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Unidade I

RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS
E AFRODESCENDÊNCIA

Profa. Elaine Nunes


Objetivos gerais da disciplina

A disciplina Relações Étnico-raciais e Afrodescendência


pretende contribuir para:

 formar uma consciência crítica em relação às questões


étnico-raciais no Brasil;

 estudar as principais correntes teóricas brasileiras acerca


do tema de africanidades e relações étnico-raciais;

 sensibilizar para uma prática pedagógica que promova


a igualdade racial na sociedade.
Para refletir...

Negros e brancos são tratados igualmente em


nossa sociedade?

Negros e brancos possuem as mesmas oportunidades


de acesso à educação, ao emprego, à saúde e a outros
direitos sociais?

Afinal, somos um povo racista ou não?

Por que precisamos de uma lei que afirme que “o racismo


é crime inafiançável”?

E como podemos realizar uma educação das relações


étnico-raciais?
E então?

Percebe-se como questões complexas estão envolvidas com as


relações étnico-raciais?

 2011: Ano Internacional dos Afrodescendentes pela ONU


(Organização das Nações Unidas).

 Lei 10639/2003: inclui no currículo oficial de ensino a


obrigatoriedade da temática “História
e cultura afro-brasileira”.

 Nossa disciplina já é resultado desses movimentos!


1. Conceitos iniciais: a questão de raça e etnia

 O termo raça, devemos enfatizar, não se trata de diferenciar


biologicamente os seres humanos, uma vez que as vertentes
teóricas construídas a partir do século XVI foram superadas
pela perspectiva de que somos uma só raça, a humana.

 A palavra raça será tomada aqui a partir de uma perspectiva


sócio-histórica, segundo preconizam as Diretrizes
Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-
Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-brasileira
e Africana/2004.
1.1 O conceito de raça: construção social,
política e cultural

 Produzida no interior das relações sociais e de poder ao longo


do processo histórico.

 Não significa, de forma alguma, um dado da natureza:


contexto da cultura.

 Aprendemos a ser negros e brancos como diferentes na


forma como somos educados e socializados a ponto dessas
ditas diferenças serem introjetadas em nossa forma de ser
e ver o outro, na nossa subjetividade, nas relações sociais
mais amplas.
(Nilma Bentes, apud Kabengele
Munanga e Nilma Lino Gomes, 2006)
1.2 Conceito de etnia

 Trata-se de uma concepção que compreende as relações


sociais estabelecidas entre sujeitos que, entre outras
coisas, se reconhecem possuidores de uma origem comum,
em contraste com outros integrantes de grupos diferentes
na sociedade abrangente.

 “Um grupo possuidor de algum grau de coerência e


solidariedade, composto por pessoas conscientes, pelo
menos em forma latente, de terem origens e interesses
comuns. [...] uma agregação consciente de pessoas unidas ou
proximamente relacionadas por experiências compartilhadas.”
(Dicionário de Relações Étnicas
e Raciais apud Cashmore, 2000, p. 196, grifo nosso)
1.2 Conceito de etnia

Implica posicionamento, pertencimento, opção, escolha,


autodenominação do sujeito, tendo por referência determinado
grupo étnico. Portanto, a atribuição de pertence a determinado
grupo étnico pode ser:

 Endógena: parte do próprio sujeito, devendo ser


necessariamente a decisão de pertencimento dela.

 Exógena: quando os significados atribuídos partem


de outros grupos.
Entendendo a etnicidade

 “Noção de saliência ou realce [...] exprime a ideia de que a


etnicidade é um modo de identificação em meio a possíveis
outros: ela não remete a uma essência que se possua, mas a
um conjunto de recursos disponíveis para a ação social. De
acordo com as situações nas quais ele se localiza e as
pessoas com quem interage, um indivíduo poderá assumir
uma ou outra das identidades que lhes são disponíveis.”
(POUTIGNAT e STREIFF-FENART, 1998, p. 166, grifo nosso)
O conceito de etnia: principais
aspectos da identidade étnica

 Atribuição categorial (processo sócio-histórico): os atores


identificam-se ou são identificados pelos outros
(endógena ou exógena).

 Dimensão relacional e de fronteira (processo político): implica


a dicotomização nós/eles.

 Origem comum (processo simbólico): necessidade dos atores


de demonstrarem uma ancestralidade com o seu grupo étnico
por meio de símbolos identitários.

 Realce ou saliência (processo dinâmico): possibilidade dos


sujeitos se posicionarem conforme a situação de
interação social na qual se encontram.
Interatividade

Os conceitos de raça e etnia são essenciais para o estudo das


relações étnico-raciais. Assim, de acordo com nossos estudos,
quais os conceitos de raça e etnia?

a) Raça equivale a pessoas de cor parda e etnia são


considerados os negros.
b) Raça é a condição apenas do não negro e etnia são situações
compulsórias dos pardos.
c) Raça simboliza a luta contra toda forma de racismo e
discriminação e etnia requerem uma escolha, posicionamento,
daquele que pretende fazer parte de um grupo.
d) Raça é uma perspectiva política partidária e etnia é um
processo jurídico-administrativo.
e) Raça simboliza o poder do branco e etnia representa
os conflitos entre os indígenas.
Resposta

Os conceitos de raça e etnia são essenciais para o estudo das


relações étnico-raciais. Assim, de acordo com nossos estudos,
quais os conceitos de raça e etnia?

a) Raça equivale a pessoas de cor parda e etnia são


considerados os negros.
b) Raça é a condição apenas do não negro e etnia são situações
compulsórias dos pardos.
c) Raça simboliza a luta contra toda forma de racismo e
discriminação e etnia requerem uma escolha, posicionamento,
daquele que pretende fazer parte de um grupo.
d) Raça é uma perspectiva política partidária e etnia é um
processo jurídico-administrativo.
e) Raça simboliza o poder do branco e etnia representa
os conflitos entre os indígenas.
2. Relações étnico-raciais no Brasil

2.1 O racismo científico


 O racismo constitui-se em um processo de hierarquização,
exclusão e discriminação contra um indivíduo ou toda uma
categoria social que é definida como diferente com base
em alguma marca física externa (real ou imaginada), a qual
é ressignificada em termos de uma marca cultural interna
que define padrões de comportamento.

Os cinco principais pressupostos do racismo:


 Hierarquização, inferiorização, preconceito,
discriminação e desigualdade.
Os cinco principais pressupostos do racismo

1. Hierarquização: a doutrina racialista prevê a existência de


raças humanas, com diferentes qualidades e habilidades.
2. Inferiorização: uma vez que os seres humanos são colocados
de forma hierárquica, uns serão considerados superiores aos
outros, criando a inferiorização de certos grupos.
3. Preconceito: de qualquer tipo, é sempre uma atitude negativa
em relação a alguém. Diríamos mais: é uma atitude
antecipada e desfavorável contra um grupo.
4. Discriminação: quando ocorre uma ação, uma manifestação,
um comportamento de forma a prejudicar alguém.
5. Desigualdade: é um sistema de desigualdades de
oportunidades, que podem ser verificadas a partir de dados
estatísticos.
2.2 O racismo à brasileira

 História do Brasil: sociedade hierarquizada e autoritária.

 Heranças do Brasil colonial: brancos como colonizadores;


índios como população original; negros como escravos.

 Processo de estigmatização das raças na construção da


identidade nacional.

 A mistura de raças no Brasil era vista como um elemento


negativo que explicaria, inclusive, o porquê de nossas
mazelas sociais, de nosso fracasso político e de nossa
dependência econômica.
2.2 O racismo à brasileira e o
mito da democracia racial

 1933: Gilberto Freyre, em “Casa-Grande & Senzala”, falava


sobre as elites nordestinas e fazia de seu modelo
antropológico um exemplo de identidade. Retomava a
convivência das três raças (índios, africanos e portugueses).

 Em sua obra permaneciam intocados os conceitos de


superioridade e inferioridade, assim como não descrevia
a violência do período escravocrata. A miscigenação
como sinônimo de tolerância.

 Suposta “convivência harmoniosa” entre as três raças: força


e estatuto de uma ideologia dominante.
Afinal, o que é o racismo?

 Biologicamente, não existem raças, somos uma só:


a raça humana!
 Raça é um conceito político.

O racismo pressupõe:

 hierarquização;
 inferiorização;
 preconceito;
 discriminação;
 desigualdade.
Interatividade

Em 2011 definiu-se como Ano Internacional dos


Afrodescendentes. Qual foi considerada uma das principais
intenções para esse lançamento?

a) Desconstruir o mito da democracia racial.


b) Promover um debate entre os países desenvolvidos sobre as
diversas formas de racismos.
c) Despertar na comunidade internacional o interesse em
ampliar os direitos fundamentais aos afrodescendentes.
d) Combater toda forma de apartheid nos países africanos.
e) Fazer um levantamento estatístico em âmbito mundial sobre a
condição social e econômica dos afrodescendentes.
Resposta

Em 2011 definiu-se como Ano Internacional dos


Afrodescendentes. Qual foi considerada uma das principais
intenções para esse lançamento?

a) Desconstruir o mito da democracia racial.


b) Promover um debate entre os países desenvolvidos sobre as
diversas formas de racismos.
c) Despertar na comunidade internacional o interesse em
ampliar os direitos fundamentais aos afrodescendentes.
d) Combater toda forma de apartheid nos países africanos.
e) Fazer um levantamento estatístico em âmbito mundial sobre a
condição social e econômica dos afrodescendentes.
3. A condição dos afrodescendentes
na sociedade brasileira

 Dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística):


censos a cada 10 anos, um levantamento completo sobre
cada família brasileira.

 PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios):


anualmente, seleciona apenas uma amostra dos domicílios
brasileiros para um levantamento parcial.

 Ambos trazem uma visão bastante representativa de nosso


país e são importantes recursos para que sejam elaboradas
políticas públicas que encontrem as melhores soluções
para nossos principais problemas sociais.
3. A condição dos afrodescendentes
na sociedade brasileira

Dados do IBGE:

 Autodenominação de cor/raça nos levantamentos censitários


brasileiros, o próprio entrevistado escolhe entre branco,
preto, pardo, amarelo ou indígena.

 Pelos dados preliminares do Censo 2010, já somos mais de


190 milhões de brasileiros.

 Entretanto, quando o assunto é a igualdade social entre


brancos e negros, os números são bastante desoladores
e o país ainda precisa melhorar muito em distribuição
equitativa de direitos e oportunidades.
3.1 A questão da autoidentificação racial nos
levantamentos brasileiros

 Lilia M. Schwarcz (2001) analisou o levantamento de 1976 do


IBGE, no qual segmentos da população brasileira
autoatribuíram-se sendo de 136 cores diferentes. A relevância
da pesquisa é importante para demonstrar as múltiplas
representações do brasileiro em relação à sua cor.
Distribuição racial brasileira

 Distribuição racial no Brasil em 2008 (porcentagem):

Fonte: livro-texto
As diferenças regionais

Distribuição racial por região brasileira, em 2009 (porcentagem):

Fonte: PNAD
3.2 Distribuição racial brasileira, desenvolvimento
econômico e desigualdades no mercado de trabalho

Produto Interno Bruto per capita (em R$) por regiões brasileiras,
em 2008:

Fonte: IBGE

 Desenvolvimento econômico: distribuição do PIB por regiões.


Distribuição de renda: o fosso social no Brasil

Distribuição do rendimento familiar per capita segundo


cor/raça:

Fonte: IBGE, Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios 1998/2008. (1) Exclusive a população
rural de Rondônia, Acre, Amazonas, Roraima, Pará e Amapá.
3.3 Desigualdade racial no sistema educacional

 “De acordo com os dados [...], a taxa de analfabetismo entre


negros e pardos, a partir de 15 anos de idade, é de 13,3% para
os negros e de 13,4% para os pardos. Entre os brancos, esse
número fica em 5,9%. A população branca de 15 anos ou mais
tem, em média, 8,4 anos de estudo. Enquanto entre negros
e pardos a média é de 6,7 anos” (PNAD/2009).
Baixos salários

 Vale ressaltar também que as diferenças no mercado de


trabalho se revelam nos salários pagos a trabalhadores
com o mesmo grau de escolaridade.

 Negros, mesmo quando estudaram o mesmo número de anos


que brancos, ganham em média 20% a menos, em qualquer
nível de escolaridade ou posição hierárquica que seja.
Salvo exceções.
3.4 A questão de gênero e a condição
feminina da mulher negra

 População negra no Brasil: tripla desigualdade – social,


econômica e racial.

 Mulher negra: experimenta situações de exclusão,


marginalidade e/ou discriminação socioeconômica maiores
que as mulheres brancas e que os homens brancos e negros.

 Estatísticas apontam que a mulher negra ocupa os piores


índices, desempenham atividades desvalorizadas socialmente
e são tratadas de maneiras diferenciadas.

 Revisão: movimento de empoderamento das mulheres.


A saúde da mulher negra

 Em 1993, o risco relativo de morte de mulheres foi 7,4 vezes


maior nas negras (pretas/pardas) quando comparadas
com as brancas.

 Índices de óbito materno são mais elevados em mulheres


negras (pretas/pardas) do que em mulheres brancas.

 Quanto mais pobre, piores as condições de vida, menor o


acesso aos serviços de saúde. Por exemplo: pré-natal (6%
brancas, 12,8% negras – não realizaram); consequentemente,
maior o risco de doenças durante a gravidez e, portanto,
maior a incidência de mortalidade materna.
Famílias negras são quase 70% da população
moradora em favelas

 Distribuição de domicílios urbanos em favelas, segundo sexo


e cor/raça do chefe – Brasil (2007):

Fonte: PINHEIRO, Luana. et al. Retrato das Desigualdades de gênero e


raça. 3. ed. Brasília: Ipea; SPM;
UNIFEM, 2008, p. 28.
Entre as empregadas domésticas,
as mulheres negras são maioria

 Proporção das mulheres da raça negra na população total e


das mulheres das raças negra e parda na categoria de
trabalhadoras domésticas segundo as Grandes Regiões,
em 2008.

Fonte: IBGE, Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, 2008.


Interatividade

A partir da análise dos dados do IBGE apresentados, assinale a


alternativa correta:

a) Os dados do IBGE não mostram nenhuma correspondência


entre população, pobreza e cor/raça no Brasil.
b) As mulheres negras são, em sua maioria, mais excluídas
social e economicamente em relação às mulheres brancas e
aos homens brancos e negros.
c) Os negros são maioria entre a população mais rica do país.
d) Depois da abolição da escravidão, o negro deixou de ser
vítima de discriminação no Brasil.
e) No Brasil, vivemos a igualdade e a democracia racial.
Resposta

A partir da análise dos dados do IBGE apresentados, assinale a


alternativa correta:

a) Os dados do IBGE não mostram nenhuma correspondência


entre população, pobreza e cor/raça no Brasil.
b) As mulheres negras são, em sua maioria, mais excluídas
social e economicamente em relação às mulheres brancas e
aos homens brancos e negros.
c) Os negros são maioria entre a população mais rica do país.
d) Depois da abolição da escravidão, o negro deixou de ser
vítima de discriminação no Brasil.
e) No Brasil, vivemos a igualdade e a democracia racial.
4. Movimentos sociais e ações afirmativas:
é possível acelerar o processo de mudança?

Após tantos dados comprovando a condição desfavorável


em que se encontram os negros na sociedade brasileira,
você deve estar se perguntando: mas, afinal, será possível
reverter esse processo perverso?

 Pois a nossa tese é: sim, isso é possível!

 Vamos apresentar algumas dessas possibilidades, partindo


do Movimento Negro que, atualmente, luta contra o racismo e
por melhores condições aos afrodescendente, passando à
definição de ações afirmativas e suas principais implicações.
4.1 Movimento negro na luta contra o racismo: para
uma nova condição afrodescendente

Explicações ou motivos para a escravização e a condição


do negro

 “Durante o processo de colonização, os negros, por oferecerem


menos resistência à escravização que os indígenas.”

 “O negro, considerado preguiçoso, acomodado à sua condição


de escravo, o que fez com que permanecesse nela por
quase 400 anos.”

 “Os negros encontram-se nessa situação porque querem,


porque não têm competência para conquistar o que os
brancos conquistaram!”
Argumentos esdrúxulos

Para que a crítica que estamos realizando fique mais nítida, é


necessário que se reflita sobre os seguintes questionamentos:

 Será que alguém pode se acomodar diante da escravidão? A


história da resistência negra propositalmente esquecida
pelos historiadores.

 Será que o negro realmente “aceitou passivamente”


sua escravização?

 As desigualdades como reflexo de uma sociedade desigual.


O papel do movimento negro contemporâneo
na luta contra as desigualdades raciais no Brasil

 Reconhecer que a situação atual é resultado de um longo


processo histórico: período pré-abolicionista
(séculos XVI ao XIX).

 Promover melhores condições ao afrodescendente.

 Implantar as ações afirmativas.

 Ampliar e conscientizar a sociedade para tais questões.

 Afirmar veementemente que os africanos nunca foram


passivos ou acomodados. Eles eram escravizados.
Principais consequências do movimento negro

 Legislação penal: pune todo ato discriminatório, considerando


o racismo como crime inafiançável.

 Ações afirmativas, que visam a promover a igualdade de


oportunidades a grupos desfavorecidos socialmente.
A realidade pós-Lei 10639/2003

 Aprender uma outra história do Brasil.

 A lei torna obrigatório o ensino da história na perspectiva


africana e afro-brasileira.

 Para romper a discriminação contra o negro, torna-se


fundamental ensinar o outro lado da história!

 Incentivo à produção de material didático e pedagógico sobre


a história da África e dos negros no Brasil.
O que são as ações afirmativas?

 São entendidas como políticas públicas que pretendem


corrigir desigualdades socioeconômicas procedentes de
discriminação, atual ou histórica, sofrida por algum grupo de
pessoas. Para tanto, concedem-se vantagens competitivas
para membros de certos grupos que vivenciam uma situação
de inferioridade, a fim de que, em um futuro estipulado, essa
situação seja revertida. Assim, as políticas de ação afirmativa
buscam, por meio de um tratamento temporariamente
diferenciado, promover a equidade entre os grupos
que compõem a sociedade.
Mas o que buscam as ações afirmativas?

 Uma “reparação” às perdas de oportunidades vividas pelos


negros em consequência de políticas segregacionistas.

 Acelerar a inclusão social a curto prazo dessa população,


bem como a ascensão de minorias étnicas, raciais e sexuais.

 Seria, portanto, “remediar” uma situação


socialmente indesejável?

 Medida paliativa, transitória e, portanto, temporária.


Por que as ações afirmativas são
realmente necessárias?

 Assumir o “racismo institucional” presente no sistema social.

 Desmontar o “mito da democracia racial”.

 Promover uma “discriminação positiva”: facilidade temporária


para um acesso mais rápido aos direitos sociais básicos que
lhes foram, por tanto tempo, sistematicamente negados.

 A polêmica das cotas para negros em empresas e


universidades: sugerimos que aprofundem suas pesquisas
sobre esse assunto tão importante.
Interatividade

O movimento negro foi e continua sendo um elemento essencial


na conquista e na garantia de direitos fundamentais a essa
população. Sobre esse assunto, assinale a alternativa incorreta:
a) A principal consequência do movimento negro tem sido a
implantação de ações afirmativas.
b) Os quilombos podem ser considerados a maior expressão da
resistência negra na história do Brasil.
c) A história da resistência negra foi propositalmente esquecida
pelos historiadores e excluída dos livros escolares.
d) No Brasil, o racismo é considerado crime inafiançável pela
legislação vigente.
e) Não houve movimentos negros no Brasil até a abolição
da escravidão, em 1888.
Resposta

O movimento negro foi e continua sendo um elemento essencial


na conquista e na garantia de direitos fundamentais a essa
população. Sobre esse assunto, assinale a alternativa incorreta:
a) A principal consequência do movimento negro tem sido a
implantação de ações afirmativas.
b) Os quilombos podem ser considerados a maior expressão da
resistência negra na história do Brasil.
c) A história da resistência negra foi propositalmente esquecida
pelos historiadores e excluída dos livros escolares.
d) No Brasil, o racismo é considerado crime inafiançável pela
legislação vigente.
e) Não houve movimentos negros no Brasil até a abolição
da escravidão, em 1888.
ATÉ A PRÓXIMA!
Unidade II

RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS
E AFRODESCENDÊNCIA

Profa. Elaine Nunes


Objetivos gerais da unidade II

Abordaremos os seguintes assuntos:

 O antirracismo na Legislação Brasileira.

 Africanidades: alguns aspectos da história africana dos


negros no Brasil.

 Nosso objetivo é tratar primeiro sobre as legislações vigentes


no Brasil de combate ao racismo e de promoção da igualdade
racial e fazer uma busca histórica, a fim de compreender mais
profundamente as raízes de nosso racismo.
5. O antirracismo na legislação brasileira

Temos as leis mais modernas e avançadas do mundo:

 Constituição de 1988.

 ECA (8.069/1990).

 LDB (9.394/1996).

 Estatuto da Igualdade Racial (12.288/2010).

 Lei 10.639/2003 e Lei 11.645/2008.

 Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das


relações étnico-raciais e para o ensino de história e cultura
afro-brasileira e africana de 2004 – Parecer CNE 003/2004.
5.1 A carta maior: a Constituição Brasileira de 1988

 “Art 5º, XLII – A prática do racismo constitui crime inafiançável


e imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos
da lei.”

 Importante instrumento para a ampliação do alcance das


ações até então desenvolvidas pelo movimento negro.

 Autovalorização do movimento negro, com uma percepção


racionalizada de si mesmo e um discurso de enfrentamento da
violência, afirmação de pertencimento a esses determinados
territórios e um indiscutível orgulho racial.
5.2 Estatutos específicos: o ECA e o Estatuto da
Igualdade Racial

 Visam a proteger grupos de minorias, bem como promover


sua inclusão social e a garantia de acesso a direitos
fundamentais desses cidadãos.

 Segundo o Portal Brasil, “um estatuto é um regulamento ou


código com significado e valor de lei ou de norma”.
(Disponível em: http://www.brasil.gov.br)

 Alguns exemplos: Estatuto do Idoso, Estatuto do Índio,


Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e Estatuto da
Igualdade Racial.
5.2 Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA),
Lei 8.069, de 1990

 Art. 5º: “Nenhuma criança ou adolescente será objeto de


qualquer forma de negligência, discriminação, exploração,
violência, crueldade e opressão, punido na forma da lei
qualquer atentado, por ação ou omissão, aos seus
direitos fundamentais”.

 Crianças e adolescentes passam a ser tratados como


cidadãos de direitos.

 Consequência de intenso debate internacional: Declaração


Universal dos Direitos Humanos, em 1948; Declaração dos
Direitos da Criança, em 1959 (ONU), e Convenção
Internacional dos Direitos da Criança, em 1989 (ONU).
5.2 Estatuto da Igualdade Racial, Lei 12.288, de 20 de
julho de 2010

 Em maio de 2003, o senador Paulo Paim (PT-RS)


apresentou o projeto de lei do Senado que institui o Estatuto
da Igualdade Racial.

 No dia 20 de julho de 2010, o projeto foi aprovado com


emendas, validando, pela Lei 12288, o Estatuto da Igualdade
Racial.

 O documento versa sobre os principais direitos garantidos à


população afrodescendente no Brasil, bem como busca
combater toda forma de discriminação e intolerância étnica.
Principais pontos do Estatuto da Igualdade Racial

 Pena de até três anos para quem praticar racismo


pela internet.

 Incentivo à contratação de negros pelas empresas.

 Reconhecimento da capoeira como esporte.

 Reserva, nos partidos políticos, de 10% das vagas para


candidatos negros (atualmente, só há reserva para mulheres).

 Incentivar a obrigatoriedade de cotas nas universidades


públicas para alunos negros.
5.3 Leis e diretrizes educacionais

 Grande influência do ECA sobre os debates educacionais a


partir de sua publicação em 1990.

 Processos sociais de conquistas de direitos são lentos,


graduais e integrados.

 Resultado de amplo e longo debate entre


grupos e movimentos.

 A igualdade racial não pode ser encarada como uma


necessidade apenas do movimento negro, mas de todos os
brasileiros que buscam encontrar suas verdadeiras raízes
históricas e culturais e querem viver em uma sociedade
mais justa e igualitária.
Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB),
Lei 9.394, de 1996

 Art. 26, do cap. 2, § 4º “O Ensino de História do Brasil levará


em conta as contribuições das diferentes culturas e etnias
para a formação do povo brasileiro, especialmente das
matrizes indígena, africana e europeia”.

 Daí à aprovação da Lei 10639, de 2003, foi um passo,


garantindo a afirmação, o reconhecimento e a valorização dos
negros no quadro da diversidade da cultura brasileira.
Lei 10.639, de 2003

 Altera a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional e


inclui no currículo oficial da rede de ensino a obrigatoriedade
da temática “História e Cultura Afro-Brasileira”.

 Essa legislação consegue chamar a atenção das autoridades,


educadores e da sociedade para a importância da inclusão no
currículo escolar da perspectiva étnico-racial.

 Institui o dia 20 de novembro como o “Dia da Consciência


Negra”.
Parecer n. 003/2004

 Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das


Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura
Afro-Brasileira e Africana de 2004 – Parecer CNE (Conselho
Nacional de Educação) nº 003/2004.

 Traz orientações, informações e estratégias para a


implantação da Lei nº 10.639.

 Busca identificar as contribuições da Lei 10.639 para o


reconhecimento e a valorização da diversidade étnico-racial
brasileira, passo fundamental para uma sociedade de fato
igualitária e livre do racismo.
Plano Nacional de Implementação do Parecer 003/2004

 “Plano Nacional de Implementação das Diretrizes Curriculares


Nacionais para Educação das Relações Étnico-raciais e para
o Ensino de História e Cultura Afro-brasileira e Africana”,
de 13 de maio de 2009.

 Após 6 anos, o MEC, juntamente com a Subsecretaria


de Políticas de Ações Afirmativas da SEPPIR (Secretaria de
Políticas de Promoção da Igualdade Racial), toma a iniciativa
de publicar esse plano, visando a facilitar o processo de
implantação da Lei 10639/2003 em todas as escolas
brasileiras.
Interatividade

Avalie cronologicamente os seguintes documentos legais:

I. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional nº 9.394.


II. Constituição Brasileira de 1988.
III. Estatuto da Igualdade Racial.
IV. Lei nº 10.639.

A ordem cronológica correta para a publicação dessas


regulamentações legais é:

a) II – III – I – IV.
b) I – IV – II – III.
c) II – I – IV – III.
d) I – II – IV – III.
e) II – IV – III – I.
Resposta

Avalie cronologicamente os seguintes documentos legais:

I. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional nº 9.394.


II. Constituição Brasileira de 1988.
III. Estatuto da Igualdade Racial.
IV. Lei nº 10.639.

A ordem cronológica correta para a publicação dessas


regulamentações legais é:

a) II – III – I – IV.
b) I – IV – II – III.
c) II – I – IV – III.
d) I – II – IV – III.
e) II – IV – III – I.
6. Africanidades: alguns aspectos da história africana
dos negros no Brasil

As questões históricas são fundamentais


para compreendermos:

 Africanidades brasileiras, processo de colonização brasileira,


as raízes de nossa construção nacional e os fundamentos de
nosso racismo velado.

 A expressão africanidades brasileiras refere-se às raízes da


cultura brasileira que têm origem africana.
6.1 O conceito de africanidades

 Processo de valorização e resgate da história e da cultura


africana e afro-brasileira, a fim de desfazer os estereótipos
raciais construídos pelos grupos dominantes.

 Reconstrução histórica, por meio de uma perspectiva


diferente daquela que temos aprendido em nossas escolas,
que perceba toda a ampla contribuição dos africanos na
formação do Brasil.
6.2 Heranças coloniais e formação de um país
chamado Brasil

Contexto histórico – século XVI:

 Colonização do Brasil – iniciativa política


da monarquia portuguesa.

 Empresa capitalista – patrocinada pela então


burguesia comercial.

 Projeto capitalista ambicioso – fazer essa empresa crescer e


ser o mais lucrativa possível.

 Capitalismo comercial – monopolista e manufatureiro (envio


de matérias-primas à Europa).
Alguns mitos sobre a formação do Brasil

 Nossos problemas atuais estão diretamente ligados ao tipo de


população que foi enviada para o Brasil naquele momento.

 Para povoar um país-continente como o nosso, foram


mandados para cá os “piores cidadãos”, portugueses,
indesejados na Europa, como os ladrões, bandidos,
vagabundos, prostitutas e desocupados de todo tipo – é o que
queríamos que acreditássemos.

É por isso que nosso país “não deu certo”...???


Como assim? Pense conosco...

 Éramos a empresa mais rentável para Portugal na época.

Alguém mandaria para o comando de sua empresa pessoas


desqualificadas, desonestas e incapazes?

Algum empresário, em sã consciência, seria leviano o bastante


para entregar seu negócio a bandidos e vagabundos que
levariam tudo a perder?

 Claro que não!


A incumbência de fazer esse país-continente
crescer e dar lucro

 Homens e mulheres passam a ser enviados ao Brasil.

 Esse país-continente deveria fornecer riquezas o bastante


para sustentar os luxos e as extravagâncias da Família Real e
sua aristocracia.

 Além disso, era preciso pagar os investimentos feitos pela


então burguesia na empresa colonial.

 Os portugueses começaram a explorar de todas as formas o


território brasileiro, retirando de nossos solos e florestas
todas as matérias-primas que tivessem algum valor no
mercado capitalista europeu.
A dinâmica de uma colônia de exploração

 No início, era a extração do pau-brasil.

 Portugueses em pequeno número em relação à população


indígena, que era de 5 milhões, em 1500.

 Convivência possível entre portugueses e índios até 1530.

 Depois do extrativismo, a agricultura.

 Escassez de mão de obra e de terras: conflito


com tribos indígenas.

 Na guerra dos portugueses com os índios,


milhões de índios foram dizimados.
A solução, escravos africanos!

 Problema: a falta de mão de obra numerosa para a exploração


de terras tão extensas.

 Solução: escravização de africanos, vindos de Angola


e do Congo.

 Como os portugueses já dominavam a arte das navegações,


não foi difícil forçar populações africanas a se transferirem
para o Brasil, submetendo-os a uma das condições de vida e
trabalho desumanas.
Interatividade

Quando tratamos sobre a formação do Brasil, todas as


afirmações são verdadeiras, exceto:

a) O Brasil foi a maior empresa colonial de Portugal.


b) A colonização do Brasil já estava inscrita no contexto do
capitalismo moderno.
c) A exploração de matérias-primas no Brasil seria o início
dessa empreitada colonial.
d) A agricultura exigiu grandes números de mão de obra e
extensões de terra.
e) Para a colonização do Brasil, foram enviados para nosso
território os cidadãos indesejados na Europa,
como ladrões ou desocupados.
Resposta

Quando tratamos sobre a formação do Brasil, todas as


afirmações são verdadeiras, exceto:

a) O Brasil foi a maior empresa colonial de Portugal.


b) A colonização do Brasil já estava inscrita no contexto do
capitalismo moderno.
c) A exploração de matérias-primas no Brasil seria o início
dessa empreitada colonial.
d) A agricultura exigiu grandes números de mão de obra e
extensões de terra.
e) Para a colonização do Brasil, foram enviados para nosso
território os cidadãos indesejados na Europa,
como ladrões ou desocupados.
6.3 Diáspora e travessia dos escravizados

 1550 – começam a chegar ao Brasil os primeiros


africanos escravizados.

 Em mais de 3 séculos – cerca de 3,6 milhões de pessoas


foram trazidas ao Brasil para o trabalho escravo.

 Isso representava um terço da população africana da época.

 Verdadeira diáspora: deslocamento separou e alterou


culturas, línguas, costumes, religiões etc.
As raízes de nossa sociedade
hierarquizada e autoritária

 Foram quase 4 séculos de escravidão.

 Crença na existência dos escravos como categoria natural,


ou seja, na existência de seres humanos que nasceram
escravos na África.

 Naturalização da ideia de servidão e senhorio.

 Roberto DaMatta: “cada coisa tem um lugar e cada lugar tem


uma coisa”: a ausência de valores igualitários.

 Lembre-se: nascemos todos livres, até que algum sistema


nos escravize no decorrer de nossas vidas.
O constrangimento de seres humanos
à condição de objetos

 As condições deploráveis dos navios negreiros, das senzalas,


os castigos e os suplícios.

 Fatores capazes de acabar com qualquer resquício de


humanidade e dignidade que possa restar em uma pessoa.

 Outra forma de transformar seres humanos em coisas:


apagar definitivamente toda sua herança cultural e histórica,
sua origem e sua personalidade.

 Servus non habent personam: o escravo é um sujeito sem


corpo, sem antepassados, nomes ou bens próprios.
A importância da Lei 10.639/2003

 Os livros de História do Brasil também colaboraram para


“apagar” esse passado africano: ausência da perspectiva
africana e afro-brasileira.

 Importância de uma lei que obrigue esse


resgate histórico e cultural: promoção da igualdade
racial nas escolas e na sociedade.

 E nossa disciplina vem colaborar nesse sentido,


preparando professores para uma prática educativa
consciente e igualitária.
A transferência de pensamentos e tecnologias
africanas para territórios não africanos

 Vasta contribuição africana na formação do Brasil.

Vamos destacar apenas 3 aspectos:

1. No campo econômico: os negros como força de trabalho


não remunerada ajudando a construir as riquezas do país.

2. No campo demográfico: o elevado número de africanos


fizeram parte da população brasileira.

3. No campo cultural: influência linguística, religiosa; e no


campo das artes, seja por instrumentos musicais, ritmos,
danças.
Interatividade

Por que podemos afirmar que a Lei 10.639/2003 é um importante


instrumento na promoção da igualdade racial no Brasil?

a) Porque a herança cultural e histórica dos africanos no Brasil


foi completamente apagada ao longo dos séculos.
b) Porque devemos resgatar as africanidades, afirmando o valor
e as contribuições dos negros para a formação do Brasil.
c) Porque é necessário desfazermos os estereótipos raciais que
colocam o negro apenas como escravo na história do Brasil.
d) Porque a valorização da cultura afrodescendente contribui
para a representação positiva dos negros.
e) Todas as alternativas anteriores estão corretas.
Resposta

Por que podemos afirmar que a Lei 10.639/2003 é um importante


instrumento na promoção da igualdade racial no Brasil?

a) Porque a herança cultural e histórica dos africanos no Brasil


foi completamente apagada ao longo dos séculos.
b) Porque devemos resgatar as africanidades, afirmando o valor
e as contribuições dos negros para a formação do Brasil.
c) Porque é necessário desfazermos os estereótipos raciais que
colocam o negro apenas como escravo na história do Brasil.
d) Porque a valorização da cultura afrodescendente contribui
para a representação positiva dos negros.
e) Todas as alternativas anteriores estão corretas.
6.4 Resistência negra e o movimento abolicionista:
antes e depois da Lei Áurea

 Resistência passiva: ações não utilizam violência direta, como


recusa a trabalhar, trabalhos malfeitos, fugas e faltas.

 Resistência ativa: movimentos mais coletivos e violentos,


seja pela organização dos quilombos, seja por meio das
insurreições, guerrilhas, entres outros movimentos realizados
durante todo o regime escravista no Brasil.

 Importância de ambas as manifestações de resistência contra


a escravidão no Brasil: caráter extremamente conflituoso na
relação senhor/escravo.
Alguns exemplos de resistência negra
durante a escravidão

As revoltas urbanas:
 Revolta dos Alfaiates (Bahia, 1798).
 Cabanagem (Pará, 1835-1840).
 Sabinada (Bahia, 1837-1838).
 Balaiada (Maranhão, 1838-1841).

Os quilombos:
 Seu principal objetivo era a implantação de uma nova forma
de vida e organização social, diferente da estrutura política
colonial e escravista.
 Foram centenas de quilombos espalhados por todos os
estados do país, que tiveram duração mais curtas
ou continuam ativos até os dias de hoje.
A importância dos quilombos

Importante demonstração de que os negros pretendiam


construir no Brasil um outro modelo de associação
entre os homens:

 Aberta a todos que pudesse desmontar


a estrutura escravocrata.

 Implantação de “uma outra forma de vida, uma outra estrutura


política na qual se encontraram todos os tipos de oprimidos”.
(MUNANGA, Kabengele; GOMES, Nilma Lino. “O Negro no Brasil de Hoje”.
São Paulo: Global, 2006, p. 71)
O abolicionismo como um movimento conservador

 Movimento organizado pela classe política da ocasião, que


procurou trazer poucos ou nenhum prejuízo aos senhores de
escravo nesse processo de “libertação”.

 A preocupação da elite da época era que a abolição se desse


de forma pacífica, sem sustos e nem revoluções.

 Daí as três grandes leis abolicionistas – Ventre Livre (1871),


Sexagenários (1885) e Áurea (1888) – terem sido muito mais
benefícios aos próprios senhores do que uma nova condição
à população negra.
A abolição como dissimulação de qualquer
processo de confronto

 Entretanto, a abolição foi-nos passada como um presente,


uma dádiva: “imagem de superação lenta, ordenada, gradual
e controlada pelo Estado”.

 Base para o “mito da democracia racial”: como se o processo


abolicionista tivesse sido capaz de acabar com todos os
conflitos anteriores existentes entre senhores e escravos e, a
partir da abolição, o país passasse a experimentar uma
relação cordial e amistosa entre essas classes.

 Ideologia da igualdade racial e da oportunidade


igual para todos.
O projeto nacional de branqueamento

 Falta de planejamento do poder público no sentido de


incorporar a mão de obra negra recém-liberta ao novo
mercado de trabalho nacional naquele momento.

 O projeto nacional de branqueamento: a Guerra do Paraguai


como estratégia de sucção de mão de obra negra (cerca de
90.000 negros morreram nessa guerra).

 Tática para branquear a população brasileira e também


justificar a política imigrantista, que trouxe para o Brasil
cerca de 4 milhões de imigrantes brancos a partir de 1808.
Movimentos negros pós-abolição

 1888 – Lei Áurea.

 Desigualdades sociais entre brancos e negros continuaram


a existir, mesmo após a “libertação” dos escravos.

 Libertação “na força da lei” – efeitos diretos na continuidade


da condição do negro.

 “Longo e árduo processo de construção de igualdade e de


acesso aos diversos setores sociais.”
(MUNANGA e GOMES, 2006, p. 107)
O processo de marginalização do negro

 Sem possibilidade de trabalho remunerado, os negros


“recém-libertos” acabaram se instalando nas periferias
das cidades, nas regiões mais pobres do Brasil.

 Somando-se a essa “periferização” das populações negras,


outras formas de exclusão se impuseram, devido a processos
discriminatórios e racistas.

 Esses e outros dados ainda são confirmados pelos


levantamentos estatísticos atuais.
As ideologias raciais: o alcance das políticas de
branqueamento no Brasil

 A ideologia racial do branco: “consciência social de


dominação, em que o próprio branco se representa
superior aos outros, isto é, com direito de dispor dos outros”.

 A ideologia racial do negro: “fundada numa relação de


inferioridade em face do branco, que detém presumivelmente
o poder, exprime uma consciência de submissão”.
(Octavio Ianni. “Raças e Classes Sociais no Brasil”.
Ed. rev. ampl. São Paulo: Brasiliense, 2004, p. 322-323)
Interatividade

A respeito do projeto nacional de branqueamento, assinale a


alternativa incorreta:
a) O Brasil procurava “apagar” seu passado escravista perante o
então mercado internacional.
b) Os movimentos de resistência negra estiveram diretamente
relacionados ao chamado abolicionismo, movimento que
culminou com a abolição da escravidão no Brasil.
c) A Guerra do Paraguai foi uma das táticas encontradas pela elite
política para a implantação desse projeto de branqueamento.
d) A vinda de milhares de imigrantes brancos para o Brasil
também era parte da estratégia de “branquear” a população
brasileira.
e) Esse projeto mostrou repercussões profundas nas ideologias
raciais presentes até hoje na sociedade brasileira.
Resposta

A respeito do projeto nacional de branqueamento, assinale a


alternativa incorreta:
a) O Brasil procurava “apagar” seu passado escravista perante o
então mercado internacional.
b) Os movimentos de resistência negra estiveram diretamente
relacionados ao chamado abolicionismo, movimento que
culminou com a abolição da escravidão no Brasil.
c) A Guerra do Paraguai foi uma das táticas encontradas pela elite
política para a implantação desse projeto de branqueamento.
d) A vinda de milhares de imigrantes brancos para o Brasil
também era parte da estratégia de “branquear” a população
brasileira.
e) Esse projeto mostrou repercussões profundas nas ideologias
raciais presentes até hoje na sociedade brasileira.
ATÉ A PRÓXIMA!
Unidade III

RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS
E AFRODESCENDÊNCIA

Profa. Elaine Nunes


Objetivos gerais da Unidade III

Nesta unidade, abordaremos os seguintes assuntos:

 A pedagogia da exclusão: imagens e representações do


negro no Brasil.

 Identidade, interação e diversidade: por uma educação cidadã.

 Nosso objetivo é retomar a questão dos estereótipos raciais,


passando à análise de imagens e representações do negro na
literatura e na mídia. Em seguida, traremos a discussão para o
campo da educação, a fim de pensarmos estratégias para uma
educação igualitária e não racista.
7. A pedagogia da exclusão: imagens e representações
do negro no Brasil

 Projeto nacional de branqueamento.


 Era preciso “apagar” tudo o que remetia ao
“nosso passado negro”.
 O mito da democracia racial.
 Nosso racismo se torna cada vez mais escamoteado,
escondido, escorregadio.
 Racismo à brasileira: uma ideologia cada vez mais difícil
de se detectar, desvendar e decodificar.
 Todos esses processos sociais continuam a marcar as
imagens e as representações feitas sobre o negro, seja por
parte da mídia, da literatura ou do ambiente escolar.
7.1 Imagens e representações do negro na literatura

 Monteiro Lobato: período pós-abolicionista.

Seus livros reproduzem os estereótipos do negro como


submisso e subserviente:

“Embora liberto, não poderia sobreviver sem a tutela do senhor,


pois era hereditariamente predisposto ao trabalho servil e
desprovido de qualquer autonomia enquanto pessoa.”
(Lúcia Maria de Assunção Barbosa, 2004, p. 56)
A polêmica do “livro proibido”, de Monteiro Lobato

 No final de 2010, o Conselho Nacional de Educação (CNE)


proibiu a distribuição nas escolas públicas do país do livro
“Caçadas de Pedrinho”, de Monteiro Lobato.

 Em suas descrições físicas de negros, os traços africanos


se comparam muito a de animais e recebem uma
conotação negativa.

 Representação do negro nos antigos livros didáticos.


O Oficial Negro – 1910

 “Oficial negro é
representado com
lábios extremamente
largos, orelhas
gigantes, animalizado.”

Fonte: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0103-21862013000200004&script=sci_arttext
O papel da literatura na permanência de estereótipos
dos negros

 Consideramos naturais algumas atitudes, piadas e ditos


populares de cunho preconceituoso.

 Derivam dessas ideias cristalizadas, expressões do tipo: os


“pretos de alma branca”, “tenho bons amigos pretos” e muitas
outras que se perpetuaram e criaram raiz em nossa sociedade
historicamente racista.

 A literatura assim é chamada de pedagogia da exclusão social:


reforça os estereótipos.
Imagens e representações do negro na mídia

 As personagens na televisão interpretadas por negros também


reproduzem os papéis tradicionais de
subserviência e servidão.

 Tais personagens ocupam as posições subalternas próprias


àqueles que estão em uma escala inferior da hierarquia social.
Internalização da ideologia do branqueamento

 Representações acabam sendo internalizadas pelos próprios


negros, em um processo bem sucedido de “aceitação passiva”.

“O inconsciente racial coletivo brasileiro não acusa nenhum


incômodo em ver tal representação da maioria do seu próprio
povo, e provavelmente de si mesmo, na televisão ou no cinema.”
(ARAÚJO, 2008, p. 984)

 “Naturalidade” na produção e na recepção dessas imagens.


Helio Santos e a metáfora da
“centopeia de duas cabeças”

“Com duas cabeças, imaginamos que ela possa mover-se em


sentidos opostos. Usamos essa alegoria para poder explicar
o que se dá no campo racial em nosso país. Em um sentido,
a sociedade, fortalecida pelos meios de comunicação, destila
seu racismo e constrói os seus preconceitos contra os negros
e seus valores. Os valores do negro são a sua cultura. Em um
sentido contrário, temos o próprio negro-descendente vindo
e assumindo (em sua cabeça), como se fosse verdade,
aquelas ideias armadas contra si.”
(SANTOS, 2001, p. 149)
A “monumental contradição” do racismo no Brasil

 A população “branca” brasileira se supõe “branca-europeia”.

 Porém, somos uma população miscigenada no Brasil:


meio brancos/meio negros/meio índios.

 No Brasil, quando ofendemos ou discriminamos os negro-


descendentes, ofendemos e discriminamos a nós mesmos!

 Percepção absolutamente imaginária (e ilusória) de que somos


de alguma forma descendentes de uma “linhagem
europeia pura”.

 É como se todas as cabeças pensassem em um único sentido:


contra nós mesmos.
O conceito de violência simbólica (Pierre Bourdieu,
sociólogo francês)

 A violência simbólica é uma das formas de dominação mais


profundas e cruéis que se pode conceber: mecanismos
sutis de dominação social, utilizados por indivíduos, grupos ou
instituições e impostos sobre outros.

 A construção da identidade brasileira se enraíza na


interiorização por todos os brasileiros (todos mestiços, afinal),
de normas enunciadas pelos discursos dos estrangeiros que
nos colonizaram.

 Assumir o universo simbólico de um outro, sem perceber que


essa “transferência” foi feita, na forma, portanto, de uma
dominação no plano simbólico.
Imagens e representações do negro na escola

 Para Bourdieu, na escola também se realiza a violência


simbólica, quando esta passa a tratar como iguais indivíduos
que são desiguais.
 A escola procura encobrir as diferenças de raça, cor, classe,
origem etc.; dando a todos os alunos um único tratamento,
favorecendo, assim, aqueles que já estão na condição
de favorecidos.
 A eficácia da violência simbólica: a violência simbólica só
triunfa se aquele que a sofre contribui para a sua eficácia.
 Trata-se de um longo processo de aprendizado, capaz de
manter “cada coisa em seu lugar e cada lugar com sua coisa”.
(Roberto DaMatta)
A violência simbólica na escola

 Imagens e representações que, muitas vezes, o professor traz


de maneira inconsciente para sua prática cotidiana em sala
de aula e que colabora para a reprodução de estereótipos.

 Outra dificuldade: professoras afrodescendentes que não


reconhecem sua origem étnico-racial.

 Os estereótipos vão sendo assimilados como verdades pela


criança, que é vítima dessa violência simbólica.

 O fato de construirmos ou assumirmos nossa identidade


étnico-racial significa também ocuparmos (ou não) o “lugar-
social” (status social) reservado a cada um dos grupos étnicos.
Interatividade

De que forma a literatura, a mídia e a escola podem ser


responsáveis pela permanência de estereótipos raciais?

I. Em novelas, filmes e livros; reservando aos negros as


personagens subservientes e submissas.
II. Nos currículos escolares, pressupondo que todos os alunos
apresentam as mesmas condições, o que acaba
discriminando certos grupos.
III. Nas salas de aula, quando os professores procuram
trabalhar a diversidade e o resgate de aspectos culturais de
diversos grupos.
Interatividade

Estão corretas as afirmações:

a) I e II.
b) II e III.
c) I, II e III.
d) I e III.
e) Nenhuma das alternativas anteriores está correta.
Resposta

De que forma a literatura, a mídia e a escola podem ser


responsáveis pela permanência de estereótipos raciais?

I. Em novelas, filmes e livros; reservando aos negros as


personagens subservientes e submissas.
II. Nos currículos escolares, pressupondo que todos os alunos
apresentam as mesmas condições, o que acaba
discriminando certos grupos.
III. Nas salas de aula, quando os professores procuram
trabalhar a diversidade e o resgate de aspectos culturais de
diversos grupos.
a) I e II.
A complexa trilha do racismo no Brasil

 Não é possível compreender o racismo no Brasil por meio de


um raciocínio bipolarizado.

 Não somos uma sociedade de brancos (puros) e de negros


(puros).

 Uma série de aspectos que se entrecruzam e se


autodeterminam, dando o tom da especificidade do nosso
racismo e, ao mesmo tempo, colaborando para sua
perpetuação.

“O abismo que separa os privilegiados dos demais vem se


perpetuando ao longo do tempo em virtude das mazelas sociais
recaírem sempre sobre a mesma maioria.”
(SANTOS, 2001, p. 30)
7.2 O processo de construção da identidade
afrodescendente na infância e na juventude

 A igualdade jurídica em meio a uma sociedade hierárquica.

 Dificuldade enfrentada por crianças e adolescentes negros


em construírem sua identidade negra.

 O que significa “fazer-se negro”?

 Como a criança pode construir sua identidade negra?


“Tornar-se negro” em uma sociedade hierarquizada

 A identidade se constrói no plano simbólico, isto é, no


conjunto de significações, valores, crenças, gostos, que o
indivíduo vai assumindo na sua relação com o outro.

 Essas relações são permeadas por estereótipos raciais,


preconceitos e desigualdades.

 Sociedade paradoxal: leis garantem igualdade de direitos e


oportunidades para brancos e negros, mas as relações sociais
revelam uma estrutura claramente hierarquizada e encharcada
com um racismo às escondidas.
8. Como é construída a identidade?

 Herança cultural: transmitida pelo grupo familiar ou social.

 Socialização: processo de formar um novo membro da


sociedade, apto a viver naquela determinada cultura
(educação informal ou formal).

 Construção de si: seleção de aspectos da cultura com os quais


o sujeito se identifica (relação eu-outro/trocas simbólicas).

 Cultura: dinâmica, diálogo e inter-relação entre os sujeitos.


A importância da diversidade na construção identitária

 Infinitas relações interpessoais nas quais cada indivíduo


se vê envolvido.

 Escolhas possíveis e redefinição das identidades.

 A construção situacional da identidade.

 A diversidade como essa “moeda de jogo da construção


das identidades”.

 As nossas noções de igualdade e diferença: podem ser


valorizadas, codificadas, trocadas e ressignificadas nesse
complexo processo que é a formação do sujeito autônomo.
A importância da diversidade na construção identitária

 A cultura não é algo estático e dotado de uma “essência”,


acabada e final.

 Perspectiva do movimento incessante de diálogo e inter-


relação entre os sujeitos.

 Respeito às diferenças, necessário à construção identitária e


às trocas simbólicas realizadas.

 Construção da identidade brasileira precisa passar


necessariamente pela realidade da miscigenação e da
constituição de nossa cultura a partir de nossas raízes negras,
indígenas e europeias ao mesmo tempo e em igual relevância.
Como se constrói a identidade negra no Brasil?

 Resultado de um longo processo histórico de colonização e


escravização do continente africano e de seus povos.

“A identidade negra é entendida, aqui, como um processo


construído historicamente em uma sociedade que padece de um
racismo ambíguo e do mito da democracia racial.
Como qualquer processo identitário, ela se constrói no contato
com o outro, na negociação, na troca, no conflito e no diálogo.
[...] ser negro no Brasil é tornar-se negro.”
(UFSCar/NEAB. “Projeto São Paulo Educando pela Diferença para a Igualdade”. Módulo 2, 2004,
p. 45)
“Tornar-se negro” no Brasil

A identidade se constrói no plano simbólico:

 Conjunto de significações, valores, crenças e gostos que vão


sendo assumidos em uma relação com os outros, relações
permeadas por estereótipos raciais, preconceitos e
desigualdades.

 Leis garantem igualdade de direitos e oportunidades.

 Mas as relações sociais revelam uma estrutura claramente


hierarquizada e encharcada com um racismo às escondidas,
negado e escamoteado.
Interatividade

Todas as afirmações expressam alguns motivos pelos quais as


crianças e os adolescentes negros no Brasil encontram
dificuldades em construir sua identidade negra, exceto:

a) As relações sociais no Brasil são permeadas por imagens


e representações estereotipadas dos negros.
b) A construção da identidade pressupõe a diversidade,
dificultada no Brasil pelo mito da democracia racial.
c) As crianças e os adolescentes negros podem construir sua
identidade a partir de representações e imagens positivas
dos negros presentes na mídia, na literatura, nos
livros didáticos etc.
Interatividade

d) O projeto nacional de branqueamento trouxe reflexos que


persistem até hoje em nossa sociedade de traços
tão autoritários.

e) Vivemos uma situação paradoxal, em que as leis ditam


a igualdade racial, mas o cotidiano revela
relações hierarquizadas.
Resposta

Todas as afirmações expressam alguns motivos pelos quais as


crianças e os adolescentes negros no Brasil encontram
dificuldades em construir sua identidade negra, exceto:

a) As relações sociais no Brasil são permeadas por imagens


e representações estereotipadas dos negros.
b) A construção da identidade pressupõe a diversidade,
dificultada no Brasil pelo mito da democracia racial.
c) As crianças e os adolescentes negros podem construir sua
identidade a partir de representações e imagens positivas
dos negros presentes na mídia, na literatura, nos
livros didáticos etc.
Resposta

d) O projeto nacional de branqueamento trouxe reflexos que


persistem até hoje em nossa sociedade de traços
tão autoritários.

e) Vivemos uma situação paradoxal, em que as leis ditam


a igualdade racial, mas o cotidiano revela
relações hierarquizadas.
8.1 Identidade, interação e diversidade: por uma
educação cidadã

 Resumindo: a identidade é um processo construído a partir


da interação entre os sujeitos, que, na contraposição de suas
diferenças e no respeito a essa diversidade, atribuem
significados ao universo simbólico que passa a compor sua
visão de mundo, influindo em suas escolhas e nos caminhos
que irá percorrer.

 Professor como figura central de mediação nesse processo:


persistência e intencionalidade para optar por valores éticos
e uma prática educativa equitativa.
8.2 Escola e diversidade:
a promoção da igualdade racial

 Todos os envolvidos no processo educacional precisam estar


atentos para a desconstrução de estereótipos de raça/cor,
para a desmistificação dos mitos raciais existentes na
sociedade brasileira.

 Escola: uso de recursos que possibilitem a ressignificação de


conceitos como negro, África, africanos, de modo a
transformar, no imaginário coletivo, representações negativas
em positivas.
Diversidade, livro didático e currículo: desafios para a
prática educativa

 Livro didático: inúmeras pesquisas demonstram que a maioria


traz uma representação muito simplificada dos fatos históricos.

 Isso ajuda a estigmatizar, caricaturar ou reforçar estereótipos


de segmentos sociais como mulheres, negros, idosos e
trabalhadores, por exemplo.
A invisibilidade dos negros nos livros didáticos

 Poucas figuras representando negros nas diversas profissões


e papéis sociais: falta de representatividade negra.

 Isso faz com que a criança afrodescendente não tenha


parâmetros de igualdade e diversidade para a construção de
sua identidade étnico-racial.
Invisibilidade, recalque e inferiorização

 Recalque: dos valores históricos e culturais de um povo.

 O conceito de recalque (Freud): uma tentativa de esquecer que


ocorre inconscientemente. Recalcamos justamente aqueles
pensamentos, ideias, lembranças etc. que não se ajustam à
imagem ideal que temos do mundo e de nós mesmos.

 Inferiorização dos seus atributos, por meio de estereótipos,


conduz esse povo a desenvolver comportamentos de
autorrejeição, resultando em rejeição e negação dos seus
valores culturais e, em preferência, pela estética e pelos
valores culturais dos grupos sociais valorizados nas
representações.
O uso do livro didático com intencionalidade

Educadores não podem se manter passivos no uso dos livros


didáticos, paradidáticos, mas precisam trabalhar ativamente para:

 A desconstrução de estereótipos.

 A representatividade de todos os segmentos sociais.

 A valorização das diversidades étnico-raciais.


Diversidade e currículo

 Os currículos são fruto de escolhas políticas e debates


calorosos, que incorrem em incluir ou excluir assuntos,
disciplinas ou aspectos que nos interessam ou não no
processo de formação da criança e do jovem.

 Lei 10.639/2003: reconhece a necessidade urgente de incluir


de uma vez por todas em nossos currículos a problemática
das relações étnico-raciais, pelo estudo da História
e da Cultura Africana e Afro-brasileira em todos os níveis
escolares, chegando também à formação universitária dos
professores e professoras.
A prática educativa com intencionalidade

 É preciso enfrentar o debate sobre as desigualdades sociais


e raciais em nosso país.

“Entender o que é a pobreza e como ela afeta de maneira trágica


a vida de uma grande parcela da população. Nos posicionar
politicamente dentro desse debate e construir práticas efetivas e
democráticas que transformem a trajetória escolar dos nossos
alunos e alunas negros e brancos em uma oportunidade ímpar
de vivência, aprendizado, reconhecimento, respeito às
diferenças e construção de autonomia.”
(UFSCar / NEAB. “Projeto São Paulo Educando pela Diferença para a Igualdade”. Módulo 2, 2004, p. 7)
Interatividade

A prática educativa precisa ser desenvolvida com intencionalidade


e persistência, com vistas à promoção da igualdade racial. Quais
os desafios para os professores nessa sua prática?

I. A desconstrução do mito da democracia racial.

II. A simplificação excessiva de fatos históricos apresentados


nos livros didáticos.

III. A ausência da perspectiva étnico-racial na definição dos


currículos e conteúdos.
Interatividade

Estão corretas as seguintes afirmações:

a) I e II.
b) II e III.
c) I, II e III.
d) I e III.
e) Nenhuma das alternativas anteriores está correta.
Resposta

A prática educativa precisa ser desenvolvida com intencionalidade


e persistência, com vistas à promoção da igualdade racial. Quais
os desafios para os professores nessa sua prática?

I. A desconstrução do mito da democracia racial.

II. A simplificação excessiva de fatos históricos apresentados


nos livros didáticos.

III. A ausência da perspectiva étnico-racial na definição dos


currículos e conteúdos.
Resposta

Estão corretas as seguintes afirmações:

a) I e II.
b) II e III.
c) I, II e III.
d) I e III.
e) Nenhuma das alternativas anteriores está correta.
Escola e a promoção da igualdade racial:
estratégias e possibilidades

Lei 10.639/2003 – todos os envolvidos na instituição escolar


estão convocados a promover mudanças estruturais no ensino:

 Reformulação dos currículos, dos projetos pedagógicos, dos


planos de aula, de materiais didáticos e paradidáticos; enfim,
de toda a prática educativa de modo geral.

 Promover o reconhecimento, o respeito e a garantia das


diversidades culturais e, de forma especial, da população
afrodescendente no Brasil.
Africanidades brasileiras na escola

 Abordar o tema “africanidades brasileiras” em sala de aula.

 Três pontos dos princípios da pedagogia antirracista, a saber:

1. Respeito às africanidades.
2. Reconstrução do discurso pedagógico.
3. Estudo da recriação das diferentes raízes da cultura brasileira.
A escola e a comunidade

 Todos os agentes do processo de aprendizagem devem se


colocar mais próximos da realidade sociocultural de seus alunos.

 Isso significa conhecer a comunidade escolar, seu perfil


socioeconômico, o entorno da escola, os principais problemas
do bairro, da cidade, bem como as principais manifestações
culturais da comunidade, arte, música, religiosidade e outros
aspectos que aproximem os educadores e as educadoras aos
alunos e seus familiares.
O que o professor e a professora podem fazer?

“Incorporar o discurso das diferenças não como um desvio, mas


como algo enriquecedor de nossas práticas e das relações entre
as crianças. Isso irá possibilitar desde cedo o enfrentamento de
práticas de racismo e a construção de posturas mais abertas às
diferenças e, consequentemente, à construção de uma
sociedade mais plural.”
(UFSCar/NEAB. “Projeto São Paulo Educando pela Diferença para a Igualdade”. Módulo 2, 2004,
p. 32)
O que o professor e a professora podem fazer?

 Construção de novos afetos, de novas formas de nos


relacionar com o diferente, com a diversidade.

“É na relação com o outro que constituímos nossa subjetividade,


nossas diferenças. Construção de subjetividades outras, livres
da clausura causada pelo modelo dito, ‘ideal’.
Precisamos nos encontrar por meio da pluralidade e
diferenciação, livrando-se dessa clausura subjetiva.”
(UFSCar/NEAB. “Projeto São Paulo Educando pela Diferença para a Igualdade”. Módulo 2, 2004, p. 32)
O que o professor e a professora podem fazer?

“Repensar a preponderância desse modelo hegemônico de


vida (de ser).
Escapar de toda essa homogeneização a partir da qual fomos
produzidos e com a qual nos acostumamos.
Lutar contra todas as formas de ‘assujeitamento’ (uma maneira
de modelar as pessoas de uma mesma forma), uma luta contra
as forças que nos querem fracos, tolos e servos, além
de racistas.”
(UFSCar/NEAB. “Projeto São Paulo Educando pela Diferença para a Igualdade”. Módulo 2, 2004,
p. 32)
Para concluir: o que você pode fazer?

Viram só como juntar consciência e ação, poesia e realidade,


razão e sentimento?

 mudança de discursos e de práticas;

 respeito à pluralidade;

 novas relações interpessoais, mais afetuosas, profundas


e significativas;
Para concluir: o que você pode fazer?

Viram só como juntar consciência e ação, poesia e realidade,


razão e sentimento?

 uma subjetividade livre de clausuras e modelos pré-


estabelecidos;

 crítica ao atual modelo hegemônico de homogeneização e


“assujeitamento”;

 recriação de novos sentimentos e reconhecimentos,


especialmente em relação a si mesmo, em um movimento
de respeito a toda forma de diversidade.
Interatividade

A partir da vigência da Lei 10.639/2003, todo professor precisa


encontrar estratégias para uma educação para a igualdade
racial. As alternativas apresentam algumas dessas
possibilidades, exceto:

a) Reformulação dos projetos pedagógicos, dos planos de aula,


de materiais didáticos e paradidáticos.
b) Estabelecer uma relação mais afetuosa e significativa com
os alunos e sua família.
c) Conhecer os problemas do bairro e do entorno da escola,
garantindo uma relação escola-comunidade.
Interatividade

d) Preparar os alunos para se adequarem aos modelos sociais


estabelecidos e ao ideal de vida moderno.

e) Respeitar todas as diferenças e incentivar


a diversidade cultural.
Resposta

A partir da vigência da Lei 10.639/2003, todo professor precisa


encontrar estratégias para uma educação para a igualdade
racial. As alternativas apresentam algumas dessas
possibilidades, exceto:

a) Reformulação dos projetos pedagógicos, dos planos de aula,


de materiais didáticos e paradidáticos.
b) Estabelecer uma relação mais afetuosa e significativa com
os alunos e sua família.
c) Conhecer os problemas do bairro e do entorno da escola,
garantindo uma relação escola-comunidade.
Resposta

d) Preparar os alunos para se adequarem aos modelos sociais


estabelecidos e ao ideal de vida moderno.

e) Respeitar todas as diferenças e incentivar


a diversidade cultural.
ATÉ A PRÓXIMA!

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