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O relativismo cultural é um aspecto sociológico em que cada cultura deve ser

compreendida como única, específica e que, muitas vezes, só pode ser entendida por
aqueles que estão inseridos nessa vivência.
É um conceito que evita possíveis concepções discriminatórias em relação aos
costumes diferentes presentes em culturas diferentes. Com isso, é um tema de suma
importância para o desenvolvimento sociológico e ético dos cidadãos, especialmente
entre aqueles que possuem contato com diferentes culturas frequentemente, como por
exemplo profissionais do turismo, da área da saúde, entre outros.

Definição de relativismo cultural


O relativismo cultural é conceito das ciências humanas e sociais, especialmente da
sociologia, que trata sobre a exclusividade de cada cultura. Nessa visão, defende-se
que um valor cultural só pode ser plenamente compreendido quando é interpretado
pelas noções particulares daquela cultura.
A concepção do relativismo cultural aponta para uma questão importante ao
observarmos e convivermos em um mundo plural e diverso culturalmente: não existe
verdade absoluta, certo ou errado, incondicionais. Para os sociólogos, essas
formulações são produtos da vivência cultural de cada sociedade.
Por exemplo, na cultura brasileira há o costume de banhar-se diariamente, e essa
prática é suficiente em si mesma no cotidiano nacional. Entretanto, outros países e
nações adotam outras práticas de higiene que só serão perfeitamente compreendidas
dentro daquele contexto de vivência.
Assim, não há superioridade entre um hábito e outro, apenas diferenças culturais
justificáveis dentro de um conjunto de valores que norteiam cada sociedade. Dessa
forma, fica notório que o relativismo cultural é essencial para que não haja uma
hierarquização das culturas.

Etnocentrismo como contraponto


A proposição de que uma civilização é mais avançada do que a outra foi uma realidade
durante muito tempo da humanidade. Historicamente, a Europa foi um dos primeiros
continentes a se desenvolver e, pouco a pouco, a produção intelectual, industrial,
comercial, religiosa e o crescimento da população concentrou-se nesta região.
Então, com a comercialização com outras nações e a expansão conferida pelas
Grandes Navegações, os europeus entraram em contato com outros povos e culturas.
A vivência de cada cultura, naquele ponto histórico era completamente diferente, mas
suficiente para a manutenção de cada civilização individualmente.
Porém, o olhar europeu sobre essas diferenças foi etnocêntrico. Muitos pensadores
difundiram a ideia de que a Europa e as etnias provenientes daquele espaço geográfico
tinham um desenvolvimento intelectual maior do que as outras sociedades.
Depois, o próprio pensador que deu origem à sociologia, Auguste Comte, criou a teoria
do positivismo. Para esse autor, as sociedades possuem um estado de
desenvolvimento, que parte de algo primitivo para uma civilização completamente
racional, lógica e científica. Com essas proposições, ele admitia que grande parte das
nações da Europa estavam no estágio de máximo evolução, enquanto outros povos
estavam em uma fase mais atrasada.
Diante desse contexto em que a própria comunidade científica tinha um viés
etnocêntrico, um pensador chamado Franz Boas lançou as ideias do relativismo cultural.
Com essa nova concepção, a ideia de uma sociedade mais bem desenvolvida e superior
à outra deixa de existir, sendo substituída por um movimento de respeito mútuo pela
individualidade de cada cultura em si mesma.
Ainda, há uma oposição à ideia de progresso contínuo da sociedade, proposta pelo
positivismo. Na visão relativista, as civilizações podem manter ou alterar seus padrões
se isso faz sentido dentro de sua vivência, não necessariamente isso significa evolução
ou involução, apenas uma escolha de cada sociedade sobre sua própria realidade.
Diversidade cultural
A diversidade cultural trata sobre as múltiplas formas de existência e interpretação da
vida, com hábitos, costumes, culinária, religião, modos de vestimenta, organização
familiar, hierarquia social, higiene que variam muito entre diferentes espaços
geográficos.
É importante notar que a diversidade cultural é muito expressiva entre nações
diferentes, especialmente quando comparamos países ocidentais e orientais, por
exemplo, já que têm uma história de formação bem diferentes entre si.
Por outro lado, espaços geográficos próximos também apresentam diferenças culturais
significativas. Por exemplo, dentro do Brasil existem culturas diversas conforme o
Estado e, até dentro do mesmo Estado ou cidade é possível encontrar tradições
diferentes.
A nação brasileira é extremamente diversificada etnicamente, assim, em um exemplo
que podemos utilizar, famílias de origem italiana podem ter uma tradição culinária
específica, resultado da soma entre a cozinha brasileira e a italiana. Assim, essa
característica cultural não é compartilhada por todo país, mas por um grupo de pessoas.

Como o relativismo cultural propõe que as culturas são auto explicáveis, a partir de um
olhar “de dentro”, o tema tornou-se polêmico quando algumas práticas consideradas
abomináveis aos olhos de muitas culturas são questionadas.
Por exemplo, a maior parte dos países considera que o canibalismo é uma prática
criminosa, punível. Entretanto, algumas comunidades mantêm hábitos canibais, como
forma de transmitir sabedoria e força entre os membros. O dilema sociológico está em
aceitar essas culturas como são pelo critério do relativismo cultural ou intervir para evitar
tais atos vistos como atrocidade para os povos que estão fora?
Outro modelo pode ser a Índia, na cultura do país, um nascimento do sexo feminino não
é visto com bons olhos. No contexto indiano, há um valor maior quando nasce uma vida
masculina e isso traz certo prestígio para a família.
No entanto, a visão ocidental atual prega que a supervalorização dos homens e
desvalorização das mulheres é resultado de uma sociedade patriarcal e machista.
Nesse sentido, há um impasse sobre considerar um aspecto cultural ou estimular
mudanças conforme a visão externa àquela cultura.
Nesses casos, é importante avaliar como as tradições estão influenciando nas pessoas,
qual a aceitação dessas práticas dentro da cultura, se há um sofrimento e como ele é
interpretado dentro daquele contexto, para só então pensar em possíveis intervenções
dentro dessa sociedade.

1. Compreendendo o relativismo cultural:

a) Com base no texto, explique o que é relativismo cultural e qual a sua


importância para a compreensão de diferentes culturas.

b) De acordo com o conceito, como podemos evitar julgamentos


precipitados sobre costumes e valores de outras culturas?

2. Diferenciando relativismo cultural de etnocentrismo:

a) Defina etnocentrismo e explique como ele se manifesta em nossa


sociedade.

b) Cite exemplos de situações que demonstrem a diferença entre o


relativismo cultural e o etnocentrismo.
3. Desafios do relativismo cultural:

a) Apresente o dilema que surge quando práticas consideradas


abomináveis por algumas culturas são defendidas pelo relativismo
cultural.

b) Discuta como podemos abordar criticamente tais práticas,


considerando o respeito à diversidade cultural e a busca por justiça
social.

4. Importância da diversidade cultural:

a) Explique como a diversidade cultural contribui para a riqueza e o


desenvolvimento da sociedade.

b) Cite exemplos de como a valorização da diversidade cultural pode ser


promovida em nosso cotidiano.

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