Você está na página 1de 2

INFECÇÕES DE VIAS AÉREAS SUPERIORES - Sintomas sistêmicos são mais comuns no início do SINAIS DE ALARME - mais comum nos

S DE ALARME - mais comum nos primeiros anos de vida;


Dr. Afranio Pereira quadro, sem focos localizatórios (como febre, cefaleia - fazer ATB EV e TC de seios - etiologia bacteriana mais comum em escolares [3-5
e mialgia) e depois termos progressão para sintomas - Edema e hiperemia periorbital anos];
INTRODUÇÃO mais característicos. - Deslocamento do globo ocular (proptose) - quando pensar em EBHGA?
Tratam-se de infecções respiratórias agudas que - Diplopia ou oftalmoplegia (visão dupla ou dor à - Idade entre 5-15 anos
envolvem condições de INVESTIGAÇÃO mobilidade ocular) - Dor de garganta de início súbito;
infecção e podem acometer - Quadro virais: É o resfriado comum, cujos sintomas - Diminuição da acuidade visual - Febre maior ou igual a 38 graus;
qualquer ponto da árvore duram menos que dez dias (corte de dez dias é - Cefaleia grave/intensa com vômitos que duram - Náuseas e vômitos;
respiratória. IMPORTANTE) mais de 24 hrs - Adenopatia cervical anterior dolorosa;
- Quadros pós-virais: resfriado comum que - Déficits neurológicos focais - Hipertrofia amigdaliana com exsudado;
apresentou complicação bacteriana adjacentes; - Alterações do nível de consciência - Petéquias em palato (sinal de Forchheimer,
- marcado por piora dos sintomas após o quinto - Abaulamento de região frontal também comum em rubéola);
dia ou então persistência dos sintomas por mais de
dez dias; TRATAMENTO ATENÇÃO
PREVALÊNCIA E EPIDEMIOLOGIA - melhora nos primeiros dias e do quinto dia em Quadro típico: manejo sintomático BACTÉRIA ACOMETE UNILATERAL, VÍRUS ACOMETE
diante vai piorando repentinamente; - lavagem nasal com soro fisiológico; BILATERAL.
Trata-se de uma das doenças mais comuns da
infância, sendo o principal motivo de atendimento - Quadros bacterianos: três ou mais dos seguintes - anti-histamínico [rinite alérgica];
pediátrico em emergência e a principal causa para o elementos: - mucolíticos [xarope]; - quando pensar em causa viral?
uso de antibióticos. - Febre a partir de 39 graus, coriza purulenta, dor - ATB não é indicado; - sintomas nasais;
local intensa ou aumento de PCR e VSH; - tosse, espirros, rouquidão;
SEM ESTRIDOR E SEM TAQUIPNEIA [VAS] Quadro bacteriano - sintomas gastrointestinais [diarreia, dor abdominal]
FÁCEIS GRIPA - casos leves persistentes [pós-viral]: observação e
RINOSSINUSITE AGUDA [RSA]
- inflamacao da mucosa nasal e dos seis paranasais; - olhos congestos e lacrimejantes, nariz avermelhado e reavaliada em 72hrs; QUADRO VIRAL
edemaciado, respiração bucal, aspecto de - Indicações: - mononucleose infecciosa [EBV] -> febre, odinofagia
- frequente na pediatria [6-10 episódios/ano];
- 4-7 anos de idade; prostação, obstrução nasal [voz anasalada, prejuízo - piora clinica após 72hrs ou sem melhora; e adenomegalia generalizada;
da alimentação e de sono]; - piora após 5 dias; - Febre faringoconjuntival [adenovirus] -> febre,
Agente etiológico - grave: febre >39 ºC, coriza purulenta faringite e conjuntivite;
- rinovírus e coronavírus [mais comuns], VSR, DIAGNÓSTICO
parainfluenza, influenza, adenovírus; - Eminentemente Clínica ATB QUADRO BACTERIANO
- pode ser bacteriana, mas menos comum: S - Uso de endoscopia nasal e TC de seis da face não - 7-10 dias: amox 50mg/kg/dia de 8/8; - Mao-pé-boca -> restrito a boca;
penumoniae, H influenza e M catarrhalis; é obrigatório! - amox + clav - Herpangina [coxsackie] -> faringite com úlceras/
- ceftriazona IM ou EV 3d se quadro grave; vesículas em orofaringe;
Fisiopatologia Quando indicamos esses exames complementares?
- obstrução do óstio do seio paranasal -> edema ou Doença persistente ou suspeita de complicações. TONSILITES E FARINGITES DIAGNÓSTICO
mecânica; - Adenoidite: inflamação da tonsila - Suspeita clinica e epidemiologia é imprecisa;
- disfunção ciliar; Sinais clínicos associados a pelo menos um dos faríngea/adenoide; - exames que confirmam, mas nem sempre são feitos
- espessamento do muco; seguintes: - Amigdalite: inflamação das tonsilas palatinas. - Cultura de orofaringe seria o padrão ouro,
- Alterações na endoscopia nasal (somente em - Faringites: inflamação da mucosa da garganta demorar cerca de 1-2 dias para sair, não
Quadro clinico quadro de indicação) (faringe e tonsilas faríngeas e palatina); esperamos para tratar baseado nisso.
- É marcado por início ABRUPTO de dois ou mais - pólipos nasais, secreção purulenta, edema de - É a primeira linha de defesa do corpo; - Teste rápido é mais usual na prática pediátrica
desses sintomas: mucosa com obstrução de meato médio; (usa-se o strep test), mas o resultado negativo não
- Obstrução/congestão nasal - cultura só quando preciso direcionar a ADENOIDITE exclui a doença (ou seja, baixo valor preditivo
terapêutica em pacientes refratários ou então - acomete o tecido linfático a nível nasofaringe; negativo);
- Coriza ou gotejamento pós-nasal (o que vai gerar
tosse, preferencialmente noturna pelo refluxo da imunossuprimidos; - pode ser vista ao Rx de seios nasais;
- TC de seios da face indicaria espessamento do - comum em crianças pequenas, respiradoras bucais; TRATAMENTO
secreção ao deitar-se)
- Dor ou pressão na face ou tosse. muco, havendo suspeita de complicações - sintomas clássicos: febre baixa, coriza, obstrução - maioria sendo oral -> tratamento sintomático;
- Secreção hialina, pelo quadro viral, mas pode ficar (especialmente meningite e acometimentos orbitais) e nasal e repercussão no sono; - reavaliação em 48-72hrs -> sem melhora -> ATB em
amarelada pela ação dos neutrófilos [não diagnóstico diferencial em investigação; - tratamento igual a da RSA; até 9 dias de doenças para prevenir febre reumática;
necessariamente precisa de ATB]; - ATB: amox [50mg/kg/dia 8/8 por 10d/ penicilina
- Em adolescentes: hiposmia (diminuição do olfato que COMPLICAÇÕES FARINGOTONSILITE benzatina 1.200.00 DU];
decorre justamente da obstrução cavitária e baixa - orbitárias: celulite, abscessos; - acomete a faringe e amígdalas [crise garganta]; - Cirurgia: tonsilectomia com ou sem adenoidectomia;
entrada de estímulo olfatório na cavidade); - intracranianas: mais comum em adolescente - predominantemente viral, com odinofagia [dor de - obstrução de via aérea superior -> hiperplasia
- Sintomas de obstrução nasal favorecem a respiração - empiema subdural/ abscesso epidural, meningite, garganta]; adenotonsilar [ronco noturno, respiração oral, sono
bucal -> irritação faríngea (gerando odinofagia) e trombose de sesios venosos [secundário as IVAS]; - pode complicar com infecção bacteriana ou sem descanso, apneias; alteração de
irritação laríngea (gerando disfonia); - oseeas: osteomielite de seios frontal e maxilar; hiperresponsividade do sistema imune; comportamento, halitose, obstrução nasal crônica];
- infecções recorrentes [>7x ao ano ou 5x por ano Pontos de alarme: Quadro clínico
nos últimos 2 anos ou 3x por ano nos últimos 3 anos]; - Crianças abaixo de 6 meses (menor calibre de - piora acelerada dos sintomas;
via aérea e, portanto, menor diâmetro obstrutivo já - Febre alta, odinofagia e disfagia, sialorréia, estridor
COM ESTRIDOR [VA INTERMEDIÁRIA] cursa com maior prejuízo de perfusão); inspiratório e voz abafada;
Estridor: indica uma obstrução pela passagem da vida - Estridor em repouso; - Desconforto respiratório progressivo e toxemia
aérea de grosso calibre com lúmen estreitado; - Alteração de nível de consciência (criança precoce;
- o aumento da pressão de dá na inspiração e isso agitada, letárgica e sonolenta); - Clássica “posição do tripé” (a criança tentando
faz com que o estridor piore; - Detecção de hipóxia ou hipercapnia auxiliar o fluxo da sua própria via aérea).
- Rx: epiglote edemaciada [sinal do pelogar]
ANATOMIA X QUADRO CLÍNICO Manejo
Via aérea supraglótica Tratamento
- do nariz ate acima das cordas vocais [sem - manter via aérea pérvia;
cartilagem]; - suporte de O2 com mascara ou intubação
- estridor inspiratório [melhora na experição]; orotraqueal precoce a fim de assegurar que a via não
- salivação e voz de “batata quente”; se fecha;
- não precisa examinar a ororfaringe ou coletar
Via aérea glótica e subglótica exames nesse primeiro momento, não tem indicação
- das cordas vocais à traqueia não-torácica; de corticoide ou nebulização de adrenalina;
- colapso é mais raro [cricoide e traqueia]; - ATB empírico: cefalosporina ou oxacilina;
- estridor ins e expiratório;
- rouquidão [acomete as cordas vocais], sem Diagnóstico 4. TRAQUEÍTE BACTERIANA
abafamento da voz; - eminentemente clinico; - infeccao bacteriana direta na mucosa da traqueia;
- Rx cervical: sinal da ponta do lápis/torre de igreja - doença rara, mas importante pela vacinação de
Via aérea intratorácica - estreitamento da traqueia subglótica; Haemophilus Influenzae tipo B [diminui os casos de
- traqueia na cavidade e brônquios principais; supraglotite e aumentou os casos de traqueíte];
- estridor mais audível na expiração; Tratamento - acomete crianças menores de 6 anos;
- doenças congênitas e aspiração de corpo estranho; - manter vias aéreas pérvias; - agentes: S. aureus*, estreptococos, Moraxella,
- fatores modificadores: Haemophilus;
SD CRUPE - paciente calma evitando manipulação;
- grupo de doenças com envolvimento anatômico e - nebulização com adrenalina; Quadro clínico
etiológico - corticoide [reduz gravidade e hospitalização]; - crupe viral + supraglotite;
- rouquidão, tosse ladrante, estridor inspiratório e - suporte de O2 e intubação em casos - pródromos virais: febre alta, tosse ladrante,
graus diverso de dispneia; selecionados; rouquidão e estridor inspiratório;
- desconforto respiratório progressivo e toxemia
1. CRUPE VIRAL 2. CRUPE ESPASMÓDICO precoce;
- depende do grau de acometimento; - paciente que acorda no meio da noite com estridor
- pode ser laringite, laringotraqueíte e repentino; Tratamento
laringotraqueobronquite; - É mais uma reação alérgica aos antígenos virais do - se há suspeita -> tratar em UTI;
- 90% do casos de estridor em crianças entre 1-6anos; que infecção direta. - IOT precoce;
- agentes: parainfluenza [1,2,3], influenza e VSR; - Acomete mais crianças de 3 meses a 3 anos de - cuidado com obstrução traqueal;
- começa com infecção da nasofaringe -> se idade; - ATB empírico: cefalosporina + oxacilina;
dissemina através do epitélio respiratório -> causando - Quadro clínico súbito, em geral à noite → sem - não precisa de corticoide ou BNZ com
inflamação difusa, eritema e edema subglótico; febre! Acalmar a criança e medidas do crupe viral adrenalina;
se necessário.
Clínica
- aumento de obstrução e desconforto respiratório. 3. SUPRAGLOTITE AGUDA
- quadro inicial de RSA com febre baixa, coriza, - equivale ao quadro de epiglotite aguda;
faringite e tosse leve; - É a inflamação da epiglote e dos tecidos supra-
- sintomas de síndrome crupe se mantém após 12-48 glóticos adjacentes;
horas; - Redução importante na incidência após vacina para
- possuem distintos graus de obstrução e desconforto, H. influenzae tipo B. (com isso, alvo de risco importante
geralmente durando de 3-7 dias e em casos graves são crianças que não foram devidamente vacinadas)
até 14 dias. - Outros agentes possíveis: S. pyogenes, S. pneumoniae
e S. aureus.

Você também pode gostar