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UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE

CENTRO DE HUMANIDADES – CH
UNIDADE ACADÊMICA DE HISTÓRIA – UAHis

DISCIPLINA: Metodologia do ensino de História


DOCENTE: Dr. Dinaldo Silva Jr.
ALUNO: Raí de Melo Porto

QUESTÃO:
De que modo o/a professor/a em sua prática educativa pode contribuir
para a promoção do diálogo entre as diferenças e identidades,
visibilizando a diversidade étnico-racial existente na sala de aula, a partir
da disciplina de História? Como, em sua formação continuada no
cotidiano da escola, o docente pode vivenciar a diversidade etnicorracial
criando meios e possibilidades de interação/integração dos sujeitos que
compõem a comunidade aprendente?

07 de dezembro de 2022, Campina Grande – PB.


Precisamos desconstruir para construir ou modificar algo. Não destruir.
Desconstrução não é destruição. É a reconstrução em vários sentidos e
perspectivas. A escola tem desempenhado há algum tempo um papel fundamental
na construção sócio cultural na vida de muitas pessoas. Lógico, trabalhar questões
de diversidade étnico-racial, gênero, entre outros, não tem sido um papel fácil de se
desempenhar em sala de aula, e nunca será. Mas, é a partir dela que as lutas de
reconhecimento dessas pautas devem começar.
Os textos: “ensinando história pelo olhar da diversidade ético-racial: leituras
da formação continuada de professores”, e “Como ensinar a história africana e a
cultura afro-brasileira na educação infantil? Reflexões sobre o projeto História
cruzadas do ministério da educação (mec) ” são, acredito eu que ótimos textos que
promovem justamente uma reflexão sobre o papel da escola e da formação do
educador na desconstrução do racismo, preconceito e também a discriminação. É
necessário reconhecer a multidiversidade de gênero, étnica, religiosa e social que há
em nossa sociedade, como um importante fragmento não só da nossa própria
história, mas, o elo que torna a nossa multiculturalidade única.
Entretanto, para compreender a educação brasileira devem-se levar em conta
as relações étnicas raciais que aqui se formou, e que a construção capitalista
desenvolvida neste território deve ser pontuada na escravidão a priori da população
indígena e, posteriormente da população negra, gerando concepções e práticas
racistas que duram até nossa atualidade. Apesar de considerarmos que o Brasil vive
uma diversidade cultural, é notório que a escola ainda não se sente preparada para
lidar com certas situações de racismo e desigualdade. Na escola, pelo menos na
minha época, era comum presenciarmos o preconceito, quer seja de aluno com
aluno ou professor, trocando intrigas como, por exemplo: “só sendo preto”, “o preto,
quando não suja na entrada, suja na saída”.
Segundo Nogueira (2006);

No Brasil, a intensidade do preconceito varia em proporção


direta aos traços negróides, e tal preconceito não é
incompatível com os mais fortes laços de amizade ou com
manifestações incontestáveis de solidariedade e simpatia. Os
traços negróides, especialmente numa pessoa por quem se
tem amizade, simpatia ou deferência, causam pesar, do
mesmo modo por que o causaria um “defeito” físico. (...)

O preconceito no Brasil segregaciona um determinado grupo, isso é


acarretado por uma ideologia que prega a supremacia de um povo, de uma raça, ou
mesmo de uma cultura sobre outras, expressando-se de diversas maneiras: em
nível cultural, religioso e biológico. Portanto, o preconceito racial está interligado com
o modo ser de cada indivíduo, manifestando nas relações interpessoais aceitação
dos padrões de comportamentos dos indivíduos participantes do ethos brasileiro,
assim, torna-se mais fácil para o não branco acomodar o comportamento negro
usando expressões como “pardo”, “moreno” e “preto”, tal adjetivos demonstram
como acontecem o escamoteamento do preconceito racial no Brasil.
O ambiente escolar é um local que agrupa diversos seres humanos com as
mais variadas divergências. Emergindo assim um grave problema: Já que somos
considerados racionais, atribuímos a nossa personalidade um tom de verdade. E
quando vislumbramos o outro como diferente ao nosso comportamento, criamos
obstáculos e discriminamos este ser, achando que ele se torna uma ameaça a
nossa integridade.

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