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Como funciona o protocolo XABCDE do trauma?

O protocolo de trauma é um conjunto de cuidados básicos


extremamente importantes em algum evento acidental que
visa garantir a sobrevivência dos envolvidos.
O atendimento emergencial no pré-hospitalar deve conter
processos bem definidos, que passam por avaliação inicial
do paciente e sua consequente avaliação de risco.

X
A Letra X no protocolo do trauma significa Exsanguinação
Nessa etapa, a contenção de hemorragia externa grave, a
abordagem a esta, deve ser antes mesmo do manejo das vias
aérea uma vez que, epidemiologicamente, apesar da obstrução de
vias aéreas ser responsável pelos óbitos em um curto período de
tempo, o que mais mata no trauma são as hemorragias graves.

A
A letra A, no protocolo de trauma, quer dizer vias aéreas ou, do
inglês, airways. Nessa etapa do atendimento, quem estiver
prestando o socorro deve verificar se o acidentado está com suas
vias aéreas pérvias, ou seja, desobstruídas e permitindo uma
passagem adequada de ar, compatível com o que é necessário
para sua sobrevivência.
É preciso, portanto, checar se não existe algum corpo estranho que
esteja impedindo a respiração, bem como alguma fratura ou lesão
na coluna cervical. Esse é um processo que se presta também a
observar a presença de eventuais edemas ou sangramentos na
cavidade oral e sons estranhos durante a respiração. Garantida a
passagem, o colar cervical deve ser colocado para proteger a
coluna cervical.

B
Já a letra B do protocolo de trauma diz respeito ao termo
“breathing”, em inglês. Ou, na tradução para o português,
respiração. Alguns minutos sem a presença de oxigênio já
desencadeia um quadro de hipóxia, que pode lesar tecidos e trazer
danos irreversíveis em qualquer sistema.
Nessa fase, a ideia primordial é que o socorrista possa verificar se o
acidentado está respirando por conta própria e de maneira
adequada. Para isso, é preciso observar o movimento do tórax e, se
possível, realizar uma ausculta para descartar a presença de sons
anormais (como crepitações, roncos etc.) e, assim, eliminar a
chance de lesão torácica.

C
A letra C do “ABCDE” do protocolo de trauma refere-se à etapa que
visa justamente observar a circulação sanguínea do paciente, com
a adoção de possíveis medidas para conter sangramentos e
hemorragias. Sob qualquer circunstância, é interessante minimizar
os riscos de hipovolemia, que é a diminuição do volume de sangue
circulante.
A perfusão da sua pele também é fundamental, pois palidez
excessiva ou lábios e extremidades arroxeadas podem indicar que
o sangue não está chegando nessas regiões. Outros fatores a
analisar são a amplitude do pulso e a frequência cardíaca, a
pressão arterial e a presença de suor excessivo.
D
A letra D é a primeira da palavra inglesa disability, que pode ser
traduzida como incapacidade. Nessa etapa, quem está prestando o
socorro deve realizar um exame neurológico sumário, que servirá
para analisar, ainda que de maneira mais superficial, qual é o nível
de consciência do acidentado no momento.
Posteriormente, o médico ou socorrista profissional deve realizar o
exame adequado para a classificação na Escala de Glasgow, que
indicará a necessidade ou não de intubação e até mesmo do
encaminhamento para cirurgia ou uma UTI.
Para essa checagem, usa-se outro conjunto de letras para facilitar a
lembrança: o método AVDI. As letras querem dizer,
respectivamente, alerta, resposta aos estímulos verbais, resposta
aos estímulos dolorosos ou inconsciente ao estímulo.

E
A letra E é a inicial de “exposure” ou, em português, exposição.
Nessa fase, o socorrista deve redobrar sua atenção ao exame
visual, pois, para impedir novos traumas ou a piora dos já
existentes, é preciso despir o acidentado para facilitar a ação e para
uma melhor observação.
Deve-se, portanto, retirar as roupas sem que isso movimente o
paciente, cortando-as ou abrindo-as, se possível. É fundamental
notar que, durante esses procedimentos, não é raro que a
temperatura do corpo acabe abaixando, o que poderia deixar os
acidentados mais suscetíveis à hipotermia, e você não pode permitir
que isso ocorra.
A importância desse método não demorou a ser reconhecida pelas
autoridades médicas, uma vez que só com esses cuidados é
possível realmente estabilizar o paciente, deixando-o mais seguro
para o transporte e para quaisquer outras intervenções que se
façam necessárias.
Portanto, dentro desse contexto, use o que puder e, antes da
remoção das vítimas para o atendimento, garanta que a
temperatura esteja estável. Uma manta térmica é sempre a melhor
opção, embora muitas vezes só seja possível utilizá-la com a
chegada da ambulância.
Essas são as etapas do protocolo de trauma. O conhecimento
adequado é fundamental para qualquer profissional de saúde,
especialmente os médicos, que durante situações de trauma e
emergência necessitam de agilidade e conhecimento técnico para
estabilizar os pacientes.

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