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Letramento racial:

da emergência de uma formulação


BÁRBARA DANIELLE MORAIS VIEIRA*

Resumo: A partir de um gesto que investiga os contornos e significados que os


antirracismos adquirem na contemporaneidade e que problematiza a atuação de
sujeitos brancos nesse campo, o artigo explora as definições e especulações
acerca de um “letramento racial crítico e antirracista”. Pretende-se, ao final,
ampliar o repertório crítico e simbólico sobre a resposabilidade da branquitude
para uma possível rasura nos pactos que sustentam e atualizam os racismos no
Brasil.
Palavras-chave: antirracismo; letramento racial crítico; racismo; branquitude.
Racial literacy: the emergence of a formulation
Abstract: From a gesture that investigates the contours and meanings that anti-
racism acquires in the contemporary world and problematizes the performance
of white subjects on this field, the article explores the definitions and
speculations about a “critical and anti-racist racial literacy”. It is intended, in the
end, to expand the critical and symbolic repertoire on the responsibility of
whiteness for a possible erasure in the pacts that sustain and update racism in
Brazil.
Key words: anti-racism; critical racial literacy; racism; whiteness.

*
BÁRBARA DANIELLE MORAIS VIEIRA é Mestre em Literatura, cultura e
contemporaneidade pela PUC-Rio, bacharel em Ciências Sociais pela UFF e formada em montagem
audiovisual pela Escola de Cinema Darcy Ribeiro. Esse artigo é fruto da pesquisa desenvolvida durante o
mestrado, que foi possível graças financiamento do CNPq e CAPES, onde fui orientada por Eneida Leal
Cunha, a quem agradeço a supervisão.

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Sobre os usos e sentidos parciais e Esta é uma pergunta que demanda
provisórios do antirracismo múltiplas vozes para ser respondida
porque o antirracismo é pensado de
Um dos requisitos para a eficácia da
maneira plural e diversa. Aqui me
ideologia racista é que a desigualdade de
interessa apontar a partir do que tenho
poder se apresente como algo normal e
pesquisado, quais são os possíveis
naturalizado em uma determinada
contornos no momento de agora do que
sociedade. Tal ideologia teve forte lastro
pode significar “ser antirracista", com as
no Brasil e se intensificou aqui a partir do
aspas e provisoriedades de sentidos em
racismo científico e da eugenia
disputa.
(STEPAN, 2004), das políticas de
branqueamento no pós-abolição e, nas Em 2020 durante crise sanitária em escala
primeiras décadas do século XX com as global causada pelo corona vírus SARS-
políticas de aperfeiçoamento da “raça Cov-2, que causa a doença conhecida
brasileira” através do projeto eugênico e como COVID-19, e dos protestos
cultural da valorização da mestiçagem. antirracistas detonados pelo assassinato
O racismo é um fenômeno e uma de George Floyd nos Estados Unidos da
tecnologia de poder que é estrutural e América, a questão racial e a luta
sistêmica, sem a qual o capitalismo não antirracista ganharam maior visibilidade
se sustentaria, e que se reproduz de pública e nos meios de comunicação no
maneira complexa (MBEMBE, 2014). Brasil. Nessas circunstâncias, o debate
Ao falarmos de racismo, não se trata de sobre antirracismo, diante dos muitos
analisar isoladamente um ato voluntário genocídios em curso há mais de
individual racista. Não estamos falando quinhentos anos, emerge e intensifica o
de intencionalidade nem de uma morte questionamento sobre como pessoas
violenta ou um evento específico em brancas podem e devem atuar na luta
particular, mas de uma tecnologia de contra o racismo e a desigualdade racial.
morte (MBEMBE, 2018), de E quando me refiro à emergência do
subalternização e dependência que se dá antirracismo, uso emergência no sentido
ao nível da política, da economia, dos evocado por Eneida Cunha a partir da
processos de subjetivação, das narrativas, leitura que Michel Foucault faz de
da história, dos algoritmos de busca Friedrich Nietzsche, como:
virtual (SILVA, 2020) e de costumes A emergência é sempre um lugar de
enraizados em diversas camadas da vida enfrentamento e de afrontamento, de
em sociedade, como vêm destacando embate entre forças dominantes e
Achille Mbembe (2014, 2018), Denise forças dominadas, e, portanto, não
Ferreira da Silva (2019) e Maria pode ser compreendida como o
Aparecida Silva Bento (2002). ponto inaugural de alguma coisa nem
como uma continuidade, mas como
Em uma sociedade conservadora e racista efeito de deslocamentos,
como a brasileira, que por um lado reposicionamentos ou inversões
promove uma guerra racial contra (CUNHA, 2009, p. 2).
negras(os), indígenas e pessoas A emergência do antirracismo se dá nesse
empobrecidas e por outro garante sentido não como algo que começa agora
privilégios simbólicos, materiais, ou que não existia antes, mas como uma
jurídico-institucionais e imaginários para irrupção contra resistências
as pessoas brancas, quais significados e conservadoras, consolidadas e violentas.
práticas podem adquirir a luta Entretanto, ao ler diferentes textos e
antirracista? reportagens que pudessem me ajudar a

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escrever sobre antirracismo, percebi uma Esse sentido, por ser relacional e não
certa ausência de definição do que seria o essencial, nunca pode ser fixado
antirracismo, pois mesmo sendo definitivamente, mas está sujeito a
trabalhada como uma palavra de ordem, um processo constante de
redefinição e apropriação. Está
talvez não seja uma categoria analítica ou
sujeito a um processo de perda de
descritiva consolidada. Podemos ler o velhos sentidos, apropriação,
antirracismo enquanto uma formulação acúmulo e contração de novos
autoexplicativa, ainda que as demandas sentidos; a um processo infindável
de posicionamento ou ação sistemática de constante ressignificação, no
antirracista não sejam tão evidentes propósito de sinalizar coisas
assim. Portanto, perguntar em um diferentes em diferentes culturas,
exercício analítico sobre o que se formações históricas e momentos.
compreende quando trazemos o
antirracismo para a conversa, é um Assim, creio que pode ser produtivo
exercício para averiguar quais sentidos partirmos da formulação que o
(sempre moventes e em disputa) estão antirracismo também pode ser analisado
sendo evocados. enquanto um aparato discursivo contra-
hegemônico, que se insurge contra a
Mas o que pode significar ser linguagem e o aparato ideológico e
antirracista? Aqui partimos da premissa discursivo que alimenta e atualiza as
de que assim como os racismos, os práticas racistas de hierarquização e
antirracismos também têm se tornado um diferença. Como um significante que ao
significante que flutua. Stuart Hall no ser chamado à cena atualmente adquire
texto Raça, o significante flutuante, ao diferentes contornos, cujo sentido
compreender a efetividade de raça como político está em deslocamento,
aparato discursivo e enquanto linguagem, atualização e em disputa. Para
nos estimula a realizar uma aventura compreender as demandas e ações
crítica na análise sobre raça a partir de um antirracistas em determinada sociedade é
saber sem garantias. De um saber que não necessário levar em consideração a
se compreende enquanto verdade, mas especificidade do racismo prevalente, ou
em versões porque não se trata de algo seja, do contexto, da cultura e do
essencial, mas relacional. Hall (2015, p. momento histórico, assim como o que
2) argumenta: pode ser realizado enquanto pessoa
As pessoas são meio esquisitas, física, pessoa jurídica ou política pública.
algumas marrons, outras bastante
pretas, algumas até, com esta luz, A compreensão da luta antirracista abarca
repugnantemente rosadas. Mas não um amplo espectro de práticas
há nada de errado com suas implicadas, que vão desde a luta contra
aparências. Mesmo assim, quero discriminação e preconceito racial e a
defender que raça funciona como busca por implementação de igualdade
uma linguagem. E os significantes se racial na sociedade, como também se
referem a sistemas e conceitos da referem ao debate sobre desigualdade e
classificação de uma cultura, a suas
concentração de poder. Mas ao mesmo
práticas de produção de sentido. E
essas coisas ganham sentido não por
tempo não estamos nos referindo a um
causa do que contém em suas movimento político centralizado,
essências, mas por causa das uniforme, coeso ou homogêneo. De tal
relações mutáveis de diferença que maneira, o antirracismo é melhor
estabelecem com outros conceitos e caracterizado a partir de um conjunto de
ideias num campo de significação. comportamentos, em escala individual ou

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coletiva, que envolve, no nosso caso, “certezas” a partir de um lugar de escuta
práticas, atitudes e perspectivas de ativo.
enfrentamento ao racismo anti-negro e
anti-indígena no Brasil e que, por outro Nesse sentido, quando nós brancas(os)
lado, passa pela desconstrução da ouvimos declarações de que “toda pessoa
branquitude como um lugar de privilégio branca é racista” é importante
e vantagem estrutural. O que em termos compreender como que toda pessoa
de políticas públicas se constituem a branca, pelos privilégios à que tem
partir da eleição de um conjunto projetos, acesso, é educada e socializada para
posturas, revisões e negociações – produzir e reproduzir o racismo,
atreladas ao lugar de fala de quem se voluntaria ou involuntariamente. O lugar
propõe a falar ou a ouvir – que visam atual da branquitude está associado à uma
desmantelar e criar fissuras no racismo série de privilégios decorrentes da
estrutural, institucional ou cotidiano. usurpação dos direitos de pessoas não
brancas. Por exemplo, dentre alguns
Nesse sentido, ao pensar os agentes privilégios estão o poder de nomear sem
sociais que pautam o antirracismo e são ser nomeado, de ver-se representado
os protagonistas desta luta, é fundamental hegemonicamente como único
ressaltar a atuação do movimento negro paradigma de ideal estético, de ser
brasileiro contemporâneo para o reconhecido como plenamente humano,
fortalecimento e configuração das diverso e contraditório ou quando alguém
agendas em curso (CARDOSO, 2008, branco erra ou comete crimes, sem
p.50). Além do movimento negro precisar responder em nome do grupo de
também me parece importante ressaltar o pertença racial, ou seja, como atributo ou
papel dos feminismos negros e dos comportamento típico “branco”.
movimentos de mulheres na divulgação e
Concordo com a antropóloga branca
ampliação das pautas e agendas da luta
estadunidense Ruth Frankenberg quando
antirracista.
reflete, a partir de sua própria trajetória,
A partir da minha vivência como mulher sobre a transição da inconsciência para a
cisgênero branca sudestina, o consciência da branquitude e o despertar
antirracismo pode ser compreendido para o antirracismo:
como uma postura de responsabilização Mas meu despertar nunca é
crítica, um convite a uma constante completo. Embora a transformação
autocrítica. O fato de pensar, escrever inicial tenha tido as proporções de
com ou ler pensadoras(es) negras(os), um grande terremoto, há sempre
deslocar meu campo de referências espaço para outro tremor
imagéticas, literárias e culturais, subsequente ao abalo principal, há
construir relações de trabalho e afetivas sempre necessidade de um novo
não-hierárquicas com pessoas negras, de despertar. O antirracismo branco
talvez seja uma postura que requer
cor ou não brancas, é e foi um importante
vigilância pela vida afora.
processo para ampliar o meu repertório (FRANKENBERG, 2004, p. 314)
crítico e simbólico sobre os racismos no
Brasil. Contudo, o antirracismo é uma Talvez seja mais desafiador pensar que
agenda e uma prática política cotidiana, o para sujeitos racializados como brancos,
que demanda de pessoas brancas que o antirracismo mais do que um fim
desejam estar em uma posição de aliadas redentor, um lugar utópico e distante a se
na luta antirracista uma constante chegar, seja um caminho instável, uma
atenção, abertura e revisão de algumas estrada a ser constantemente aberta,

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trilhada e reformulada em outros a branquitude ocupa na produção e
processos de subjetivação, rumo a uma manutenção e atualização do racismo.
efetiva igualdade racial.
Brancas(os) na luta antirracista É importante que nós, pessoas brancas
que desejam se deslocar e adotar
O racismo é um problema que diz compromissos e práticas antirracistas,
respeito e envolve o grupo racialmente que saibamos que o antirracismo
lido como branco. Assim, brasileiro foi e é uma pauta
compreendemos que o antirracismo historicamente desenvolvida pelos
branco passa por formar alianças e movimentos negros. Creio que no debate
responsabilizar-se a partir do lugar social contemporâneo, não se trata de, enquanto
da branquitude na categoria instável de pessoa branca, ajudar ou prestar
aliada(o) 1 . Como afirma a educadora solidariedade à luta antirracista, como se
brasileira Denise Carreira: fosse uma luta exterior a nós ou distante,
uma luta que fosse restrita às pessoas
... ser sujeito branco antirracista
negras e indígenas. Se o racismo é o
passa por se colocar disponível para
reconhecer e se construir nessa substrato da supremacia branca, dos
interdependência; enfrentar o privilégios brancos e do nosso superávit
desconforto das conversas sobre o de oportunidades e portas abertas, nossa
racismo e refletir criticamente como atuação deveria estar associada à uma
a branquitude se constrói em nossa postura e à um entendimento de
história de vida, nas nossas relações, responsabilização e reparação racial, pois
nas nossas práticas sociais, nas a luta antirracista para nós pessoas
nossas instituições. Reconhecer que brancas passa necessariamente por
fomos educadas e educados para não deslocar e desestabilizar a categoria da
nos reconhecermos como pessoas branquitude (hooks, 2019, p. 50).
brancas, mas como seres humanos
que representam a universalidade
humana descorporificada, o padrão, Reconhecer e criar rupturas no racismo
a norma como lugar de poder. estrutural a partir do lugar de enunciação
(CARREIRA, 2018, p. 134) branco, a partir de uma política do
Essas questões que Carreira aponta são pronunciamento, envolve refletir sobre as
muito relevantes para pensarmos como o políticas de vozes e sobre poder. Colocar-
antirracismo branco pode se efetivar em se ou autoenunciar-se como branca(o)
práticas cotidianas e rupturas nas antirracista não nos exime dos benefícios
blindagens cognitivas. Para pessoas do racismo, ainda que cotidianamente se
brancas participar da luta antirracista criem rupturas e enfrentamentos a ele.
muitas vezes pode significar sobretudo Tornar-se uma pessoa branca antirracista
desaprender modos de pensar, agir, falar, ou falar em branquitude crítica é um
sentir, desejar, se perceber a si mesma de desafio árduo, que se constitui como um
maneira racializada e também de processo político e histórico. Mas
perceber “o Outro”. É um processo também é um caminho de justiça racial
complexo que passa por questionar o que possibilita encontros e aprendizagens
lugar de poder e vantagem estrutural que que o racismo interdita.

1
Uso a formulação de que a posição de Jota Mombaça, apresentada no Festival
aliadas(os) seja compreendida como uma Internacional de Teatro Palco & Rua em Belo
categoria instável a partir da performance A gente Horizonte no ano de 2018, como analisada por
combinamos de não morrer, de Cíntia Guedes e Victor Guimarães (2020).

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Dos sentidos do letramento racial escrever. Em sua tese ela opta por
crítico escrever o conceito em sua forma original
(Racial Literacy), traduzindo apenas seu
Ao pensar as possibilidades de práticas e significado.
discursos antirracistas a partir do meu
lugar racial no Brasil de mulher branca, A seguir analiso e dialogo com dois
me parece necessário analisar como a artigos sobre letramento racial crítico
categoria de letramento racial tem sido escritos por France Winddance Twine,
evocada como um passo e um exercício quem sistematizou o uso do termo
relevante na construção das enquanto um conjunto de práticas
possibilidades de antirracismo por individuais, pois os processos e
brancas(os). A partir das minhas conclusões a que a autora chega a partir
pesquisas, letramento racial tem sido uma das suas pesquisas de campo são
expressão utilizada em debates embasadoras para o sentido de letramento
contemporâneos sobre racismo e racial que desenvolvo aqui. Em A white
branquitude no Brasil há relativamente side of black Britain: The concept of
pouco tempo. Ao ler textos do início da racial literacy (2004) a partir das
década de 2010 letramento racial era uma pesquisas de campo que realizou ao longo
expressão rara de ser encontrada e de sete anos com famílias inter-raciais
atualmente seu uso tem se intensificado brancas e negras, Twine emprega o termo
tanto no debate nas universidades como racial literacy para se teorizar um projeto
em redes sociais e plataformas políticas. específico de antirracista branco. Tal
projeto antirracista, que acontece no
Articulo o letramento racial crítico por
âmbito familiar e privado, se refere às
parte de sujeitos que se beneficiam da
práticas e estratégias adotadas por pais e
condição de privilégio da branquitude
mães brancos para educar seus filhos não-
como um processo necessário ao
brancos sobre o racismo.
reconhecimento da complexidade e
capilaridade dos racismos e Esse artigo é relevante pois o
consequentemente, para a construção e desenvolvimento de determinadas as
exercício de práticas antirracistas. habilidades sociais por parte dos pais e
A primeira vez que ouvi a expressão mães brancos, independente se o sujeito
“letramento racial” foi ao ler a tese de branco esteja ou não em um
doutorado de Lia Vainer Schucman relacionamento inter-racial ou que tenha
(2012). Schucman, a partir do conceito de filhas(os) não brancas, provoca
Racial Literacy, como formulado mudanças nos processos de subjetivação
originalmente por France Winddance das pessoas brancas. As práticas e
Twine (2004), apresenta e utiliza tal comportamentos se referem à 1)
conceito para refletir sobre possíveis reconhecer o racismo e conversar sobre
fissuras entre a brancura e a branquitude esse problema, 2) procurar socialmente
e formas de desconstruir o racismo por sair de um isolamento branco e
sujeitos brancos. estabelecer relações com pessoas negras
em condições de igualdade, isto é, estar
Racial Literacy em inglês significa em ambientes com interações sociais em
literalmente “alfabetização racial”. que a pessoa branca não esteja na posição
Entretanto, concordo que a escolha da de dominante e a pessoa negra
palavra letramento seja mais adequada subordinada à ela e 3) deslocar a
que alfabetização pois este aprendizado hegemonia visual-simbólico-afetiva
está para além das habilidades de ler e brancocêntrica e ter contato cotidiano

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com referências visuais e culturais que famílias inter-raciais aprendem a
mostrem a diversidade e complexidade diferenciar entre a branquitude e a
das culturas negras de maneira não supremacia branca, compreendida esta
estereotipada são elementos importantes como um projeto racial, uma ideologia,
para a formações de sujeitos brancos uma linha divisória e uma posição de
antirracistas. vantagem estrutural?”. O artigo foca
principalmente nos membros brancos das
Em relação ao meu próprio despertar para famílias inter-raciais entre negra(os) e
o racismo como uma jovem mulher brancas(os) que foram classificados -
branca, forjar um reconhecimento mais pelas autoras - como tendo alcançado
complexo do racismo, aprender um letramento racial e que tentam
vocabulário para falar sobre racismo e arduamente distinguir os significados do
branquitude com pessoas próximas, racismo e da sua branquitude nas suas
procurar frequentar ambientes de maioria vidas privadas.
negra e ter contato com a produção
cultural de pessoas negras na literatura, Sua definição é a seguinte:
artes visuais, cinema ou economia foi
uma busca e um processo fundamental Letramento racial é um conjunto de
para o início de um processo de práticas. Pode ser melhor
letramento racial pessoal. E além disso, caracterizado como uma “prática de
com a especificidade do momento leitura”, uma maneira de perceber e
histórico e político no Brasil de 2021 e na responder ao contexto racial e às
universidade pública cada vez mais estruturas raciais que os indivíduos
enegrecida em função das políticas de encontram. […] Incluem o seguinte:
cotas, a questão e o conflito racial
emerge, como assuntos centrais em 1) O reconhecimento do valor
muitos campos do conhecimento e da simbólico e material da Branquitude;
produção artística.
2) A definição de racismo
Em outro artigo, cujo título poderia ser O como um problema social atual e não
hiato entre brancos e branquitude: como um legado histórico;
intimidade inter-racial e letramento
racial2, France Twine e Amy Steinbugler 3) O entendimento de que
(2006) desenvolvem, ampliam e identidades raciais são aprendidas e
são resultados de práticas sociais;
sistematizam em detalhes o conceito de
letramento racial. Através de dois
4) Possuir uma gramática racial
projetos etnográficos extensos que e um vocabulário que facilitem a
envolveram 121 casais homo e discussão sobre raça, racismo e
heterossexuais inter-raciais do Reino antirracismo;
Unido e do leste dos Estados Unidos, as
autoras demonstram como pessoas 5) A capacidade de traduzir
brancas, através da intimidade em uma (interpretar) códigos raciais e
relação inter-racial, podem adquirir uma práticas racializadas;
lente crítica analítica, designada como
letramento racial. 6) Analisar as maneiras pelas
quais o racismo é mediado por
A pergunta chave do artigo é “Como desigualdades de classe, hierarquias
pessoas brancas em relacionamentos e de gênero e heteronormatividade.
2
Tradução nossa. Artigo sem tradução no Brasil.

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(TWINE; STEINBUGLER, 2006, enquanto branca(o) e os privilégios
p.344, grifos das autoras) 3 raciais decorrentes disso; a insistência na
inocência racial; a adoção de uma
A dimensão de letramento racial como
perspectiva de cegueira racial (color-
uma prática que se desenvolve no dia a
blindness), isto é, que não vê como a raça
dia dessas famílias em uma escala
influencia e determina comportamentos;
microcultural é exemplificado por meio
não educar seus filhos negros a se
dos estudos de casos analisados. Os casos
protegerem do racismo, visto como um
demonstram que o sujeito branco passa a
problema estrutural; ser incapaz de
perceber a si mesmo como uma pessoa
mudar suas lentes e colocar sua posição
racializada como branca e como a
racial no centro da análise, ao ser membro
condição da branquitude lhe confere
de uma família inter-racial; não refletir
vantagens, mesmo comparadas a pessoas
criticamente sobre sua própria
negras com mesmo nível econômico.
racialização ou conseguir se localizar em
Também aprendem a enxergar as
uma estrutura racial mais ampla e não
variadas manifestações de racismo
modificar comportamentos, estilo de vida
cotidiano que antes não viam, assim
e se manter agarrados em uma zona de
como percebem que branquitude pode ser
conforto branca.
algo positivo ou negativo (com ativos e
passivos) dependendo do contexto
geográfico e demográfico em que está e A partir desses dois artigos,
como isso se intersecciona com classe compreendemos que são variados os
social, orientação sexual, idade, nível de fatores que podem contribuir ou não para
instrução e origem. que pessoas brancas em relações inter-
raciais desenvolvam ou não letramento
Contudo, a percepção de que a pessoa racial e mudem sua percepção sobre
branca tenha desenvolvido letramento racismo e consequentemente, o modo
racial não é a tônica da maioria das como se colocam a partir de seu lugar de
famílias inter-raciais e apesar de que o privilégio racial em sua vida pública e
foco do artigo seja evidenciar as privada. São muitos os “pontos de
estratégias, percepções e deslocamento virada” que fazem com que pessoas
de brancas(os) que adquiriram letramento brancas mudem sua forma de ver o
racial, há também a análise do caso de mundo racializadamente e criem fissuras
uma mulher que não desenvolveu e rasuras nos pactos narcísicos da
letramento racial. O não branquitude (BENTO, 2002) ou que se
desenvolvimento de letramento racial mantenham em uma zona de conforto
pode se manifestar nos seguintes padrões branca. Nesse sentido, desenvolver
de comportamentos e reflexões, dentre letramento racial no sentido trabalhado
eles: a inabilidade de analisar sua posição por Twine e Steinbugler significa
em uma estrutura social racializada, ou adquirir letramento racial crítico e
seja, perceber sua condição racial antirracista. Parece-me necessário
3
No original em inglês: “Racial literacy is a set identities are learned and an outcome of social
of practices. It can best be characterized as a practices; 4) the possession of racial grammar and
“reading practice” - a way of perceiving and a vocabulary that facilitates a discussion of race,
responding to the racial climate and racial racism, and antiracism; 5) the ability to translate
structures individuals encounter. […] include the (interpret) racial codes and racialized practices;
following: 1) a recognition of the symbolic and and 6) an analysis of the ways that racism is
material value of Whiteness; 2) the definition of mediated by class inequalities, gender
racism as a current social problem rather than a hierarchies, and heteronormativity.” Livre
historical legacy; 3) an understanding that racial tradução nossa.

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acrescentar mais duas palavras, superioridade e a hegemonia branca em
explicitando o projeto a que se liga tal sua dimensão política, cultural, estética,
letramento racial. Quando uma pessoa simbólica e geográfica. Quando pessoas
branca reproduz o racismo e não percebe brancas cometem atos racistas na
seu lugar racial, significa que ela possui presunção de impunidade ou quando o
um tipo de letramento racial, mas em Estado legitima e incentiva o genocídio
termos racistas. Afirmar que alguém não de pessoas negras e indígenas, significa
possui letramento racial por si só, como que essas pessoas e as instituições são
se letramento racial se referisse letradas racialmente em uma gramática
necessariamente à práticas antirracistas, racista. Quando a polícia militarizada
pode corroborar para a concepção de que mata pessoas negras significa que essa
o racismo, tal como o conhecemos, não instituição é muito bem letrada
seja também um habilidoso e perverso racialmente, mas em um paradigma
projeto de letramento em sua dimensão racista. O que significa compreender os
prática e discursiva. discursos racistas vigentes também como
projetos de letramento raciais em curso e
Essa diferenciação me pareceu necessária que são atualizados cotidianamente.
sobretudo depois de assistir online à
masterclass ministrada por Júlio Tavares Desenvolver letramento racial
intitulada Letramento racial no campo antirracista é um processo individual,
audiovisual. Nessa palestra Tavares ao mas que só é possível em relação.
discorrer sobre letramento racial a partir Entretanto, letrar-se racialmente não é
de uma abordagem anticolonialista em um caminho pronto, pavimentado, bem
diálogo com Frantz Fanon, realiza a sinalizado e com um destino seguro. É
distinção entre um projeto de letramento um caminho que demanda imaginação
racial libertador de um letramento racial política, escuta ativa, observação e
restaurador e colonial. Ao ampliar a comprometimento para entender de que
compreensão de letramento enquanto ponto se parte e onde se está. Se
uma prática pedagógica que pode servir a pensamos que o objetivo da luta
diferentes propósitos, Tavares afirma: antirracista é abolição da raça como uma
O letramento ele vai operar sempre, categoria que hierarquize grupos
ele é a forma de alfabetizar, a forma humanos, provavelmente minha geração
de tornar possível em uma não chegará nesse destino. Em sendo
linguagem pedagógica o processo lida(o) como branca(o) pela sociedade e
seja de libertação ou um processo de racializada(o) como tal, desenvolver
dominação. [...] Nós temos que letramento racial é uma ferramenta
interromper as blindagens cognitivas importante na luta antirracista e que
que foram promovidas pelo demanda um constante revisão,
letramento colonial e promover este
deslocamentos, conflitos e desconfortos.
letramento racial libertário,
emancipador, descolonizar.
Reconhecer como que a maioria das
(TAVARES, 2020)4 pessoas brancas são educadas para
produzirem e reproduzirem o racismo é
A manutenção do racismo demanda a um passo importante, que muda a
atualização dos projetos de letramento maneira como olhamos o mundo e
racial que naturalizam e normalizam a percebemos o nosso lugar racial.
supremacia, o paradigma de Entretanto, não é suficiente. Desenvolver
4
O trecho transcrito aconteceu gravado. Importante ressaltar que a fala transcrita
aproximadadamente em 1h39min do video decorre da oralidade em uma relação virtual.

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letramento racial é um processo que mudem ou arraiguem suas práticas no
nunca termina. Talvez não haja um Brasil têm contornos com algumas
suficiente. Nós brancas(os) talvez nunca semelhanças em relação às pesquisas
estaremos suficientemente letrados para conduzidas nos EUA e Reino Unido, mas
não reproduzir o racismo em algum também enfrenta outros desafios
momento, em alguma esfera. Não há culturais, ficcionais e sociais. O
cartilha ou manual que possa dar conta desenvolvimento de letramento racial
disso, mas é a partir do paradoxo e das antirracista daqui do Brasil demanda
contradições que talvez seja necessário léxico e sotaques próprios, pois os fiéis
comprometer-se cotidianamente com escudeiros da branquitude são outros,
uma outra forma de estar no mundo. sejam a mestiçagem (SOVIK, 2009, p.
15), a meritocracia, o isolamento e
Se a branquitude representa um lugar
segregação racial e outros que ainda não
hegemônico de privilégio e vantagem em
tem nome, mas cumprem funções
um contexto de violência e desigualdade
parecidas. Letramento racial antirracista
de poder, o desenvolvimento do
é um tema que ainda demanda muita
letramento racial antirracista para
pesquisa empírica de campo, assim como
sujeitos racializados como brancos
no âmbito da crítica cultural, para que
apresenta ferramentas práticas e teórico-
possamos compreender localmente e no
analíticas que podem ser necessárias na
tempo presente os significados mutantes
tentativa de forjar outros processos de
das dinâmicas de resistência ou
subjetivação para esse grupo. O lugar de
deslocamento em relação à
pertencimento ao grupo opressor é um
presunção/negociação/revogação da
ponto de conflito, desconforto e
“dominância branca” (RANKINE, 2020).
autocrítica que brancas(os) antirracistas
precisam rever e negociar. Como afirma Compreender a complexidade desse
Lourenço Cardoso ao salientar os ponto me parece importante, pois na
conflitos do branco antirracista: minha vivência é muito comum ouvirmos
[...] a branquitude crítica segue mais pessoas brancas progressistas dizerem
um passo em direção à reconstrução frases do tipo: “Eu não posso falar de
de sua identidade cultural com vistas racismo porque esse não é meu lugar de
à abolição do seu traço racista. A fala”. Como se o racismo apenas existisse
primeira tarefa talvez seja uma em sua dimensão de violência, morte,
dedicação individual cotidiana e, extermínio, desigualdade referentes a
depois, a insistência da crítica e pessoas negras e indígenas. Como se que
autocritica quanto aos privilégios do o lucro, o capital acumulado e o
próprio grupo. (CARDOSO, 2008, p.
privilégio racial à que pessoas brancas
177)
têm acesso não fosse decorrente dessa
Nesse sentido, o letramento racial mesma hierarquização de pessoas negras,
antirracista nos oferece ferramentas para indígenas ou de outros grupos
um exercício crítico e autorreflexivo subalternizados pelo racismo. Se há
sobre o lugar racial. Desenvolver exploração de um lado, há lucro do outro.
letramento racial no sentido de Só existe privilégio branco porque há
transformação de práticas cotidianas e desprivilégio para não brancos. Ou seja,
estruturais do grupo racial branco em política e historicamente o racismo é e
uma perspectiva antirracista varia de tem sido um lugar de fala que pessoas
acordo com o contexto social e o tempo brancas ocupam na posição de
histórico. Os desafios e as arapucas para beneficiários e “ser um/a branco/a
que pessoas racializadas como brancas antirracista incide sobre a criticidade dos

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sujeitos em relação a sua posição solidariedade branca, que é bastante
racialmente privilegiada e a propensão à extensa em sua territorialidade. São
desconstrução, à destruição objetiva processos contínuos e envolvem modos
desse lugar.” (LOPES, 2016, p. 232). de subjetivação complexos, com
nuances, tropeços, arapucas, assim como
Entretanto, no momento em que nós, ressentimento a ser analisado, como
pessoas brancas, que nos despertamos há podemos ver no discurso branco de
relativamente pouco tempo para o extrema-direita atualmente.
racismo e estamos começando um
processo de letramento racial crítico, é Meu objetivo ao apresentar o conceito, as
importante termos em vista que também possíveis práticas e os enfrentamentos
precisamos nos responsabilizar pelo que um processo de letramento racial
nosso próprio letramento. Com isso crítico demanda para pessoas brancas, é
quero dizer que ao buscarmos acessar principalmente ampliar o vocabulário
outros referenciais epistêmicos e para que possamos reconhecer os
desenvolvermos um repertório intelectual significados múltiplos que decorrem do
e cultural antirracista, é preciso em pertencimento a esse grupo racial (que é
paralelo desenvolver cuidado, atenção e heterogêneo e distinto) e
escuta para não criar ou reproduzir uma consistentemente realizar deslocamentos
expectativa branca de que pessoas negras e fissuras na supremacia branca política,
ou indígenas estarão dispostas, com econômica e social.
tempo e desejo para nos educar ou letrar
racialmente. A categoria de letramento racial crítico
tem sido evocada enquanto uma
Ser consciente do racismo, reconhecer os estratégia para articular práxis
privilégios sua própria e relacional antirracista no tempo presente. Mas é
branquitude, ser politicamente correto importante lembrar que a circulação e
não evitam que o racismo permaneça e se divulgação deste conceito não inaugura a
reproduza, mas talvez seja um primeiro luta antirracista ou uma nova práxis.
pequeno passo. Pois como disse Claudia Muito já se pensou, escreveu e lutou
Rankine, ao referir-se ao seu contra o racismo antes desta formulação.
companheiro, que é um homem branco Letramento racial, nesse sentido, pode ser
ciente dos privilégios a que tem acesso compreendido como um esforço de
nos EUA por ser branco e possuidor de sistematização de práticas discursivas
um vocabulário que inclui o que se insurgem contra o racismo, tanto
reconhecimentos dos “privilégios na sua dimensão epistemicida, como
brancos”, da “fragilidade branca”, da simbólica e letal.
“inocência branca”: “Não importa que
essa capacidade de se deslocar do padrão
da dominância do homem branco seja o Referências
privilégio. Não é possível escapar do
reino, do poder e da glória.” (RANKINE, BENTO, M. A. da S.; CARONE, I. Pactos
narcísicos no racismo: branquitude e poder
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Publicado em 2022-04-01

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