UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO – UNIRIO
CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS – CCH
ESCOLA DE SERVIÇO SOCIAL – ESS CURSO DE SERVIÇO SOCIAL
Nota de aula
Disciplina: Gênero, Raça e Etnia
Semestre: 2023.1 Professora: Vanessa Bezerra de Souza Tutora: Marta Oliveira
Tema da aula: Por um feminismo afro-latino-americano: ensaios, intervenções e
diálogos
SOBRE LÉLIA GONZALEZ
- Lélia Gonzalez (01/02/1935-10/07/1994) - morre aos 59 anos de infarto. - Nascida em Minas Gerais, mas foi no Rio de Janeiro onde viveu a maior parte de sua vida. - Graduação: História e Geografia (Universidade da Guanabara/UERJ); Mestrado: Comunicação; Doutorado: Antropologia Política. - Trabalhou três décadas como professora. - Fundou o primeiro curso de Cultura Negra (com análise da contribuição africana na formação histórica e cultural brasileira) na Escola de Artes Visuais (EAV). - Autora de vários artigos, ensaios e livros com temática racial e seus desdobramentos: o tema da ideologia do branqueamento e seus efeitos e o da dupla exposição da mulher negra, discriminada pelo racismo e pelo sexismo, seu primeiro livro foi “Lugar de negro” em parceria com o sociólogo Carlos Hasenbalg. - Fez parte do grupo de fundadores do Movimento Negro Unificado contra Discriminação e o Racismo (MNUCDR/1978), atualmente MNU. - Angela Davis (2019), em entrevista no Brasil diz: Leiam Lélia, vocês têm Lélia!
“Sabe qual é o negro mais bonito do mundo? É aquele que tem
consciência de suas raízes, de suas origens culturais. É aquele que tem a atitude de quem sabe que é ele mesmo, e não um outro determinado pelo poder branco.” (Lélia Gonzalez, 1984) Por um feminismo afro-latino-americano: ensaios, intervenções e diálogos
1- Cultura, etnicidade e trabalho: Efeitos linguísticos e políticos da exploração
da mulher: ● Capitalismo dependente; desenvolvimento desigual e combinado do capitalismo e o racismo no mercado de trabalho; ● Neocolonialismo cultural e pacto social da branquitude; ● Exploração e extração da mais-valia psicológica, ideológica e cultural do colonizador; ● “racismo por denegação” - Mito da democracia racial e a ideologia do embranquecimento; ● Divisão sócio-racial-sexual do trabalho; “racismo disfarçado”; “liberalismo racial”; ● Colonialismo educacional ● Mulheres negras e o trabalho não-pago em conjugação com a superexploração; ● “mulata-exportação”
2. A juventude negra brasileira e a questão do desemprego
● A criminalização da classe trabalhadora negra; ● A desocupação da população jovem negra estrutural; ● O trabalho negro infanto-juvenil; a violência urbana;
3. A mulher negra na sociedade brasileira
● Desconstrução do culturalismo de Gilberto Freyre e as relações amistosas inter-raciais; ● República de Palmares; luta de classes racializada e a dialética radical de negras/os; ● “Pretuguês” – a marca de africanização do português; ● a hiperssexualização das mulheres negras; ● Feminismo negro: MNU; favelas, candomblé.
5. Racismo e sexismo na cultura brasileira
● Cumé que a gente fica ? “Racismo? No Brasil? Quem foi que disse? Isso é coisa de americano. Aqui não tem diferença porque todo mundo é brasileiro acima de tudo, graças a Deus. Preto aqui é bem tratado, tem o mesmo direito que a gente tem. Tanto é que, quando se esforça , ele sobe na vida como qualquer um. Conheço um que é médico; educadíssimo, culto, elegante e com umas feições tão finas... Nem parece preto.” ● A subserviência explorada da mulher negra; ● A interseccionalidade como ferramenta de análise do racismo-sexismo no Brasil; ● Neurose cultural brasileira e a crítica ao patriarcalismo brasileiro; ● O lugar colonial de negras/os na sociedade brasileira e a divisão racial do espaço (território);
8. A categoria político-cultural da Amefricanidade
● Améfrica Ladina* e todos os brasileiros são ladinoamefricanos – amefricanas (os); *Primeiro registro de uso do termo foi na obra de Magno Machado Dias - (MD Magno - psicanalista e psicólogo clínico, é bacharel em arte e psicologia, mestre em comunicação, doutor em Letras, pós-doutor em comunicação (UFRJ), aposentado). ● Interdisciplinar visa construir uma consciência coletiva de luta que promova descolonização do saber e do poder; ● Incorpora um processo histórico cultural de adaptação; resistência , reinterpretação, criação de novas formas e estratégias de vivência diaspórica do povo negro ao longo do continente americano; ● Anticolonialista e construção de um poder popular por meio das lutas sociais amefricanas.
Bibliografia:
GONZALEZ, Lélia. Por um feminismo afro-latino-americano: ensaios, intervenções e
diálogos. RIOS, Flávia; LIMA, Márcia. (org). 1ª ed. Rio de Janeiro: Zahar. 2020 [1988]. 375p.
Lélia Gonzalez: A mulher que revolucionou o movimento negro. Fundação Cultural