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Globalização

e
Identidade cultural
QUEM É VOCÊ?

COMO VOCÊ SE APRESENTARIA PARA


OUTRA PESSOA?

Escreva um texto sobre como você se identifica


Nossas identidades são naturais E CULTURAIS
Perpassa por:

Nacionalidade
Gênero
Raça
Territorialidade
Escolaridade
Preferências em geral (time de futebol, prática esportiva, gênero
musical...)
IDENTIDADES CULTURAIS

Um texto pode descrever as identidades de uma pessoa

e também “nos dá pistas sobre como a cultura na qual

ela vive interfere e interferiu profundamente nessas

características com as quais ela passou a se identificar”.

(Colling, 2018, p. 9)
Nossas identidades
não são apenas inatas
ou naturais...

... Apesar da composição biológica dos corpos interferirem nas


identidades.

[Ex: cor da pele e os preconceitos de ordem racial].


QUESTIONAMENTO DOS ESTUDOS DAS IDENTIDADES

“[...] Por que atribuímos valor positivo para determinados


corpos e não para todas as pessoas?”

(Colling, 2018, p. 10)


Identidade COMO PROCESSO DE CONSTRUÇÃO
Processos históricos, políticos e econômicos

Ex. Mulher negra x morena x mulata

Em terminado contexto e tempo histórico a pessoa pode se identificar


como morena e em outra como negra.
Identidades como posições assumidas pelos sujeitos

“As perguntinhas e também as conhecidas injúrias nos


interpelam a construir as nossas identidades, a pensar em como
iremos nos identificar, quais palavras iremos escolher para
formular o nosso texto identitário” (Colling, 2018, p.10).
Essa operação aciona discursos, palavras e práticas que
estão à nossa disposição

“Mas essas práticas discursivas mudam ao longo do tempo e,


também por isso, as identidades não podem ser pensadas como
fixas, eternas, mas como ‘pontos de apego temporário’, nas
palavras de Hall.” (Colling, 2018, p. 10)
Identidade é RELACIONAL

“[...] só conseguimos elaborar o nosso texto identitário em função da


existência do Outro, da alteridade, daquilo que difere de nós” (ibid., p.11)

Ex.:
Homem x Mulher;
Homossexual x Heterossexual

"Ou seja, esse Outro, que muitos rechaçam ou querem exterminar, exerce um papel
importante para a construção do meu próprio texto identitário” (Ibid.)
A QUESTÃO DA REPRESENTAÇÃO
Identidades - marcadas por meio de símbolos e representações
As representações – valorizam ou subjugam certas identidades

Ex. Telenovela : retrata uma realidade e ajuda o processo de construir ou manter


um certo estigma sobre determinados grupos e identidades.

“Cientes disso, ativistas do campo das identidades jamais consideram tolices as


representações do seu grupo em um meio de comunicação de massa. Pelo
contrário, disputar e lutar por essas representações se torna um dos principais
focos das políticas de muitos movimentos sociais e ativistas”. (COLLING, 2018,
CORPO A CORPO: racismo na novela e na vida real. Youtube [00:06:18] p.11)
https://www.youtube.com/watch?v=xWyLQFLyREI
https://www1.folha.uol.com.br/fsp/ilustrad/fq28089841.htm

https://www.uol.com.br/splash/noticias/2021/05/26/reprises-de-
novelas-devem-avisar-sobre-comportamentos-preconceituosos.htm
http://nodeoito.com/estereotipos-racistas-novelas-brasileiras/

GEMAA – Grupo de Estudos Multidisciplinares da Ação


Afirmativa, do IESP da UERJ

Gabi Oliveira. Protagonista de Malhação e estereótipos da mulher negra | DePretas. Youtube [00:05:04]
https://www.youtube.com/watch?v=7HIIuSY5D-0&t=297s
A negação do Brasil (2001), de Joel Zito Araújo

00:12:50 - 00:24:00
00:42:00...00:47:00 – Jorge Amado
1:01:00 – Corpo a Corpo
01:26:00...01:30:00

https://youtu.be/BijtXd2QTOk?si=oZGtE9VuyMMq7Fr6
https://www.youtube.com/watch?v=x7egWJaKYz4

https://www.youtube.com/watch?v=WlxQJBK5vVo
STUART HALL
1932-2014
Jamaicano

Estudou em Oxford (1951), onde graduou-se em Letras

Diretor do Centro de Estudos da Cultura Contemporânea


(Universidade de Birmingham).

Professor da Open University (1979 e 1997)

Fundador da revista “New Left Review”

Sociólogo e teórico da cultura

Um dos fundadores do multiculturalismo

Intelectual engajado.
∙ Relação da história de vida do Stuart Hall com a perspectiva Direção e roteiro: John Akomfrah (britânico)
Formado em Sociologia
da noção de cultura por ele abordada; Reino Unido, 2012
Trilha sonora: Miles Davis
∙ Contexto histórico do surgimento da corrente dos Estudos
Culturais;

∙ Mudança de concepção sobre cultura e identidade cultural


na pós-modernidade.
Ao fim do Século XX...

A identidade cultural está em crise?

Quais acontecimentos geraram essa crise nas


sociedades modernas?

Quais as consequências potenciais dessa crise?


Até o fim do Século XX

Modernidade:
Identidades nacionais:
Se sobrepõe a outras fontes de identificação cultural
Representam vínculos com eventos, histórias, lugares, símbolos.

Sujeito moderno: unificado, ancorado e estável no mundo social


Final do Séc. XX:

Para alguns teóricos: devido a uma mudança estrutural, as


identidades modernas entraram em colapso.

Essa transformação fragmentou as paisagens culturais de classe,


gênero, sexualidade, etnia, raça e nacionalidade, que, no passado,
forneciam “sólidas localizações como indivíduos sociais”.

O que estaria provocando o deslocamento das identidades culturais nacionais


no fim do século XX?
(HALL, 2006)
GLOBALIZAÇÃO

• Atravessamento das fronteiras nacionais

• Conexão entre comunidades e


organizações

Aumento do ritmo da integração global:


Aceleração dos fluxos e laços entre as nações
GLOBALIZAÇÃO

QUAIS SÃO OS POSSÍVEIS EFEITOS


SOBRE A
IDENTIDADE CULTURAL?

COMO O “GLOBAL” E O “LOCAL”


TRANSFORMAM AS IDENTIDADES?
3 POSSÍVEIS CONSEQUÊNCIAS

1) As identidades nacionais estão se desintegrando,


como resultado da homogeneização cultural
3 POSSÍVEIS CONSEQUÊNCIAS

2) As identidades nacionais e outras identidades “locais”


estão sendo reforçadas pela resistência à globalização
3 POSSÍVEIS CONSEQUÊNCIAS

3) As identidades nacionais estão em declínio, mas


novas identidades – híbridas – estão tomando
seu lugar
Tendências de análises

• Processos globais enfraquecem as fortes identificações com a cultura


nacional.

“Colocadas acima do nível da cultura nacional, as identificações


‘globais’ começam a deslocar e, algumas vezes, a apagar, as
identidades nacionais”. (Ibid. p. 73)
A interdependência global está levando todas as
identidades culturais ao colapso.

“Os fluxos culturais, entre as nações, e o


consumismo global criam possibilidades de
‘identidades partilhadas’ [...] entre pessoas que
estão bastante distantes umas das outras no
https://www.youtube.com/watch?v
espaço e no tempo. À medida em que as culturas =luhB4PRwito [9:24]

nacionais tornam-se mais expostas a influências


externas, é difícil conservar as identidades
culturais intactas ou impedir que elas se tornem
enfraquecidas através do bombardeamento e da
infiltração cultural”. (Ibid., p. 74)
SUPERMERCADO CULTURAL

Difusão do consumismo global + redes de comunicação


Disseminação de imagens de culturas ocidentais, ricas, consumistas, para localidades
remotas.
Ex. Jovens dos Estados Unidos ou da sudeste asiático vestem as mesmas roupas
(produzidas agora lá).

“Quanto mais a vida social se torna mediada pelo mercado global de

estilos, lugares e imagens, pelas viagens internacionais, pelas

imagens da mídia e pelos sistemas de comunicação globalmente

interligados, mais as identidades se tornam desvinculadas [...] de

tempos, lugares, histórias e tradições específicos e parecem ‘flutuar


Isso levaria ao fenômeno da
livremente’ ”. (Ibid., p. 75) homogeneização cultural ...
Mas será que as identidades nacionais estão sendo
homogeneizadas?

Existe homogeneização cultural?

Na perspectiva do mundo pós-moderno, essa questão está colocada


de modo simplista, exagerado e unilateral. (HALL, 2006)
A globalização explora a
diferenciação local

Novo interesse pelo “local”:


mercantilização da etnia e da
“alteridade”.
Geometria do poder:
padrões de troca cultural são
desiguais

A globalização não é distribuída de modo


igualitário no mundo,

entre regiões

e entre estratos da população dentro das


Restaurante Buddakan, em
regiões. NY
Analisando o fenômeno da migração

Pós II Guerra Mundial:

Europa imagina poder “sair” das suas esferas


coloniais de influência, “deixando as consequências
do imperialismo atrás delas.”

Mas... Há uma interdependência em ambos os


sentidos:
• Por um lado: movimento para fora (mercadorias,
imagens, identidades consumistas, estilos
ocidentais)
• Por outro lado: movimento de populações das
periferias para o centro – crença na mensagem do
consumismo global e busca pela chance de vivenciar
esses bens.
2º efeito possível da Globalização: Fortalecimento das identidades
locais

Reação defensiva de grupos étnicos dominantes: se


sentem ameaçados pela presença de outras culturas.

Tentativa de reconstruir uma identidade una,


unificada.

Baseada no “racismo cultural” – vigente em partidos


políticos e em movimentos extremistas (Europa
Ocidental)
Em resposta ao racismo cultural e à exclusão...

Comunidades buscam a re-identificação com as culturas de origem.

Exemplos:

Juventude afro-caribenha e rastafarianismo: volta à herança


africana.

Comunidade islâmica: ortodoxia religiosa e separatismo político.


3º efeito possível da Globalização: produção de novas identidades

“[...] parece então que a globalização tem, sim, o efeito de contestar e


deslocar as identidades centradas e ‘fechadas’ de uma cultura nacional. Ela
tem um efeito pluralizante sobre as identidades, produzindo uma variedade
de possibilidades e novas posições de identificação, e tornando as
identidades mais posicionais, mais políticas, mais plurais e diversas; menos
fixas, unificadas ou trans-históricas. [...]" (Ibid., p. 88)

Algumas tentam recuperar a pureza, as certezas, a unidade (Tradição)


Outras reconhecem a impossibilidade de que sejam outra vez unitária (Tradução)
Consequências políticas da fragmentação de identidades

Bush, 1991 – indicação de um juiz


negro de visões políticas
conservadoras. Escândalo do assédio
sexual.

https://www.youtube.com/watch?v=kHg2wfTeVzk
“Alguns negros apoiaram Thomas, baseados na questão da raça;

outros se opuseram a ele, tomando como base a questão sexual.

As mulheres negras estavam divididas, dependendo de qual identidade prevalecia: sua identidade como negra ou sua identidade
como mulher.

Os homens negros também estavam divididos, dependendo de qual fator prevalecia: seu sexismo ou seu liberalismo.

Os homens brancos estavam divididos, dependendo, não apenas de sua política, mas da forma como eles se identificavam com
respeito ao racismo e ao sexismo.

As mulheres conservadoras brancas apoiavam Thomas, não apenas com base em sua inclinação política, mas também por causa de
sua oposição ao feminismo.

As feministas brancas, que freqüentemente tinham posições mais progressistas na questão da raça, se opunham a Thomas tendo
como base a questão sexual.

E, uma vez que o juiz Thomas era um membro da elite judiciária e Anita Hill, na época do alegado incidente, uma funcionária
subalterna, estavam em jogo, nesses argumentos, também questões de classe social”. (HALL, 2006, p.19 e 20)
Análise do caso

▪ As identidades eram contraditórias;

▪ As contradições atuavam fora (na sociedade) e dentro (cabeça de cada indivíduo);

▪ Nenhuma identidade singular era capaz de alinhar todas as diferentes identidades como uma
“identidade mestra”;

▪ A identidade muda de acordo com a forma como o sujeito é interpelado ou representado;

▪ A identificação não é automática, pode ser ganhada ou perdida.


Bibliografia
COLLING, L. Gênero e sexualidade na atualidade. Salvador: UFBA, Instituto de Humanidades, Artes e
Ciências; Superintendência de Educação a Distância, 2018.

HALL, S. A identidade cultural na pós-modernidade. Tradução: Tomaz Tadeu da


Silva & Guaciara Lopes Louro. 11ª ed. Rio de. Janeiro: DP&A, 2006.

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