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Ano: 2023
ANÁLISE EM GRUPO
PSICOLOGIA E O SUAS
Os conceitos de pobreza abordados neste texto trazem a ideia de que esse termo
apresenta diversas dimensões que, dependendo do ponto de vista que se é discutido, haverá
mudanças no discurso e nas esferas que esse conceito aborda. Então, entendemos que para
cada conceito de pobreza desenvolvido serão apresentados fatores de exclusão e inclusão.
Por exemplo, se for a categorização de uma pobreza em relação a “juízo de valor”, seria uma
visão abstrata, subjetiva sobre o grau de satisfação das necessidades, deixando o conceito
frágil, dependendo da individualidade de cada pessoa para a conceitualização.
Já a pobreza relativa tem uma abordagem macroeconômica, vemos a diferença entre
os dois conceitos, os quais têm relação direta com o padrão de vida e a distribuição desigual
de renda, trazendo aspectos de renda, condições favoráveis de emprego. A pobreza absoluta
segue a mesma linha da relativa. No entanto, apresenta diferenças, pois se concentra na linha
da pobreza, estabelecendo um padrão de vida mínimo, apresentando aspectos biológicos,
necessidades básicas, o acesso a serviços médicos, escolares e de transporte e o
salário-mínimo que é calculando a necessidade de custear esse padrão de vida.
Existem diferentes abordagens, no momento, de conceituar a pobreza, sendo uma
dessas abordagens o contexto temporal, que nesse texto foi utilizado o período do século XX,
trazendo três concepções de abordagens que foram se alterando conforme mudanças na
sociedade. Sendo elas de sobrevivência, necessidades básicas e privação relativa, tendo em
vista que, com o passar do tempo, essas concepções se mostraram mais exigentes, abrangentes
e sofisticadas. É possível compararmos o enfoque da sobrevivência, nos anos cinquenta, em
que bastava manter os indivíduos sobrevivendo, com as mudanças, em mil novecentos e
oitenta, na qual enfatizava o aspecto social, como alimentação e desenvolvimento dos papéis
sociais e do comportamento adequados.
Assim, temos a evolução até o conceito moderno produzido por Amartya Sen, que
introduz diversas variáveis e que explicita como as privações podem afetar diversas áreas da
vida das pessoas, que não seria apenas no material, mas no posicionamento desses indivíduos
na sociedade em geral. A ideia de provação para Sen traz a questão da liberdade, onde temos
uma sociedade na qual para alguns comer bem e se manter nutrido é uma questão de escolha,
enquanto para outros isso não é nem uma possibilidade. O autor também explica que a
pobreza real vai além do espaço de renda, consiste em uma série de condições desvantajosas
como a idade, doenças, papéis sexuais e sociais, e outras variáveis em que a pessoa não tem
controle.
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deve ser voltado apenas para a resolução de necessidades básicas de sobrevivência, mas que
haja um olhar amplo que considere a subjetividade desses sujeitos.
Outro tema discutido pela autora, é sobre o sofrimento e a felicidade. Aqui o
sofrimento diz respeito não só à fome ou ao fato de não ter condições materiais, mas sobre
como esse sujeito é representado no mundo enquanto excluído, já o conceito de felicidade se
aplica à capacidade de enxergar o outro a partir dessa afetividade, ou seja, fugir da concepção
individualista e permitir uma visão coletiva.
No que diz respeito ao sofrimento ético-político, é discutida a diferença entre dor e
sofrimento a partir da perspectiva de três autores: Heller, Vigotsky e Espinosa. Em linhas
gerais, entende-se que a dor diz respeito a um fenômeno interno e inerente ao ser humano, por
outro lado o sofrimento diz sobre a dor mediada pelas injustiças sociais e que não é possível
de ser compreendida por qualquer indivíduo, somente por aqueles que são atravessados por
questões de injustiça social por exemplo. Portanto, o sofrimento ético-político abrange essas
diferenças conceituais e considera as vivências das questões sociais, em especial pelas pessoas
em situações subalternas e inferiores.
Ademais, a questão da dialética exclusão/inclusão pauta-se em repensar as relações
coletivas, isto é, reflete sobre o movimento que exclui para poder incluir que se denomina
inclusão perversa. Esse fato se pauta na inclusão que não pensa as reais necessidade dos
indivíduos que se encontram nessa posição de subalternidade, a proposta da dialética é
justamente promover a reflexão sobre essas diferenças e pensar uma nova forma de atuação
que não seja somente pautada nas necessidades básicas desses sujeitos.
Por fim, a potência de ação se posiciona enquanto um conceito que pode promover um
olhar coletivo e não individualizante sobre as questões de injustiça social, ou seja, não
fornecer apenas as condições básicas para viver, mas pensar esses sujeitos enquanto
influenciados por uma condição social, emocional e econômica, promovendo uma autonomia
e um lugar que fuja da subalternidade.
Portanto, é necessário considerar uma prática biopsicossocial, promovendo a
emancipação desses sujeitos de forma que se tenha um viés afetivo que trate cada fator que
leva à exclusão social de maneira coletiva e não imputada somente ao indivíduo como
causador de sua exclusão.