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ISSN: 2525-8761
DOI:10.34117/bjdv7n10-411
Emanuelly Bernardes-Oliveira
Laboratório de Pesquisa em Imunologia Celular e Molecular, Universidade Federal do
Rio Grande do Norte Natal/RN, Brasil.
RESUMO
Este estudo compete a um levantamento de literatura que tem como finalidade explorar
trabalhos publicados no intervalo dos anos de 2015 a 2020, que façam explanação sobre
a saúde da mulher em comunidades quilombolas e, com isso, mencionar os
questionamentos frequentes aos artigos, proporcionando argumentação e reflexão para
melhorar o acesso a saúde, a essas comunidades. Como ferramenta de pesquisa foi
utilizado as bases de dados SCIELO, LILACS, PUBMED, GOOGLE ACADÊMICO, e
o portal periódicos CAPES. Foram encontrados 93 artigos, todavia apenas 10 estavam de
ABSTRACT
This study is part of a literature survey that explores works published in the years 2015
to 2020, which explain women's health in quilombola communities and, therefore,
mention the frequent questions to articles, providing argumentation and reflection to
improve access to health in these communities. As a research tool, SCIELO, LILACS,
PUBMED, GOOGLE ACADEMIC, and CAPES journal portal were used as a database.
93 articles were found, however only 10 were in accordance with the inclusion criteria;
being 3 articles in SCIELO, 3 articles in LILACS, 2 articles in PUBMED, 1 articles in
GOOGLE ACADEMIC and 1 article in the CAPES journal portal. The literature review
formulated has limited accuracy due to the deprivation of content related to the health of
quilombola women. That is why it is extremely necessary to work on these issues, theme
and its applicability in quilombola communities. As the analysis progressed, questions
common to the articles were observed, among them the deficiency in health promotion
for these women, racial issues, weakness in education and health information assistance,
the lack of trained health professionals in these communities, lack of cultural
understanding on the part of these professionals and governments. Thus, triggering a
multi-causal phenomenon on the health of quilombola women. This causes problems
arising from access to health services, revealing the need for investment in research and
health care for these women who face social vulnerability.
1 INTRODUÇÃO
A história dos remanescentes quilombos no Brasil começa no período da
escravocrata, quando negros escravizados que conseguiam fugir das fazendas em busca
de abrigo nessas comunidades.
A maior parte da população brasileira é constituída por afrodescendentes, em
consequência a formação da população brasileira, vivenciam até os dias atuais uma
trajetória de iniquidades, estes povos vivenciam uma realidade de atrasos sociais, pobreza
e consequentemente uma baixa atenção à saúde (Ferreira HS, Torres ZMC, 2015).
Os quilombolas são descendentes dos afrodescendentes que vieram para o Brasil
no período da escravidão, deixando um legado de tradições culturais, como a dança,
religião, culinária e resistência. No Brasil essas tradições estão fortemente presentes nas
comunidades quilombolas, entretanto, além dessas tradições culturais, existem fortes
traços de iniquidade racial, como: menor assistência social, menos oportunidade de
trabalho, moram em áreas restritas de acesso os serviços de saúde e educação.
A trajetória do negro na sociedade brasileira é vivenciada por uma série de
questões, tais como a exclusão social e o preconceito. Essas são questões que necessitam
de atenção especial, por apresentar dupla compreensão, ou seja, por um lado, fala-se da
opressão sofrida por esses s indivíduos, por outro, fala-se da resistência negra. Apesar
disso, o negro, visto como indivíduo oprimido, sempre estão presentes nas discussões em
relação a resistência.
uma dura realidade de aceitação na sociedade (Prates LA, Cremonese L, Wilhelm LA,
Oliveira G, Timm MS, Castiglioni CM, Ressel LB, 2018).
O termo saúde mais divulgado pela Organização Mundial de Saúde (OMS), é
referido como bem-estar físico, social e psicológico, a saúde não é somente a falta da
doença. Na conjuntura mundial, a saúde foi alcançada desde a década de 1960; no Brasil,
nesse meio-tempo, essa conquista ocorreu com a promulgação da Constituição Federal
de 1988 (Brasil, 1996). (Saúde Soc. São Paulo, 2016).
Há muitos anos, o cuidado à saúde da mulher se restringia somente ao período
gravídico-puerperal. Em oposição a esse contexto, grupos feministas e grupos sociais
fazem protestos reivindicando melhores cuidados à saúde da mulher, sem se limitar
somente ao período reprodutivo (Lisie Prates, 2015).
Segundo o Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde -
CONASEMS, o Sistema Único de Saúde (SUS) apresenta uma Política Nacional de
Atenção Integral à Saúde da Mulher desde 2004, a qual foi desenvolvida em conjunto
com os movimentos de mulheres de diferentes lugares do país. Essa Política tomou corpo,
e define que a saúde da mulher não está somente relacionada ao período gravídico, mas
também às questões socioculturais. O SUS, institui diversos direitos para a saúde da
mulher, entre eles atenção ao núcleo familiar, parto humanizado e os exames de
mamografia e Papanicolau.
2 METODOLOGIA
Com o objetivo de desenvolver estudos referente à saúde da mulher quilombola
no Brasil, foi realizada uma bibliografia pautada na literatura científica com bases em
dados on-line/portais de pesquisa, essas bases foram escolhidas por apresentar um maior
número de trabalhos, visto que há um número reduzido de publicações acerca do tema
abordado. As bases escolhidas foram: Literatura Latino-Americana e do Caribe em
Ciências da Saúde (LILACS), a National Library of Medicine (PUBMED), o Scientific
Eletronic Library Online (SCIELO), GOOGLE ACADÊMICO e o portal periódicos
CAPES. As informações e expressões chaves utilizadas para afunilar as pesquisas
encontradas foram: saúde da mulher, saúde da mulher em comunidade quilombola no
Brasil e atenção à saúde das mulheres quilombolas. Foram escolhidos os artigos
publicados nos últimos 5 anos, com o intuito de buscar literaturas mais atuais, e entender
como está o cenário dos últimos 5 anos acerca do tema que se refere a saúde da mulher
quilombola no brasil, percebendo então a escassez da produção de trabalhos referentes a
este tema ao longo desses 5 últimos anos. Os quais correspondem à datação dos anos de
2015 ao ano de 2020, que ressalta importância relativa ao tema pesquisado. Pesquisa
direcionada para as comunidades quilombolas do Brasil. Sendo utilizado nas palavras-
chave comunidade quilombola, saúde, mulher, Brasil e comunidade. Também foram
usufruídos de documentos e publicações governamentais, necessários na busca de
definições e conceitos. A construção da bibliografia do projeto foi realizada de maio de
2019 a dezembro de 2020 e foram encontrados no total 93 artigos, tendo sido excluídos
os artigos nos quais se repetiram aos escolhidos, também por falarem em outros assuntos
que não estão relacionados a saúde da mulher quilombola no Brasil e alguns não se
enquadram ao que estava sendo buscado.
Bases de dados escolhidas:
Figura 1. Plataformas utilizadas para busca dos artigos, dados científicos mais difundidos foram
consultados para a busca de publicações sobre saúde de mulheres quilombolas.
3 RESULTADOS E DISCUSSÕES
A pesquisa foi feita pelas bases de dados SCIELO, LILACS, PUBMED,
GOOGLE ACADÊMICO, e o portal periódicos CAPES. Foi realizado nos trabalhos
selecionados uma leitura exploratória e, posteriormente, uma leitura seletiva, com
objetivo de filtrar os artigos e selecionar somente os artigos que se encaixassem nos
critérios estabelecidos de inclusão, o que resultou no aproveitamento de 10 artigos, sendo
3 artigos da base de dados LILACS, 3 artigos da base de dados SCIELO, 2 da base de
dados PUBMED, 1 do GOOGLE ACADÊMICO. Na pesquisa o portal periódico CAPES
foi encontrado um maior número de artigos, um total de 62 artigos, porém após a leitura
apenas 1 foi selecionado pois os demais não se encaixavam nos critérios de inclusão.
A pesquisa teve um total de 93 artigos que passaram por análise para aplicação
dos critérios de inclusão e exclusão, sendo selecionados 10 artigos para a aplicação do
recurso de leitura analítica; os artigos selecionados exploram diferentes aspectos da saúde
da mulher quilombola no Brasil, em diferentes Estados brasileiros.
tendo então dificuldade em entender nomes científicos para as condições de saúde como
o câncer de colo uterino, principalmente quanto a sua localização.
A compreensão sobre o câncer do colo uterino por comunidades tradicionais não
é algo muito discutido em pesquisas científicas, pois estas tratam, em sua maioria, sobre
o exame preventivo. Estudo realizado com mulheres quilombolas de Vitória da
Conquista, Bahia, mostra que o baixo acesso sobre o Câncer do Colo do Útero (CCU),
em comunidades quilombolas, destaca também a escassez de serviços de saúde,
consequentemente a falta de informação sobre o tema. (Fernandes ETBS, Nascimento
ER, Ferreira SL, Coelho EAC, Silva LR, Pereira COJ., 2016).
carente de serviços de saúde que proporcionam a devida atenção que elas merecem.
(Jacintho, K.S; Cavalcante, K.O.R., Silva, J.M.O; Santos, A.A.P, 2018).
O CCU (câncer do colo do útero) é uma doença de grande importância mundial,
sendo e chega à doença mais comum nas mulheres em algumas regiões do mundo como
África, Ásia e América Central (GLOBOCAN, 2008). No Brasil, apresenta elevadas taxas
de prevalência e mortalidade em mulheres de condições sociais e econômicas mais baixas.
Estudos mostram que existe a relação entre o CCU e o baixo nível socioeconômico em
todas as regiões do mundo. Os grupos mais vulneráveis estão onde existem baixo acesso
à rede de serviços de saúde, para detecção e tratamento da patologia e de suas lesões
primárias, advindas das dificuldades econômicas e geográficas, escassez dos serviços de
saúde e por questões culturais, desconsideração de sintomas importantes e preconceito,
como as comunidades de quilombolas que possuem vulnerabilidade social (DUAVY et
al, 2007). As comunidades quilombolas são grupos que enfrentam diversas dificuldades
pelas condições precárias de vida, pela falta de políticas públicas sociais, quanto por seu
resgate histórico, de identidade e cultura.
A educação em saúde é uma forma de conscientização e orientação para prevenção
de doenças e do surgimento do câncer do colo do útero em mulheres da comunidade
quilombola.
4 CONCLUSÃO
A revisão de literatura constata uma grande desigualdade na Atenção à Saúde da
mulher quilombola no Brasil, revelando que o acesso à saúde dessa população ocorre de
maneira precária. Este estudo mostra a vulnerabilidade das mulheres quilombolas no
Brasil e a extrema necessidade de aperfeiçoamento de políticas públicas capazes de
melhorar as condições de vida dessas mulheres. Apesar das restrições de estudos
publicados, é possível observar os problemas existentes em todos os artigos encontrados
quando falam da saúde da mulher na comunidade quilombola. Realizei uma busca no
National Center for Biotechnology Information (NCBI), com a palavra chave quilombo
e só foi encontrado 65 artigos, ao buscar a palavra-chave quilombo woman só foi
encontrado 11 artigos, isso nos mostra o quanto é escasso os trabalhos desenvolvidos com
esse tema. Torna-se então, extremamente necessário compreender as necessidades desta
população, buscando melhorar as questões sociais envolvendo, educação e suas
diversidades culturais e étnicas. Com esta revisão, concluímos que: os profissionais de
saúde precisam entender as necessidades de orientação e formas de atendimento a essas
mulheres, contribuindo assim, para amenizar as negligências sofridas no atendimento
básico de saúde, na realização de exames preventivos e promovendo uma melhor
interação das comunidades quilombolas com o SUS, permitindo então, uma melhor
assistência social em saúde.
As mulheres quilombolas compartilham sentimentos, cultura, valores e costumes
específicos, apresentando uma realidade particular. O quilombo é o contexto no qual estão
inseridas, onde há interação com os serviços de saúde e sua cultura popular. Portanto, as
questões que interagem com a saúde das mulheres não podem ser analisadas
isoladamente, mas levando em conta todas as suas experiências de vida.
Percebe-se então, que neste trabalho a necessidade de desenvolver projetos de
assistência a essas mulheres, com objetivo de proporcionar melhor qualidade de saúde,
executar os direitos estabelecidos pela constituição e pelos projetos existentes que
garantem melhor assistência à saúde das mulheres nas comunidades quilombolas.
Promover novas políticas à população negra, realizar ações para melhorar a interação e
aceitação das comunidades quilombolas, garantindo então, uma melhor assistência social
em saúde.
5 PERSPECTIVA
Este trabalho tem como perspectiva, desenvolver estratégias capazes de serem
aplicadas no âmbito das comunidades quilombolas, colocar em prática as estratégias já
existentes, como a implantação da Política Nacional de Saúde Integral da População
Negra (PNSIPN), desenvolver atividades que criem vínculos respeitosos entre os
profissionais de saúde e essas mulheres, respeitando seus valores, costumes e crenças,
para assim, desenvolver atividades que contribuam para melhorar a qualidade de vida em
saúde das mulheres quilombolas.
REFERÊNCIAS
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