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ESCRAVIDÃO

Durante muito tempo, acreditou-se na ideia de que a escravidão


ocorrida na África fora mais branda e humanista se comparada à
escravidão praticada na América até o século XIX. Muitos defendiam
a tese de que o cativo era absorvido pelo povo que o capturava,
caracterizando uma escravidão exclusivamente de cunho doméstico,
mas, conforme veremos, a escravidão na África não ocorria somente
neste formato.
No presente texto, nosso principal objetivo é analisar a escravidão
existente na África e comparar com a escravidão presente no Novo
Mundo. No entanto, não podemos comparar a brutalidade da
escravidão na África com a da escravidão na América. “Qual
escravidão foi mais brutal com os escravos, a africana ou a
americana?”. Essa pergunta não tem resposta, pois os parâmetros
utilizados por cada forma de escravidão pautam-se na realidade social,
política e cultural específica de cada continente.
Porém, sabemos que a relação entre senhor e escravo, tanto na África
como na América, sempre foi baseada na violência, nos castigos e nas
punições disciplinares. Além disso, as pessoas foram retiradas dos
meios em que viviam, separadas de suas famílias, obrigadas a
aprender outros idiomas e outros costumes, além de terem sido
humilhadas e torturadas. Todas essas características foram chamadas
de processo de desterritorialização, que ocorre quando indivíduos são
retirados à força de seus territórios para outros territórios muitas vezes
inóspitos.
A partir de então, é preciso se conscientizar de que toda forma de
escravidão é desumana e violenta. O escravo se encontrava em
posição de subordinação e nunca foi tratado como igual, por isso
devemos questionar a ideia de que na África a escravidão havia sido
mais branda e humanitária. A escravidão africana se configurou como
cruel e desumana, segundo a historiadora Marina de Melo e Souza[i]
“Desde os tempos mais antigos, alguns homens escravizaram outros
homens, que não eram vistos como seus semelhantes, mas sim como
inimigos e inferiores. A maior fonte de escravos sempre foram as
guerras, com os prisioneiros sendo postos a trabalhar ou sendo
vendidos pelos vencedores. Mas um homem podia perder seus direitos
de membro da sociedade por outros motivos, como a condenação por
transgressão e crimes cometidos, impossibilidade de pagar dívidas,
ou mesmo de sobreviver independentemente por falta de recursos.
[...] A escravidão existiu em muitas sociedades africanas bem antes
de os europeus começarem a traficar escravos pelo oceano Atlântico”
As pessoas se tornavam escravizadas na África principalmente por
guerras. Outra forma de escravidão presente na África foi a escravidão
por dívida: o indivíduo endividado passava a ser escravo do credor da
dívida.
Sabemos que a escravidão já existia na África antes da chegada dos
europeus no continente, mas a escravidão se tornou um negócio
lucrativo tanto para os africanos que escravizavam, quanto para os
europeus que traficavam escravos. A acentuação da escravidão na
África aconteceu porque as vendas de escravos para a América se
tornou uma lucrativa atividade.

RACISMO

Você já parou para pensar o quanto o racismo afeta o dia a dia da escola e da
sociedade? Em novembro, comemoramos o mês da Consciência Negra, com
feriados oficiais em municípios de 16 estados brasileiros. Em muitos casos, a
ocasião é aproveitada para promover palestras de conscientização sobre o
racismo, criar espaços para discussão, organizar marchas e celebrar a
ancestralidade, a cultura e a memória dessa parcela da população que representa
54% do país. 
Embora a data seja de extrema importância para sinalizar que precisamos falar
seriamente sobre a Consciência Negra, o debate não deve estar circunscrito a esse
momento nem na escola e nem na sociedade. Compreender os impactos do
racismo existente no país é um tema antigo, e que continua urgente e atual em
todos os setores da sociedade, inclusive na saúde mental. É preciso, ainda,
entender a questão do racismo como um problema estrutural do nosso país. O
termo racismo estrutural significa a formalização desse tipo de preconceito,
presente na sociedade brasileira de maneira cristalizada.
Mas o que isso tem a ver com saúde mental? Uma das consequências, de acordo
com uma pesquisa da Universidade de São Paulo, é que o racismo faz com que
muitas pessoas negras se sintam insuficientes e culpadas devido a essa falta de
integração plena em uma sociedade que as violenta e as segrega
recorrentemente. 
Além disso, embora a condição crônica de estresse traga efeitos colaterais
negativos a todas as pessoas, os fatores psicossociais e contextuais únicos aos
quais os negros estão sujeitos - como o racismo e a discriminação - criam um
fator adicional de estresse diário a eles. Corroborando com esse dado, um estudo
 divulgado pela Associação Americana de Psicologia, concluiu que o
estresse relacionado à raça é um fator de risco significativamente mais
importante do que outros eventos estressantes da vida para o sofrimento
psíquico.

Em uma reportagem publicada pela Folha de S.Paulo, dados indicam que a


violência precoce a qual os jovens negros estão sujeitos afeta os aspectos
psicológicos desse público, o que aumenta os riscos de doenças como depressão,
a piores resultados acadêmicos e ao envolvimento com a violência no futuro. 
Somado a isso, pesquisadores como Danielle Valverde e Lauro Stocco pontuam
que o Brasil possui uma cultura de negação da existência de práticas racistas no
meio escolar, priorizando-se, assim, atrelar o fracasso escolar de jovens e
crianças negras unicamente à desestruturação familiar, à condição
socioeconômica ou à necessidade precoce de inserção no mercado de trabalho,
desconsiderando o peso que o pertencimento racial tem sobre as trajetórias
daquelas pessoas. 
Para Iray Carone o branqueamento é um outro fator importante a ser
considerado. O termo designa uma forma de pressão direta ou indireta pela
população branca para que o negro negue seus traços, para que, dessa forma,
possa ser aceito na sociedade. Quando o branqueamento se torna um ideal, há
uma interferência negativa na formação da autoestima, ocasionando uma
supervalorização dos aspectos culturais e dos traços da população branca e uma
consequente desvalorização da negra. Para Carone, isso traz consequências
sérias, pois o negro se sente insatisfeito com seus traços físicos e consigo mesmo,
pois é levado a pensar que apenas as características brancas são belas e
importantes. 
A violência contra a população negra está presente não só de forma extrema,
como na liderança de taxas de homicídio no país. Ela se revela no cotidiano na
forma de preconceitos muitas vezes já banalizados, e, também, de forma sutil.
Um exemplo é dizer que "não precisamos de um dia para consciência negra, mas
de 365 dias de consciência humana" - jargão popularizado nas mídias sociais e
comumente compartilhado por pessoas brancas. Essa frase nada mais é que uma
forma de negar, negligenciar e calar as discussões sobre o racismo no Brasil,
mantendo-o velado e causador de sofrimento. 
O Instituto Amma Psique e Negritude, fundado pela psicóloga e psicoterapeuta
Maria Lucia da Silva, que é negra, é uma ONG focada no combate ao racismo
pelas vias política e psíquica. Em uma entrevista , a psicóloga defende que o
racismo é um grande causador de sofrimento mental e que tem atendido cada vez
mais pacientes negros com questões relacionadas a aceitação da própria
identidade, a autoestima, e com ansiedade, insegurança e angústias profundas.
Para ela, a existência de um lugar como o Instituto Amma para acolher o
sofrimento psíquico responde a uma demanda da população negra: receber apoio
de profissionais que compreendam aquele lugar de fala, atrelando a análise das
questões de saúde mental às raciais.

VIDAS NEGRAS IMPORTAM!

COMO PODEMOS EVITAR O RACISMO :

*Atente-se para não reproduzir comportamentos preconceituosos.


*Repense seus atos e seu vocabulário.
*Não incentive apelidos que caracterizam estereótipos.
*Reflita a necessidade de festas em datas comemorativas.
*Explique tudo às crianças.
*Valorize a diversidade no dia a dia.

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