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P R O F . D I Ó G E N E S P A I V A
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I N F EC Ç Õ E S DAS V I AS
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A É R E AS S U P E R I O R E S
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( PA R T E 3)
OTORRINOLARINGOLOGIA Prof. Diógenes Paiva |Infecções de Vias Aéreas Superiores - Parte 3 2
APRESENTÇÃO
PROF. DIÓGENES
PAIVA
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Vamos continuar nosso estudo sobre as prevalentes
infecções de vias aéreas superiores, agora, com destaque para as
rinossinusites virais e bacterianas.
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Dentro do universo das IVAS, esse foi o terceiro
assunto mais prevalente nas provas anteriores, ficando atrás
das faringites, e praticamente com a mesma incidência de
questões sobre otites.
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descreverei a seguir.
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@ prof.diogenespaiva
@estrategiamed t.me/estrategiamed
Estratégia
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OTORRINOLARINGOLOGIA Infecções de Vias Aéreas Superiores - Parte 3 Estratégia
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SUMÁRIO
1.0 RINOSSINUSITES 4
1.1 RESFRIADO COMUM/ RINOSSINUSITE VIRAL 4
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3.0 RINITES NÃO ALÉRGICAS 32
3.1 RINITE IDIOPÁTICA 32
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3.2 RINITE EOSINOFÍLICA NÃO ALÉRGICA 33
CAPÍTULO
1.0 RINOSSINUSITES
Esses assuntos serão didaticamente tratados em conjunto, pois a mucosa da fossa nasal é
contígua com a dos seios paranasais, fazendo com que um processo infeccioso que cause irritação em
uma parte da mucosa cause repercussões inflamatórias em ambas as regiões. Isso torna os sintomas
clínicos do resfriado comum e da rinossinusite viral semelhantes, também existindo semelhança no
diagnóstico e tratamento dessas infecções.
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a. Etiologia e Epidemiologia
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Várias características sobre a epidemiologia dessas infecções foram cobradas em provas
anteriores. Descreverei todas elas durante este tópico. Fonte: Shutterstock
A maioria das rinossinusites é viral, sendo apenas 2% de etiologia bacteriana. O agente etiológico mais comum é o rinovírus,
ocorrendo em aproximadamente 50% dos casos, seguido pelo coronavírus – lembre-se dele (10% a 15%), influenza (5% a 10%), parainfluenza
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e vírus sincicial respiratório. Além desses, mais de 200 subtipos de vírus foram associados a essas infecções.
O adenovírus também causa resfriado, embora esteja mais relacionado às faringites virais, causando a famosa febre faringoconjuntival.
As crianças podem apresentar de seis a oito episódios de IVAS por ano, incluindo as infecções de todos os sítios
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respiratórios superiores. Por isso, essa alta frequência de infecções respiratórias não indica a presença de nenhuma
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As bancas descreveram essa informação em várias questões e colocaram entre as alternativas causas de
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A maioria dos vírus respiratórios que causam resfriados e rinossinusites virais é capaz de reinfecção após exposição
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A sazonalidade de infecções pelo rinovírus e pelos demais vírus respiratórios concentra-se tanto no outono quanto no inverno, e não
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apenas no inverno.
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Um importante fator protetor de infecções respiratórias já abordado em provas anteriores foi o aleitamento materno. Além de outras
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inúmeras vantagens do leite materno, esse alimento apresenta uma grande quantidade de IgA, que é a imunoglobulina envolvida na resposta
imune de infecções nas mucosas.
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Como nas IVAS a infecção inicia-se na mucosa das vias aéreas superiores, as crianças que receberam aleitamento materno apresentam
esse recurso na prevenção dessas infecções. Questões anteriores já descreveram de forma errônea o IgG, ao invés do IgA, como a
imunoglobulina presente no leite materno que protegeria os lactentes de infecções respiratórias.
Outro fator importante presente no leite materno e que auxilia na proteção às infecções respiratórias é a alta concentração de
lactoferrina. Essa proteína se destaca por suas propriedades antimicrobianas relacionadas principalmente à capacidade de sequestrar o ferro
dos fluidos biológicos e/ou desestruturar a membrana de alguns microrganismos. Por essas características, a lactoferrina apresenta uma
importante atuação na defesa contra bactérias, vírus e protozoários.
Como importantes fatores predisponentes que devem ser investigados em pacientes com resfriados de repetição, temos: atopia e
ambientes com grande quantidade de irritantes nasais.
O refluxo gastroesofágico já foi descrito em questões anteriores como possível fator de risco para o desenvolvimento de resfriados e
rinossinusites, mas não possui relação direta com essas infecções. O refluxo apresenta uma relação mais próxima com outro tipo de IVAS,
como a otite média aguda.
b. Apresentação clínica
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rinossinusites virais em provas anteriores foram:
• febre baixa;
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• tosse seca ou produtiva;
• secreção nasal/coriza;
• hipertrofia e hiperemia das conchas nasais, com hiperemia
das mucosas ocular, nasal e faríngea.
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Fonte: Shutterstock
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Cefaleia e/ou pressão na face também são manifestações nas tonsilas palatinas (Adenovírus), podem se desenvolver de
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que podem estar presentes, mas com maior frequência e forma concomitante aos sintomas nasais.
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intensidade nos adultos. As crianças apresentam a congestão nasal Maiores informações sobre as manifestações faríngeas das
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e tosse como sintomas mais proeminentes. infecções pelo Coxsackie e pelo adenovírus estão no Livro 1 de
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rinossinusites virais. Porém, semelhante à cefaleia e/ou pressão na de antibióticos, ao descrever uma otalgia associada a hiperemia
face, é mais prevalente em adultos e menos frequente na infância. de membrana timpânica, concomitantes aos sintomas nasais. Essa
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Dores no corpo, mialgia, inapetência e prostração também hiperemia da membrana timpânica faz parte do quadro clínico
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se relacionam com essas infecções, sendo identificadas de forma das infecções virais das vias aéreas superiores, não fechando
mais frequente quando o agente etiológico é o vírus Influenza, diagnóstico de otite média aguda (OMA) bacteriana. O principal
causador da gripe. Quando o agente é o rinovírus, os sintomas ficam indicador, ao exame físico de OMA bacteriana, é o abaulamento (e
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mais localizados nas vias aéreas superiores, com menor frequência não hiperemia) da membrana timpânica.
de sintomas sistêmicos. Ilustrações sobre essas otoscopias, bem como
Como alguns enterovírus também podem ser fatores maiores detalhes sobre OMA bacteriana, estão no Livro 2 de
etiológicos dessas infecções, manifestações faríngeas associadas, Otorrinolaringologia, no capítulo de otite média aguda.
como úlceras rasas na mucosa do palato (Coxsackie) e exsudato
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Os sintomas apresentam uma duração média de três a dez dias. Porém, em alguns casos, mesmo sendo de etiologia viral, essas
infecções podem persistir por até 14 dias.
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c. Diagnóstico
Tanto nas rinossinusites virais quanto nas bacterianas, esse foi o tópico mais exigido e importante para a resolução das questões de
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provas anteriores, seja para indicar a etiologia da rinossinusite ou o tratamento adequado.
O diagnóstico é feito predominantemente de forma clínica, através da associação dos sinais e sintomas descritos acima, associados à
evolução da doença.
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Esses critérios serão novamente reiterados no subtópico de rinossinusites bacterianas. Os sinais e sintomas são os mesmos, mudando
apenas a evolução clínica, o fator diferenciador entre ambas as etiologias.
A radiografia de seios paranasais não tem nenhum papel no manejo das rinossinusites, não confirmando nem afastando esse
diagnóstico. Esse exame foi frequentemente relacionado em alternativas de questões tanto sobre rinossinusites virais quanto bacterianas.
Assim, você deve excluir imediatamente qualquer alternativa que faça alusão ao referido exame.
Os resfriados e rinossinusites virais podem ser tranquilamente diagnosticados e manejados na unidade básica de saúde, sem a
necessidade de encaminhamento para atenção secundária (otorrinolaringologista ou infectologista) ou terciária. Apresentam um razoável
risco de evolução para rinossinusites bacterianas agudas, porém um risco muito baixo de evolução para rinossinusites crônicas.
d. Tratamento
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Esse foi outro tópico muito cobrado pelas bancas, pois, assim como o diagnóstico, é frequentemente conduzido de forma errônea
por vários colegas médicos na prática clínica. Alguns médicos prescrevem muitas medicações desnecessárias ou que não possuem benefício
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comprovado nesse manejo. As bancas utilizaram esse “desconhecimento” para explorar o tópico.
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O tratamento dos resfriados/rinossinusites virais deve ser baseado exclusivamente em:
• lavagem nasal com solução salina;
• analgésicos e antitérmicos (se necessários) como sintomáticos;
• hidratação (de preferência via oral);
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• orientação clínica, repouso e retorno para reavaliação em caso de sinais de gravidade ou persistência dos sintomas.
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Fonte: Shutterstock
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• corticoide oral;
• anti-histamínico;
• budesonida spray nasal;
• oximetazolina ou outros vasoconstrictores tópicos;
• anti-inflamatórios não hormonais;
• antitussígenos;
• vaporização com inalação de água aquecida.
Assim, mais fácil do que aprender tudo o que não pode ser utilizado, é só fixar o que pode: nossa boa e velha lavagem nasal com soro.
Com esse conhecimento, você acertará todas as questões sobre o tratamento do resfriado comum das rinossinusites virais.
Especificamente em relação aos anti-inflamatórios, devemos evitá-los no tratamento dos sintomas pelo risco de reações adversas
e alteração da resposta imunológica natural protetora. A vaporização com água aquecida também pode vir como uma “isca” entre as
alternativas. Mas, não possui benefício nem deve ser substituído pela lavagem com solução salina.
Orientação familiar sobre o caráter benigno e autolimitado dessa infecção também é importante nesse manejo, bem como a ênfase
na importância de retorno para reavaliação, em caso de intensificação ou persistência dos sintomas.
Como a maioria dos vírus causadores dessas infecções é transmitida por secreções respiratórias contaminadas, reforço nos cuidados
de higiene pessoal e no ambiente domiciliar são importantes para evitar a disseminação desses patógenos.
Pacientes com desidratação leve e que estejam aptos a realizar hidratação via oral não necessitam de etapa rápida de hidratação
venosa.
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CAI NA PROVA
(FACULDADE DE MEDICINA DE SÃO JOSÉ DO RIO PRETO - FAMERP - SP - 2020) Pré-escolar, 3 anos, trazido pela sua mãe ao pediatra com queixa
de tosse há 7 dias. Inicialmente esta tosse era seca e agora está produtiva. A mãe refere que nos primeiros 2 dias, seu filho apresentou febre
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de 38,2 C. Agora está sem febre, ativo, com apetite e sono razoáveis. Nega uso de medicações além do antitérmico. Ao exame: bom estado
geral, corado, hidratado, eupneico. Orofaringe com hiperemia e secreção amarelada em parede posterior. Otoscopia: hiperemia marginal,
sem abaulamento ou opacificação. Bulhas ritmicas sem sopros; MV presente e simétricos; abdome normotenso sem visceromegalias. Diante
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D) Orientar limpeza das vias aéreas superiores e observar a tosse mais 5 dias
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COMENTÁRIO
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Essa foi uma bela questão, apresentando vários tópicos que, na prática clínica, levam frequentemente a suspeitas errôneas de infecções
bacterianas. Nosso pré-escolar apresentou uma história de tosse há sete dias. Até aí, tudo bem, pois a tosse geralmente é o último sintoma a
desaparecer após os quadros virais. Relatou, ainda, a história de mudança de padrão de tosse, que era seca e ficou produtiva, não sendo essa
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mudança um critério clínico isolado para suspeita de quadro bacteriano. Outras bancas também utilizaram essa mudança do padrão da tosse
para induzir a um falso diagnóstico de infecção bacteriana.
No início do quadro, o paciente apresentou uma febre baixa. Mas, no momento, além de estar afebril, não apresenta nenhum outro
sinal de gravidade.
Não apresentou alteração ao exame físico geral, tampouco na ausculta pulmonar, cardíaca e avaliação do abdome.
À otoscopia, apresentou hiperemia da membrana timpânica, que comumente acompanha as rinites e sinusites virais, não sendo indicativo
de otite média aguda. A orofaringe apresenta-se hiperemiada e com secreção amarelada em sua parede posterior, que provavelmente é
oriunda da cavidade nasal.
A cor da secreção também não é critério isolado para se suspeitar de etiologia bacteriana, sendo todos os sintomas descritos
desencadeados por uma rinossinusite viral que ainda está dentro do seu prazo natural para involução.
Essas infecções são auto resolutivas e o único tratamento adjuvante que tem benefício na história natural da doença é a lavagem
nasal com solução salina. Além disso, devemos observar a evolução clínica, pois caso a tosse e a secreção persistam por mais cinco dias
(completando 12 dias do início do quadro), levanta-se a suspeita de uma rinossinusite bacteriana. Aí, sim, teríamos indicação de prescrição
da amoxicilina. Como essa é uma rinossinusite de etiologia viral, foi considerada correta a alternativa D.
Incorreta a alternativa “A”. Devemos manter uma conduta expectante, pois é um quadro viral que não indica a prescrição de antibiótico.
Incorreta a alternativa “B”. Descongestionantes nasais tópicos ou orais, mucolíticos e anti-histamínicos não possuem benefício comprovado
no manejo das rinossinusites virais.
Incorreta a alternativa “C”. Os corticosteroides também não devem ser utilizados de rotina nos casos leves de IVAS virais, pois tampouco
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apresentam benefício cientificamente comprovado de alteração na história natural da doença.
e. Complicações co
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As principais complicações que podem decorrer de resfriados/rinossinusites virais são: o desenvolvimento de
otite média aguda (a complicação mais comum), rinossinusite bacteriana aguda e exacerbações da asma.
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Várias bancas podem descrever alguns sinais ou sintomas como possíveis complicações dessas infecções, mas
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que não apresentam relação clínica com resfriados ou rinossinusites virais. Os sintomas relacionados erroneamente a
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• náuseas e vômitos;
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Apesar de na prática clínica a maioria das rinossinusites ser de etiologia viral, nas provas de Residência, as bacterianas apresentam uma
maior prevalência de questões.
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Pela diversidade de perguntas sobre esse tema, dividi as questões anteriores em alguns tópicos para facilitar seu estudo sobre a
prevalência de cada parte do conhecimento sobre as rinossinusites bacterianas agudas (RSBA): na infância (por se relacionar a peculiaridades
anatômicas e embriológicas), crônicas e nosocomiais.
Agora, vamos adiante no estudo dessas frequentes patologias, para que você acerte tudo na hora da prova.
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a. Anatomia, embriologia e radiologia
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Os seios paranasais desenvolvem-se como bolsas adjacentes à cavidade nasal, sendo o início e a duração do desenvolvimento variável
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de acordo com sua localização anatômica, conforme descreverei a seguir. Na maioria das pessoas, a cavidade nasal e os seios paranasais
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atingem proporções próximas às do adulto aos 12 anos, embora o desenvolvimento possa não estar completo até os 20 anos.
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• Os seios maxilares estão presentes ao nascimento, expandindo-se rapidamente até os quatro anos de idade.
• Os seios etmoidais também estão presentes ao nascimento. Eles são constituídos por uma coleção de minúsculas células ósseas
aeradas, cada uma com sua própria abertura no nariz.
• Os seios esfenoidais não estão presentes ao nascimento. Começam a se desenvolver durante os primeiros dois anos de vida.
Geralmente, são pneumatizados aos cinco anos e atingem seu tamanho permanente aos 12 anos.
• O desenvolvimento dos seios frontais é variável. Apenas aos seis anos podem ser distinguidos radiograficamente dos seios
etmoidais, mas não completam seu desenvolvimento antes dos 9 ou 10 anos.
- “Professor, eu preciso mesmo saber disso para a prova? Vi isso em embriologia no primeiro período e pensei que nunca mais iria
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precisar!”
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Para responder sua pergunta, listarei abaixo alternativas
corretas (e corrigidas) de questões de provas anteriores:
Os seios frontais NÃO estão formados ao nascimento nem na
infância precoce. Seu desenvolvimento inicia-se por volta dos seis
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anos. Porém, só conseguem ser diferenciados radiologicamente
do etmoide entre os oito e anos. (Hospital Universitário de Jundiaí
- 2017).
Os seios maxilares já estão presentes ao nascimento,
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2017).
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casos de rinossinusite.
Abaixo estão ilustrações de correlações anátomo-radiológicas entre os seios paranasais e a tomografia computadorizada em corte
axial. Este é o corte mais utilizado pelos radiologistas para realizar os diagnósticos, sendo o mais cobrado nas provas anteriores.
Em relação à identificação da lateralidade nos cortes axiais de tomografia computadorizada, lembre-se de que o que você vir na
imagem à sua direita corresponde ao lado esquerdo do paciente. Imagine que você está olhando o paciente “por transparência” a partir dos
pés, e não da cabeça.
CAI NA PROVA
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Considerando a tomografia abaixo, qual é a principal hipótese diagnóstica?
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A) Sinusopatia maxilar esquerda
B) Sinusopatia maxiloesfenoidal direita
C) Sinusopatia maxiloetmoidal esquerda
D) Sinusopatia frontal direita
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COMENTÁRIO
Essa questão foi bem direta, sem relatar nenhum sinal ou sintoma no enunciado. Ela exigiu o conhecimento da anatomia dos seios
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Esse exame não deve ser realizado de forma obrigatória para o diagnóstico, além de não diferenciar a etiologia viral da bacteriana nos
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casos agudos.
Temos a imagem de um corte axial que englobou dois seios paranasais: anteriormente, os seios maxilares e, posteriormente, os seios
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esfenoidais. É importante que você saiba identificar a lateralidade nos cortes tomográficos axiais (não só para seios paranasais, mas para todo
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o corpo).
Para facilitar sua memorização, imagine que você está com um óculos de radiografia aos PÉS do paciente, e não na cabeça. Assim, ficará
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mais fácil correlacionar o lado alterado no exame com o lado acometido pela infecção.
Nesse caso, temos um seio maxilar direito normoaerado (bem pretinho) em contraste com o seio maxilar esquerdo, que apresenta um
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espessamento acinzentado (o modo como se apresentam as sinusopatias), apresentando, ainda, um nível aéreo em seu interior.
Os seios esfenoidais estão sem sinais de infecção, nesse caso, apresentando uma assimetria em relação ao tamanho, sendo o seio
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b. Etiologia e Epidemiologia
As IVAS virais são o principal fator de risco para o desenvolvimento de rinossinusites bacterianas, sendo 95% dos casos precedidos
por uma dessas referidas infecções.
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Os patógenos mais comuns são a mesma turminha
causadora da otite média aguda. Estão apresentados de acordo
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com a frequência na figura abaixo:
Tanto em crianças como em adultos, o S. pneumoniae, o Haemophilus influenza e a Moraxella catarrhalis são os principais agentes.
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De forma menos comum, podemos encontrar ainda: alguns anaeróbios, Streptococcus pyogenes (que é o principal agente das
faringoamigdalites bacterianas), S. aureus e a Chlamydophila pneumoniae. Esses agentes já foram relacionados em alternativas de provas
anteriores, mas, como citado anteriormente, não fazem parte do “primeiro escalão”.
c. Apresentação Clínica
Reiterando o que foi citado anteriormente no tópico de rinossinusites virais, a apresentação clínica dos quadros bacterianos e virais é
praticamente a mesma, variando apenas a evolução da doença.
A persistência ou recorrência de uma febre gerada por uma rinossinusite viral pode iniciar a apresentação clínica da RSAB.
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A mudança do aspecto da secreção também pode ocorrer na evolução do
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quadro viral para o bacteriano. Mas, uma rinorreia purulenta de forma isolada não
fecha o diagnóstico de RSAB.
Também já foi relatada erroneamente a associação de obstrução nasal
com relato de “cheiro ruim” no nariz. Contudo, referência a odor fétido é mais
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frequentemente verificada em associação com a presença de corpo estranho nasal,
que veremos posteriormente neste livro.
A tosse merece uma menção especial, pois detalhes sobre sua apresentação nos
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enunciados são solicitados para fazer diagnóstico diferencial com outras patologias
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que também apresentam tosse. Ela é preferencialmente noturna, também ocorrendo Fonte: Shutterstock
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durante o dia. Além disso, nas rinossinusites, a tosse mantém uma certa constância, sem apresentar gatilhos específicos. Essa tosse não é
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A cefaleia pode apresentar variação de acordo com o seio paranasal acometido, sendo
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descrita como dor em hemiface e periorbital quando oriunda dos seios maxilar e etmoidal.
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Também já foi descrita como dor retro-orbitária quando se origina no seio esfenoidal.
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Em semelhança aos quadros virais, a cefaleia e dor/pressão facial são mais verificadas nos
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adultos, por já apresentarem um desenvolvimento completo dos seios paranasais. Já nas crianças,
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Além disso, em semelhança com os quadros virais, a otoscopia pode mostrar hiperemia da membrana timpânica de forma conjunta,
afastando o diagnóstico de OMA (que requer abaulamento dessa membrana).
d. Diagnóstico
Agora iniciaremos o tópico mais cobrado nas provas sobre RSAB, já citado anteriormente no tópico de rinossinusites
virais.
A apresentação clínica dessas duas formas é semelhante, variando apenas na evolução, sem a necessidade de
realização de nenhum exame laboratorial ou de imagem. As bancas adoram essa peculiaridade, “usando e abusando”
desse conceito na elaboração das questões. Por isso, trarei novamente a ilustração já mostrada anteriormente.
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A simples memorização dos conceitos dessa ilustração fará com que você acerte a maioria das questões sobre RSAB nas provas. Por
isso, grave-a no coração!
Utilizando essas informações, verificamos que o risco de etiologia bacteriana é proporcional tanto à duração da infecção quanto à
gravidade do quadro.
CAI NA PROVA
(QUESTÃO ADAPTADA/RESUMIDA DO HOSPITAL DAS CLÍNICAS DO PARANÁ - HC - UFPR - 2019) Secreção nasal mucopurulenta por 4 dias
acompanhada de febre acima de 39° C ou permanência de sintomas por mais de 10 dias são indicativos da necessidade de prescrição de
antibiótico.
( ) VERDADEIRO
( ) FALSO
COMENTÁRIO
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Trouxe essa alternativa da prova do HC-UFPR para apresentar outro critério clínico que pode ser utilizado na definição da etiologia da
rinossinusite como bacteriana e, consequentemente, guiar o início da terapia com antibiótico.
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Na segunda linha, foi descrita a permanência de sintomas por mais de dez dias. Mas, no início, ele citou a presença de secreção
mucopurulenta associada a febre > 39ºC por 4 dias.
A PRESENÇA DE FEBRE ALTA (> 39ºC), ASSOCIADA A SINTOMAS NASAIS POR TRÊS DIAS, TAMBÉM É INDICATIVA DE ETIOLOGIA
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BACTERIANA.
Por isso, essa afirmativa foi considerada verdadeira.
Afirmativa verdadeira
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Fonte: Shutterstock
indicar etiologia bacteriana. Porém, utilizar esse critério de forma isolada, sem seguir os
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Uma informação não negou a outra, pois na primeira, falou-se da febre de forma
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isolada (e não em associação com os outros sintomas e nem com a evolução clínica) e na
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segunda, da permanência dos sintomas por quatro dias, não se referindo a início há quatro
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dias.
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sugestivos de rinossinusites que fizerem menção a esse exame devem ser descartadas. “Pode pôr na minha conta”.
Quando for utilizado um exame de imagem, a tomografia computadorizada deve ser o escolhido. Porém, esse exame deve ser
reservado apenas aos casos de suspeitas de complicações orbitárias ou intracranianas.
Mesmo quando forem solicitadas de forma errônea radiografia ou tomografia para avaliação de uma sinusite simples, a presença de
nível ou velamento em ambos os exames não indica etiologia bacteriana. Esses velamentos também podem ser verificados nos quadros
virais.
Não é necessária a coleta (swab) de secreção nasal para o diagnóstico, pois, repetindo o mantra, o diagnóstico é puramente clínico.
Também não é necessário esse exame para avaliar sensibilidade ao antibiótico, pois essa escolha será feita de forma empírica, baseada nos
patógenos mais comuns.
Prof. Diógenes Paiva | Curso Extensivo | 2023 16
OTORRINOLARINGOLOGIA Infecções de Vias Aéreas Superiores - Parte 3 Estratégia
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Também semelhantemente aos quadros virais, essas infecções podem ser manejadas na unidade básica de saúde ou no pronto
atendimento, sem necessidade de encaminhamento ao otorrinolaringologista.
Em semelhança, ocorre obstrução nasal, secreção nasal, tosse, febre, cefaleia/dor facial.
Resfriado comum A febre é menos intensa (< 39ºC).
Os sintomas resolvem-se entre 7 a 10 dias.
Em semelhança, ocorre obstrução nasal, secreção nasal, tosse, febre, cefaleia/dor facial.
Na gripe, pode ocorrer febre alta.
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Gripe
Apresenta mialgia, artralgia e astenia importante (não visibilizadas na RSAB).
Os sintomas resolvem-se entre sete e dez dias.
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Em semelhança, ocorre obstrução nasal e rinorreia.
A rinorreia (coriza) é hialina.
Rinite Alérgica A rinite alérgica é um quadro crônico e recorrente (não quadro agudo).
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Desencadeado por exposição a alérgenos (não por IVAS).
Não apresenta febre ou demais pródromos infecciosos.
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Laringotraqueíte
Causa dispneia com estridor inspiratório e expiratório (não verificados nas RSAB).
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bacteriana aguda
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nasal
A rinorreia quase sempre se associa a um odor fétido (sintoma incomum na RSAB).
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e. Tratamento
Setenta por cento das rinossinusites causadas por bactérias melhoram espontaneamente mesmo sem antibióticos em duas semanas,
em semelhança às infecções bacterianas na faringe, bem como à otite média aguda bacteriana. Esse conhecimento foi cobrado pelo Hospital
das Clínicas da UFU - UFU - MG (2017).
Mas, o tratamento imediato com antibióticos é preferível à observação, de acordo com a literatura
atual. Pois, embora as RSAB possam apresentar resolução espontânea sem a antibioticoterapia, a melhora dos
sintomas é mais provável, e de forma mais precoce, em pacientes que utilizam antibióticos. Além disso, os ensaios
randomizados avaliando o uso de “antibiótico vs. placebo” em crianças apresentam resultados conflitantes,
sendo mantida a indicação de utilização de antibiótico em praticamente todos os casos.
Por fim, em relação à indicação do antibiótico, os estudos apresentaram comprovação científica de
benefício na prevenção da celulite orbitária e abscesso cerebral.
Em relação à escolha do antibiótico a ser utilizado, devemos levar em consideração a intensidade dos sintomas e o risco de resistência
bacteriana. Esses são os critérios selecionados e utilizados pela Academia Americana de Pediatria.
A gravidade da infecção pode ser definida utilizando os critérios da tabela abaixo:
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Escore de gravidade clínica para rinossinusite bacteriana aguda em crianças e adolescentes
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Sintoma ou sinal Pontos
Halitose 1
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Sensibilidade facial 3
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Febre
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< 38,5 ° C 1
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≥ 38,5 ° C 2
Dor de cabeça (retro-orbital)/ irritabilidade
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Grave 3
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Suave 1
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Uma pontuação total < 8 indica quadro leve/moderado e > 8, quadro grave.
Em relação ao risco de resistência às penicilinas, podemos utilizar os critérios descritos nesta outra tabela:
Fatores de risco para Streptococcus pneumoniae não-sensível à penicilina e Haemophilus influenzae resistente à ampici-
lina em crianças com rinossinusite bacteriana aguda
Viver em uma área com altas taxas endêmicas (ou seja, ≥10%) de penicilina invasiva não-aceitável por S. pneumoniae
Idade < 2 anos
Frequentador de creche
Antibioticoterapia nos últimos 30 dias
Hospitalização nos últimos cinco dias
Para doença leve/moderada, sem fator de risco para resistência a antibiótico, podemos fazer como primeira linha
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amoxicilina na dose dobrada 90 mg/kg/dia ou amoxicilina-clavulanato com a dose padrão de 45 mg/kg/dia.
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Para doença grave ou com fator de risco para resistência à penicilina/ampicilina, fazemos como primeira linha
amoxicilina-clavulanato com a dose dobrada de 90 mg/kg/dia.
Em casos de alergia à penicilina (e consequentemente a amoxicilina), podemos utilizar:
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• Cefuroxima (cefalosporina de segunda geração);
• Doxiciclina.
A cefalexina, que pode ser utilizada em pacientes alérgicos no tratamento da faringoamigdalites estreptocócica, NÃO apresenta
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Para crianças com vômitos, incapazes de tolerar medicação via oral ou pacientes com pouca probabilidade de aderir às doses iniciais
do antibiótico, podemos utilizar:
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• Ceftriaxona 100 mg/kg, 12/12h, IV (não fazer dose única com posologia menor).
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• Ceftriaxona (cefalosporina de terceira geração, reservada para resistências ao tratamento inicial ou casos graves).
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• Clindamicina + Amoxicilina.
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Em semelhança aos quadros virais, também já foram descritas em alternativas Fonte: Shutterstock
várias medicações para serem utilizadas de forma complementar aos antibióticos.
Mas, qual é a única medida adjuvante que apresenta valor comprovado na melhora
dos sintomas? Ela mesma, a lavagem nasal com solução salina.
É preconizada a solução salina isotônica (e não a hipertônica), principalmente
em crianças, devendo ser estimulada uma lavagem abundante com grandes volumes,
pois maior frequência e volume também se relacionam ao alívio mais rápido dos
sintomas.
Muitas bancas descreveram várias opções farmacológicas para serem utilizadas em associação ao antibiótico. Porém, fora a lavagem
nasal com solução salina, nenhuma outra medicação apresentou benefício comprovado cientificamente. Em provas anteriores, já tentaram
“empurrar” spray de corticoide nasal, descongestionantes nasais e a acetilcisteína (além de outros mucolíticos). Essas medicações não
apresentaram redução no tempo de doença nem abreviaram o uso dos antibióticos.
A aspiração nasal também não apresentou benefício no alívio dos sintomas nem na evolução clínica.
CAI NA PROVA
(HOSPITAL ISRAELITA ALBERT EINSTEIN - HIAE - SP 2018) Homem, 30 anos de idade, procura pronto atendimento com queixa de tosse seca,
secreção nasal importante e dor na face em peso. Os sintomas se iniciaram há 17 dias, melhoraram por volta do quinto dia e logo depois
m
evoluíram com piora progressivamente. Único achado alterado de exame físico: secreção posterior em orofaringe. As condutas diagnósticas
e terapêuticas corretas são, respectivamente,
COMENTÁRIO
o
ub
Veja que bela questão para revisarmos vários tópicos do nosso aprendizado sobre a RSAB. Primeiro, temos um enunciado apresentando
ro
sintomas que já persistem há 17 dias. Com essa característica, já poderíamos suspeitar de rinossinusite aguda bacteriana, pois, nessa etiologia,
id
é
Os sintomas descritos como persistentes foram: a presença de tosse seca, secreção nasal importante e sensação de peso na face.
nã
Lembre-se de que cefaleia e/ou peso na face são mais comuns em adultos, “batendo” com o paciente do enunciado, que tem 30 anos.
Além da persistência por 17 dias, foi relatado que os sintomas pioraram lá atrás, após o quinto dia. Isso também seria indicativo de
a
dv
pi
sinusite bacteriana, justificando a utilização de antibióticos. O exame físico mostrou apenas a secreção posterior em orofaringe.
Có
Como conduta, a questão descreveu vários pontos já descritos anteriormente ao longo do texto:
1. O diagnóstico é puramente clínico, baseado na evolução clínica.
2. Não existe necessidade de exames de imagem para casos não complicados (como o da questão).
me
O antibiótico descrito foi a amoxicilina-clavulanato, que pode ser utilizada em casos graves ou em suspeita de resistência bacteriana.
Pelos sintomas descritos, esse caso ficaria classificado como moderado, sendo também correta a prescrição da amoxicilina isolada.
A banca não quis avaliar esse “detalhe”, por isso não incluiu a amoxicilina em outra alternativa.
Não brigue com o examinador, use seu conhecimento associado ao bom senso e marque a alternativa E como correta.
Todas as demais estão incorretas, pela solicitação de exames complementares como parte integrante do diagnóstico.
A cura é verificada através da melhora dos sinais e sintomas. Em semelhança com o diagnóstico, não necessita de exames
complementares para sua comprovação.
c. RSAB na infância
m
desenvolvimento incompleto dos seios paranasais nessa faixa etária.
Contudo, essas infecções podem, sim, existir nos lactentes, inclusive no
co
período neonatal, pois o etmoide e o seio maxilar já se encontram presentes (embora
hipodesenvolvidos) ao nascimento. O etmoide é o seio mais acometido nessa faixa etária.
O seio frontal é mais acometido na idade escolar, sendo raro nos pré-escolares e Fonte: Shutterstock
lactentes, pois é o último seio da face a desenvolver-se completamente.
s.
A etiologia mantém-se a mesma, sendo o S. pneumoniae a bactéria mais comum, seguida pelo H. influenzae e a M. catarrhalis.
Cefaleia e dor facial são pouco frequentes na infância, sendo tosse e congestão nasal os sintomas mais característicos.
Por fim, em relação ao tratamento, recomenda-se que a duração do antibiótico se prolongue por mais sete dias após a resolução dos
♥
d. Complicações
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intracranianas graves.
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septais e pós-septais.
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e infectologia.
Esse tipo de rinossinusite corresponde a aproximadamente 10% das questões sobre rinossinusites nas provas anteriores, em relação
aos tipos agudos virais e bacterianos.
Como “cada acerto é valioso”, trarei agora os tópicos sobre essa patologia que já foram cobrados em provas passadas.
Por definição, as rinossinusites crônicas são um distúrbio inflamatório dos seios paranasais, bem como os seus óstios de drenagem,
que dura mais de 12 semanas. Essa é uma definição importante, pois o quadro clínico é praticamente o mesmo dos quadros agudos, sendo
utilizada a duração dos sintomas para essa definição.
Os quadros agudos são didaticamente classificados como os que persistem com sintomas por menos de quatro semanas, e os
subagudos, entre quatro e 12 semanas.
A sintomatologia é semelhante à dos quadros agudos, sendo composta de: drenagem mucopurulenta nasal anterior e/ou posterior;
m
obstrução e congestão nasal; dor/pressão/plenitude facial; redução do olfato e tosse.
Além disso, pode se apresentar como três síndromes clínicas distintas, sendo essas:
co
1. Rinossinusite crônica com polipose (20% a 33%): apresenta uma inflamação mucosa que leva à formação de pólipos nasais
bilaterais. Esses se apresentam como massas translúcidas, cinza-amareladas, de aspecto gelatinoso, ocluindo os óstios de drenagem
s.
e levando à persistência da sinusite.
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Fonte: Shutterstock
Fonte: Shutterstock
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2. Rinossinusite fúngica alérgica: desenvolve uma sinusite crônica por desencadear uma inflamação alérgica crônica intensa,
direcionada contra fungos colonizadores não invasivos.
3. Rinossinusite crônica sem polipose (60%): é a forma mais comum, sem os achados específicos que definem as outras duas
anteriores.
Os quadros com polipose costumam vir com uma síndrome clínica composta por: polipose nasal, asma e alergia/intolerância à aspirina.
Para confirmação do diagnóstico, devemos verificar a presença dos referidos sintomas por mais de 12 semanas. Diferente dos quadros
agudos, precisamos de uma confirmação da persistência do processo inflamatório de forma objetiva, podendo essa ser realizada por:
verificação de muco ou edema no meato médio das regiões etmoidais (via endoscopia nasal); verificação da presença de pólipos na cavidade
nasal ou meato médio; imagem radiológica mostrando espessamento da mucosa ou opacificação dos seios paranasais.
Em relação ao tratamento, também existem diferenças quanto aos quadros agudos. Vimos anteriormente que o tratamento dessas
infecções deve basear-se apenas na antibioticoterapia sistêmica e lavagem nasal com solução salina.
Já nos casos crônicos, devemos fazer essas mesmas medidas associadas a spray de corticoide nasal. Caso haja persistência dos sintomas
ou estes sejam de grande intensidade, podemos, ainda, fazer ciclos curtos de prednisona via oral. Se mesmo assim ainda houver persistência,
podemos utilizar anti-histamínicos e antileucotrienos no manejo. Por fim, caso toda essa terapêutica farmacológica não elimine os sintomas,
realiza-se cirurgia endoscópica nasal, para abertura dos óstios e aspiração da secreção.
Especificamente nos casos de polipose, podemos fazer todas as condutas citadas acima e, ainda, adicionar anticorpos monoclonais,
como omalizumabe. Isso já foi objeto de questão do Hospital das Clínicas da UFU - UFU - MG (2017), embora tenha sido a única vez na história
das provas para R1.
m
Com isso, encerro aqui este capítulo importantíssimo para as provas de pediatria e clínica médica. Espero que tenha aproveitado a
leitura e, em caso de dúvidas, volte ao texto e releia-o com atenção, principalmente as partes em negrito. Todas as informações em destaque
co
foram objetos de enunciados ou alternativas em provas anteriores.
CAPÍTULO
s.
2.0 RINITE ALÉRGICA
Vamos complementar a rinologia (estudo das patologias nasais) com a famosa rinite alérgica. Apesar de ser muito frequente,
♥
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epidemiologicamente e na prática clínica, a presença dela nas provas de Residência é menor se comparada às rinossinusites.
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Sua “prima” alérgica, a asma, costuma ser mais prevalente. Várias questões apresentam sintomas associados entre essas patologias.
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IVAS E RINOLOGIA
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RINOLOGIA
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2% 1%
3%
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3%
Có
8%
19%
14%
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75%
75%
Rinite Alérgica Corpo estranho nasal Epistaxe Corpo estranho nasal Epistaxe
d. Epidemiologia
Essa patologia apresenta uma grande prevalência na população adulta, além de ocorrer em 20% da população pediátrica. Por essa
grande prevalência, ela é importante causadora de impactos econômicos, tanto pelo absenteísmo ao trabalho quanto pelas despesas médico-
hospitalares.
Há alguns anos, verificou-se uma associação entre os processos alérgicos que ocorriam em todo o trato respiratório, através da
fisiopatologia comum entre eles. Essa associação permite uma resposta inflamatória em uma localização distal à que recebeu o contato com
o alérgeno.
Com essa constatação, desenvolveu-se a teoria das vias aéreas unidas, deixando todas as manifestações
alérgicas respiratórias como uma “mesma doença”. Por essa teoria, é possível a exacerbação de sintomas nasais
através do acometimento de outros sítios das vias respiratórias pelos alérgenos.
Isso explica a associação comum entre rinite alérgica e asma, abordada em provas anteriores através de
m
enunciados que apresentam sintomas de ambas as apresentações.
co
Os principais alérgenos que desencadeiam
essas reações são os aeroalérgenos, com destaque
para: pólen, fungos, ácaro, poeira doméstica, barata
e pelos/epitélios de animais. Cada paciente pode
s.
apresentar sensibilidade específica para um (ou mais
de um) desses alérgenos com intensidades diferentes.
A quantidade de alérgenos sensibilizados, bem como
♥
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de rinite alérgica.
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e. Fisiopatologia
ro
Inicialmente, o alérgeno entra em contato com a mucosa do nariz, sendo captado por uma célula apresentadora de antígeno, que irá
levá-lo até um linfócito Th2. Esse linfócito produzirá interleucina 4 e interleucina 13, que fazem um linfócito B ser “ativado” e transformado
em um plasmócito.
O plasmócito produzirá uma IgE específica para aquele determinado antígeno. Essa IgE se liga a receptores nos mastócitos e basófilos,
liberando os mediadores inflamatórios responsáveis pelos sinais e sintomas da rinite. Todo esse processo, além de causar os sinais e sintomas,
é responsável por desenvolver uma sensibilização do paciente.
Em caso de novo contato com o alérgeno, a IgE específica para o referido antígeno já estará pronta e circulante, evitando todo o
processo de maturação do plasmócito. Assim, esse antígeno já será direcionado pela IgE diretamente aos mastócitos e eosinófilos, que
liberarão os mediadores para desencadear a resposta imune.
A resposta pode ser imediata, às custas de histamina e leucotrienos liberados pelos mastócitos, gerando os sintomas que veremos
a seguir. Além disso, também podemos verificar uma resposta tardia/inflamatória através de mediadores liberados pelos eosinófilos, que
podem causar fibrose e reações irreversíveis na mucosa ao longo dos anos.
Isso justifica a importância do diagnóstico e de um tratamento de manutenção adequado.
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Já se abordou, em questões prévias, qual seria a imunoglobulina “maestra” dessa inflamação, além de importante para definição do
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Continuando, também já foi feita “cobrança” em relação aos linfócitos ativados na sensibilização. Nessa situação, tentaram empurrar o
Th1 “goela abaixo” em uma alternativa errada; como apresentei anteriormente, a resposta imune na alergia é feita pelo Th2.
Os principais mediadores são: aminas vasoativas, proteases, citocinas, prostaglandinas e leucotrienos.
Por fim, os anticorpos IgE produzidos em resposta aos alérgenos ligam-se aos receptores FC de alta afinidade específicos da cadeia
pesada C, expressos nos mastócitos.
Ficou triste? Não fique assim! De consolo, digo-lhe que as duas únicas bancas que cobraram detalhes sobre esses conceitos foram as do
Hospital Universitário Antônio Pedro - UFF (2020) e a da Secretaria Municipal de Administração de Macaé - SEMAD - RJ (2016).
Estou aqui para passar-lhe, na medida certa, o que já foi abordado previamente, otimizando seu tempo de estudo e aumentando seu
rendimento nas provas.
f. Apresentação Clínica
m
co
Os sintomas nasais das rinites alérgicas mais frequentes em provas anteriores foram:
• coriza hialina;
• espirros em salva;
• obstrução nasal.
s.
• prurido nasal
Pode ocorrer também prurido ocular e tosse seca, embora os sintomas descritos acima sejam mais característicos dessa apresentação.
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A coriza, nos quadros infecciosos virais ou bacterianos, apresenta-se frequentemente como amarelada ou espessa, embora possa
o
ub
também ter aspecto hialino. Na rinite alérgica, é predominantemente hialina e as questões que queiram o diagnóstico puro e simples dessa
ro
ocorrem nas pálpebras inferiores, podendo ocorrer em pacientes com rinite alérgica.
Có
detalhes sobre essas alterações serão verificadas no capítulo da Síndrome do Respirador Oral.
g. Classificação
As rinites alérgicas podem ser classificadas de acordo com a intensidade dos sintomas e sua duração. Esta classificação será importante
na decisão do tratamento adequado.
Questões de prova já cobraram diretamente essa classificação nas alternativas, sendo mais um fator relevante para que você a
memorize. Ela foi retirada do ARIA (Allergic Rhinitis and its Impact on Asthma), um dos maiores estudos sobre rinite alérgica já realizados,
sendo o principal guia para a terapêutica.
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s.
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Outra classificação paralela já cobrada foi em relação à etiologia da rinite. Existe um tipo peculiar, a rinite sazonal, que é desencadeado
por pólens e caracterizada por variar de intensidade de acordo com as estações do ano, sendo um subtipo de rinite alérgica.
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Fonte: Shutterstock
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h. Diagnóstico
m
Caso o paciente seja previamente sensibilizado, esse contato desencadeará uma
reação igual ou maior que a produzida pela histamina, sendo considerado positivo.
co
O prick test necessita que o paciente não tenha utilizado medicamentos antialérgicos, anti-inflamatórios ou corticoide nos últimos dias,
para que a resposta alérgica não seja mascarada. Além disso, devemos verificar se o paciente é portador de alguma imunossupressão ou
doença cutânea que possa mascarar ou impossibilitar a validade desse exame.
Nesses casos, podemos fazer a determinação dos níveis séricos de IgE específicos para os principais aeroalérgenos. Essa avaliação não
s.
sofre influência da utilização de medicação e pode complementar o prick test na busca pelos alérgenos preponderantes em cada paciente.
A dosagem de IgE total também pode ser utilizada, mas pode apresentar um resultado “falso-positivo” para rinite alérgica. Isso ocorre
quando o paciente apresenta outras patologias que também causam elevação de IgE (como as parasitoses intestinais).
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Fonte: Shutterstock
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da rinite alérgica, pois essa avaliação não auxilia na definição dessa etiologia.
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i. Tratamento
Intermitente Persistente
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Leve Moderado/ Moderado/
Leve
Grave Grave
Encaminhar ao
cortic. nasal + anti-H1 + anti- descongestionante especialista
Có
IMUNOTERAPIA ESPECÍFICA
Nesse fluxograma, está descrito como deve ser o manejo dos pacientes com rinite alérgica de acordo com o ARIA. Nele vemos que a
classificação descrita anteriormente, baseada dos sinais e sintomas, é a base para decidir qual é a terapêutica mais adequada.
Conforme descrito na fisiopatologia, o paciente portador de rinite Fonte: Shutterstock
alérgica é um paciente “sadio” que se torna “doente” apenas quando entra
em contato com os alérgenos ambientais. Por isso, a higiene ambiental
para profilaxia do contato com os alérgenos respiratórios é indicada para
todos os pacientes com rinite alérgica como medida inicial.
Para os quadros com frequência mensal (intermitente) e
intensidade leve, a medida farmacológica mais recomendada é a
utilização de anti-histamínico oral.
Já nos casos intermitentes leves e em todos os casos persistentes,
m
o spray nasal de corticoide é a base do tratamento. Essa medicação causa
uma interrupção em toda a cascata inflamatória que leva à estimulação
co
dos mastócitos e eosinófilos, evitando seu recrutamento e gerando uma melhora dos sintomas de forma mais prolongada. Além disso, os
corticoides tópicos melhoram todos os sintomas da rinite alérgica, incluindo sintomas oculares (hiperemia, prurido e lacrimejamento) que
podem estar associados.
Os anti-histamínicos orais agem apenas “no final da cadeia”, impedindo a ação dos mediadores (principalmente a histamina e
s.
leucotrieno) que já foram formados e liberados.
Contudo, a ação dos anti-histamínicos e antileucotrienos é mais rápida, por isso eles são utilizados para causar um alívio mais imediato
dos sintomas. Já a ação dos corticoides tópicos não é imediata, possuindo uma ação mais tardia, porém mais duradoura.
Além disso, diferente dos corticoides orais, os tópicos podem ser
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Fonte: Shutterstock
utilizados com segurança por períodos mais prolongados.
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Continuando o estudo do tratamento das rinites alérgicas, podemos utilizar o corticoide oral apenas nos casos moderados/graves,
refratários à associação de corticoide tópico + anti-histamínico + antileucotrienos em dose plena, após seguidas reavaliações quinzenais. Não
devemos utilizar essa medicação em casos intermitentes leves nem como primeira escolha.
A indicação do descongestionante nasal tópico é semelhante à do corticoide oral. Os descongestionantes são indicados no tratamento
da rinite alérgica, mas APENAS nas condições descritas para o uso do corticoide oral e por curto intervalo de tempo. O uso prolongado
causa uma rinite medicamentosa, além de efeitos colaterais sistêmicos pela alta absorção dos agentes adrenérgicos (cefaleia, taquicardia,
hipertensão).
Por fim, temos a imunoterapia alérgeno específica como opção terapêutica. Este Fonte: Shutterstock
é o único tratamento capaz de mudar a história natural da doença e “desmontar” essa
cadeia de linfócitos e plasmócitos sensibilizados. Essa “cadeia” permite uma reação de
forma rápida e com alta intensidade ao mínimo contato com os aeroalérgenos.
m
Deve ser indicada para os casos moderados/graves e para os persistentes, não
sendo indicada nos intermitentes-leves.
co
Outros fármacos já foram elencados em provas anteriores como opções no
tratamento de rinite alérgica, mas como alternativas erradas. Estes são utilizados
no tratamento de outros tipos de rinites, sendo as principais “iscas”: o brometo de
ipratrópio, anticolinérgico utilizado na asma e nos casos de rinite vasomotora, e o cromoglicato de sódio (um estabilizador da membrana dos
s.
mastócitos), que também pode ser utilizado na rinite vasomotora, bem como na rinite do esporte.
CAI NA PROVA
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(UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO - UNIRIO - 2019) Adolescente, 13 anos, feminina, apresenta espirros em salva,
ro
prurido nasal e rinorreia não purulenta. A rinoscopia anterior mostra mucosa nasal pálida, hipertrofia dos cornetos e a presença de rinorreia
id
hialina. Mãe apresenta o mesmo quadro. Os sintomas ocorrem em menos de quatro dias nas semanas, não alterando sono ou influenciando
é
nas atividades, não parecendo trazer incômodo. Além da irrigação salina, a terapêutica medicamentosa inicial a ser utilizada para o controle
o
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dos sintomas é:
a
dv
pi
A) prednisolona oral.
Có
B) budesonida intranasal.
C) imunoterapia alérgeno-específica.
D) cetirizina oral.
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COMENTÁRIO
Temos aí uma questão bem típica de como esse tema foi abordado em provas anteriores. Inicialmente, verificamos a descrição de
sintomas clínicos característicos da rinite alérgica, que são: rinorreia não purulenta (ou coriza), espirros em salva e o prurido nasal, faltando
apenas o relato de obstrução nasal.
Ao exame físico, foi identificado um achado clássico da rinite alérgica, que é a hipertrofia de cornetos inferiores associada à rinorreia
hialina.
A mãe ainda fez a descrição da frequência dos episódios, ocorrendo em menos de quadro dias da semana, sem nenhuma alteração no
sono ou rotina do paciente.
Com isso, o examinador quis que você classificasse o paciente como INTERMITENTE (menos de quatro dias) e LEVE (sem nenhuma
interferência na rotina e sono).
Como vamos tratá-lo? Relembrando o fluxograma apresentado anteriormente, temos que esses pacientes são tratados apenas com
anti-histamínicos ou antileucotrienos via oral, sem necessidade das demais medicações. A cetirizina é um tipo de anti-histamínico, fazendo,
assim, correta a alternativa D.
Budesonida intranasal e imunoterapia são indicadas em casos moderados/graves ou persistentes e
prednisolona oral, apenas nos casos refratários (não de forma inicial). Brometo de ipratrópio não tem indicação no manejo das rinites
m
alérgicas.
co
Correta a alternativa “D”
s.
CAPÍTULO
Contudo, existem outros tipos de rinite que não são classificadas entre esses grupos anteriores, mas que já foram citados ou referenciados
ro
em provas anteriores. Ainda não foram cobradas questões específicas sobre a fisiopatologia, diagnóstico e tratamento dessas rinites, porém
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Por isso, farei um breve resumo do que foi cobrado destas incompreendidas patologias.
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Nesse tipo de rinite, verificamos a presença de sinais e sintomas compatíveis tanto com rinites infecciosas quanto com as alérgicas.
Contudo, a terapêutica instituída para essas patologias não leva à melhora dos sintomas. Além disso, os exames complementares realizados
me
para definição das respectivas etiologias também não conseguem “fechar” os possíveis diagnósticos.
Assim, como em várias outras patologias na medicina, quando não sabemos qual é a doença, determinado sinal ou sintomas, chamamos
de idiopática.
Os sintomas mais encontrados nesse tipo de rinite são: obstrução nasal, prurido e espirros recorrentes.
Contudo, na hora da confirmação etiológica, temos:
• Hemograma normal – Não apresentando a leucocitose dos quadros infecciosos nem a eosinofilia dos quadros alérgicos.
• IgE sérico e prick test negativos para os principais aeroalérgenos – Também afastando o diagnóstico de rinite alérgica.
• Protoparasitológico de fezes negativo – Importante solicitação nos casos com IgE aumentado e eosinofilia.
• Citologia nasal com células epiteliais – Diferente do predomínio de linfócitos nas rinossinusites virais, neutrófilos nas rinossinusites
bacterianas e eosinófilos nas rinites alérgicas.
Diferentemente dos gatilhos tradicionais das rinites alérgicas (os aeroalérgenos), os sintomas da rinite idiopática são desencadeados
por odores irritantes, fragrâncias fortes, mudanças de temperatura e bebidas alcoólicas.
Pode ser de dois tipos:
• Vasomotora: sintomas de obstrução e/ou secreção nasal aquosa em contato com irritantes e mudanças de temperatura.
• Gustativa: rinorreia aquosa desencadeada por alimentos quentes ou condimentados.
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3.2 RINITE EOSINOFÍLICA NÃO ALÉRGICA
co
Em semelhança com a rinite idiopática, a rinite eosinofílica não alérgica apresenta obstrução
nasal, congestão nasal e rinorreia. Mas, nesse caso, temos a presença de eosinófilos na citologia
s.
nasal, sem o aumento de IgE sérico característico das rinites alérgicas.
Para o tratamento, é indicado o corticoide tópico nasal, sem utilização dos anti-histamínicos.
Fonte: Shutterstock
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A rinite atrófica (às vezes chamada de "síndrome do nariz vazio"), em países ocidentais, geralmente ocorre em adultos mais velhos, que
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Embora um adelgaçamento leve da mucosa nasal seja observado com o envelhecimento normal, a rinite atrófica refere-se à atrofia
nã
progressiva e exagerada do revestimento nasal, que propicia uma colonização por bactérias.
Os principais sintomas incluem: congestão nasal, crostas e um mau cheiro persistente. O tratamento consiste em lavagem e lubrificação
a
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Pode ocorrer por interferência dos hormônios sexuais femininos, sendo desencadeadas no período pré-menstrual, durante a gravidez
ou no ato sexual.
Geralmente são autolimitadas e, passada a exposição aos picos hormonais, os sintomas desaparecem. No caso da gestação (rinite
gestacional), ocorre um pico de sintomas entre o segundo e terceiro trimestres, com melhora após o parto.
CAPÍTULO
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Localizam-se, de forma frequente, no assoalho da fossa
nasal, logo abaixo do corneto inferior ou superiormente a esse,
co
bem à frente da concha média.
j. Apresentação Clínica
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A principal manifestação clínica do CE nasal é a presença de uma rinorreia mucopurulenta e obstrução
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Essas características são importantes, pois diferenciam bem essa entidade das
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Fonte: Shutterstock
rinossinusites infecciosas.
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Primeiro porque, mesmo nos casos em que temos uma rinossinusite unilateral, o
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processo inflamatório acomete ambas as fossas nasais e geralmente leva à secreção bilateral.
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Rinite Alérgica
A obstrução é bilateral, a rinorreia é não purulenta e sem odor fétido.
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De semelhança, há obstrução nasal e eventualmente rinorreia.
Atresia de Coana Ocorre desde o nascimento e manifesta-se de forma bilateral (nos casos de atresia bilateral).
Nos unilaterais, pode levar à obstrução e rinorreia unilateral sem odor fétido.
s.
De semelhança, há obstrução nasal unilateral.
Desvio de Septo
História prolongada de obstrução nasal manifestando-se mais frequentemente na adolescência.
Nasal
Não apresenta rinorreia com odor fétido.
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Hipertrofia de
Ocorre de forma bilateral e com história prolongada de respiração bucal.
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Adenoide
Sem rinorreia com odor fétido.
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k. Diagnóstico e Tratamento
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A maioria das questões sobre esse tema descreve o quadro clínico padrão e pede, entre
as alternativas, a conduta a ser tomada.
O principal tratamento do CE nasal é através da sua retirada da fossa nasal. Essa
opção pode vir diretamente escrita na alternativa ou também como “solicitação do parecer
do otorrino para avaliação do corpo estranho”.
A realização de endoscopia nasal para inspeção, diagnóstico e auxílio da retirada
também pode ser uma conduta adequada.
Na maioria das vezes, não é necessária a solicitação de exames de imagem, deixando-os reservados apenas a suspeitas clínicas em
que não foi identificado o corpo estranho.
Não são opções terapêuticas a utilização de antibióticos nem de spray de corticoide nasal.
CAPÍTULO
5.0 EPISTAXE
A epistaxe só foi cobrada em três questões em todas as provas entre
m
2015 a 2020. Mas, como as peculiaridades sobre diagnóstico e tratamento
co
são de fácil resolução, trago, de forma resumida, informações sobre essa
patologia, bem como os tópicos cobrados nessas provas anteriores.
A epistaxe é um problema comum, ocorrendo em até 60% da
população em geral. Embora a maioria dos episódios não seja complicada,
s.
pode, ocasionalmente, ser de difícil controle.
O conhecimento da anatomia básica da nasofaringe e de algumas
estratégias hemostáticas são tranquilizadoras diante da hemorragia aguda
que faz parte da apresentação clínica.
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Fonte: Shutterstock
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l. Anatomia e Etiologia
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A localização mais frequente da origem das epistaxes em indivíduos previamente hígidos é na região anterior, com aproximadamente
o
1. Essa região é mais próxima ao ambiente externo, sendo mais acometida por agravos relacionados à
temperatura ou irritantes.
2. Na porção anterior da região septal, localiza-se uma área ricamente vascularizada, com anastomoses
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vasculares oriundos de ramos da artéria facial, artéria esfenopalatina e artéria etmoidal anterior, que é a
Zona de Kiesselbach.
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Podem, ainda, ocorrer sangramentos na região nasal posterior, geralmente oriundos de ramos da artéria esfenopalatina. Essas epistaxes
são mais volumosas e apresentam um controle clínico mais difícil.
c. Manejo
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Fonte: Shutterstock
nasal, a conduta inicial deve ser aplicar pressão direta (seja com compressão
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Cauterização da área afetada pode ser uma conduta, mas não no momento do sangramento.
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Caso persista o sangramento, podemos realizar um tamponamento nasal anterior com gaze impregnada com vaselina para fazer uma
compressão continua na zona de Kiesselbach enquanto se aguarda a ação da hemostasia.
s.
Várias alternativas também descrevem opções que são falsamente associadas ao manejo da epistaxe, mas que não devem ser realizadas
de rotina.
As descritas em provas anteriores foram:
♥
eo
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• Utilização de anti-hipertensivos – não devem ser utilizados se a pressão estiver normal ou levemente aumentada.
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• Posicionar o paciente com hiperextensão cervical – isso levaria à possibilidade de aspiração, devendo o paciente permanecer com
ro
Reposição volêmica imediata – não deve ser realizada se o paciente estiver estável.
é
•
Encaminhamento para emergência especializada e cirurgia – não deve ser feita de rotina, pois a maioria das epistaxes são
o
•
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Em casos de sangramentos posteriores e de difícil controle, podemos realizar um tamponamento nasal nesta região. Esse deve ser
reservado apenas para casos de sangramento posterior, não devendo ser utilizado nos sangramentos anteriores, mesmo que abundantes.
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Tecnicamente, pode ser feito na unidade básica ou no pronto atendimento pelo médico generalista, sendo utilizado um cateter nasal
que será rebatido anteriormente pela cavidade oral para servir de guia para o posicionamento da gaze nas vias nasais posteriores.
Tanto o tamponamento nasal anterior quanto o posterior podem ser utilizados por 24h a 48h sem risco de isquemia local.
Após esse período, é realizada reavaliação do paciente sendo removido o tampão. Em caso de persistência de sangramento, pode ser
introduzido outro tampão nasal, e só então é feito o encaminhamento ao atendimento especializado.
CAPÍTULO
20% da população
Epidemiologia pediátrica/ Associação
com a asma
m
hiperemia) de cornetos inferiores
co
Sintomas por > 4 dias por
Persistente
semana e > 4 semanas
Vasomotora: sintomas de
obstrução ou secreção nasal
Todos os seguintes itens: sono
em contato com irritantes ou
Fatores normal, sem interrupção das
alterações de temperatura/
desencadeantes atividades diárias, esporte e
Gustativa: rinorreia aquosa Leve
lazer, sem impedimentos ao
desencadeada por alimentos
trabalho ou a escola, ausência
quente ou condimentados
de sintomas graves
Leve
antileucotrieno
ub
Tratamento Intermitente
Adultos mais velhos
ro
persistente
Persistente
nã
Imunoterapia
pi
Quadro
clínico Diagnóstico Tratamento
Streptococcus pneumoniae
A maioria causada pelo (mais comum)/ Haemophilus
Corpo estranho Etiologia
influenza/ Moraxella
RINOVÍRUS/ Se concentram no nasal
outono e no inverno/ Aleitamen- catharralis
Etiologia
to materno é fator protetor/
Atopia e irritantes ambientais
nasais são predisponentes Semelhante aos quadros virais/ Febra alta
ou baixa/ Tosse seca ou produtiva/
Secreção nasal (COR DE SECREÇÃO NÃO
m
MAIS
Febre baixa/ Tosse seca ou produ- DEFINE ETIOLOGIA) ou coriza/ Hiperemia Halitose/ Crostas em
ESPECÍFICOS
tiva/ Secreção nasal (COR DE ou Hipertrofia de conchar nasais/ Hiper- narinas/ Mudança no
Dores no corpo/ mialgia/ Quadro clínico
SECREÇÃO NÃO DEFINE ETIOLO- emia de mucosas ocular, nasal e faríngea/ padrão da secreção
MAIS inapetência/ Prostração/
GIA) ou Coriza/ Hipremia e Hipertro- Cefaléia, Pressão na Face ou Dor à
ESPECÍFICOS Hiperemia de membrana Quadro
fia de conchas nasais/ Hiperemia de palpação dos seios paranasais (menos
timpânica/ Lacrimejamento/ clínico
mucosas ocular, nasal e faríngea/ comum em crianças)
Ausculta pulmonar com
co
Cefaleia, Pressão na Face e Dor à
palpação dos seios paranasais roncos
(menos comum em crianças)
Piora dos sintomas após o Raio X dos seios parana-
quinto dia/ Piora após sais/ Tomografia computa-
Puramente clínico basea- NÃO
melhora/ Persistência dos dorizada/ Cultura de
do nos sintomas, sua Viral/ Resfriado SOLICITAR
Bacteriana sintomas após 10 a 12 secreção/ Encaminhar para
intensidade e duração/ Diagnóstico comum RINOSSINUSITE Diagnóstico
aguda dias/ Febre 39 graus o especialista. Essas
NÃO solicitar Raio X de
associado aos sintomas medidas só em suspeitas
seios da face
nasais por 3 dias/ Duração de complicações
de < 4 semanas
Cefuroxima
Alergia à (cefalosporina
RSC com polipose (33%)/ RSC
o
Penicilina de 2ª geração)
fúngica alérgica (reação
ou Doxicilina
contra alérgenos de fungos Etiologia
ub
terceira)/ Levofloxacina
tratamento/
Semelhante a dos quadros (no adulto e evitar na
complicações
Os quadros com MAIS agudos/ Drenagem mucopu- criança)/ Clindamicina +
polipose costumam se ESPECÍFICOS rulenta nasal anterior e Amoxicilina
associar a asma e Quadro
id
posterior/ Obstrução e
alergia ou intoleância a clínico
é
Complicações
pi
Meningite/ Trombose
do seio cavernoso/
Abscesso cerebral
Ciclos curtos de prednisona via MAIS Antibioticoterapia sistêmica
oral/ anti-histamínicos/ anti-leu-
Có
Tosse é a manifestação
mais comum/ Cefaleia e
Dor ou pressão faciais
são incomuns
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s. https://bit.ly/3c965oO
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CAPÍTULO
m
8. Daniel J Sexton, MDMicah T McClain, MD, PhD. The common cold in adults: Treatment and prevention. Post TW, ed. UpToDate. Waltham,
MA: Uptodate Inc. https://www.uptodate.com (Acessed on April 16, 2020)
co
9. Zara M Patel, MDPeter H Hwang, MD. Acute sinusitis and rhinosinusitis in adults: Clinical manifestations and diagnosis. Post TW, ed.
UpToDate. Waltham, MA: Uptodate Inc. https://www.uptodate.com (Acessed on April 16, 2020)
10.Ellen R Wald, MD. Acute bacterial rhinosinusitis in children: Clinical features and diagnosis. Post TW, ed. UpToDate. Waltham, MA: Uptodate
s.
Inc. https://www.uptodate.com (Acessed on April 16, 2020)
11.Ellen R Wald, MD. Acute bacterial rhinosinusitis in children: Microbiology and management. Post TW, ed. UpToDate. Waltham, MA:
Uptodate Inc. https://www.uptodate.com (Acessed on April 16, 2020)
12.Daniel L Hamilos, MDEric H Holbrook, MD. Chronic rhinosinusitis: Management. Post TW, ed. UpToDate. Waltham, MA: Uptodate Inc.
♥
eo
13.Daniel L Hamilos, MDEric H Holbrook, MD. Chronic rhinosinusitis: Clinical manifestations, pathophysiology, and diagnosis. Post TW, ed.
ub
UpToDate. Waltham, MA: Uptodate Inc. https://www.uptodate.com (Acessed on April 16, 2020)
ro
14.Richard D deShazo, MDStephen F Kemp, MD. Allergic rhinitis: Clinical manifestations, epidemiology, and diagnosis. Post TW, ed. UpToDate.
id
é
15.Richard D deShazo, MDStephen F Kemp, MD. Pharmacotherapy of allergic rhinitis. Post TW, ed. UpToDate. Waltham, MA: Uptodate Inc.
nã
16.Richard D deShazo, MDStephen F Kemp, MD. Allergic rhinitis: Clinical manifestations, epidemiology, and diagnosis. Post TW, ed. UpToDate.
dv
pi
17.Phillip L Lieberman, MD. Chronic nonallergic rhinitis. Post TW, ed. UpToDate. Waltham, MA: Uptodate Inc. https://www.uptodate.com
(Acessed on April 16, 2020)
me
18.Leonard Bielory, MD. Complementary and alternative therapies for allergic rhinitis and conjunctivitis. Post TW, ed. UpToDate. Waltham,
MA: Uptodate Inc. https://www.uptodate.com (Acessed on April 16, 2020)
19.Glenn C Isaacson, MD, FAAPAderonke Ojo, MD. Diagnosis and management of intranasal foreign bodies. Post TW, ed. UpToDate. Waltham,
MA: Uptodate Inc. https://www.uptodate.com (Acessed on April 16, 2020)Int, volorpo repelit alic to conseque odignis
CAPÍTULO
“A vontade de se preparar tem que ser maior do que a vontade de vencer. Vencer será consequência da boa preparação”.
m
Em suma, vontade de ser aprovado tanto você como os outros candidatos têm. Não é a “quantidade de vontade” que será suficiente
co
para o seu êxito. Por isso, a vontade de estudar (lendo os livros, resolvendo questões, revisando com os mapas mentais) é o fator fundamental
nesta fase de preparação. É nesse ponto que você deve concentrar sua atenção e seu entusiasmo.
Estarei aqui caminhando com você, na leitura de cada página e em cada comentário de questão, respondendo suas dúvidas, atualizando
seu material e desenvolvendo as melhores estratégias para que, juntamente com a sua vontade, consigamos o êxito em sua aprovação. A sua
s.
vitória é meu objetivo.
Agora, descanse um pouco a mente, e vamos rumo ao próximo livro e à próxima aula.
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