Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Resumo
Existe uma forte associação entre a colonialidade e a forma como se estabeleceu o trabalho do cuidado em países
como o Brasil. Neste artigo, por meio de investigação sistemática da literatura, faremos uma revisão histórica e
reflexiva de como a figura da mulher brasileira foi sendo moldada nos espaços públicos e privados, desde o século
XIX até os dias atuais. Especificamente, interessou-nos entender a(s) correlação(ões) observadas entre o trabalho do
cuidado, o trabalho doméstico e as mulheres, considerando o contexto da colonialidade. Por fim, concluimos que a
partir de modificações na ideia de família, houve uma naturalização da competência do cuidado como sendo feminina,
fazendo com que a mulher passasse a ser vista como responsável pela reprodutividade da vida. A partir daí, reforçou-
se, então, a construção de uma moral do cuidado − pensada pelos homens.
Palavras-chave: Colonialidade; Trabalho do Cuidado; Mulheres; Espaço Privado.
Abstract
There is a strong association between coloniality and the way care work was established in countries like Brazil. In
this article, through a systematic investigation of the literature, we will make a historical and reflective review of how
the figure of Brazilian women has been shaped in public and private spaces, from the 19th century to the present day.
Specifically, we were interested in understanding the correlation(s) observed between care work, domestic work and
women, considering the context of coloniality. Finally, we conclude that from changes in the idea of family, there was
a naturalization of the competence of care as being feminine, causing the woman to be seen as responsible for the
reproducibility of life. From then on, the construction of a moral of care was reinforced - thought by men.
Keywords: Coloniality; Care Work; Women; Private Space.
1
Bacharela e Licenciada em Ciências Sociais pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Mestra em Educação pela
Universidade Federal Fluminense (UFF) e Doutora em Ciências Sociais pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS) tendo
realizado estágio doutoral junto ao Laboratoire Éthique Médicale da Université Paris Descartes - Sorbonne (PARIS V) e Centre d'Études sur
l'Actuel et le Quotidien (CEAQ-Sorbonne). Atualmente é professora na Faculdade de Educação da Universidade de Brasília (UNB)
174
Vol 8, N.3, Set. – Dez, 2020 • www.feminismos.neim.ufba.br • ISSN: 2317-2932
Figura 1. Pirâmide social brasileira por gênero e raça
Homens
brancos
Mulheres
brancas
Homens negros
Mulheres negras
175
Vol 8, N.3, Set. – Dez, 2020 • www.feminismos.neim.ufba.br • ISSN: 2317-2932