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O colorismo afeta a vida dos negros de

alguma forma?
Essa discriminação é utilizada para diferenciar as tonalidades da
pele negra, excluindo ou incluindo eles na sociedade.

O colorismo é um fenômeno social que se baseia na discriminação de pessoas com base


na tonalidade de sua pele, ou seja, quanto mais pigmentada uma pessoa, mais exclusão e
discriminação essa pessoa irá sofrer. É uma forma de racismo que ocorre dentro das
próprias comunidades negras, em que pessoas mais claras são privilegiadas em relação
às mais escuras.

Esse fenômeno é muito presente em países como o Brasil, onde a diversidade racial é
muito grande. O colorismo pode ser percebido em diversos aspectos da vida cotidiana,
como no mercado de trabalho, na mídia, na moda e até mesmo nos relacionamentos.

Vemos acontecer no Brasil, uma situação que Melissa Harris-Perry descreve em seu


livro “Irmã Cidadã – Vergonha, Estereótipos e Mulheres Negras na América”, no qual a
autora afirma que “a solidão na vida da mulher negra é algo que se inicia na infância
com o abandono paterno e se estende por toda vida através do preterimento nas relações
amorosas”.

Esse preconceito, acaba virando rivalidade entre as pessoas negras de pele clara e as de
pele escura. O sentimento de injustiça que pode intensificar a falsa ideia de que as
pessoas de pele clara não seriam negras, porquê têm acesso a muitas oportunidades.

O machismo de nossa sociedade define o "valor" de uma mulher em termos de sua


"beleza". Por causa do racismo, as mulheres negras sempre estiveram em desvantagem
em relação às mulheres brancas porque os brancos entendem que a beleza é branca.
Nesse sentido, o colorismo é um fator agravante dessa discriminação, pois estigmatiza
uma imagem já repleta de estereótipos da mulher negra.

Um exemplo é no texto de Alice Walker, que introduz o termo colorismo “Se o presente
se parece com o passado, como será o futuro?”, já que a sociedade brasileira ainda
considera que, “a branca é para casar, a mulata para fornicar e a preta para trabalhar”.

O homem negro, mesmo sem ascensão social encontra-se em uma posição privilegiada
em relação às mulheres negras, pois ser negro não o impede de relacionar-se
afetivamente com mulheres negras, enquanto a mulher negra por causa do machismo e
por causa do racismo encontra, cada vez menos, quem com ela queira relacionar-se.

De acordo com Guilherme Oliveira, ser negro no Brasil é não estar representado em
nenhum espaço e, dependendo dos traços atribuídos à negritude de uma pessoa, ela vai
vivenciar formas diferentes de racismo ao longo da vida.

O colorismo dificulta e até mesmo impede completamente o acesso de pessoas de pele


escura a certos lugares da sociedade, o que consequentemente dana ou impede o acesso
delas à serviços que lhes são de direito, enquanto cidadãos brasileiros.
É importante que se discuta o colorismo e se combata esse tipo de discriminação, não
apenas dentro da comunidade negra, mas em toda a sociedade. Afinal, todas as pessoas
devem ser valorizadas e respeitadas independentemente da cor da sua pele.

Com o movimento antirracista ganhando força em todo o mundo, o debate sobre o


colorismo tem se intensificado. É importante que as pessoas entendam a gravidade
desse problema e trabalhem para acabar. Isso pode incluir ações como a valorização de
todas as tonalidades de pele na mídia e na publicidade, a criação de políticas de inclusão
no mercado de trabalho e a promoção de discussões em espaços educacionais.

“A gente não nasce negro, a gente se torna negro. É uma conquista dura, cruel e que se
desenvolve pela vida da gente afora.” A citação de Lélia Gonzalez, uma das pioneiras
nos estudos da Cultura Negra no Brasil, corrobora o entendimento do ser negro no
Brasil e do pertencimento a uma nação que nasceu da miscigenação.

É preciso que as pessoas reflitam sobre suas próprias atitudes e comportamentos em


relação ao colorismo. É importante que cada um faça a sua parte para combater a
discriminação e promover a igualdade racial. Somente dessa forma poderemos construir
uma sociedade mais justa e igualitária para todos.

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