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É bom mencionar, como ainda ocorre uma imagem imaginaria sobre o índio.
Mesmo em uma cidade no qual majoritariamente é indígena, ainda perpetua o
conhecimento ideológico do colonizador sobre esses povos. Ao fantasiar o jovem de
índio, mesmo com uma boa intenção, acabaram reproduzindo uma imagem pejorativa
desses povos como a pintura, vestimenta, ferramentas de caça, mostrando como o
ensino na educação básica ainda é fragmentado.
“Sujeita aos estigmas classificatórios, a cultura desse “outro” será identificada como
primitiva, étnica, inferior e atrasada, será entendida como essencialista, ou seja, pura,
fixa, imutável e estável, portanto, a-histórica.” (ALMEIDA NETO, 2014, pag. 221).
Podemos observar de fato, que para haver a aplicação do conhecimento sobre os
povos indígenas, precisou criar uma lei que visa à obrigatoriedade do ensino dessas
classes subalternas que formaram a identidade nacional brasileira. Ou seja, não se deu
por uma iniciativa própria em conhecer mais sobre a história indígena dentro da
educação básica. Mostrando, que caso não houvesse a aplicação da Lei 11.645 de 10 de
março de 2008, o conhecimento sobre esses povos ainda estaria voltada para o
eurocentrismo e monoculturalismo, sendo considerados como aculturados, isto é, sem
identidade e sem tradição.
“Essa perspectiva trazida para a sala de aula confere volume e
densidade ao ensino de história indígena, com uma abordagem
que não fossiliza e nem pasteuriza as culturasdesses povos,
restitui-lhes a condição de sujeitos históricos e dando-lhes
visibilidade no passado e no presente. O protagonismo, eles já
possuem.” (ALMEIDA NETO, 2014, pag. 224).
Com isso, “o índio tem se constituído através do tempo como o lugar do outro,
da alteridade, que historicamente mobilizou vários temas e que por contraste acabou
por definir elementos do olhar de nossa própria sociedade” (CUNHA, 1999, p. 109). É
importante ressaltar que o conceito sobre o que é ser índio está passando por uma
modificação de autenticidade e do seu real significado se tornando algo pejorativo, pois
quando há variações de conceitos sobre algumas coisas, o verdadeiro se perde no
espaço. Dessa forma, o fato da sociedade ter uma imagem imaginaria sobre esses povos,
fazem com que as narrativas sobre eles desqualificando as ações e lutas indígenas, por
que no raciocínio do meio social um índio com vestimentas, celulares, tênis e formados
em ensino superior, não é mais um índio puro.
O trecho traz a luz, um entendimento que já foi muito forte e que ainda persiste,
mas não abusivamente como antes, que são as ideologias e conceitos empregados sobre
a imagem do índio. Isso é repassado nas salas educacionais na breve menção aos povos
indígenas como viventes apenas de um remeto tempo pré-colonial, na omissão desses
povos a história do Brasil e abordagem folclorizada, então tudo isso atrelado nas
relações de poder, gerar uma narrativa apenas com representações do dominante e
dificilmente sobre os dominados.
Dessa forma, o território disputado mencionado texto seria as produções sobre a
identidade gerada acerca do índio e sobre o hibridismo cultural. As narrativas seriam as
formas de como a sociedade passou a aderir à imagem do índio e passaram a se
subverter as representações dominantes.
Referência:
NETO, Antonio S. de Almeida. Ensino de História Indigena: currículo, identidade e
diferença. Patrimônio e Memória, São Paulo, Unesp, v. 10, n. 2, p. 218-234, julho-
dezembro, 2014.