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Universidade Federal do Oeste Da Bahia

Centro das Humanidades


Bacharelado e Licenciatura em História
Componente: Diversidade Cultual e Ensino de História
Docente: Prof. Dr. Anderson Dantas da S. Brito

Entre máscaras e espelhos: reflexões sobre a Identidade e o ensino de


História da África nas escolas brasileiras.

Adenailton da Silva Rodrigues

BARREIRAS-BA, Novembro / 2020.


Citações e Comentários:
No Brasil, um dos debates mais frutíferos sobre a questão da Identidade
Nacional foi vivenciado nos últimos dez anos. Motivado, entre outros
ingredientes, pela implementação das cotas raciais em algumas
universidades públicas brasileiras, é certo afirmar que um dos seus efeitos
positivos foi forçar uma parte significativa da sociedade brasileira, até então
desinteressada em relação ao tema, a se posicionar ou a refletir sobre os
mitos fundadores da identidade nacional, sobre as nossas múltiplas
identidades e as distorções experimentadas nas relações interidentitárias.
(OLIVA, 2012, pag. 30).

A implementação das cotas raciais, foi de suma importância para interpelar as pessoas
sobre a identidade nacional. Ajudando varias pessoas a ter oportunidades de integralização ao
meio social e para tentar diminuir os conceitos preconceituosos. Porém, tenho receio que
outras pessoas veem as cotas raciais como outra forma de subjugar os outros, pois quando
uma a a integralização pela cota, a pensamentos de inferioridade e racismo. Vale ainda
salientar, que não sou contra as cotas, apenas trago um ponto de vista vivenciado por muitas
pessoas que já sofreram pressões psicológicas por causa das cotas raciais.
Não somos apenas „brasileiros‟. Somos afro-brasileiros, nipo-brasileiros,
luso-brasileiros, teuto-brasileiros, ítalo-brasileiros. Mais do que isso, somos
também homens e mulheres; nordestinos ou nortistas; brancos e negros;
moradores de bairros diferentes; exercemos profissões distintas (inclusive no
status);somos portadores de crenças e estilos distinto. (OLIVA, 2012, pag.
30).

Mostra a ideia de como somos um país diversificado e cheio de culturas, no qual


abordamos várias identidades que cria a percepção de pertencimento. Mesmo com grandes
rejeições por parte de alguns, que acreditam não haver um conjunto multifacetado e plural.
Esse trecho traz a luz, como a construção do Brasil se deve por fortes conceitos de quase todo
lugar do mundo, resultado da colonização que acabou trazendo com a escravidão povos de
outros lugares.

“Neste caso, me parece certo que, para refletirmos com nossos estudantes sobre a relevância
de conteúdos vinculados à história africana em seus cotidianos escolares existe um obrigatório
eixo ou elemento de articulação: o debate reflexivo sobre as identidades.” (OLIVA, 2012,
pag. 31).
Em toda minha formação no ensino médio em escolas publicas, não presenciei
nenhum debate sobre a pluralidade cultural no nosso país. Com isso, concordo que é
necessário uma reformulação nos métodos de ensino nas escolas básicas, visando uma
aproximação com conceitos mas diversificado sobre identidades para causar no docente uma
curiosidade sobre o tema e que com isso haja uma diminuição de ideologias errôneas sobre o
próprio tema.

“Nossa „brasilidade‟ apenas reflete-se no jogo de espelhos identitários quando provocada;


quando, em determinadas épocas ou situações, somos forçados a revelar algumas de nossas
máscaras de reconhecimento, defender ou negar o pertencimento a essa ou aquela inscrição.”
(OLIVA, 2012, pag. 33).
Ao analisamos essas mascaras e espelhos, notamos uma coletividade entre as duas no
âmbito da identidade. No qual a mascara vai estar representada pelas ideologias e conceitos
empregados pelo colonizador, já as mascaras vai abordar os povos dominados e de como essa
pode sobrepor sua cultura sobre o dominante. Com isso, quando ocorre o uso do espelho
numa tentativa de se sobrepor a cultura de um determinado local, é quando surgi a mascara ou
as culturas raízes do local. Havendo assim, uma explosão de sentidos e reflexões que vão
abordar as identidades a partir do lugar de origem.

A sensação de pertencimento e estranhamento nas relações de identificação;


a fabricação de culturas híbridas e as novas formas de inscrição cultural
resultam do esforço de imaginar como tão complexas e diversas situações de
contatos interculturais/ multiculturais criaram o que Bhabha chamou de
„entre-lugares‟, ou seja, os processos de elaboração das novas identidades
culturais. (OLIVA, 2012, pag. 36).

Portanto, a denominação „entrelugares‟ mencionada por Bhabha traz o cerne das novas
construções das culturas diversificadas. Com isso, essa dominação vai surgir a partir das
misturas de culturas que vão gerar novas formas de pertencimento e identidade de um local.
Dando um exemplo, seria como no nosso dia-a-dia, pois estamos em vários ambientes
diferentes e com pessoas, costumes, que geram um processo de compartilhamento de ideias,
conceitos, ideologias e culturas, que vão proporcionar o que Bhabha chamou de „entre-
lugares‟.

O mais interessante é que na Escola ensina-se um tipo específico de


memória, de História e de pertencimento. As experiências relativas à
trajetória de vida pessoal de cada um de seus integrantes são inicialmente
ignoradas. Seus sujeitos são vistos como subalternos a uma cultura e valores
a serem apreendidos. Como em uma microesfera das experiências coloniais,
a sala de aula torna-se um lugar de dominação cultural, de colonização
imaginária. Nela uma suposta identidade comum ou pré-concebida
(brasileiro, homem, mulher, negro, branco) desloca-se e conflita com uma
alteridade complexa. (OLIVA, 2012, pag. 37).
Essa é uma problemática que persiste até os dias atuais, pois mesmo com as
formulações das leis que obrigar o estudo da cultura africana e multicultural, á uma
persistência por parte daqueles que ainda aderem às ideologias antigas usadas de formas
preconceituosa e discriminativa, já que trabalha com uma cultura superior que é a do
colonizador e acaba silenciando os subalternos. Dessa forma, o meio educacional acaba se
tornando um local de doutrinação e domínio cultural.

“No modelo 1, que denominamos de „binário‟, há uma relação marcada pelo franco
antagonismo. É na verdade uma relação de absoluta negação e de não reconhecimento. Como
forças da „física‟ que se repelem, que não se comunicam, o Eu e o Outro são definidos de
forma essencialista, autônoma.” (OLIVA, 2012, pag. 39).
O sujeito binário acaba por ser aquele que tem influência de dois lugares e que estar
em outra realidade que tecem um caminho que precisa ser estudado pela história. Também
sendo uma forma de exaltar o fardo homem do branco, como a dominação sobre os negros e
índios.
No modelo 2, que denominamos de „as identidades colonizadas‟, existiriam
algumas condições subjacentes para a compreensão do „processo de
identificação‟. Lembramos que esse processo seria vivido nas relações
estabelecidas entre os indivíduos que se encontravam na condição de
„colonizado‟ e de „colonizador‟, de „africano‟ e de „europeu‟, de „negro‟ e de
„branco‟. (OLIVA, 2012, pag. 39).

No meu ponto de vista, também podíamos mencionar a relação da mascara e do


espelho já que ao fazer essa relação, também estaríamos perpassando pela condição de
„colonizado‟ e de „colonizador‟. Pois, ambas trabalharam com diferenças, mas que seriam
dependentes.
No modelo 3, que chamaremos de „identidades híbridas‟, nos apoiamos nas
interpretações de Homi Bhabha sobre as relações de identidade. Nesta
operação “o lugar do outro não deve ser representado... como um ponto
fenomenológico fixo oposto ao eu”. Sua definição seria mais complexa e
norteadora da realidade de uma sociedade multicultural, já que o “outro deve
ser visto como a negação necessária de uma identidade primordial – cultural
ou psíquica” –, como é, por exemplo, a falsa ideia de UMA identidade
nacional, definida por UMA cultura nacional, ou por UMA única ideia de
pertencimento. (OLIVA, 2012, pag. 40).

Homi Bhabha traz a luz, uma nova interpretação sobre os princípios teóricos da identidade no
dia-a-dia das escolas, para que os envolvidos no meio educacional tenham a iniciativa do
debate sobre as relações étinico-raciais e o estudo da história das Áfricas nas salas de aulas.
Explicando como o „eu e o outro‟, estão em constante interação.

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