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Disciplina: Cultura Brasileira

Prof(a): Isabelle Braz


Aluna: Joyce Rodrigues

QUESTÕES SOBRE O LIVRO “DIALÉTICA DA COLONIZAÇÃO”, Alfredo Bosi:

1) Segundo o autor, como diferenciar cultura erudita, de massa e popular?

No início do capítulo Bosi vai ponderando sobre as formas de repartir a


pluralidade da cultura brasileira. Ele cita os antigos estudos que separavam a partir da raça
como cultura indígena, cultura negra, cultura branca e culturas mestiças. Para ele, essa
divisão poderia ser compreendida por meio de uma análise entre culturas ligadas às
instituições (em um sentido mais formal/enrijecido do termo) e culturas a parte dessas
instituições. Vamos agora, de forma simples, diferenciar a cultura erudita, a cultura popular e
a cultura de massas ou de consumo.
A cultura erudita seria aquela dos sistemas de ensino que possui enormes
privilégios advindos de grupos privados ou do próprio Estado. Apresenta-se normalmente
com um caráter formalista e tecnicista tendo quase um roteiro sobre como se vai falar sobre
tal assunto. Bosi mostra, a partir de exemplos, como que as ciências humanas e as suas
agregadas biológicas (como a psicologia e a medicina) e exatas (economia, arquitetura,
administração) foram quase que totalmente suprimidas por sistema de formação técnica. Ele
cita o seguinte: “Entre um curso de Medicina e a prática médico-mercantil das clínicas
particulares há, em geral, um processo de rápida adaptação ao real [...]” (BOSI, 1992, p.317).
E aqui eu acho válido uma fuga do assunto para pontuar que tal sistema permeia até mesmo a
formação escolar brasileira. Com o avanço das escolas técnicas instaurou-se uma lógica
mercantil que leva os alunos a buscarem o quanto antes uma formação para ingressarem no
mercado de trabalho. E, retomando ao texto, quando esses alunos escolhem uma formação
acadêmica mais completa e ingressam na faculdade, não conseguem escapar do sistema de
“fórmulas rápidas” e quase mecanização da profissão e são suprimidos por “[...] essa brutal
simplificação que a sociedade de consumo contemporânea opera com os resultados da cultura
acadêmica” (BOSI, 1992, p.317).
Já a cultura de massa, ou melhor, para as massas seria aquela “empurrada” à
população pelos meios de comunicação. A música da rádio, as novelas tematizadas a cada
horário, os filmes, os jogos de futebol e tudo mais é produzido quase que com uma fórmula
de sucesso para se difundir rapidamente. Inúmeros processos psicológicos são muito bem
pensados para atrair e conquistar o público.
Por fim, a cultura popular compreende as manifestações grupais que não se
vinculam com um poder econômico poderoso e nem com uma força ideológica como as
universidades ou os meios de comunicação. Em outras palavras, são os fenômenos simbólicos
que os homens produzem no seu cotidiano. Como Bosi fala, essa cultura popular abarca os
modos de comer, o vestuário, o tipo de caça, o alimento, os hábitos da fala e da escrita, as
danças, os trejeitos, os rituais de cura, os cantos, os festejos, as moradias, enfim, a
classificação perpassa por aspectos materiais e simbólicos.
2) Para Bosi, como a cultura brasileira (erudita, de massa e popular) se relaciona
com a colonização?

Bosi trabalha fortemente a temática da colonização a partir de uma análise que


entrelaça cultura erudita e cultura popular. Ele cita que ou a cultura erudita desdenha da
cultura popular ou a trata com total endeusamento e fascínio. Tal cultura “acadêmica” de
certo modo constrói a forma como se observa e se trata a realidade brasileira. Ao longo dos
anos, como vemos na escola com as diferentes escolas literárias, percebe-se uma adaptação
dessa observação pautada por meio dos interesses em cada período. No início da colonização
portuguesa era fortíssimo o olhar etnocêntrico para com os indígenas. Uma visão tomada por
preconceitos que não só ignorava, mas de certo modo deturpava toda a riqueza de crenças, de
normas, de esquemas de lideranças e de outros aspectos culturais que os povos originários
desenvolveram a fim de justificar que era um povo sem lei, sem rei e sem fé e, portanto, os
portugues tinham a missão de salvar esses selvagens. Posteriormente, no pós independência
brasileiro, surgia a necessidade de criar uma real nacionalidade para o país e assim muda-se
todo o discurso e análise sobre o índio brasileiro. Autores como José de Alencar contribuem
fortemente para essa nova imagem que a cultura erudita criava para com a cultura popular.
Passaram-se alguns anos e veio o modernismo com seu, inicialmente, processo antropofágico
e a cultura é moldada a partir dos interesses de grupos maiores.

3) Cite pelo menos dois exemplos de processos sociais no Brasil contemporâneo que
podem ser entendidos como uma atualização da “barbarização ecológica e
populacional” dos tempos coloniais. Justifique.
- Expansão da fronteira agrícola:

Logo no início do período colonial vivenciado no país os indígenas sofrem um


genocídio em prol da expansão e exploração do domínio português que se fortalecia cada vez
mais. No Brasil atual vê-se que tal comportamento se perpetua. No entanto, os “portugueses”
contemporâneos são os senhores do gado e da soja que “passam a boiada” sobre territórios
indígenas e sobre a floresta amazônica sem o mínimo pudor. Assim como no passado, os
povos dessas localidades são tratados como bestas que não possuem importância para o país.

- Uberização do trabalho:

No Brasil contemporâneo é cada vez mais comum se falar das vantagens do


trabalho uberizado, exemplificado de forma clara nos entregadores ou motoristas de
aplicativos. Sob a ilusória ideia de que “você é seu próprio patrão” existem uma série de
problemáticas de um sistema que busca alienar e barbarizar o homem. Sem quase nenhum
direito assegurado, obrigado a submeter-se a jornadas exaustivas e refém das demandas do
aplicativo, o ser tem sua autonomia tomada, talvez, de forma mais brutal ainda do que o
modelo clt de emprego. Por trás dessa realidade sufocante, as empresas aumentam suas
vantagens e sustentam discursos que alienam o trabalhador, como o de “você é um
colaborador e não um empregado”.

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