sagrado, inclusive o ser humano considerado parte da Deusa. ”
(CORDOVIL, 2016, p. 126)
Buscar referências sobre natureza sagrada.

“Na wicca e em outros grupos pagãos, o sagrado feminino é considerado a


experiência de reconhecer a deusa em tudo na natureza. Entre os wiccaniamos
encontramos um elaborado discurso de valorização da mulher, mesmo entre os
homens. ” (CORDOVIL, 2016, p. 127)

O sagrado feminino cultuado no paganismo, mesmo vivenciado hj, distancia das


mulheres a pratica de suas religiões pessoais? Elas têm consciência disso? Qual
a relação que elas têm com sua religião de berço?

Relações de gênero

“No caso do candomblé, os papéis femininos e masculinos são rigidamente


codificados dentro do universo do terreiro. ” (CORDOVIL, 2016, p. 128)

“Segundo os critérios de classificação nativa, há apenas dois tipos de pessoas em


um terreiro de candomblé, os rodantes e os não rodantes. Os primeiros possuem
capacidade de entrar em transe, os segundos não. Combinando esse aspecto
com
a dicotomia sexual, esses papéis passam a ser quatro: mulheres rodantes, homens
rodantes, mulheres não rodantes, homens não rodantes. Não existe grande
distinção entre as atribuições litúrgicas dos rodantes, sejam eles homens ou
mulheres” (CORDOVIL, 2016, p. 128)

“No caso dos não rodantes existe grande diferença de atribuições em se tratando
de mulheres ou de homens. As mulheres ocupam o cargo de ekédis, que são
assistentes dos fiéis que entram em transe, cuidam de suas roupas e paramentos
litúrgicos, da preparação das comidas votivas e também da organização do
tempo. Por outro lado, os homens não rodantes ocupam o cargo de ogãs, suas
atribuições litúrgicas dizem respeito à imolação de animais votivos e à precursão
de instrumentos musicais durante o ritual. ” (CORDOVIL, 2016, p. 128)

“Na wicca, por outro lado, o debate a respeito do papel do homem e da mulher
na religião ocorre de forma racionalizada. Os adeptos da wicca,na sua maioria,
conheceram a religião a partir do envolvimento com movimentos e
espiritualidades Nova Era, são pessoas de estratos sociais médio e alto,
valorizam muito o hábito da leitura e da internet (Bezerra, 2012; Guerriero,
2006). Por esse motivo, e por se tratar de uma religião de codificação bastante
recente, a maioria das atividades e da ritualística da wicca é oriunda de uma
reflexão racional e deliberada sobre papéis de gênero e relações entre homens e
mulheres. ” (CORDOVIL, 2016, p. 128)

“Existem também momentos ritualísticos específicos para homens e mulheres


nas práticas da religião, os Círculos de Mulheres e os Círculos de Homens, onde
se celebram os mistérios do sagrado masculino e do sagrado feminino. Esses
chamados mistérios estão relacionados a processos naturais e fisiológicos de
cada gênero, considerados sagrados. Assim, nos Círculos de Mulheres
discutem-se aspectos relacionados à menstruação, à gravidez e à maternidade,
consideradas partes da sacralidade do feminino (Cordovil, 2015). ”
(CORDOVIL, 2016, p. 130)

Paganismo e sagrado* buscar

Padrões de família
“No candomblé, por se tratar de uma religião de diáspora africana, a família
nuclear foi abalada durante o processo de escravidão, surgindo como padrão
preponderante as famílias monoparentais lideradas por mulheres. ”
(CORDOVIL, 2016, p. 131)
“Também por conta da diáspora, a adoção foi e ainda é um aspecto fortemente
valorizado entre afrorreligiosos, que tendem a identificar-se mais fortemente
com a família litúrgica do que com a família consanguínea (Segato, 2005). É
comum encontrar entre adeptos de religiões afro-brasileiras uma grande
tolerância quanto a arranjos familiares homoafetivos e à presença de filhos
adotivos. Em muitos casos esses arranjos chegam a ser os mais desejados. ”
(CORDOVIL, 2016, p. 131)

Já na wicca, existe uma forte militância com relação ao casamento homoafetivo


e ao reconhecimento de direitos de famílias não convencionais. Alguns adeptos
da wicca vivem ou buscam viver relações poliamorosas. É parte importante da
visão de mundo da wicca a vivência plena e saudável da sexualidade. Como na
wicca, a percepção religiosa de mundo permite e encoraja vivências sexuais e
afetivas isentas de culpa, os adeptos desta religião procuram preferencialmente
parceiros que compartilhem de sua visão de mundo. (CORDOVIL, 2016, p. 132)

Feminismos, debates e militâncias

“Por causa da liderança que possuem dentro dos terreiros, as mães de santo são
convidadas a dialogar com gestores de políticas públicas, a integrar conselhos e
outras funções públicas. ” (CORDOVIL, 2016, p. 135)

“Na wicca, tanto os sacerdotes quanto as sacerdotisas de maior projeção social


estão engajados em lutas políticas e de militância. Assim como no candomblé,
esta militância é mais forte e direcionada para os debates públicos que dizem
respeito à liberdade religiosa e à defesa do Estado laico. Entre as mulheres,
algumas envolvem-se com movimentos feministas e consideram que as próprias
atividades litúrgicas de wicca contribuem para a propagação de uma visão de
mundo feminista. ” (CORDOVIL, 2016, p. 135)

Buscar mais sobre: Paganismo e feminismo

Considerações finais

“Entre lideranças da wicca existem muitos discursos e práticas ligados ao


feminismo e à valorização da mulher, algumas são engajadas com movimentos
sociais, outras acreditam que suas atitudes na vida privada podem mudar a
sociedade. Já nas religiões afro-brasileiras, o principal foco de militância política
é o reconhecimento da religião como património étnico e cultural brasileiro e a
plena liberdade religiosa. No interior dessas lutas tem ocorrido grande
empoderamento das mulheres religiosas, que são suas maiores protagonistas. ”
(CORDOVIL, 2016, p. 136)

A construção dessas lutas na Amazônia e no Brasil contribui para a pluralização


dos feminismos. Suas práticas devem ser analisadas levando em conta uma
sociologia das ausências, que tende a tornar menos significativas ou a
invisibilizar as lutas sociais que acontecem no Sul Global. Segundo Boaventura
de Sousa Santos: “A experiência social em todo o mundo é muito mais variada
do que a tradição científica e filosófica ocidental conhece e considera
importante” (Santos, 2002: 238). (CORDOVIL, 2016, p. 137)

Ler *sociologia das ausências. Ver este texto do Boaventura:


Santos, Boaventura de Sousa (2002), “Por uma sociologia das ausências e uma
sociologia das emergências”, Revista Crítica de Ciências Sociais, 63, 237-280.

3 - Título: ENTRE CANTEIROS E ERVAS: UM ESTUDO DA


PRODUCAO DE ERVAS MEDICINAIS A PARTIR DE INDICACAO DO
INTERESSE DO SUS- SISTEMA UNICO DE SAUDE/BETWEEN
FLOWERBEDS AND HERBS: A STUDY OF THE PRODUCTION OF
MEDICINAL HERBS BASED ON AN INDICATION OF THE INTEREST
OF SUS - SlSTEMA UNICO DE SAUDE
DE SOUZA GOMES, Thauana Paiva; WHITAKER, Dulce Consuelo Andretta;
FERRANTE, Vera Lúcia Silveira Botta. ENTRE CANTEIROS E ERVAS: UM ESTUDO
DA PRODUCAO DE ERVAS MEDICINAIS A PARTIR DE INDICACAO DO
INTERESSE DO SUS-SISTEMA UNICO DE SAUDE/BETWEEN FLOWERBEDS AND
HERBS: A STUDY OF THE PRODUCTION OF MEDICINAL HERBS BASED ON AN
INDICATION OF THE INTEREST OF SUS-SlSTEMA UNICO DE SAUDE. Revista
Brasileira Multidisciplinar (ReBram), v. 23, n. 1, p. 48-62, 2020.

Objetivo: O trabalho buscou o aprofundamento dos saberes, práticas de usos de


ervas medicinais utilizados por mulheres assentadas do Monte Alegre
comparada aos usos e indicações orientadas pelo SUS- Sistema Único de Saúde

Metodologia:
Sendo assim, a primeira etapa realizada foi a busca do que se encontra
disponível na plataforma da CAPES- Coordenação de Aperfeiçoamento de
Pessoal de Nível Superior de teses e dissertações, na qual se trabalhou com o
intervalo de análise de 2011 a 2016. O segundo caminho desenvolvido foi a
análise do “Levantamento Bibliográfico Gênero no meio rural” realizado pelo
IPEA- Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada sobre a literatura disponível
quanto às questões de gênero no meio rural até o ano de 2009.
A segunda etapa foi um inventário de 22 lotes de mulheres do assentamento
Monte Alegre de Araraquara, no qual se buscou avaliar as formas de usos e
plantios das ervas medicinais, bem como levantamento das ervas descritas e
regulamentadas pela ANVISA-Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Para
este levantamento foram realizadas visitas nos lotes e questionário com as
mulheres sobre as formas de usos e plantios das ervas, bem como grupos focais.

Fichamento:

“A análise foi realizada no intervalo de 1979 a 2016, nos banco da CAPES e


Scielo, cruzando com a revisão da literatura publicada pelo IPEA2 em 2009. O
filtro utilizado para selecionar os trabalhos que se alocassem na temática desta
revisão foram mulheres, ervas medicinais e conhecimentos tradicionais. Neste
sentido, conseguiu-se um fluxo significativo de trabalhos no período.” (DE
SOUZA GOMES, ANDRETTA WHITAKER, BOTTA FERRANTE, 2020, p.
50)

Testar esse filtro de busca no período de 2010 a 2021.

“Os trabalhos acima listados referem-se a estudos em assentamentos de reforma


agrária, relacionados às ervas medicinais, ora ligados ao sentido sagrado, ora às
práticas típicas de cuidados femininos. O ponto interessante é que todos os
trabalhos estão relacionados a autoras mulheres, o que, sem dúvida, evidencia
um interesse propriamente de uma questão de gênero, ou, quem sabe, do
“Sagrado Feminino”. (DE SOUZA GOMES, ANDRETTA WHITAKER,
BOTTA FERRANTE, 2020, p. 52)

Interessante essa busca, enquanto eu buscava sobre o sagrado feminino, todas as


variações de busca estavam relacionadas ao corpo, à religiosidade, ao místico.
Talvez uma busca sobre ervas medicinais e sagrado possam trazer artigos para a
dissertação.

“Em 2008, foi então criada a PNPMF - Política Nacional de Plantas


Fitoterápicas - (BRASIL, 2006a) e também publicada a Instrução Normativa nº
5, que regulamenta 36 espécies de plantas medicinais de registro simplificado
junto à ANVISA (BRASIL, 2008).” (DE SOUZA GOMES, ANDRETTA
WHITAKER, BOTTA FERRANTE, 2020, p. 53)

Verificar os estudos sobre essa PNP e verifi9car as pesquisas relacionadas.

“Tabela 3 - Pesquisa bibliográfica de teses e dissertações de 2011 a 2016-


CAPES.” (DE SOUZA GOMES, ANDRETTA WHITAKER, BOTTA
FERRANTE, 2020, p. 54)
Buscar: práticas agroecológicas, resgate, saberes tradicionais.

“A partir disso, os saberes tradicionais e os conhecimentos adquiridos de forma


geracional com o vivenciamento a partir da observação da natureza,
predominante nas atividades femininas, são substituídos por práticas
artificializadas e sintéticas, no caso da produção comercial. Neste aspecto, o
papel feminino, como veremos no processo histórico, é duplamente importante,
primeiro por serem as mulheres, em grande medida, responsáveis pela
permanência da resistência de práticas alternativas frente ao sistema da
agricultura convencional, e segundo por manterem vivos e repassarem um
conhecimento sobre saúde, criação e meio ambiente mais sustentável às novas
gerações. ” (DE SOUZA GOMES, ANDRETTA WHITAKER, BOTTA
FERRANTE, 2020, p. 59-60)

O sagrado feminino e a relação com a tradição da observação da “mãe natureza”,


a importância e o poder da mulher em transmitir seus saberes”

4- Título: Feminine spacialities in the Baha'i faith grouping "Gralha Azul":


one case study of symbolic representations/Espacialidades femininas do
agrupamento Baha'i "Gralha Azul": um estudo das representacoes
simbolicas

SCHLÖGL, Emerli. ESPACIALIDADES FEMININAS DO AGRUPAMENTO BAHÁ’Í


“GRALHA AZUL”: UM ESTUDO DAS REPRESENTAÇÕES SIMBÓLICAS. Raega-O
Espaço Geográfico em Análise, v. 27, 2013.

Objetivo: Abordar as espacialidades femininas da Fé Bahá‟í, no recorte espacial


que compreende o “Agrupamento Gralha Azul”.
Informação não está clara no artigo

Metodologia: A fim de se compreender como se conformam estas


espacialidades femininas, homens e mulheres deste agrupamento foram
entrevistados. O agrupamento pesquisado envolve pessoas residentes nas
cidades de Campo Largo, Curitiba, Colombo, Pinhais, Piraquara e São José dos
Pinhais.
Informação não está clara no artigo

Fichamento:
“A Geografia da Religião, em sua abrangência, nos permite perscrutar as
espacialidades femininas na expressão dinâmica de uma religião conhecida
como Fé Bahá‟í2 , que mesmo tendo origem histórica e geográfica no Irã
remeteu-se para além do seu ponto territorial inicial, estendendo suas
espacialidades em justaposições complexas.” (SCHLÖGL, 2013, p. 177)

Esta citação incitou a busca sobre “espacialidade feminina” para dissertação


final.

“A Forma Simbólica Religião, em relação às espacialidades femininas, abarca


imagens arquetípicas que mobilizam determinadas atitudes e compreensões
vinculadas ao espaço e tempo, tendo como base a pertença de gênero.”
(SCHLÖGL, 2013, p. 179)

O sagrado feminino pode ser entendido como uma prática que desperta o
sentimento de pertença de gênero?

“O Espaço Sagrado, como categoria de análise, conforme Gil Filho (2008),


configurado por meio do sistema interpretativo de Cassirer, abarca:
espacialidade de expressões religiosas, o que inclui as práticas religiosas, as
formas simbólicas e os mitos.” (SCHLÖGL, 2013, p. 179)

Se levarmos em consideração os círculos de mulheres presenciais, eles podem


ser um “espaço sagrado”? O instagram pode ser um meio de divulgação desses
espaços sagrados? Para isso, as # precisam estar conectadas com algum círculo
em especial?

“Tomando o conceito de estrutura estruturante de Bourdieu (1980), podese


compreender que há uma interação de forças que estabelecem reciprocidades nas
relações. O termo “estruturas” refere-se a disposições interiorizadas e duráveis e
o termo “estruturantes” refere-se àquilo que gera práticas e representações.”
(SCHLÖGL, 2013, p. 179)

Os círculos de mulheres enquanto difusores da prática do Sagrado feminino


pode ser entendido como estruturante?

“As funções se distinguem em quatro: Pensamento, Sentimento, Sensação e


Intuição. Nas pessoas certas funções preponderaram sobre outras. O
funcionamento psíquico apenas demonstra as tendências de cada um, que se
refletem em seu modo de agir e interagir nos espaços, com os outros sujeitos e
com os objetos do mundo.” (SCHLÖGL, 2013, p. 185)

Aqui, cita-se Jung para falar das funções psicológicas (tipologias).


“Cruzando este tipo de entendimento com a formulação de Cassirer sobre as
formas simbólicas, relacionamos a Função Pensamento com a Forma Simbólica
Ciência, a Função Sentimento com a Forma Simbólica Arte, a Função Sensação
com a forma Simbólica Mito e a Função Intuição com a Forma Simbólica
Religião.” (SCHLÖGL, 2013, p. 185)

Aqui faz-se um cruzamento das funções citadas por Jung com as formas citadas
por Cassifer.

“As mulheres, na perspectiva de uma Geografia da Religião, são ainda pouco


visíveis em trabalhos acadêmicos, os assuntos religiosos e geográficos ainda são,
na maioria das vezes, considerados sob o prisma das espacialidades masculinas.
No artigo escrito por pesquisadores(as) do Grupo de Estudos Territoriais, da
Universidade de Ponta Grossa: Silva, Júnior, Filho e Rossi (2009), questiona-se
o motivo de se pesquisar tão pouco sobre gênero na geografia brasileira. Os(as)
autores(as) alegam que os elementos fundantes da impermeabilidade da
perspectiva de gênero na Geografia são as suas bases eurocêntricas, a
permanência dos sujeitos universais e o apego à expressão material do espaço:
desconsiderando, de certa forma, que as mulheres possuem existência espacial
concreta e real.” (SCHLÖGL, 2013, p. 188)

Não sei nem o que comentar. Será uma verdade? Vale uma pesquisa.

“Os arquétipos, quando manifestos pelo viés da sombra , ganham dimensão de


força nas projeções, e acabam por gerar símbolos de força opressora, muitas
vezes violenta, envolvendo o predomínio de alguns sobre outros: ou ainda, como
afirma Waldman (2008), a domesticação da sensibilidade que passa pela
domesticação do corpo e que coloca para negros, mulheres, crianças e religiões -
em patamares de subordinação aos que se querem dominantes – a negação do
direito à existência compartilhada em termos de igualdade.” (SCHLÖGL, 2013,
p. 189)

Vale buscar esse texto de Waldman, para entender sobre a domesticação do


corpo. Essa domesticação é observada no que tange à modelagem do corpo,
definições da TPM, supressão da menstruação e partos cesáreos.

“Neste sentido, e como exemplo, o eurocentrismo forma o arquétipo do


dominador: do “herói”, no qual o centro é ocupado pelos países europeus,
cabendo a eles, o controle das periferias. O centro adquire poder e força de
submeter os diferentes a uma categoria inferior. Do mesmo modo, o
cristianismo, que se ocidentaliza, certas vezes ocupa o centro do poder religioso
e nega o direito à existência de outras formas de religião.” (SCHLÖGL, 2013,
p. 189)

Estudar sobre os arquétipos faz-se relevante para discussão sobre as seguidoras


das Deusas na busca da reverência ao Sagrado Feminino.
Waldman fala sobre: Arquétipo espacial.
“As cartografias elaboradas no ocidente, afirmam o eurocentrismo e banem
elementos mitológicos. “A cartografia faz uso, consciente ou não, de um aparato
simbólico cujas significações decorrem das expectativas espaciais pertinentes a
um determinado padrão civilizatório e sendo assim, seu papel extrapola a mera
apreensão ou aferição objetiva do espaço” (WALDMAN, 2008, p.50).”
(SCHLÖGL, 2013, p. 190)

O autor ao falar de eurocentrismo e cartografia, faz alusão da divisão do bem


belo na parte superior e o mal na parte inferior. Acima, também está o
Cristianismo, abaixo, os espíritos da escuridão. Essa citação provoca o
pensamento de como relacionar o sagrado feminino ao mestrado em Gestão de
território.

“Este território, pleno de sentimentos reprimidos, de fluxos pervertidos do


inconsciente social, está circunscrito a um mapa, a uma Cartografia, cujos
significados topológicos decorrem daquela dessacralização dos valores e das
crenças que durante a maior parte da história humana constituíram seu espólio
mais valioso. (WALDMAN, 2008, p.55).” (SCHLÖGL, 2013, p. 192)

As práticas do círculo de mulheres, o retorno das práticas do sagrado feminino


são um rompimento à religião crista. A globalização e a ausência de fronteiras
possibilitadas pela internet são peças fundamentais para esse rompimento com a
cultura patriarcal ocidental?

“Conforme Alves (2010), as sociabilidades masculinas e as femininas foram


diferenciadas culturalmente. As espacialidades masculinas de socialização foram
marcadas por jogos e diversão enquanto as femininas giravam em torno do
espaço doméstico. ” (SCHLÖGL, 2013, p. 192)

Buscar Alves para estudar sobre a espacialidade feminina.

“Arquétipos, como modelos antigos e compartilhados, são também encontrados


em figuras reais e a eles identificados, o que pode criar um entorno emocional
que envolve aquela figura e a preenche com significados originados da figura
primordial. Por exemplo: a mulher como heroína, pode muitas vezes ser
encontrada em uma irmã, mãe, avó, amiga. Além da pessoa real que ela é ou foi,
sua própria história assume tonalidades de coragem, enfrentamento, e de
conquistas que acabam por fundir a imagem da pessoa de carne e osso com uma
imagem arquetípica, o que resulta em grande carga emocional amalgamada à sua
imagem real. ” (SCHLÖGL, 2013, p. 196-197)

É possível citar Jung para falar do Sagrado Feminino? Dos círculos sagrados?

Deste modo, o autor mostra a função compensatória do inconsciente, que não


significa complementaridade . Sabendo que a mãe precede o mundo do pai e
gera o filho, emergem os movimentos culturais que conduzem ao distanciamento
para com ela. Os símbolos do sagrado feminino, deste modo, tornam-se velados.
(SCHLÖGL, 2013, p. 199-200
Buscar artigo da autora: SCHLÖGL, Emerli . A Geografia Cultural e as
Representações Simbólicas do Sagrado Feminino. Revista Latino-americana de
Geografia e Gênero , v. 1, p. 270-279, 2010.

5 - Título: MATERNIDADE MAMÍFERA? CONCEPÇÕES SOBRE


NATUREZA E CIÊNCIA EM UMA REDE SOCIAL DE MÃES

ALZUGUIR, Fernanda Vecchi; NUCCI, Marina Fischer. Maternidade mamífera?


Concepções sobre natureza e ciência em uma rede social de mães. Mediações-
Revista de Ciências Sociais, v. 20, n. 1, p. 217-238, 2015.

Objetivo: Propor uma reflexão sobre os discursos e as práticas em torno do


parto e da amamentação, no contexto dos movimentos contemporâneos de
defesa da humanização da assistência à mulher.

Metodologia: Partimos de um estudo de caso das narrativas de um dos blogs do


portal denominado “Maternidade Ativa – Vila Mamífera”. Analisamos os
posicionamentos que aparecem nos discursos de mães brasileiras de classe
média de centros urbanos para compartilhar suas experiências acerca da
maternidade e que se identificam como “mães mamíferas”.

A partir da reflexão teórica de estudos do campo do gênero e ciência, em


especial, através do trabalho de Schiebinger (1998)

Fichamento:

“Refletindo o clássico dualismo natureza e cultura e, a partir dele, a divisão entre


as ciências naturais e humanas, ao longo da constituição desses campos
disciplinares, cada um deles se encarregou da investigação de diferentes objetos
sob perspectivas também diferentes. Enquanto corpo e sexo eram domínios, até
há pouco tempo, restritos às ciências biomédicas, as ciências sociais
investigavam os determinantes socioculturais que incidiam sobre uma realidade
biológica (corpo) “autoevidente”. ” (ALZUGUIR & NUCCI. 2015, p.221)

A maternidade ativa ou consciente se refere tanto à adoção de orientações


cientificas sobre o cuidado com os bebês, como à tomada de consciência sobre a
capacidade de fazer escolhas em torno da maternagem (POMBO, 2013). Dentre
os diversos pontos enfatizados pelas “mamíferas”, destaca-se a defesa do parto
natural e humanizado (domiciliar e hospitalar), a amamentação “prolongada”
(durante dois anos ou mais) e em livre demanda (sem horários rígidos
prédeterminados, isto é, sempre que o bebê solicitar o seio). Refletindo um
ideário ecologista que perpassa as correntes alternativas e naturalistas, tributárias
do pensamento da contracultura da década de 1960 (TORNQUIST, 2002), as
“mamíferas” preconizam também a ideia de um “retorno à natureza” e a
valorização de um “sagrado feminino”. Isso pode ser ilustrado nas tentativas de
importar as práticas africanas e indígenas de parto e de cuidado com os bebês,
consideradas mais próximas da “natureza”. (ALZUGUIR & NUCCI. 2015,
p.222-223)
Vemos aqui uma citação do retorno a natureza e valorização do sagrado
feminino. Ato de contracultura, revolução ao determinismo biomédico.

“Em seu lar, com a tranquilidade necessária, com equipe embasada em evidência
científica ela celebrou o nascimento com a junção das velhas tradições com o
mais moderno: escolher parir em casa e ter assistência com embasamento
científico para que o parto volte a ser um evento protagonizado pela mulher.
(BRUM, 2014a).” (ALZUGUIR & NUCCI. 2015, p.224)

O trecho “evento protagonizado pela mulher” traz a conexão com outros textos
sobre a intervenção da figura masculina ao longo do desenvolvimento de uma
medicina na qual a mulher se submete aos estudos feitos por homens médicos

“Atravessando as narrativas do blog, a ideia é que as mulheres devem relaxar e


assim se entregar ao fluxo, à lógica e à temporalidade da natureza de seu corpo.
A oposição natureza e cultura fica bem demarcada e hierarquizada, de maneira
que a segunda se define como tudo aquilo que não é da fisiologia do corpo e
ganha uma conotação muitas vezes negativa, em contraposição à ordem da
natureza. Cultura aqui aparece como tudo aquilo que corrompe, constrange e
distancia a mulher de sua “verdadeira natureza”. Seguindo essa linha, cultura se
confunde com as tecnologias médicas, modismo e consumismo).” (ALZUGUIR
& NUCCI. 2015, p.224)

A cultura que corrompe é uma cultura marcada pelo patriarcado?

“A afirmação anterior chama bastante atenção por sua concepção sobre as


diferenças de gênero. Pois, uma nítida aproximação entre mulher, físico e
natureza se desenha como símbolo de saúde, em contraposição ao poder
destrutivo do uso da razão pelas mulheres. Surpreendentemente, o “problema” se
relaciona à intensificação das atividades intelectuais (córtex cerebral) pelas
mulheres, o que acarretaria a fabricação de testosterona, hormônio vinculado ao
masculino. Aqui se observa como o dualismo de gênero informa os estudos dos
hormônios, como diversas autoras já demonstraram ao analisar as pesquisas
sobre hormônios sexuais (OUDSHOORN, 1994; MANICA, 2011; ROHDEN,
2008, 2011; NUCCI, 2010).” (ALZUGUIR & NUCCI. 2015, p.229)

Os círculos de mulheres, o resgate do sagrado feminino busca exatamente


desintoxicar a mulher dessa testosterona que a distância da sua essência
feminina.

“A vagina poupada de sua função de parir estará apenas para servir à função
cultural de dar prazer ao homem” (BRUM, 2014d). Sendo assim, a “quebra do
paradigma cultural” (aquele que corromperia o curso natural do corpo feminino)
é reivindicada através da defesa de um retorno à biologia dos seios e da vagina,
às funções para as quais foram originalmente feitas, quais sejam, amamentar e
parir, respectivamente.” (ALZUGUIR & NUCCI. 2015, p.231)
Mais uma vez a reflexão acerca da cultura do patriarcado regendo a vida da
mulher, até mesmo em um momento que é biologicamente é permitido apenas à
mulher.

“Na seção anterior, procuramos mostrar que as narrativas sobre parto e


amamentação das “mamíferas” se baseiam na sacralização de uma ideia de
natureza, relacionada ao corpo reprodutivo de gestantes e puérperas, como
suporte para a defesa da humanização do parto e da amamentação.
Nosso argumento diz respeito ao caráter problemático dos discursos que
naturalizam a maternidade como extensão das fêmeas mamíferas, uma vez que
eles assentam a política de humanização do parto e da amamentação sobre a
concepção universalizante de que a biologia é destino natural das mulheres.”
(ALZUGUIR & NUCCI. 2015, p.232)

As autoras trazem a problematização de reduzir o destino da mulher à biologia,


ao que o corpo é preparado para realizar.

Todas elas nascidas de uma primeira inquietação que nos é particularmente cara:
“... se essas práticas [de maternagem] eram escolhas, por que colocá-las como
um destino biologicamente determinado?” (POMBO, 2013, p. 35). Daí o
questionamento subsequente: se as mães que não aderem às práticas mamíferas
preconizadas não seriam por isso condenadas ao status de mães “desnaturadas”.
(ALZUGUIR & NUCCI. 2015, p.234)

‘Sendo assim, a autora argumenta que os discursos das mães mamíferas não
problematizam a dimensão política do debate que diz respeito à escassez de
políticas públicas de apoio às mães, de diferentes camadas sociais, para o
cuidado na primeira infância. Assim, influenciadas pelos aportes da psicologia
evolucionista e da corrente norte-americana do attachment parenting, trata-se a
maternidade como uma questão individual (que diz respeito à díade mãe-bebê) e
acaba por restringir a possibilidade de “escolha” às mães que dispõem de
recursos (financeiros e apoio de terceiros) para se dedicarem à primeira infância,
conforme as orientações para assegurar o “pleno desenvolvimento” do bebê
(amamentação sob livre demanda, pronto atendimento ao choro, por exemplo).”
(ALZUGUIR & NUCCI. 2015, p.235)

“Entretanto, se esta positivação da natureza do corpo feminino pode ser


reconhecida como um esforço em direção à luta pela autonomia reprodutiva das
mulheres, por outro lado, a essencialização de uma noção de natureza universal
pode instaurar armadilhas sobre as quais tentamos chamar a atenção nesse
artigo.” (ALZUGUIR & NUCCI. 2015, p.235)

Essas ultimas reflexões provocam a preocupação de retorno ao determinismo


biológico. Será que ao aderir à essa tendência, não estaria a mulher correndo
risco de perder tantas conquistas profissionais, de direitos, de posicionamento
político.
Excluídos:

1 - DAS NATUREZAS QUE SE MOVEM PELO AFETO NA POESIA DE


SONIA SULTUANE
Justificativa: Sônia Sultuane e uma escritora e artista plastica que vem ocupando
lugar de destaque na cena cultural de Mocambique

2 - Editorial de periódico
Justificativa: trata-se de um texto editorial do periódico Estudos Feministas

3 - Within marine and corporeal borders: notes on the directions of


contemporary Mozambican poetry/Entre fronteiras maritimas e corporeas:
apontamentos sobre os rumos da poesia mocambicana contemporânea
Justificativa: Trata-se de um estudo sobre poesia Moçambicana

4 - AS BRUMAS DE AVALON: UMA LEITURA ECOFEMINISTA


Justificativa: Trata-se da análise de um livro Estadunidense

5 - The Badge of Sin: The Magdalene Sisters


Justificativa: Trata-se da análise de um filme britano-irlandês

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