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UNIVERSIDADE VILA VELHA - UVV

CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

Vinícius Ribeiro de Oliveira

UROCHORDATAS: Phallusia nigra

Disciplina: Zoologia dos Vertebrados I


Professor: Levy Gomes

VILA VELHA
Abril – 2021
INTRODUÇÃO

O subfilo dos urocordados tem como principal representante as ascídias. Desde que foram
descobertos, muitos estudos filogenéticos foram feitos neste grupo, e comprovou-se uma
similaridade próxima ao grupo dos vertebrados (ANTONIADOU, et al., 2016). Os estudos mostram
características em comum, tanto morfológica tanto molecular que os tunicados compartilham com
os vertebrados, tendo uma notocorda pós anal em seu estágio larval (ROCHA, et al., 2011). As
ascídias, o maior representante do subfilo dos urocordados, são animais bentônicos e sésseis, cuja
principal característica é a presença de uma túnica, um exoesqueleto composto por uma rede de
tunicina e celulose (LIMA, 2007). As ascídias são encontradas, de uma forma geral em locais de
águas rasas, no qual se fixam em rochas e, em algumas ocasiões, na areia ou lama através de hastes,
no caso de ascídias compostas, a colônia é unida por meio de um estolho (RUPPERT & BARNES,
1996). Frequentemente as ascídias exercem algumas funções fundamentais no ecossistema, como
servir de abrigo para diversos outros organismos comensais e parasitas, tendo uma grande
importância na teia alimentar, e são tidas como bioindicadores de qualidade ambiental enquanto
outras respondem a sinais de poluição ambiental e à eutrofização. Elas também possuem uma alta
eficiência para se proliferar em ambientes ricos em nutrientes, o que as deixa como forte
competidora por substrato. As ascídias são animais filtradores, e devido a essa característica, são
usadas como instrumento de estudo para avaliação de sua eficiência como biorremediadores
(ROCHA, et al., 2011). Também, por filtrarem água, as ascídias portam um sifão branquial e um
sifão atrial, com tentáculos bucais que impedem a entrada de substâncias indesejadas para a faringe,
essa, é perfurada por estigmas e possuí um endóstilo: uma região especializada na produção de
mucoproteína, uma rede de duas camadas na região lateral do endóstilo, com a função de reter o
alimento filtrado. O zoóide pode ser divido em três regiões dentro da túnica, uma região torácica,
que contém a faringe, uma região abdominal, onde se localiza o trato digestivo, a região pós
abdominal, onde está presente o coração e órgãos reprodutivos. Porém, a maioria dos zoóides não
possuem um pós-abdômen. Em seu sistema digestivo, possuem um estomago que é uma extensão
da alça digestiva e é onde acontece a digestão extracelular, possuem também um intestino que leva
a um ânus e é o local onde os péletes fecais são formados, e possuem também glândulas pilóricas,
que regulam o pH. As ascídias são animais amoniotélicos, ou seja, excretam amônia como principal
produto metabolito, esses tunicados possuem uma exclusividade, que consiste no armazenamento
da excreção, na qual só é liberada no ambiente após a morte do zooide. Os tunicados possuem um
sistema circulatório aberto, porém bem desenvolvido, com vasos sanguíneos que nutrem a túnica e
um coração dorsal. Seu sistema nervoso é simples, possuindo um gânglio cerebral entre seus sifões.
As ascídias também possuem células sensórias nos tentáculos bucais. A reprodução assexuada é
típica nas ascídias coloniais e ocorre por brotamento. A reprodução sexuada é típica do grupo,
nesses casos, a maioria é hermafrodita, porém ocorre pouca autofertilização entre as espécies e a
fertilização é cruzada. Existem diferença nos ovos das ascídias solitárias e coloniais nesse tipo de
reprodução. Os ovos de ascídias solitárias são postos pelo sifão atrial e a fertilização ocorre no mar,
e, nesses casos, o ovo é pequeno e apresenta pouca gema. Nas espécies coloniais, os ovos são
maiores e apresentam muita gema e são incubados no oviduto, e sua eclosão é no estágio larval. As
ascídias possuem uma larva girino livre natante e lecitrotófica, que no final do seu estágio natante
se sedimenta em um substrato consolidado com a ajuda das suas 3 papilas adesivas, logo após,
sofrem uma metamorfose radical, onde a cauda se retrai, perdendo a notocorda e o cordão nervoso,
o corpo rotaciona 180º, onde os órgãos internos desviam para trás, fazendo com que os sifões
fiquem em uma posição correta para o meio externo e se abrem para filtrarem alimento. (RUPPERT
& BARNES, 1996).

METODOLOGIA

Na aula prática realizada pelo professor Levy Gomes, foi apresentado para os alunos o conceito de
ilustração cientifica, como é realizada e a importância dela para a taxonomia, devido as estruturas
observadas. Em seguida, em uma placa de Petri, foi apresentado duas espécies de ascídias, a
Phallusia nigra e a Styela plicata, além de um zoóide propriamente dito, solitário. Logo após, os
alunos tiveram que observar a espécie recebida e ilustrá-la em uma folha separada, observando
precisamente suas características e identificando suas estruturas no desenho, uma forma prática de
demonstrar a importância da ilustração cientifica para o zoólogo taxonômico.

DESENVOLVIMENTO

A Phallusia nigra é uma ascídia cosmopolita marinha solitária. Este tunicado é encontrado com
mais frequência em mares tropicais e subtropicais em águas rasas ao redor do mundo (ARAST et
al., 2017). Esses tunicados também são descritos como invasoras de certas regiões,
especificadamente as do Oceano Indo-Pacífico e do Mediterrâneo. Sua parede corporal, a túnica,
contém uma grande quantidade de células com pigmento preto, onde estão presentes em maior
abundância nos sifões, além de apresentar uma textura lisa e de tamanho grande (VANDEPAS et
al., 2015). A P. nigra armazena em sua túnica algumas substâncias, como ácido sulfúrico e vanádio,
conferindo-os um pH ácido, os tornando impalatáveis, proporcionando um baixo número de
predadores, sendo assim o principal agente de defesa química (LUFTO & FREITAS, 1998). Um
estudo vem sendo feito para tentar descobrir uma possível toxidade seletiva de n-hexano, éter
dietílico, extratos metanólicos e aquosos de P. nigra em mitocôndrias cancerosas isoladas de pele de
ratos induzidos por melanoma, ilustrando uma possível possibilidade da P. nigra realizar um papel
importante na terapia do câncer, além de ter um potencial de fonte de drogas anticâncer ou anti-
inflamatório, porém, o estudo apresenta diferentes estágios de desenvolvimento (ARAST et al.,
2017).

REFERÊNCIAS

ANTONIADOU C., GEROVASILEIOU V., BAILLY, N. Ascidiacea (Chordata: Tunicata) of


Greece: an updated checklist. Biodivers Data J. 2016;(4):e9273. Published 2016 Nov 1.
doi:10.3897/BDJ.4. e9273.

ARAST, Y., SEVED, R.N., SEYDI, E., NASERZADEH P., NAZEMI, M., POURAHMAD, J.
Selective Toxicity of Non Polar Bioactive Compounds of Persian Gulf Sea Squirt Phallusia
Nigra on Skin Mitochondria Isolated from Rat Model of Melanoma. Asian Pac J Cancer Prev.
2017;18(3):811-818. Published 2017 Mar 1. doi:10.22034/APJCP.2017.18.3.811.

LIMA, V.A. Padrões biológicos em ascídias transportadoras. 2007. Monografia de Conclusão de


Curso (Bacharel em Ciências Biológicas) – Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 2003.

LOTUFO, L.V.C; FREITAS, J.C. Substâncias bioativas em Phallusia nigra (Savigny, 1816)


(Urochordata, Ascidiaceae). 1998. Universidade de São Paulo, São Paulo, 1998.

ROCHA, R.M., DIAS, G.M., LOTUFO, T. M.C. Checklist das ascídias (Tunicata, Ascidiacea)
do Estado de São Paulo, Brasil., Campinas, v. 11, supl. 1, p. 749-759, Dec.  2011. Access on 04
Apr.  2021.

RUPPERT, E. & BARNES, R.D. 1996. Zoologia dos Invertebrados. 6ª ed., Roca Ed., São Paulo.
1029 p.

VANDEPAS, L.E., OLIVEIRA, L.M., LEE, S.S., HIROSE, E., ROCHA, R.M., SWALLA, B.J.
Biogeography of Phallusia nigra: is it really black and white? Biol Bull. 2015 Feb;228(1):52-64.
doi: 10.1086/BBLv228n1p52. PMID: 25745100.

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