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Guilherme Curti Gomes - RA: 170763

Reflexões sobre o texto: Os índios e o Brasil

O texto me levou a refletir no quanto a gente, não-indigena (ou pelo menos


eu mesmo), desconhecemos a complexidade da cultura indigena. Quando o autor
do texto aborda a questão das diversas línguas, especificamente, fica claro que há
uma redução das culturas indígenas em uma só ou em poucas. O que gera e
mantém uma idealização, uma abstração do que é ser indigena - de como vivem, de
como se organizam socialmente, suas visões de mundo - e nesse sentido, penso
que existem duas formas de enxergar os povos indígenas que contem essa
percepção miope. A primeira e talvez mais comum é a do viés colonialista, ou seja,
uma visão de que as culturas indígenas são primitivas, estão atrasadas, nos
primeiros degraus da evolução social da concepção positivista e que portanto há
ainda o aquela ideia do fardo do homem branco, ou seja, que cabe ao homem
branco levar o progresso, a tecnologia industrial, o garimpo, o capitalismo, ou o que
quer que seja considerado civilizatório dentro da perspectiva europeia. É sempre
nessa posição de imposição e de superioridade com relação a esses povos. A
segunda é a visão romantizada que teve início no romantismo brasileiro com
Iracema e que até hoje persiste de certa forma, como na música de Rita Lee, que
canta: “se Deus quiser, um dia eu viro índio, viver pelado e pintado de verde num
eterno domingo”. Como se os indígenas não tivessem uma outra forma de viver e de
se organizar socialmente para cumprir atividades vitais da tribo, como se não
“trabalhassem”. E essa segunda visão, romantizada, cria um certo impedimento de
trocas culturais, como se isso afetasse a cultura desses povos impedindo-os de
terem outras perspectivas, outras vivências, como se quisesse congelar aquela
cultura nesse ideário e não compreende a complexidade das transformações que já
ocorreram nesses mais de 500 anos e que ainda podem ocorrer.
Em suma, eu sinto que há pouca troca cultural entre os povos indígenas e os
povos não-indígenas. A Unicamp, com o vestibular indigena dá um grande salto
nesse sentido de trocas culturais, apesar de alguns problemas estruturais e
conceptivos por parte do corpo docente como aconteceu recentemente no curso de
medicina em que alguns professores demonstraram certo preconceito e muitas
vezes querendo barrar ou isolar esse avanço da participação indigena dentro da
faculdade, enfim. Mas a grande questão é essa, de que deve haver uma troca
cultural entre esses modos de viver, pensando é claro, em toda complexidade das
diversas culturas indígenas, e também na questão de não haver qualquer tipo de
hierarquia que suprima algum tipo de conhecimento como é muito comum de se ver
no campo da ciência que despreza, muitas vezes, alguns elementos que são mais
abstratos da compreensão de vida como a ideia da cosmovisão, por exemplo.

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