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Como citar
Oliveira, P.; Mahl, E.; Oliveira, M. (2022). Educação e Diversidade: diálogos interdisciplinares. PoDE,
Revista Povos, Diversidade e Educação, 1, p. 1-2.
Nada é mais poderoso do que a educação e o ato de educar. É por meio dos
processos educativos que nos tornamos quem somos e exercitamos nossa subjetividade e
individualidade nos diferentes contextos que constituem a vida em sociedade. E é por
meio dos processos educativos que experimentamos ao longo de nossa vida que
construímos nossos sistemas de crenças e alimentamos os (pré) conceitos que orientam
nossas ações cotidianas. Neste panorama, conforme as palavras de Paulo Freire, o ato de
educar nunca é imparcial ou neutro. Sempre há uma intencionalidade presente, explícita
ou implícita, em relação aos seus efeitos sobre o comportamento humano. Portanto, o ato
de educar é intencional, objetivo, socialmente construído e orientado por uma base
ideológica que, segundo Freire, nos cabe questionar: ela é excludente ou inclusiva?
Portanto, pensar a educação e o ato de educar exige que nos debrucemos sobre a
maneira como a diversidade humana e suas especificidades têm sido atendidas – ou não
– pelos processos educativos assumidos por nossas instituições, e também a promoção de
debates incisivos sobre as intencionalidades presentes nas ações e atuações dos sujeitos
envolvidos: estamos atuando de forma excludente ou inclusiva?
Mesmo diante de um aparato legal e de uma legislação bem constituída que têm
sido desenvolvidos desde a redemocratização do Brasil, a exclusão se dá muitas vezes nas
entrelinhas das relações humanas, em situações e condições que somente os processos
educativos transformadores são capazes de alcançar e sanar: está no docente que deixa
seu aluno deficiente ser o último a ser atendido para o esclarecimento de dúvidas, nos
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risos e “piadas” sobre cortes e tipos de cabelo, em vocabulários cujas raízes refletem
preconceito étnico-racial, no uso de fantasias em festas, na impaciência com o outro em
situações de coletividade tal como o uso de transporte público, entre outros.
Dessa forma, reiteramos o importante papel da educação e dos processos
educativos na construção de uma sociedade mais justa e equitativa – o que já é de
conhecimento de todos – e a importância de não se perder de vista a vigilância e a
militância necessárias para que a abordagem ideológica presente seja sempre inclusiva.
Isto posto, é com grande prazer que apresentamos o dossiê organizado para o
primeiro número da Revista Povos, Diversidade e Educação, intitulado Educação e
Diversidade: diálogos interdisciplinares. Diante da beleza da diversidade humana, a
interdisciplinaridade é fundamental para que possa tentar alcançar um vislumbre das
discussões necessárias para compreendermos a maneira como a humanidade se
estabeleceu neste planeta, a forma como as diferentes culturas se construíram, como
promover uma convivência saudável entre diferentes pontos de vista, e provocar reflexões
sobre práticas e costumes dos diferentes povos.
Esperamos que este dossiê colabore com as reflexões atuais e futuras sobre a
importância da educação para a eliminação das barreiras sociais e culturais existentes
entre os sujeitos, contribuindo com estudos futuros e promovendo as bases necessárias
para uma cultura de paz, convivência e desenvolvimento humano.