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E82
Estudos linguísticos: (novos) caminhos: vol. 2 / Organizadores Jacson Silva,
Dayane Moreira Lemos. – Tutóia, MA: Diálogos, 2021.
Formato: PDF
Requisitos de sistema: Adobe Acrobat Reader
Modo de acesso: World Wide Web
ISBN 978-65-89932-01-7
1. Linguagem e línguas. 2. Linguística. I. Silva, Jacson. II. Lemos, Dayane
Moreira. III. Título.
CDD 410
https://doi.org/10.52788/9786589932017
Editora Diálogos
contato@editoradialogos.com
www.editoradialogos.com
SUMÁRIO
Apresentação........................................................................................ 8
Gustavo da Silva Andrade
Sobre os organizadores.....................................................................210
Considerações iniciais
1 Mestre pelo Programa de Estudos Pós-Graduados em Língua Portuguesa (PUC/SP). E-mail: victorvasconcellos@uol.
com.br.
Manipulação e poder
Quanto menos poderosa for uma pessoa, menor o seu acesso às várias formas
de escrita e fala. No fim das contas, os sem-poder ‘não têm nada para dizer’,
literalmente, não têm com quem falar ou precisam ficar em silêncio quando
pessoas mais poderosas falam (VAN DIJK, 2012, p. 44).
Análise do corpus
Topos do discurso
Pode ser chato saber disso, mas Monteiro Lobato era de um racismo
delirante.
2 O autor recebeu críticas de leitores sobre a sua posição. Respondeu-as em outros artigos (dias 16/02/2021 e 18/02/2021).
Seu texto apresentou as questões necessárias para não ser desqualificado, portanto, as defesas foram só formalidade, uma
vez que o racismo citado é inegável.
Basta? Tem mais. Numa carta de 1928, Lobato diz que “um dia se fará
justiça ao Ku Klux Klan; tivéssemos aí uma defesa desta ordem, que
mantém o negro em seu lugar, [...] porque a mestiçagem do negro destrói
a capacidade construtiva”.
Mas não dá para ignorar, desculpar e fingir que não existe racismo em
Monteiro Lobato.
Não é o caso de censurar seus livros infantis. Mas também não há escândalo
em adaptá-los.
\Análises como essa trazem à baila reflexões acerca dos discursos que
circulam na sociedade brasileira. Mesmo sendo um artigo de opinião
(COELHO, 2021), há uma rede complexa de discursos que se chocam. O
viés social proporciona o jogo de interesses dos mais poderosos e dos que
buscam o poder.
O topos discursivo e as cenas da enunciação levantaram a discussão
acerca do gênero do discurso e do seu campo discursivo, considerando as
relações de poder para sua validação. Os elementos necessários para que
um texto seja classificado como um discurso de denúncia, ou apenas um
artigo de opinião, vão muito além do estrutural, como bem mostrou a
análise feita aqui.
A manipulação abrangeu questões ligadas às relações de poder entre
as instituições discursivas (Folha de São Paulo, Marcelo Coelho e Leitores).
A linguagem apresenta essa questão de manipulação para ser validada. No
caso do jornal, a tríade alimenta-se mutuamente, porque o jornal precisa
regular o que é publicado para que não perca sua identidade; todavia, os
leitores também regulam as tendências de publicação, pressionando o
colunista dos dois lados. Insisto que há manipulação por parte do colunista
quando ele precisa da validação da Folha e da aceitação do público. Dessa
maneira, seu discurso deve se adequar aos parâmetros exigidos; portanto,
há manipulação do colunista no discurso para que sua ideia seja aprovada
e aceita.
Ao apresentar a ideia de a circulação ser a engrenagem da propaganda
de um discurso, apresentamos a questão do poder, pois é ele que autoriza
a circulação – mais ou menos restrita. A publicação na Folha de São Paulo
atinge muito mais leitores do que a publicação em um jornal do bairro. Em
2021, há muitos blogs na internet, alguns com acesso diário de milhares
de pessoas enquanto outros não recebem isso em toda sua existência.
A diferença é a divulgação desses blogs e o interesse que despertam nos
leitores. Quanto maior a possibilidade de atingir mais público, maior é o
Referências