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MÓDULO III.C
COMPONENTE: CARGA
HORÁRIA
Ciências Humanas e Sociais Aplicadas e os componentes
História, Geografia, Filosofia e Sociologia 20h
EMENTA
Tempo: 3h.
espero que estejam animados com nosso percurso e preparados para continuar o
nosso tear.
Bons estudos!
Acolhimento/Socialização
Caro/a professor/a, o/a convidamos a ouvir e ler os versos da canção Um corpo no mundo,
escrita e interpretada pela cantora baiana Luedji Luna.
https://www.youtube.com/watch?v=V-G7LC6QzTA
UM CORPO NO MUNDO
Atravessei o mar
Um sol da América do Sul me guia
Trago uma mala de mão
Dentro uma oração
Um adeus
Eu sou um corpo
Um ser
Um corpo só
Tem cor, tem corte
E a história do meu lugar
Eu sou a minha própria embarcação
Sou minha própria sorte
E je suis ici, ainda que não queiram não
Je suis ici, ainda que eu não queira mais
Je suis ici agora
(Luedji Luna)
Essa canção nos faz refletir, entre outros aspectos da vida humana, sobre a forma
como nos portamos no mundo; como percebemos a nós mesmos e como somos percebidos
pelos outros.
Conhecimento prévio
ATIVIDADE - MENTIMETER
Professor/a, clique no link para acessar a nuvem de palavras e escreva três palavras que
sintetizem o que você entende por identidade.
Somos seres diversos e, nessa condição, cada diferença que nos compõe deve ser
percebida como elemento potencial que forma o povo baiano e brasileiro. O DCRB, ao
discutir sobre territorialidade, no componente curricular de Geografia enfatiza que cada um/a
de nós, professores/as, precisa assumir o compromisso e estar atento/a ao “fato de que a
percepção espacial de cada sujeito ou sociedade é o reflexo, inclusive, das relações afetivas e
de referências socioculturais”. (DCRB, 2022, p. 212).
A singularidade de cada sujeito precisa ser entendida como elemento que identifica,
impulsiona e forma os Territórios de Identidade da Bahia. Por esse motivo, é necessário
entusiasmar, assim como “manter a curiosidade e o interesse dos/as educandos/as pelas
comunidades tradicionais e formação do território brasileiro deve ser a prioridade dos
docentes e um desafio obstinado para a escola”. (ibidem, p. 212).
ATIVIDADE - FÓRUM
Vamos refletir?
[...] por meio do corpo e na convivência com o outro. Nosso “eu” é produto de
muitos outros que o constituem. Esses “outros”, nos primeiros anos de vida, com
frequência são a mãe, o pai, a professora ou outros adultos [...]. Por meio do olhar,
do toque, da voz, dos gestos desse outro, a criança vai tomando consciência de seu
corpo, do valor atribuído a ele e ao corpo dos coetâneos, e construindo sua
autoimagem, seu autoconceito (BENTO, 2012, p. 112).
Uma educação que não esteja atenta a essas questões expõe os/as estudantes à
construção de baixa autoestima no espaço da sala de aula, pois não acolhe as diferenças, mas,
sim, impõe uma desigualdade em detrimento da diferença e/ou da diversidade.
6/em-palestra-performance-grada-kilomba-desfaz-a-ideia-de-conhecimento-universal/
https://mitsp.org/201
SUJEITO UNIVERSAL X EU E OS OUTROS
A partir das interações com o mundo, o indivíduo assume uma identidade política, por
meio de uma lógica de reconhecimento (ou não). Pois, como sujeito histórico, é estabelecido
pertencimento em contextos culturais e socioeconômicos. Todo movimento, orientação,
escolha é resultado de um ato político. É como se traz na introdução do componente de
História no DCRB, ao citar Thompson (1981):
ATIVIDADE 3
Professor/a, a partir do podcast com Thiffany Odara e das discussões realizadas nesta aula,
crie um relato em que você conta para um melhor amigo ou amiga os conceitos de
representatividade e identidade.
AULA 2 – Tempo: 2h
TEMA: Interseccionalidade
OBJETIVO: Refletir como o uso da interseccionalidade possibilita a compreensão das
subjetividades e das implicações políticas e sociais interpostas pelo gênero e pela raça.
Caro/a professor/a,
ATIVIDADE 1
Professor/a, use seu aparelho celular para fazer uma selfie. Observe a foto como quem se vê
diante de um espelho. Descreva como você se vê. Pela ótica de gênero, raça, classe,
sexualidade, como você se percebe representado/a?
PODEM ME CHAMAR
(Negreiros Souza)
Podem me chamar
Ressignificação.
É preciso muito mais que coragem para admitir que carrega na pele a
cor da escuridão.
Meu nome é
Meu nome poderia ser João, Antônio, Creuza, Maria, Kaiala, Benguela,
Diáspora.
Meu nome poderia ser Ogum, Oxossi, Xangô, Omolú, Nanã, Iansã,
Oxum, Yemanjá...
Interseccionalidade
link https://www.youtube.com/watch?v=q4VAm2BnO5E
tempo: de 14:26 min até 16:14 min; de 18:09 min até 19:49 min; de
27:47 min até 28:25 min.
Ao longo de sua teorização sobre o fenômeno, Crenshaw expande seu conceito para
abarcar outras categorias de interseção que subalternizam sujeitos e grupos, tais como classe,
orientação sexual, geração, religião, nacionalidade etc., tratando-as como sobreposições
hierarquicamente equivalentes. Para a autora, há sistemas de discriminação, como raça,
gênero e classe, que criam desigualdades e geram consequências estruturais que estão
imbricadas em um ou mais eixos de subordinação, que interagem de forma dinâmica criando
intersecções complexas. Então, a interseccionalidade surge como ferramenta que busca
capturar e decodificar essas sobreposições de opressão a fim de enfrentá-las e combatê-las.
Se ligue no vídeo!
https://open.spotify.com/episode/6M7BvYD8ymJGd3MdGC3tDj?si=edeeac3f7dea4671
Professor/a,
No podcast, a filósofa Angela Davis fala sobre liberdade. Escreva no fórum o que
você gostaria de perguntar para ela, se fosse o entrevistador ou a entrevistadora. Capriche
na justificativa de sua pergunta!
ATIVIDADE - INTERSECCIONALIDADE
Professor/a,
A partir do que foi apresentado nesta aula, faça um mapa mental sobre
interseccionalidade, observando como essa categoria de análise pode contribuir na
qualidade das relações políticas, sociais e culturais dos estudantes do ensino médio.
https://www.mindmeister.com/pt/
AULA 3 – Tempo: 2h
Prezado/a professor/a,
Diante desse cenário, é válido reforçar que “a Bahia, ao longo de sua história,
marcada por lutas de resistência e movimentos de libertação do seu povo e da sua
ancestralidade, na atualidade, é arriscado qualquer passo que leve a retrocessos”, tal como
podemos ler no DCBR (DCRB, 2022, p. 24-25). E, continua o mesmo documento, que deve
ser resguardado o “compromisso político deste Estado propor políticas que promovam a
reparação e equidade social, inclusive as políticas educacionais como a política curricular que
está sendo tratada neste documento”. (ibidem, p. 25).
No que concerne ao livro didático, como observado nos estudos da professora Ana
Célia da Silva (2004, 2005), de modo geral, esse instrumento didático-pedagógico omite o
processo histórico-cultural e as experiências dos/as africanos/as e dos indivíduos negros,
resultando em “sua quase total ausência nos livros e a sua rara presença de forma
estereotipada concorrem, em grande parte para o recalque de sua identidade e autoestima”
(Silva, 2004, p. 51). Uma forma de (re)construir e/ou fortalecer a educação na perspectiva
antirracista, que valorize a ancestralidade africana, é romper o silenciamento das vozes negras
nas obras literárias e, consequentemente, nos currículos escolares.
Vamos às escrevivências!
ATIVIDADE - ESCREVIVÊNCIA
Professor/a, a partir da leitura do fragmento do livro O cabelo que dava volta ao mundo e
após assistir à interpretação do poema Vozes-Mulheres, produza sua “escrevivência”, em
forma de poema ou conto breve, refletindo como a ancestralidade se faz presente em sua
existência.
Colega professor/a, sobre a importância das narrativas literárias que estão (ou que devem
estar) presentes na dinâmica da sala de aula nas escolas baianas e a necessidade da
(re)apropriação da literatura afrocêntrica, o convidamos a conhecer Niní Kemba Náyọ̀,
africana (re)nascida na diáspora em Salvador, consultora pedagógica, escritora, contadora
de histórias pretas e pesquisadora da literatura negra infantojuvenil, em estudos sobre
cultura, oralidade africana, educação e literatura afrocêntricas, com vista à valorização dos
saberes africanos e afrodiaspóricos.
Professor/a, o estudioso moçambicano Francisco Noa, em seu texto As falas das vozes
desocultas: a literatura como restituição, nos apresenta a necessidade de “desocultar” as
vozes negras na literatura. O termo “desocultar” ressignifica o sentido de silenciar quando o
autor escolhe dizer que as vozes negras nunca foram silenciadas, mas ocultadas no perverso
processo de epistemicídio das produções dos/das africanos/as e de seus/suas descendentes.
AULA 4 – Tempo: 2h
Caro/a professor/a,
Nesta aula, propomos a reflexão acerca dos direitos humanos. Vivemos em uma
sociedade democrática que tem como lema a liberdade, mas será que ela está ao alcance de
todas e todos?
https://www.youtube.com/watch?v=6Qk90VMfMfs
ATIVIDADE - DOC
Professor/a, a partir do documentário Guerras do Brasil, como você analisa a ideia, que
ainda circula, em pleno século XXI, de que o Brasil foi “descoberto”? Em sua opinião, quais
impactos essa ideologia causou e causa na educação e na compreensão de identidade de
seus alunos negros/negras (pretos e pardos) e indígenas? (Produção textual)
Segundo Achille Mbembe (2018), desde as plantations, e, depois, nas colônias, foram
construídas engrenagens essenciais de um novo tipo de cálculo e de consciência planetária,
que concebia a mercadoria como forma elementar da riqueza. A produção capitalista é, dessa
forma, uma enorme acumulação de mercadorias, cujo valor reside na contribuição para a
formação de riqueza. E, nesse sentido, são utilizadas ou trocadas. Para Mbembe (ibidem), o
negro é uma matéria energética, pois seu valor deriva de sua força física. “Na perspectiva da
razão mercantilista, o escravo negro é simultaneamente um objeto, um corpo e uma
mercadoria.” (ibidem, p. 145). Um “corpo-objeto” que possui forma e substância,
substância-trabalho. Esse é o primeiro acesso do negro no processo de troca.
ATIVIDADE - COMENTÁRIO
Professor/a, a partir da leitura do texto acima, como você analisa o quadrinho abaixo?
Comente. (Produção textual)
AULA 5 – Tempo: 1h
Caro/a professor/a,
Vamos falar de amor? A seguir, um poema de Gisele Soares, poeta periférica baiana.
Professor/a, após ler esse poema-desabafo, comente entre cinco e dez linhas um texto com
suas impressões sobre o conteúdo e aborde a questão da afetividade enquanto importância
social e política, em formato de fórum.
Este fórum tem como objetivo criar um espaço de discussão e reflexão sobre o
poema "Quero Falar de Amor" de Gisele Soares, explorando como o amor é abordado
em meio a questões sociais e adversidades. Convidamos os participantes a
compartilharem suas interpretações, emoções e reflexões inspiradas pelo poema,
bem como a discutir como a poesia pode ser uma forma poderosa de expressar
sentimentos e questionar a realidade.
Se ligue no vídeo!
A IMPORTÂNCIA DA ESTÉTICA E AUTOESTIMA NEGRA: Geração Tombamento é
Política?
Para Platão, o belo não pertence ao corpo. Na verdade, é o corpo quem participa do
belo. Não alcançamos o belo no mundo sensível, pois a verdadeira beleza está no plano
inteligível. É através da alma, ou razão, presa ao corpo que conseguimos apreender o belo.
Por meio da contemplação, conseguimos, na concepção de Platão, vislumbrar o belo que está
associado ao bem e à verdade. Ou seja, quanto mais afastada da verdade e do bem a coisa for,
menos bela ela é.
Sugestão de vídeos:
https://www.youtube.com/embed/CdoqqmNB9JE?feature=oembed
https://www.youtube.com/watch?v=Qk3-0qaYTzk
Sociologia
Somos herdeiros de uma mitologia que cultua o espírito e ignora e/ou tenta dominar
os corpos (ARROYO, 2012). A inferiorização do trabalho manual passa por uma
desvalorização e desabilitação dos movimentos dos corpos. A elite, em conjunto com
instâncias ideológicas de poder, se une e cria dispositivos para fortalecer essa dicotomia que
marcará toda a história do nosso país. Aliás, não podemos esquecer que foi da histórica
intervenção da mentalidade do colonizador que uma nova distinção do trabalho foi forjada
(CUNHA, 2005).
Para Refletir
Para Refletir
A pedagogia moderna, com sua “obsessão cognitivista”, foi a responsável por nos
acomodar a certos movimentos do corpo e a expurgar outros, fenômeno chamado por
Foucault (1987) de docilização disciplinar do corpo. Em Vigiar e Punir, o filósofo Michel
Foucault afirmava que a lógica disciplinar atuava na docilização dos corpos, direcionando
seus movimentos com o intuito de mobilizar as forças vitais para o mercado de trabalho,
transformando-os em forças produtivas por meio da criação de um anátomo-política. O autor
ressaltava que as questões corporais se transformam em questões políticas e econômicas.
Essa lógica disciplinar não deixava de ser uma continuação da análise marxiana da alienação
do trabalho.
Nesse processo, a pedagogia moderna colocou as mãos a serviço da cabeça e a
concebeu como sinônimo de civilidade, porque condição necessária à experiência eleita a
mais legítima e formativa: a do/a intérprete. É por isso que, “quando começamos a falar em
sala de aula sobre o corpo, estamos automaticamente desafiando o modo como o poder se
orquestrou nesse espaço institucionalizado em particular” (HOOKS, 2013, p. 183).
A política dos afetos ajuda a criar uma ambiência formativa nas escolas. Uma possível
definição para ambiência é que ela consiste numa espécie de atmosfera moral e material que
circunda os lugares e as pessoas (THIBAUD, 2012). Ela é simultaneamente inseparável das
propriedades materiais do ambiente e dos estados afetivos do sujeito sensível. “A noção de
ambiência restitui o lugar dos sentidos na experiência dos espaços vividos; ela permite
caracterizar nossas formas de experienciar a vida” (THIBAUD, 2012, p. 10). Ela não existe
apenas no nível de recepção sensorial, mas também no nível de produção material. “Não é
por acaso que o meio ambiente sensível se encontra na junção entre a qualidade de vida dos
moradores, [n]as estratégias socioeconômicas da cidade e [n]as questões ecológicas”
(THIBAUD, 2012, p. 11). Trata-se de ‘aprenderensinar’ com a natureza política e social da
“distribuição do sensível”.
Para saber mais acerca da dicotomia corpo e mente na educação, acesse e baixe
gratuitamente o livro O Caminhar na educação, no link:
https://www.atenaeditora.com.br/catalogo/ebook/o-caminhar-na-educacao-narrativas-de-apre
ndizagens-pesquisa-e-formacao
Indo além da trilha
Tendo em vista que as escolas como nós a conhecemos nasce na modernidade, numa
configuração de currículo disciplinar, para dar conta das demandas de trabalho que surgem
com a industrialização nos ambientes urbanos; por meio da leitura do texto e da guerra
civilizadora contra os/as filhos/as da terra, problematize como sua prática de sala de aula
pode contribuir para ultrapassar essas dicotomias classistas e racistas, fruto do modo de vida
eurocêntrico, que tenta separar mente e corpo, trabalho intelectual e trabalho intelectual.
Para isso, selecione um poema ou uma letra de música, tentando ressaltar alguns
movimentos presentes em sua prática pedagógica, de cariz interdisciplinar e/ou
transdisciplinar, capaz de mexer nos dualismos citados. A letra da música pode ser uma
paródia de uma música existe, ou pode ser uma letra inédita, também. Comente, em seguida,
a razão de sua escolha.
ATIVIDADE - DEBATE
Vamos refletir
Com essa estrutura, que não leva em consideração as políticas de afetos e dos
movimentos ampliados dos corpos, será que esses ambientes estão preparados para o
acolhimento das questões afetivas provocadas pela sobrecarga desses/as estudantes? De que
modo a Sociologia pode colaborar com a interação entre os conhecimentos?
Já estamos muito longe da glória das sociedades industriais, ao ponto de grande parte
do trabalho encontrar-se em torno do chamado capitalismo cognitivo, que não mobiliza nem
produz mercadorias palpáveis (como nas fábricas), mas trabalha com a circulação de
habilidades, com o desenvolvimento do trabalho girando mais em torno do “intelecto geral”,
que Marx anunciou nos Grundrisse (2011). Como aponta Galeffi (2020):
Galeffi (2020) afirma que, para transcender a disciplinaridade, é preciso investir numa
política dos afetos, como já discutimos na primeira parte da aula. Ao nosso ver, essa política
tem de ser capaz de criar modos de subjetivações que ousem ir além da arquitetura criadora
dos corpos dóceis.
1° ponto - ousar formar além dos dualismos entre corpo e mente, manual e intelectual,
emocional e racional etc., uma vez que esses binarismos são heranças da subjetivação
disciplinar moderna.
2° ponto - Avançar com a educação transdisciplinar é criar para além deles. Esse é um
modo de educar que se envolve muito com a estética, afinal, a arte mobiliza todos os nossos
sentidos, sem separações dualistas.
a ética do cuidado triético, porque também o mundo natural nos afeta com
suas dinâmicas e movimentos ordenados em sistemas de sistemas e todo o
existir humano consiste justamente em um modo de afeto florescente, que
dura enquanto se vive. Uma política de afetos da paz, uma política de paz
ajustada ao bem viver. Uma utopia transigente, uma utopia de paz e bem.
Uma utopia investigativa e questionadora, que não deixa de lado o sentido
de comum-responsabilidade que significa estar no mundo aprendendo com
as coisas mesmas. (GALEFFI, 2020, p. 181).
A Sociologia, por sua natureza polilógica, busca analisar os fenômenos sociais sob
vários pontos de vista. Isso implica considerar múltiplas abordagens teóricas e metodológicas
para compreender a complexidade das relações sociais. No DCRB, as demandas da
contemporaneidade em relação às premissas humanistas que norteiam valores éticos e morais
para a construção de uma sociedade justa e inclusiva colocam para a Sociologia a tarefa de
discutir modelos econômicos desgastados, padrões de produção e consumo inviáveis para a
conservação de recursos naturais e humanos, bem como outras questões relativas ao
constante fluxo de transformações do mundo social (DCRB, 2022, p. 215).
Vamos retomar!
Poderíamos afirmar, então, que uma política dos afetos seria capaz de criar
corpos fortes! Afinal, o que pode um corpo?
Para Refletir
Assista ao clipe oficial da música Triste, Louca ou Má, do grupo Francisco, el Hombre.
Link: https://www.youtube.com/watch?v=lKmYTHgBNoE.
A partir do discutido ao longo dessa aula, crie um plano de aula utilizando os itens a
seguir:
- Escolha pelo menos uma série do ensino médio e um dos temas disposto no
DCRB, no item 11;
Geografia
“O imaginário acontece no nível da Transdisciplinaridade. E ele ocorre num nível, que o Basarab nos explica,
dentro da sua teoria, na zona do sagrado. Que é a zona da não resistência, na qual nós não entramos com a
racionalidade, mas, sim, com nossos níveis de percepção ampliados.” (Maria Cândida Moraes, 2020).
Caro/a professor/a,
O título desta aula foi inspirado em uma canção do grupo Chico Science e Nação
Zumbi, do disco Lama aos Caos, de 1994. No refrão, que você pode ouvir aqui, o saudoso
poeta Chico Science cantava:
Rios, pontes e overdrives – impressionantes esculturas de lama
PARA APROFUNDAR
Vamos refletir
Como têm se dado as experiências concretas de interdisciplinaridade da
Geografia – e mesmo de outras disciplinas – na sua realidade escolar?
Diante de tais questões, um ponto central sentido por muitos docentes é compreender
como fazer, na prática, essa comunicação, seja em qual intensidade for, entre as disciplinas.
Sem pretensões de ser guia definitivo, vamos analisar uma interessante proposta do
pesquisador José D´Assunção de Barros, discutida em seu livro Interdisciplinaridade na
História e em outros Campos do Saber, publicado em 2019.
- Ideia 1 - como uma posição intermediária (uma coisa entre duas outras coisas) →
Vamos encontrá-la em palavras “intervir” ou “interferir” como mediação de algo ou
do vir por dentro; em “interpretar”, o prefixo tem sentido de algo por “dentro”;
Na Geografia, a força da unicidade dessas duas categorias tem ganhado mais adeptos,
sintetizada na expressão que “todo espaço é construído temporalmente, historicamente”.
Segundo o geógrafo Rogério Haesbaert, é preciso questionar a abordagem dicotômica que
separou, de um lado, o espaço – sinônimo de fixação, de estrutura material, de essência
duradoura e do ser – com a dimensão do tempo, do outro lado – relativo à mudança, à
dinâmica social e ao devir. Aliás, não apenas a história, distintas áreas foram capturadas pelo
chamado “giro espacial”, como os estudos culturais, a ciência política, a sociologia, a
antropologia, a filosofia, os estudos literários e as artes, passando a ler e a dialogar com
conceitos trabalhados no interior da disciplina geográfica, especialmente por meio de obras
como A condição pós-moderna, de David Harvey, Geografias Pós-Modernas, de Edward
Soja, e Espaço, Lugar e Gênero (e, mais tarde, Pelo Espaço), de Doreen Massey
(HAESBAET, 2021).
Para José D´Assunção de Barros, a ponte conceitual tem sido o elo mais profícuo na
conexão entre a História e a Geografia. Para os historiadores, o macroconceito de espaço – e
suas derivações, como território, lugar, paisagem – tem gerado grandes avanços na
compreensão dos fenômenos, além da criação de importantes subáreas na História, como a
História Regional, na qual o conceito de lugar é fundante para a concepção de pertencimento
cultural.
Vale relembrar: a rejeição da dimensão espacial dentro das Ciências Humanas tem
origem na crítica ao chamado determinismo geográfico, ou da aceitação acrítica do ‘espaço
universal’, mas tendo a Europa como única referência. Como já vimos em módulos
anteriores, esse questionamento de um espaço tido como universal, abstrato e neutro é um dos
fundamentos do pensamento descolonial, demonstrando, assim, o quanto o citado giro
espacial – ou melhor, no caso da “América Latina”, considera a multiterritorialidade, algo
indissociável dessa outra forma de ler o mundo (HAESBAET, 2021).
O esquema abaixo foi elaborado por José D´Assunção de Barros e pode nos ajudar a
visualizar essas pontes e linhas de diálogos mais claramente.
Transdisciplinaridade
Outro exemplo é o estudo que envolve a análise de políticas e práticas que visam
proteger o meio ambiente e promover o desenvolvimento sustentável considerando não
apenas fatores biológicos e físicos, mas também questões econômicas, políticas e sociais. Na
geografia ambiental também é importante, para entender as relações entre as pessoas e o meio
ambiente, especialmente nos contextos urbanos, analisar essas interações requerendo uma
abordagem transdisciplinar, que envolve a colaboração de geógrafos, sociólogos,
antropólogos, arquitetos e urbanistas, entre outros.
Caro/a cursista, sintetizando tudo visto até aqui, para a Atividade 1, leia com atenção
a boa síntese formulada pelo José D´Assunção de Barros sobre a situação entre a Geografia e
a História nas últimas décadas. Em sua avaliação, têm crescido as possibilidades de
“fraternidades epistemológicas e os espaços transdisciplinares entre os
dois saberes” (BARROS, 2019, p. 45)
Partindo dessa formulação, acesse o nosso chat e debata a questão norteadora abaixo,
e comente pelo menos uma resposta dentro do chat.
Como o título do texto nos sugere, os autores argumentam que os dois projetos
visavam à compreensão do conceito de “território usado”, de Milton Santos, para que os
educandos construíssem “compreensões críticas sobre o contexto socioespacial em que
vivem”. A compreensão do conceito de território usado ajudaria, ainda segundo os
professores, na superação de “ausências de conhecimento geográfico”, ao explicitar os
conflitos pelo uso do território, no âmbito local, e as estratégias de luta pelas redes de
solidariedade local.
Nossa aula está centrada sobre o que se denomina de “práticas (inter) (trans)
disciplinares” na educação básica. Com a preocupação de uma educação que
contemple a educação na sua integralidade, o que se via, porém, era um
trabalho disciplinar restritivo ao caráter cognitivo dos fatos, dos conceitos e
aos conteúdos procedimentais e atitudinais. Para superar essa situação, os
autores enfatizam a necessidade de pensar currículo pensado a partir da
realidade do contexto da escola, uma escuta sensível às demandas estudantil
e uma valorização dos saberes dos educandos. Mais do que isso, a inter e a
transdisciplinares surgem como possibilidade de superar a fragmentação e
de criar novos saberes, já que faz “articular os fragmentos”, minimizando “o
isolamento ou dar novos rumos a eles”. (PAULA et al., 2018, p. 88).
Como deve ter notado, aspectos acima são semelhantes a outras avaliações que vimos
ao longo do curso. Superar a fragmentação, conteúdos ligados à realidade e necessidade dos
educandos.
Por outro lado, vejamos um dos fundamentos do argumento dos três autores sobre as
“práticas (inter) (trans) disciplinares”:
- Transdisciplinaridade no sujeito
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