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DIVERSIDADE E INCLUSÃO NA SOCIEDADE

Diversidade Étnico-Racial III


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DIVERSIDADE ÉTNICO-RACIAL III


Obs.: �É indicada a leitura do Manual Antirracista da filósofa e professora Djamila Ribeiro.

A cor “morena” não está tipificada no IBGE. A população brasileira é composta por
pessoas pretas, pardas, brancas, indígenas e amarelas.
Na academia, há críticas em relação à denominação “parda”, pois seria uma forma de
embranquecer as pessoas pretas. Contudo, a população negra é composta de pretos e pardos.
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IV – POPULAÇÃO NEGRA:
• É o conjunto de pessoas que se autodeclaram pretas e pardas, conforme o que-
sito cor ou raça usado pela Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE), ou que adotam autodefinição análoga.

O que é o Quesito Cor/raça?

• O quesito cor ou raça é uma classificação usada pelo Instituto Brasileiro de Geo-
grafia e Estatística (IBGE), desde 2020 para denominação étnica ou racial das pes-
soas no Brasil. Essa classificação inclui os termos: preta, parda, amarela, indígena
ou branca. Cada uma dessas categorias é autoatribuída, ou seja, a própria pessoa se
autodefine como pertencente a algum desses termos.
• O mito da democracia racial no Brasil configura a ideia de que o Brasil não é um
país racista, que é o país do samba, do carnaval e do futebol. Devido a essa ideia,
o racismo passou a ser algo muito velado em nossas relações. As pessoas têm difi-
culdade de se autodeclararem pretas e pardas por causa do próprio histórico que a
população negra vivenciou e ainda vivencia no Brasil.
• Quando se trabalha no serviço público e é preciso perguntar a cor/raça das pessoas,
lembre-se de que não é um desconforto ou uma ofensa fazer esse tipo pergunta,
pelo contrário, é algo necessário para a construção da identidade.
• Um método de identificação racial é um procedimento estabelecido para a deci-
são do enquadramento dos indivíduos em grupos definidos pelas categorias de
uma classificação, sejam estas manifestas ou latentes. Existem basicamente três
métodos de identificação racial, que podem ser aplicados com variantes.
– O primeiro é a autoatribuição de pertença, no qual o próprio sujeito da classifica-
ção escolhe o grupo do qual se considera membro (autodeclaração).
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– O segundo é a heteroatribuição de pertença, no qual outra pessoa define o grupo
do sujeito.

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– O terceiro método é a identificação de grandes grupos populacionais dos quais


provieram os ascendentes próximos por meio de técnicas biológicas, como a aná-
lise do DNA (...).

• No sistema classificatório do IBGE, são empregados simultaneamente os métodos


da autoatribuição e da heteroatribuição de pertença. (OSÓRIO, p. 7, 2003).
• Em janeiro de 2023, foi promulgada a Lei n. 4.532, que altera a tipificação do crime de
injúria racial. Tal crime passa a integrar a Lei de Racismo (Lei n. 7.716/1989) e se torna
inafiançável e imprescritível. A injúria racial é um tipo de crime cujo direcionamento
da ofensa é para um indivíduo de cor, raça ou etnia diferente. A injúria racial é uma
ofensa específica de cunho racista, por exemplo: xingar pessoas negras ou indígenas, em
razão de sua cor/etnia/raça, ou impedir que uma pessoa negra ou indígena acesse deter-
minados locais, como lojas, shoppings, mercados etc. O racismo é um tipo de crime cuja
ação visa discriminar todo um grupo social por causa de sua raça, etnia, cor, religião
ou origem. Exemplo: chamar baiano de preguiçoso. A população da Bahia é composta
majoritariamente por pessoas negras descendentes de escravizados, que trabalhavam
forçadamente. Quando a população escravizada passou a resistir às forças opressoras,
começaram a espalhar que baianos eram preguiçosos.
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• Outros exemplos são: estabelecimentos ou empresas decidirem não contratar pes-
soas negras e indígenas; falas genéricas que ofendam grupos sociais que sofrem
discriminação racial/étnica; ofensas a religiões de matriz africana ou indígena; deci-
sões jurídicas que afetam culturas indígenas ou quilombolas etc.
• O racismo e a injúria racial são coisas diferentes, mas a injúria racial é compreendida
como uma forma de racismo. Ambos são crimes imprescritíveis e inafiançáveis.

V – POLÍTICAS PÚBLICAS
• As ações, iniciativas e programas adotados pelo Estado no cumprimento de suas
atribuições institucionais.

Obs.: �Política de Estado não é o mesmo que política de governo.


 Política de Estado: Estatuto da Igualdade Racial. Não depende do governo para
ser implementado.
 Política de governo: é implementada por um governo específico. Exemplos: Bolsa
Família, Auxílio Brasil.

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VI – AÇÕES AFIRMATIVAS
• Os programas e medidas especiais adotados pelo Estado e pela iniciativa privada
para a correção das desigualdades raciais e para a promoção da igualdade de opor-
tunidades. Exemplos: cotas raciais nas universidades públicas e empresas privadas.
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Reparação Histórica

Trecho de uma entrevista feita com uma mulher negra porto-riquenha que ocupa
uma cadeira na ONU.
Reparação é reconhecer o que a História nos negou. Não é algo novo, que a humani-
dade desconheça, porque outros grupos já a fizeram. A humanidade quando reconhece
que um grupo foi prejudicado, degradado ao extremo, toma decisões políticas, econômi-
cas, culturais, que permitem devolver aos descendentes, às vítimas destes feitos histó-
ricos (as tragédias), os direitos que lhe foram negados. O que os afrodescendentes estão
pedindo é que a sociedade, como um todo e através de suas instituições, reconheça
essa humanidade e que possa abolir todo tipo de conceito de inferioridade em relação
à comunidade negra instaurado no sistema organizacional e institucional dos Estados.
Link da Entrevista:
https://www.geledes.org.br/reparacao-e-reconhecer-o-que-a-historia-nos-negou-e-nao-e-al-
go-que-ahumanidade-desconheca-diz-epsy-campbell/

A população judaica é um exemplo de grupo que foi e ainda é perseguido. O nazismo


na Alemanha tinha como alvo os judeus. Na Alemanha, há o Museu do Holocausto, em
que as crianças alemãs visitam anualmente para refletir sobre os horrores cometidos
durante o regime nazista contra os judeus.
Os árabes, palestinos, bolivianos, venezuelanos também são grupos que sofrem com
perseguições e passam por dificuldades atualmente, principalmente os refugiados.

Estratégias a serem adotadas para realizar reparação histórica

Precisamos começar pelos sistemas educativo e econômico. Quando se chega a comuni-


dades negras em que são evidentes as desvantagens como resultados desses feitos históricos,
é preciso de fortes investimentos para sanar todos esses anos de atrasos que impactaram as
atuais condições dessas comunidades. É preciso haver um grande investimento estatal, e não
pouco dinheiro, estabelecido como uma prioridade (dos Estados), com o intuito de resolver
esse problema de exclusão histórica dos afrodescendentes. É um despertar.
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A segunda coisa a se fazer é uma releitura cultural do que se transmite no sistema


educativo. Porque não é possível que haja reparação se seguirmos contando sempre a
mesma história de vencedores e vencidos, de superiores e inferiores. Ou seja, é necessá-
ria uma transformação total do que se escreve e de como se transmite a História.
A terceira questão é a identificação de tudo o que impacta nos sistemas de saúde, educa-
ção e política para fazer a reparação do pós-traumático em relação à escravidão. Há planos,
há programas de saúde mental, com reconhecimentos específicos. Mas, para isso, é preciso
capacitar os responsáveis por essas ações (de reparação) na Saúde e na Justiça, que acabam
por reproduzir o racismo. Portanto, é preciso ficar evidente quem são as vítimas.

Alguns Pontos Importantes

• Racismo Estrutural.
• Racismo Institucional: é o racismo praticado pelas instituições. Uma questão alar-
mante é a falta de acesso da população negra aos serviços de saúde, bem como prá-
ticas restritivas direcionadas a esse grupo. Exemplo: mulheres negras fazem menos
exames preventivos de câncer de mama e do colo do útero. Muitas vezes, quando
buscam atendimento, já estão em estágios avançados da doença e enfrentam jul-
gamentos institucionais em vez de receberem o devido tratamento.
• Mito da Democracia Racial.

Sugestões para treinar o conteúdo pensando na prova discursiva

Nos últimos anos, algumas provas de concurso trouxeram a questão racial como
tema de prova discursiva. Vejamos alguns exemplos:

1. (CESPE/CEBRASPE/STM/APLICAÇÃO/2018) A realidade brasileira, em uma de suas faces


mais perversas, a das desigualdades sociais decorrentes da origem racial, tem sido questionada
e fortemente combatida por diversos setores da sociedade, que ampliaram o debate público
sobre a questão racial e intensificaram na última década as discussões sobre como o setor
público poderia comprometer-se mais efetiva e continuamente com a prevenção e o combate
ao racismo e às desigualdades raciais. O processo é contraditório e exacerba questões que
por séculos o país tenta silenciar. A tarefa é árdua, pois o racismo perpassa todas as esferas
da vida cotidiana, se reproduz nas instituições e constantemente é naturalizado.
M.C. Eurico. A percepção do assistente social acerca do racismo institucional. In: Revista Serviço
Social e Sociedade, São Paulo, n. 114, p.298, abr./jun./ 2013.

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Considerando que o fragmento de texto acima tem caráter unicamente motivador, disserte
acerca do posicionamento do serviço social diante do histórico racismo construído na
sociedade brasileira. Ao elaborar seu texto, aborde os seguintes tópicos:
1. construção do racismo brasileiro e sua institucionalização; [valor: 11,00 pontos]
2. nexos entre as relações raciais e a questão social brasileira e suas múltiplas expressões;
[valor: 13,00 pontos]
3. debate sobre a questão racial pelo conjunto da categoria profissional — desafios e
posicionamento político. [valor: 14,00 pontos]

2. (FGV/2021)

Racismo velado não deixa de ser racismo


O comportamento do Marcão do Povo de negar ter feito um comentário racista contra a
funkeira Ludmilla é mais comum do que se imagina. Como justificativa, o apresentador, que se
referiu à cantora como “pobre macaca”, alegou ter usado uma expressão regional, que não seria
relacionada à cor da pele, mas à antiga condição financeira dela. A justificativa não funcionou. A
reação dos internautas foi automática. A hashtag #processaludmilla ficou no topo dos assuntos
mais comentados no Twitter e a emissora anunciou o desligamento do funcionário da empresa.
De acordo com o subsecretário de Igualdade Racial do Distrito Federal, Victor Nunes, a
discriminação racial pode ficar apenas no inconsciente, sem necessariamente externalizá-
lo. Com isso, as pessoas tendem a pensar que não são preconceituosas.
<Fonte: www.correiobraziliense.com.br>

O RACISMO VELADO COMO PARTE DO FENÔMENO DA DISCRIMINAÇÃO SOCIAL

• Ao construir seu texto, apresente necessariamente:


a) A contextualização sobre o problema e as origens do racismo no país;
b) O reforço midiático e formas do preconceito velado;
c) O negro como protagonista na luta contra o racismo
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3. (PROVA DA PM/TO/RACISMO NO BRASIL) O Black Lives Matter (Vidas Negras Importam) é


uma organização criada em 2013 por três ativistas norte-americanas: Alicia Garza, da Aliança
Nacional de Trabalhadoras Domésticas; Patrisse Cullors, da Coalizão contra a Violência Policial em
Los Angeles; e Opal Tometi, da Aliança Negra pela imigração justa. Hoje, é uma fundação global
cuja missão é “erradicar a supremacia branca e construir poder local para intervir na violência
infligida às comunidades negras” pelo Estado e pela polícia. O Black Lives Matter começou
nos Estados Unidos da América, mas acabou tendo impacto em todo o mundo, inclusive no
Brasil, desde que foi criado, e alcançou, em 2020, uma repercussão ainda mais significativa
devido à morte por asfixia de George Floyd, causada por um policial norte-americano.

Manifestação do movimento Vidas Negras Importam em cidade brasileira. Internet: <pensaredu-


cação.com.br>

Enunciado da discursiva:
Considerando que o texto e a imagem apresentados têm caráter unicamente motivador,
redija um texto dissertativo, abordando os seguintes aspectos:
1. o racismo como um problema estrutural no Brasil; [valor: 12,00 pontos]
2. a criminalização do racismo no Brasil; [valor: 9,50 pontos]
3. a necessidade de representatividade para o combate à discriminação racial brasileira.
[valor: 7,00 pontos]

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Expressões que são criticadas pelo Movimento Negro

• “Cor de pele”: Aprende-se desde criança que a cor bege é “cor de pele”, entretanto,
é evidente que ela não representa a pele de todas as pessoas.
• “Doméstica”: Negros eram tratados como animais rebeldes que precisavam de “cor-
retivos”, ou seja, serem “domesticados”.
• “A dar com pau”: A expressão é originada nos navios negreiros, em que muitos dos
capturados preferiam morrer a serem escravizados e faziam greve de fome na tra-
vessia entre os continentes. Para obrigá-los a se alimentar, um “pau de comer” foi
criado para forçar as comidas pela boca.
• “Meia tigela”: Os negros que trabalhavam à força nas minas de ouro nem sempre
conseguiam alcançar suas “metas”. Quando isso acontecia, recebiam como punição
apenas metade da tigela de comida e ganhavam o apelido de “meia tigela”, que hoje
significa algo sem valor e medíocre.
• “Mulata”: Na língua espanhola, referia-se ao filhote macho do cruzamento de cavalo
com jumenta ou de jumento com égua. A enorme carga pejorativa é ainda maior
quando se diz “mulata tipo exportação”, reiterando a visão do corpo da mulher negra
como mercadoria. A palavra remete à ideia de sedução, sensualidade.
• “Cor do pecado”: Utilizada como elogio, se associa ao imaginário da mulher negra
sexualizada. A ideia de pecado também é ainda mais negativa em uma sociedade
pautada na religião, como a brasileira.
• “Ter um pé na cozinha”: Forma racista de falar de uma pessoa com origem negra.
Teve início no período da escravidão, em que o único lugar permitido às mulheres
negras era a cozinha da casa grande.
• “Moreno(a)”: Racistas acreditam que chamar alguém de negro é ofensivo. Falar de
outra forma, como “morena” ou “mulata”, embranquecendo a pessoa, “amenizaria”
o “incômodo”.
• “Negro(a) de traços finos”: A mesma lógica do clareamento se aplica à “beleza exó-
tica”, tratando o que está fora da estética branca e europeia como incomum.
• “Cabelo ruim”: Fios “rebeldes”, “cabelo duro”, “carapinha”, “mafuá”, “piaçava” e outros
tantos derivados depreciam o cabelo afro. Por vários séculos, causaram a negação do pró-
prio corpo e a baixa autoestima entre as mulheres negras sem o “desejado” cabelo liso.
• “Não sou tuas negas”: A mulher negra como “qualquer uma” ou “de todo mundo” indica
a forma como a sociedade a percebe: alguém com quem se pode fazer tudo. Escravas
negras eram literalmente propriedade dos homens brancos e utilizadas para satisfazer
desejos sexuais, em um tempo no qual assédios e estupros eram ainda mais recorren-
tes. Portanto, além de ser profundamente racista, o termo é carregado de machismo.

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• “Denegrir”: Sinônimo de difamar, possui na raiz o significado de “tornar negro”,


como algo maldoso e ofensivo, “manchando” uma reputação antes “limpa”.
• “A coisa tá preta”: A fala racista se reflete na associação entre “preto” e uma situa-
ção desconfortável, desagradável, difícil, perigosa.
• “Serviço de preto”: Mais uma vez a palavra preto aparece como algo ruim. Desta
vez, representa uma tarefa malfeita, realizada de forma errada, em uma associação
racista ao trabalho que seria realizado pelo negro.
• “Mercado negro”, “magia negra”, “lista negra” e “ovelha negra”: Entre outras inúme-
ras expressões em que a palavra ‘negro’ representa algo pejorativo, prejudicial, ilegal.

�Este material foi elaborado pela equipe pedagógica do Gran Concursos, de acordo com a aula
preparada e ministrada pela professora Aline Menezes.
A presente degravação tem como objetivo auxiliar no acompanhamento e na revisão do con-
teúdo ministrado na videoaula. Não recomendamos a substituição do estudo em vídeo pela lei-
tura exclusiva deste material.

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