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FORMAÇÃO EM REDE

“Educação integral, inclusiva e equidade”

Instrução Normativa SME nº 48/2022

22/02/2023
Olá, prezada educadora e educador da DRE FB!

Bem-vinda(o) ao material “Formação em rede” que tem como objetivo


revisitar os conceitos de Educação Integral, Educação Inclusiva e
Equidade nos documentos da Rede Municipal de Educação de São
Paulo e que precisam estar presentes no Projeto Político-Pedagógico de
cada Unidade Educacional.
Por que revisitar conceitos e concepções?

Muitas palavras, conceitos e expressões que usamos no cotidiano, por


vezes, tendem a se modificar. Algumas vão se aprimorando, agregando
novos significados e possibilidades e outras, acabam por perder seu
potencial inicial e se esvaziar.
Convite...
Assim, convidamos você a fazer como Larrosa et.al. em “Ideia de desenho”, a
esfregar trabalhosamente, os conceitos de educação integral, inclusiva e
equidade, neste percurso proposto pela DRE F/B,

“(...) com a máxima atenção possível, o que se vê e o que se diz, as


percepções dos sentidos e os nomes e as definições, as coisas e as palavras,
o mundo e os livros. E fazê-lo com outros que também tenham vontade de
se esforçar, em discussões benevolentes [...]. E confiar que essa esfregação
produzirá calor, energia, porque somente com o calor pode brotar a luz, esse
indecidível que Platão chamava de inteligência e sabedoria, e que nós
outros, aqui, estamos chamando de pensamento” (2017).

Larrosa, Jorge; Malvacini, Eduardo; Rechia, Karen Christine; Augsburger, Luiz Guilherme; Favere, Juliana de; Cubas, Caroline Jaques. Desenhar
a escola: um exercício coletivo de pensamento. IN: Larrosa, Jorge (org.). Elogio da escola. Belo horizonte: Autêntica Editora, 2017.
Materiais de referência para este estudo

https://educacao.sme.prefeitura.sp.gov.br/nucleo-de-educacao-etnico-racial/materiais-publicados/
Currículo da Cidade Educação Infantil (2019)

https://educacao.sme.prefeitura.sp.gov.br/wp-content/uploads/2019/07/51927.pdf
Sugestão de leitura: p. 29-36
O que é a Educação?
“A educação é um processo social. As pessoas se educam e são educadas
cotidianamente nas suas relações interpessoais, nas ações de convivência,
no trabalho, no lazer, nos diálogos produzidos nos espaços públicos e
privados e também nas interações com as informações a partir de
diferentes tecnologias. A educação é um bem público e um valor comum a
ser compartilhado por todos. Ela possibilita constituir uma vida comum nos
territórios. É um direito de todos, tendo importante papel na constituição
subjetiva de cada sujeito e possibilitando a participação nos grupos sociais. É
pela educação que uma sociedade assegura a coesão e a equidade social, a
solidariedade e, num movimento complementar, o desenvolvimento pessoal
de todos e de cada um” (2019, p. 20).
Tematizando o conceito de Equidade
“Porém, para além da igualdade de oportunidades, é preciso que os sistemas
educacionais, com justiça, trabalhem também com o conceito de equidade.
[...]
O enfoque da equidade procura centrar a atenção nas populações mais
vulneráveis. É uma estratégia para atingir a igualdade, a partir do
reconhecimento da diversidade. O enfoque da equidade procura reduzir as
brechas que impedem direitos fundamentais para conseguir um
desenvolvimento integral. Milhões de pessoas têm seus direitos negados
por questões socioeconômicas, físicas, intelectuais, de gênero, étnico-raciais,
de idade, religiosas, ou por terem nascido em um território específico”
(2019, p. 30-31)
Tematizando o conceito de educação inclusiva
“O modo mais violento de fazer a invisibilização das desigualdades,
diversidades e diferenças é pela segregação, isto é, retirar do espaço público
aqueles que apresentam características diferenciadas e que não são
desejadas pelos grupos majoritários. As deficiências físicas, intelectuais,
mentais, sensoriais foram tratadas muitas vezes com segregação na
educação. O primeiro passo — mas não suficiente — para superar a exclusão
educacional é reconhecer que existem grupos e populações que foram (e
ainda são) desconsiderados como sujeitos de direitos” (2019, p. 33).

Nossas ações cotidianas na unidade educacional visam a segregação ou a


inclusão de todos os educandos, educadores e comunidade?
Tematizando o conceito de integralidade
dos sujeitos na perspectiva do cuidar e educar
“Integralidade e inteireza dos sujeitos: compreender os sujeitos como seres
humanos, seres integrais, desde o nascimento, significa romper com
concepções que não valorizam a complexidade desses sujeitos, que
constituem em suas relações sociais diferentes dimensões corpóreas e de
linguagens, ou seja, que se expressam em múltiplas linguagens. A inteireza que
bebês e crianças possuem é tensionada nas experiências de vida que fazem as
separações do corpo e da mente, do brincar e do aprender. É necessário
assegurar uma educação que valorize a multidimensionalidade humana e
contribua para manter a integralidade dos sujeitos, valorizando sentimentos,
pensamentos, palavras, ações em suas relações e conexões entre esses
sujeitos e o meio” (2019, p. 34).
Ações necessárias para a efetivação de uma
educação integral, inclusiva e para a equidade

Como organizamos os tempos, os espaços, as materialidades e as


interações em nossas unidades educacionais, considerando o cuidar e o
educar nas relações com os nossos estudantes nesta perspectiva integral,
inclusiva e para a equidade?
Ações necessárias para a efetivação de uma
educação integral, inclusiva e para a equidade

A partir das reflexões realizadas até aqui, você considera que a forma como
lidamos com os resíduos (xixi, cocô) que os corpos dos educandos
produzem durante as fases da vida (bebê, criança, adolescente, jovem) nas
trocas de fraldas, por exemplo, revelam qual concepção de educação?

A troca de fraldas na U.E. é vista como uma atividade educativa que


considera a inteireza/integralidade dos sujeitos (corpo e mente/intelecto)?
Uma atividade inferior?
Currículo da Cidade Educação Antirracista -
Orientações Pedagógicas: Povos Afro-Brasileiros
(2022)

https://acervodigital.sme.prefeitura.sp.gov.br/wp-content/uploads/2022/11/Curriculo-da-Cidade-Educacao-
Antirracista.pdf
Sugestão de leitura: p. 21-52.
Tematizando a educação integral, inclusiva e
para a equidade numa perspectiva antirracista
“O racismo advém dessa hierarquização das raças e incide negativamente
sobre os grupos de pessoas não brancas. Nessas orientações, iremos nos
referir à população negra e ao racismo anti-negro, contudo, é importante
enfatizar a compreensão de que indígenas e outros grupos também são alvo
do racismo” (2022, p. 27).

“Conhecer a diversidade brasileira, adotar outras cosmovisões na


composição curricular, valorizar saberes que geralmente não estão no centro
das escolhas, são formas possíveis de potencializar as práticas pedagógicas
inclusivas e antirracistas” (2022, p 37-38).
Currículo da Cidade Educação Antirracista: Orientações Pedagógicas: Povos Afro-Brasileiros, 2022, p. 32-33)
Apenas especialistas no assunto e pessoas
negras podem tematizar a pauta antirracista?

Currículo da Cidade Educação Antirracista: Orientações Pedagógicas: Povos Afro-Brasileiros, 2022, p. 40)
Tematizando a educação integral, inclusiva e
para a equidade numa perspectiva antirracista
“Nos trechos citados no slide anterior, “o conceito de lugar de fala é
entendido como algo que restringe, para alguns, a participação em reflexões
e ações direcionadas ao combate do racismo. Mas, ao contrário disso,
Djamila Ribeiro afirma que todos temos lugar de fala e que a compreensão
da existência de hierarquias relacionadas a gênero, raça e classe contribuirá
para uma consciência de que falamos a partir de lugares distintos.
[...] Ao trazer o conceito de “lugar de fala”, objetivamos convocar
professores(as), gestores(as), auxiliares técnicos(as) de educação e demais
profissionais que atuam nas UEs à reflexão de que somos todos(as)
responsáveis pela promoção de vivências antirracistas. Todos(as) temos
lugar de fala”. (2022, p.40-41)
Indicações...
(Currículo da Cidade Educação Antirracista - Orientações Pedagógicas: Povos Afro-Brasileiros, 2022, p. 51)

• Cores e botas
Direção: Juliana Vicente, 2010.
Disponível em: https://youtu.be/Ll8EYEygU0o

• Lápis de Cor
Canal Futura e Larissa Santos.
Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=Dp-LxZ3Ck7c

• O que é Racismo Estrutural


Boitempo Editorial/Silvio Almeida.
Disponível em: https://youtu.be/PD4Ew5DIGrU

• Vista minha pele Katarina. In: SILVA, Manoel Severino.


Reflexões Mano(u)elísticas: as várias
Direção: Joel Zito, 2011. facetas do ser, 2022)
Disponível em: https://youtu.be/LWBodKwuHCM
Currículo da Cidade - Povos Migrantes:
Orientações Pedagógicas (2021)

https://acervodigital.sme.prefeitura.sp.gov.br/acervo/curriculo-da-cidade-povos-migrantes-orientacoes-
pedagogicas/
Sugestão de leitura: p. 80-113.
Tematizando as intersecções entre
racismo, discriminação e xenofobia
“Quando se trata da população migrante, agrega-se também a xenofobia, que se
manifesta em atos de exclusão, hostilidade, falta de empatia diante de pessoas
migrantes e que, portanto, tem origem diversa da sociedade que as acolhe. A
xenofobia explicita a falta de conhecimento daquele que reage de forma
xenofóbica. O desconhecimento leva ao medo uma vez que associa a população
migrante a uma suposta ameaça. Diante desse medo, adota-se uma postura de não
reconhecimento da condição humana que compartilhamos com estas pessoas.
Sabemos que tais atitudes de hostilidade e violência não têm como destinatárias
todas as pessoas migrantes, mas especialmente a população migrante negra e
indígena e de países em situação de vulnerabilidade social. E, em tempos de
pandemia de Covid-19, vimos o aumento de casos de xenofobia em relação a
migrantes asiáticos, particularmente chineses” (2021, p.84).
(Currículo da Cidade - Povos Migrantes: Orientações Pedagógicas, 2021, p. 84-86 )
Tematizando as intersecções entre
racismo, discriminação e xenofobia

Os casos de discriminação e xenofobia podem ser discretos ou escancarados,


silenciosos ou berrantes. O ponto em comum é que deixam marcas e
traumas nas vítimas e, por isso, devem ser discutidos. É preciso saber como
acontecem no dia a dia da escola para redimensionar nosso olhar e elaborar
formas de intervenção positiva. Não trabalhar diante de situações de
discriminação e xenofobia, de forma deliberada ou inconsciente, nos torna
coniventes com estas violações cotidianas” (2021, p.84).
(Currículo da Cidade - Povos Migrantes: Orientações Pedagógicas, 2021, p. 85 )
Tematizando as intersecções entre
racismo, discriminação e xenofobia

“Sabemos que não há neutralidade no cotidiano escolar. Ao adotar uma


postura pouco atenta, a escola pode aprofundar as discriminações já
presentes na sociedade, reafirmando desigualdades e permitindo a
manutenção de violências estruturais, assim como das que se expressam
nas relações interpessoais em discussões, “brincadeiras”, considerações
sobre o cabelo, sobre as diferentes formas de se vestir, se alimentar, na
linguagem utilizada etc”(2021, p. 82).
(Currículo da Cidade - Povos Migrantes: Orientações Pedagógicas, 2021, p. 88 )
Ações necessárias para a efetivação de uma
educação integral, inclusiva e para a equidade
“Não basta que a Unidade Educacional receba bem, dedique atenção para o
ensino da Língua Portuguesa, respeite o ritmo do estudante migrante, mas
descuide dos valores que regem a interação social. É importante mostrar que
a comunidade escolar está atenta, não tolera práticas discriminatórias e
xenófobas e orienta pedagogicamente seus estudantes acerca dessas
questões. Para isso, é preciso ressaltar aos educadores a importância do
desenvolvimento de ações pedagógicas que atuem como prevenção de
discriminações e fomento de valores” (2021, p. 82).
[...]
“Em um mundo em que tantas pessoas vivem em países diferentes dos que
nasceram, ações de combate à xenofobia e diferentes formas de discriminação são
imperativas. E as escolas têm um importante papel nessa luta” (p.86).
Os 3 Conceitos orientadores e o PPP

“Um mecanismo utilizado para trabalhar o tema das migrações e que pode
ser levado a cabo pela gestão escolar é a sua inclusão no Projeto Político
Pedagógico (PPP). O PPP é o documento de identidade da escola, feito ano a
ano, contendo elementos, como a caracterização da comunidade escolar, os
objetivos e prioridades da ação educativa e a concepção de educação dos
educadores inseridos naquela realidade. Ao inserir as migrações no PPP,
sedimenta-se a vontade e a necessidade (a partir de sua realidade) da escola
trabalhar o tema em ações formativas e da sua incorporação em sala de
aula” (2021, p. 94).
Os 3 Conceitos orientadores e o PPP

É importante também observar e considerar a presença de migrantes no


corpo de funcionários da Unidade Educacional.
“Para as e os colegas, pela oportunidade de exercitar entre seus pares a
mesma recepção e inclusão que solicitam aos seus estudantes. Para as e os
estudantes, pode significar um reconhecimento naquele que ocupa uma
posição dentro da instituição (seja professora, diretora, coordenadora,
assistente, auxiliares técnicas e outras) favorecendo a identificação daquele
como um lugar que também lhe pertence. Para os familiares, pode trazer
conforto e confiança na escola” (2021, p. 95).
Plano de trabalho da Gestão Escolar

Os planos de trabalho da direção e da coordenação pedagógica devem


considerar também a necessidade de tematização das ações e práticas
integrais, inclusivas e integradoras por meio das ações formativas: Reuniões
Pedagógicas, Horários Coletivos/Formação, Jornadas Pedagógicas, Projetos
Especiais de Ação, dentre outras, prevendo a participação dos diversos
segmentos (2021, p. 91-96).
Indicações...
(Currículo da Cidade - Povos Migrantes: Orientações Pedagógicas, 2021, p. 111)

• Brincadeiras pelo mundo


Cadê o Manual? MAZZOLI, Fernanda. RAUTMANN, Richard.
https://cadeomanualblog.wordpress.com/category/brincadeiras-pelo-
mundo/

• Tendas de Cidadania
Centro de Direitos Humanos e Cidadania do Imigrante (CDHIC)
https://www.cdhic.org.br/copia-tendas-de-cidadania

• Projeto Kaeru
https://projetokaeru.org.br/
Indicações...
(Currículo da Cidade - Povos Migrantes: Orientações Pedagógicas, 2021, p. 111)

• Quem não é migrante? - Migração e educação em São Paulo (SP)


REPÓRTER BRASIL (Programa Escravo, nem pensar!), 2018.
https://www.youtube.com/watch?v=TgfOl1dpwo0

• O Haiti é aqui... Em Perus!


Instituto Tomie Ohtake, 2017
https://www.youtube.com/watch?v=sE1oLzYjAJQ
Reflexão sobre o Projeto Político-Pedagógico
(PPP)
A partir do estudo realizado, responda no formulário a seguir:

1) Descreva como os conceitos de Educação Integral, Educação


Inclusiva e Equidade estão presentes no cotidiano da Unidade
Educacional em que você atua.

2) Se possível, anexe uma fotografia de trecho do PPP ou de cena do


cotidiano educacional que visibilize um dos conceitos estudados.
Encaminhamento de atividade reflexiva

Preencha o formulário abaixo com os seus dados pessoais e responda


às questões propostas na página anterior:

https://docs.google.com/forms/d/e/1FAIpQLSd3N_N3a9YHTWIIGQs
Arrqdp7HclRxjruGDbeOPVIN_fnZikA/viewform
Atenção!
• Para a certificação, é necessário a realização das atividades reflexivas;
• Preencha corretamente o formulário com os seus dados pessoais e e-mail, para o
recebimento do atestado de participação;
• Leia atentamente as mensagens do formulário;
• Responda às questões e compartilhe uma fotografia. Em seguida, clique no botão
enviar;
• Você receberá uma mensagem por e-mail com os seus dados pessoais e
respostas, atestando a sua participação na Formação em Rede promovida pela
DIPED da DRE F/B;
• Apresente o documento recebido por e-mail à sua chefia imediata.

Equipe DIPED DRE F/B


Referências Bibliográficas
• Larrosa, Jorge; Malvacini, Eduardo; Rechia, Karen Christine; Augsburger, Luiz Guilherme; Favere,
Juliana de; Cubas, Caroline Jaques. Desenhar a escola: um exercício coletivo de pensamento. IN:
Larrosa, Jorge (org.). Elogio da escola. Belo horizonte: Autêntica Editora, 2017.

• SÃO PAULO (SP). Secretaria Municipal de Educação. Coordenadoria Pedagógica. Currículo da


cidade: Educação Infantil. São Paulo: SME/COPED, 2019.

• SÃO PAULO (SP). Secretaria Municipal de Educação. Coordenadoria Pedagógica. Currículo da


cidade: povos migrantes: orientações pedagógicas. São Paulo: SME/COPED, 2021.

• SÃO PAULO (SP). Secretaria Municipal de Educação. Coordenadoria Pedagógica. Currículo da


cidade: educação antirracista: orientações pedagógicas: povos afro-brasileiros. São Paulo:
SME/COPED, 2022.

• SILVA, Manoel Severino. Reflexões Mano(u)elísticas: as várias facetas do ser, 2022.

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