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PSICOLOGIA SOCIAL: PERSPECTIVAS DE INTERVENÇÃO

Matéria de quarta

MANEJO DE INTERVENÇÕES:TRABALHO COMUNITÁRIO

Aula 6

Objetivo geral: Introduzir a pesquisa em Psicologia Comunitária, visando enfatizar algumas


categorias psicossociais que contribuam para refletir e fundamentar a atuação do psicólogo
nas comunidades.

O CONCEITO DE COMUNIDADE

- A comunidade é caracterizada como: a) participação na mesma cultura; b) vinculação à um


território comum; c) espaço de moradia e convivência; d) nível socioeconômico semelhante; e)
laço histórico.

- As comunidades pertencem à centros urbanos e contextos rurais, neste sentido sendo


direcionado para bairros pobres, localizados em zonas periféricas e/ou afastadas com acesso
precário à habitação, saneamento básico, saúde, educação, dentre outros serviços que
caracterizam a pobreza como condição.

Psicologia comunitária

O objetivo da Psicologia Comunitária é o aprofundamento de consciência e o fortalecimento


de uma identidade de sujeito da comunidade como responsável e ativo na transformação
positiva da realidade. A Psicologia Comunitária se caracteriza por trabalhar com sujeitos sociais
em condições ambientais específicas, atento às suas respectivas psiques. Seus objetivos se
referem a melhoria das relações entre os sujeitos e entre estes e a natureza.

O trabalho do psicólogo social deve estar orientado para a identificação do grau de


compreensão e imobilização das pessoas diante de sua situação (fatalismo), analisando-se
conjuntamente sua pertença na comunidade e a qualidade das relações e trocas ali envolvidas
(sentimento de comunidade), de modo a propor e viabilizar a ressignificação, fortalecimento
e/ou (re)construção de vínculos, práticas e relações a partir da rede de apoio mútuo entre as
pessoas da comunidade (apoio social).

O fatalismo representa fenômeno psicossocial associado ao aparente conformismo dos


indivíduos diante das situações de opressão decorrentes da pobreza.

EXCLUSÃO DOS JOVENS

Aula 7

Objetivo geral: Discutir a exclusão dos jovens dentro na metrópole, levando-se em


consideração a dimensão da desigualdade social e do sofrimento psíquico forjado na violência
urbana.

Mello (2014) reconhece que crianças e adolescentes são explorados desde o Período Colonial,
rememorando o uso de crianças escravas em tempos que eram vistas como mercadoria até o
trabalho semiescravo que se perpetuou no país ao longo do tempo, sobretudo no meio rural e
argumenta que apesar do reconhecimento do direito de crianças e adolescentes, ainda assim
estes não são garantidos, ainda que o Brasil disponha de uma legislação avançada, como o
Estatuto da Criança e do Adolescente (1990). Também é considerada a situação de crianças e
adolescentes que abandonam a escola, recorrendo a atividades laborais, como complemento
da renda de famílias sem recurso e em situação de miséria.

A desigualdade social na metrópole, portanto, é palco para a formação de identidades


psicossociais complexas que emergem a partir da fragmentação geográfica, divisão de papéis
sociais e luta de classes.

“A multidão é a imagem palpável da massa. Ao permitir que os indivíduos desapareçam em


seu interior, ela oferece esconderijo às atividades criminosas. O anonimato, identificado por
muitos como uma forma de liberdade individual, tanto o é para o bem como para o mal. Nas
formas cambiantes da multidão, os contatos são breves e superficiais, cada pessoa é sua
máscara momentânea.” (MELLO, 2014, p. 134)

A autora compreende que as pessoas das classes subalternas, sujeitos da desigualdade social,
sofrem pela discriminação produzida no cotidiano pela humilhação, desta forma, verifica-se
condições de sofrimento que surgem à partir das relações de poder que geram sentimentos de
inferioridade.

“Os jovens são vítimas predestinadas, porque estão na idade de maior inquietação e demanda
por experiências novas e diferentes. Quando não encontram na escola, na família ou nos
bairros respostas às suas insatisfações, vão procurá-la nas ruas, espaço desestruturado e
aventuroso, com possibilidade de ganhou ou diversão, porém cheio de perigos.”

A impunidade tende a ser regra para as pessoas pertencentes às classes abastadas ou que
servem aos interesses do Estado, ao passo que pessoas das classes populares são tratados no
rigor da lei.

Mello (2014) nos recorda que a exposição não pretendia negar a violência nos contextos
urbanos, pois ela existe e não pode ser romantizada, tampouco ignorada.

No entanto, explicita-se que a produção da violência surge em um contexto social permeado


por insegurança, desigualdade social, sofrimento psíquico, estranhamento, preconceito e
manipulação em um cenário social em que o jovem pobre estará em condições de
vulnerabilidade, tanto quanto participará do circuito da violência.

Tais considerações nos levam a desconstruir uma visão de mundo estereotipa construída pela
mídia, valorizando-se um olhar na realidade social em que se produzem as próprias relações.

PERSPECTIVAS DE

INTERVENÇÃO NA

QUESTÃO RACIAL 1

Aula 8

Objetivo geral: Discutir o racismo estrutural em sua complexidade com a finalidade de refletir
sobre o tema na realidade brasileira pela perspectiva da Psicologia Social. O racismo é a
materialização da discriminação racial que se define pelo seu caráter sistêmico, por meio de
um processo em que se produzem condições de subalternidade e privilégio distribuídas entre
os grupos raciais por meio das esferas política, econômica e das relações cotidianas. Deste
modo:

“Podemos dizer que o racismo é uma forma sistemática de discriminação que tem a raça como
fundamento, e que se manifesta por meio de práticas conscientes ou inconscientes que
culminam em desvantagens ou privilégios para indivíduos, a depender do grupo racial ao qual
pertençam.” (ALMEIDA, 2021, p. 32, grifo do autor)

 Preconceito racial: é o juízo pautado em estereótipos de um determinado grupo racial


que pode ou não resultar em práticas discriminatórias (Ex.: “judeus avarentos”,
“negros violentos”).

 Discriminação racial: é o tratamento diferenciado a membros de grupos racialmente


identificados, tem como requisito o poder, confere vantagens e desvantagens, por
conta do traço racial.

 Discriminação direta: é o repúdio ostensivo direcionado ao indivíduo ou grupo, tem


como base a condição/ traço racial (recusa de atendimento/ exclusão direcionada à
negros, judeus, árabes, muçulmanos etc.).

 Discriminação indireta: é o processo em que grupos minoritários são ignorados ou


sofrem com a “neutralidade racial”, ignorando-se que exista de fato um processo de
exclusão em decorrência dos traços raciais, há a ausência de intencionalidade em
discriminar, mas os efeitos são discriminatórios.

 Discriminação positiva: é o tratamento diferenciado a indivíduos e grupos


historicamente discriminados, tendo como objetivo corrigir desvantagens (Ex.:
políticas de ação afirmativa).

 Discriminação negativa: é o tratamento que reforça as desvantagens do indivíduo e


grupos historicamente discriminados (coincidindo com discriminação racial, direta e
indireta)

PERSPECTIVAS DE

INTERVENÇÃO NA

QUESTÃO RACIAL 2

Aula 9

Objetivo geral: Discutir branquitude e branqueamento na realidade brasileira com a finalidade


de refletir sobre a questão racial na prática do psicólogo social.
Compreende-se branqueamento como o processo de identificação/ adoção de características
da cultura dos brancos pelos negros, criticando a visão hegemônica que centraliza esta
questão unilateralmente nos negros, sem considerar que foi uma criação da elite branca
brasileira. Entende a branquitude como as características em si dos brancos e sua cultura,
legitimadas e valorizadas na sociedade, no entanto, destaca que o silêncio em torno do papel
do branco na sociedade e do próprio reconhecimento de seus privilégios está ligado à um
acordo grupal (não necessariamente consciente).

DISCRIMINAÇÃO RACIAL E DEFESA DOS INTERESSES

Sugere-se que a discriminação agrega não somente o preconceito racial, mas se sustenta a
partir da necessidade de manutenção de privilégios de um determinado grupo, deste modo,
processos de discriminação também podem ocorrer devido a defesa de interesses. destaca a
relação dialógica entre a estigmatização e omissão diante da violência sofrida por um
determinado grupo (negros) e o silêncio de outro grupo em relação a seus privilégios (dentre
os quais, a brancura), cujo funcionamento promove a autopreservação (brancos).

No entanto, a imagem do homem branco como padrão universal tem uma história que foi
reconstituída por Edward Said, ao destacar o domínio dos europeus diante de outros povos
não europeus.

MEDO DO OUTRO

A construção do Estado brasileiro derivou de uma colonização europeia que trouxe em seu
bojo a imagem de homem branco como universal associada à dominação e ao poder. Neste
sentido, os brasileiros fundaram a sua cultura numa visão racista que foi reforçada por teorias
europeias que inferiorizavam os outros povos, em especial, os negros e descendentes
africanos, teorias estas importadas ao longo de toda a história do país. A Igreja também
contribuiu para reforçar a estigmatização e perseguição de diversos grupos dentre os

quais estão as mulheres e sujeitos desviantes da doutrina pregada.

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