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IDENTIDADES E
DIVERSIDADES ÉTNICO-
RACIAIS
CAPÍTULO 2 - É POSSÍVEL
DESCOLONIZAR NOSSO OLHAR?
Rita de Cássia da Silva Leão
INICIAR
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Introdução
Vamos pensar juntos a respeito dos sentidos de colonização e descolonização no
contexto histórico brasileiro– sobretudo para compreender as identidades e
diversidades étnico-raciais?
Segundo Bosi (1992, p. 11), o termo colonizar significa originalmente “morar”,
então, por que se torna importante a descolonização de nossa maneira de pensar
e agir? Provavelmente pela maneira como fomos colonizados.
Para que você reflita sobre as diversidades étnico-raciais, faremos uma digressão
às origens da humanidade, reconhecendo que essa “excursão” histórica pode
contribuir no combate ao racismo a partir do entendimento de que, desde sempre,
houve diversidade e unidade nas características da humanidade. Para tanto, é
imprescindível um conceito de cultura amplo, o qual desenvolveremos ao longo
deste estudo.
Neste capítulo, você entenderá como ocorreu o processo de colonização no
contexto brasileiro, além de refletir sobre a possibilidade de descolonização,
principalmente no contexto da educação. Você já pensou nisso?
Por fim, você verá como se deu a formação do povo brasileiro, conhecerá as
nossas matrizes étnicas e, dessa maneira, compreenderá a importância das
culturas indígena e africana.
As informações apresentadas neste material, assim como as reflexões propostas, o
auxiliarão em sua trajetória profissional como educador, comprometido com um
ensino que tem por objetivo formar cidadãos com autonomia.
Bom estudo!
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Figura 2 - A sociedade brasileira ainda perpetua papéis fundados na escravidão. Fonte: Marzolino,
Shutterstock, 2018.
VOCÊ SABIA?
O termo etnocêntrico é amplamente utilizado na antropologia para qualificar a
visão de uma pessoa ou grupo que se julga superior e utiliza critérios culturais para
a classificação. A partir deste geraram outros termos tais como androcentrismo
(homem superior à mulher), adultocentrismo (adulto superior à criança) e assim
por diante (ROCHA, 1988).
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Figura 3 - As crianças precisam ser ouvidas, pois também são produtoras de conhecimentos. Fonte:
Hasan Shaheed, Shutterstock, 2018.
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VOCÊ O CONHECE?
Milton Santos (1926-2001) foi um dos maiores intelectuais brasileiros. Conhecido internacionalmente,
sobressaiu-se por apresentar um posicionamento crítico aos pressupostos teóricos dominantes na
geografia. Foi vencedor do prêmio Vautrin Lud, em 1994, considerado a maior distinção no campo da
Geografia, instituído pelo Festival Internacional de Geografia da França. Até 2012, tinha sido o único
vencedor do prêmio sem ter o inglês como língua pátria (PRIMEIROS NEGROS, 2013). Para saber mais,
acesse o endereço: <http://primeirosnegros.blogspot.com.br/2013/08/milton-santos-primeiro-premio-
nobel-de_9.html (http://primeirosnegros.blogspot.com.br/2013/08/milton-santos-primeiro-premio-
nobel-de_9.html)>.
Segundo Morin (1999), por volta de 200 mil anos atrás ocorreu o desfecho do Homo
sapiens. Desse período são os fósseis mais antigos de nossos ancestrais, e os mais
parecidos conosco fisicamente. Não podemos explicar o Homo sapiens apenas
pelo tamanho e complexidade do cérebro, mas sim que este é o resultado de um
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VOCÊ SABIA?
O termo hominídeo refere-se a nós e a todos os nossos ancestrais bípedes,
inclusive os ancestrais extintos. Os traços principais dos hominídeos são a posição
ereta e o bipedismo, o cérebro mais desenvolvido que os de outros primatas, além
dos fatores sociais e culturais decorrentes (NEVES, 2006).
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Embora concordemos que a educação tanto familiar como escolar possa fortemente
contribuir nesse combate, devemos aceitar que ninguém dispõe de fórmulas
educativas prontas a aplicar na busca das soluções eficazes e duradouras contra os
males causados pelo racismo na nossa sociedade. A primeira atitude corajosa que
devemos tomar é a confissão de que nossa sociedade, a despeito das diferenças
com outras sociedades ideologicamente apontadas como as mais racistas (por
exemplo, Estados Unidos e África do Sul), é também racista. Ou seja, despojarmo-
nos do medo de sermos preconceituosos e racistas.
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Figura 4 - A cultura torna possível a transformação da natureza. Fonte: Cienpies Design, Shutterstock,
2018.
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A cultura é um processo. A palavra traz em si uma raiz latina; vem do verbo ‘colo’,
que significa ‘cultivar a terra’[...]. A cultura está ligada a um trabalho duro, a um
trabalho de conquista, a um trabalho de vitória sobre a natureza às vezes brutal,
porque a sua primeira fase consiste no domínio da terra (BOSI, 1987, p. 38).
Na dimensão sugerida por Bosi, sobre a noção de cultura, o autor ainda afirma
que:
[...] não se trata de um problema de classe, o ser humano será culto se ele trabalhar;
e é a partir do trabalho que se formará a cultura. É o processo e não a aquisição do
objeto final que interessa [...]. É a produção que forma o homem culto, e não o
consumo dos símbolos, que, naturalmente, fará parte do processo, mas não
enquanto um absoluto (BOSI, 1987, p. 40).
A identidade é uma construção que se elabora em uma relação que opõe um grupo
aos outros grupos com os quais está em contato [...] Deve-se tentar entender o
fenômeno da identidade através da ordem das relações entre os grupos sociais [...]
A identidade é um modo de categorização utilizado pelos grupos para organizar
suas trocas [...] A identidade resulta unicamente das interações entre os grupos e os
procedimentos de diferenciação que eles utilizam em suas relações (CUCHE, 1999,
p. 182).
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Nessa abordagem podemos concluir que não há identidade em si, nem mesmo
unicamente para si, ela existe sempre em relação a uma outra. Contudo, não há
como defini-la de forma única e pura, ou seja, unidimensional, mas sim de forma
multidimensional e flutuante, às vezes antagônica e contraditória. Um mesmo ser
pode assumir determinada identidade de acordo com as situações relacionais,
definindo-se como brasileiro, como caipira, como sulista, indígena,
afrodescendente, dependendo da ocasião e do lugar em que estiver.
Figura 5 - A identidade não se define em si, mas na relação com outras culturas. Fonte: Vitoriano
Junior, Shutterstock, 2018.
Como você pode perceber a identidade não se define em si, mas na relação com
outras culturas. Essa discussão pode ser ampliada na direção da Antropologia,
que inclusive nos dá um aporte fundamental para o assunto. O antropólogo
Claude Lévi-Strauss (1960), em “Raça e História”, discorda amplamente da ideia de
que existam raças de humanos diferenciadas por tipo físico, devido ao fato de
todos os seres humanos possuírem as mesmas estruturas genéticas, ou seja, não
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CASO
Em uma escola de Ensino Fundamental I, no Brasil, os professores
começaram a observar as dificuldades encontradas pelos alunos,
principalmente dos 3o e 4o anos, em acolher os imigrantes de países
africanos, especialmente os do Congo. Os alunos congoleses ficavam
sempre isolados, alguns dos brasileiros perguntavam se eles ainda não
sabiam falar. Após uma análise mais cuidadosa, os professores concluíram
que o problema tinha como motivo principal a dificuldade em lidar com as
diferenças culturais, apesar de no Brasil a maior parte da população ser
negra, o preconceito relativo a cor da pele também estava permeando a
relação entre as crianças. Na reunião, começaram a pensar em estratégias
para vencer esse desafio.
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Figura 6 - Gerir a diversidade é um dos maiores desafios na atualidade. Fonte: Anton Ivanov,
Shutterstock, 2018.
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Figura 7 - Os indígenas, primeira matriz étnica do Brasil. Fonte: Filipe Frazão, Shutterstock, 2018.
Os indígenas não eram povos iguais, mas tinham algumas semelhanças. Alguns
conheciam a técnica da agricultura; da arquitetura adequada ao clima de cada
região; possuíam instrumentos de trabalho, arco, flecha, esteira, canoa;
domesticavam plantas selvagens, plantas medicinais; caçavam, pescavam,
conduziam a arte de guerrear, das danças, dos rituais e muitos outros costumes,
além de possuírem uma imensidão de mitos que narravam a origem de quase
tudo que permeia a vida.
Para os índios não havia divisão entre o trabalho e a arte, a música, a dança e o
vinho. A terra era um bem comum, ninguém se sentia dono de nada e nem se
apropriava de um conhecimento para obter mais poder em relação aos outros.
A vida social era baseada em uma polaridade básica: senhor e escravo. O senhor
de engenho tinha poder hegemônico na ordenação da vida colonial. As
características negativas do Brasil crioulo eram relativas à produção: voltada para
o mercado externo, não servindo aos que nela trabalhavam; não abria perspectiva
de integração dos trabalhadores na sua economia de consumo e não lhes
proporcionava um padrão de vida digno.
No entanto, as características positivas eram baseadas, sobretudo, no imaginário
cultural forte, expressado na religião e na gastronomia, aspectos os quais marcam
a sociedade brasileira atualmente.
Seguindo a classificação de Ribeiro (1995), o segundo Brasil intitula-se caboclo.
Está localizado na região amazônica, e as matrizes étnicas formadoras são a
indígena e a europeia. A economia baseia-se no extrativismo vegetal –
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O maior objetivo dos paulistas era encontrar o ouro, façanha conquistada no final
do século XVII e ampliada no século XVIII em Minas Gerais, Mato Grosso e em
Goiás. Em 20 anos, essas regiões passam a ser as mais povoadas do Continente
Americano, sendo que o Sudeste passa a ser o centro econômico do Brasil. Da
mesma maneira que vimos anteriormente, toda a riqueza do ouro é retirada e
retida pela Inglaterra. A maior parte da população dessa área cultural fica
mergulhada na pobreza, e totalmente dispersa.
Acaba por esparramar-se, falando afinal a língua portuguesa, por toda a área
florestal e campos naturais do Centro-Sul do país, desde São Paulo, Espírito Santo e
estado do Rio de Janeiro, na costa, até Minas Gerais e Mato Grosso, estendendo-se
ainda sobre áreas vizinhas do Paraná (RIBEIRO, 1995, p. 383).
Durante o século XIX, esta região torna-se grande produtora de café. Os caipiras
são expulsos das terras, e os que ficam resistem aos novos sistemas de trabalho.
No final do século XIX e início do século XX, são trazidas multidões de
trabalhadores italianos, espanhóis, alemães e poloneses para substituírem os
escravos negros e os caipiras. Por fim, com o sistema de fazendas, surgem os
boias-frias.
VOCÊ SABIA?
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Por fim, o quinto Brasil a que se refere Ribeiro (1995) – o sulino – é o resultado dos
antigos paulistas, portugueses e espanhóis que ocuparam o sul e miscigenaram-se
com as mulheres guarani, formando os gaúchos.
Uma das características básicas dos sulinos era a heterogeneidade cultural. Havia
açorianos lavradores, gaúchos que faziam o pastoreio e outros imigrantes
europeus, como os jesuítas espanhóis.
No início da colonização os sulinos fabricavam o charque para o mercado
nordestino, e muitas vezes os índios – seus escravos – eram roubados por
paulistas, que os repassavam para os engenhos nordestinos. Também cultivavam
o arroz, o trigo e a soja, durante o período colonial, com mão de obra de escravos
africanos. No entanto, no final do século XIX e início do XX chegam os alemães,
italianos, poloneses, japoneses e libaneses para o trabalho assalariado.
As configurações do povoamento do Brasil sulino são muito variadas. Por um lado,
tornou-se a região mais próspera do país em aspectos agroeconômicos; por outro,
é no Sul que surge uma população de sem-terras que vai formar um dos maiores
movimentos sociais do Brasil – o MST – fundado em 1984.
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Nesse sentido, você concorda que quando conhecemos a riqueza cultural, as lutas,
estratégias de resistência, e como se formam os laços coletivos de uma etnia,
passamos a respeitá-la e reconhecê-la? Importante, para tanto, é compreender
como o movimento negro discute a ideia de raça para o empoderamento do
afrodescendente.
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[...] assenta na reflexão realizada pelos estudos pós-coloniais, que discutem a sua
centralidade nos países com passado colonial e a sua operacionalidade nas relações
de poder, as quais têm sido mantidas e subsistem no pensamento moderno
ocidental, inclusive, no educacional.
Este viés vai guiar “[...] as ações do movimento negro por uma educação
emancipatória no contexto das discussões sobre diversidade, desigualdades e
educação” (GOMES, 2012, p. 734).
Desde a abolição da escravatura até a década de 1980, o discurso do movimento
negro era mais universalista, porém, ao verificar que as políticas da educação,
nessa mesma linha, não contemplavam os negros, o movimento passou a ser mais
específico em suas reivindicações. Segundo afirma Gomes (2012, p. 738): “Foi
nesse momento que as ações afirmativas, que já não eram uma discussão
estranha no interior da militância, emergiram como uma possibilidade e passaram
a ser uma demanda real e radical, principalmente a sua modalidade de cotas.”
A discussão sobre a necessidade de ações afirmativas, já amadurecida no
movimento para a educação superior, em 1995, e a realização da III Conferência
Mundial contra o Racismo, organizada pela Organização das Nações Unidas (ONU),
levaram o Estado brasileiro a reconhecer abertamente a existência do racismo no
país. Sendo assim, assumiu-se a necessidade de medidas para a sua sobrepujação,
por meio de ações afirmativas na educação (GOMES, 2016).
O livro “Movimento negro brasileiro: alguns apontamentos históricos” (DOMINGUES, 2007) aborda a
trajetória do movimento negro de 1889 até o ano 2000. O objetivo é demonstrar que desde o início da
República, houve formas de luta pela inclusão social e contra o racismo.
Síntese
Você concluiu os estudos sobre a possibilidade de descolonizar a nossa forma de
ver o mundo. A partir dessa abordagem, esperamos que você se sinta confortável
para discutir sobre o respeito às diversidades étnico-raciais, refletir sobre as
possibilidades de descolonização do pensamento, estudando autores brasileiros
ou contra-hegemônicos e buscando outras fontes para compreender a formação
do povo brasileiro.
Neste capítulo, você teve a oportunidade de:
compreender que a humanidade tem uma mesma origem e, ao mesmo
tempo, é diversa devido aos costumes e ao modo de vida;
entender que o racismo foi construído para dominação e para justificar a
exploração, portanto, pode ser desconstruído;
acompanhar a discussão sobre as controversas no uso da noção de raça.
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