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Quando o aluno de uma escola primária ou um atleta de alto rendimento se dispõe a realizar algum tipo
de atividade física, faz-se necessária a adaptação do organismo à atividade ou exercício físico planejado. Esta
adaptação, chamada de aquecimento ou parte introdutória da atividade, é caracterizada pela transição de um
estado de repouso para um estado ativo do organismo, com o objetivo de promover uma adequação respiratória,
circulatória, cardiovascular e neuromuscular anterior à atividade. Assim sendo, o aquecimento deve incluir
exercícios:
de mobilidade articular para preparar as articulações;
de elevação do pulso cardíaco para preparar o aparelho cardiovascular;
de alongamento para preparar os músculos, seus ligamentos associados e tecidos conectivos;
relacionados à parte principal da aula para preparar o aparelho neuromuscular.
Apesar de sua importância para a correta predisposição do corpo à atividade, o aquecimento continua
marginalizado tanto na educação física escolar quanto na preparação de atletas de alto rendimento. Tal fato
talvez se justifique com a má formação dos profissionais de educação física e a busca irracional e imediata de
resultados expressivos que garantam patrocínios e, consequentemente, dinheiro.
Como objetivos principais do aquecimento podemos citar a preparação do organismo para receber e
suportar cargas mais intensas na parte principal da aula ou treino, harmonizar os sistemas orgânicos para
maximizar o rendimento e prevenir lesões. Um outro aspecto muito importante diz respeito à duração e à
intensidade do aquecimento. Para equilibrar estas duas variáveis deve-se observar:
a idade dos participantes com o intuito de não sobrecarregar crianças, idosos ou pessoas não habituadas
à prática de atividades/exercícios físicos ou esportes;
as atividades precedentes e posteriores para formar um conjunto harmônico que privilegie,
principalmente, uma progressão adequada de intensidade;
o estado emocional dos participantes;
o tipo de esporte que praticam, o período de treinamento e o nível de preparação do atleta ou aluno;
a hora do dia, com o objetivo de prescrever atividades mais intensas no período matutino e outras menos
intensas nos períodos vespertino e noturno;
o clima, que exerce influência direta na temperatura corporal do indivíduo, solicitando mais intensidade
nos dias frios e menos intensidade nos de calor.
TIPOS DE AQUECIMENTO
Aquecimento passivo
Envolve a aplicação de banhos ou duchas quentes, raios infravermelhos, massagens com produtos que
ativam a circulação sanguínea e até, métodos de concentração mental. É importante ressaltar que estas formas
são aplicáveis, porém são menos eficazes que as formas ativas de aquecimento, sendo usadas como
complemento destas.
Aquecimento geral
Preparam o organismo de forma genérica e dele fazem parte a caminhada, a corrida e os exercícios que
trabalham grandes grupos de músculos e articulações. Estes exercícios devem priorizar o desenvolvimento das
habilidades físicas (andar, correr, saltar, saltitar, girar, rolar, empurrar, chutar, lançar), da sociabilização
(atividades individuais, em dupla, em trio, em grupos) e são os mais apropriados para a educação física escolar.
Podem conter, ainda, atividades recreacionais incluindo jogos, cantigas de roda e música.
Aquecimento específico
É aquele direcionado aos grupos musculares e articulações que serão mais exigidos durante a aula ou
sessão de treinamento. Devem ter estruturas dinâmicas e cinéticas iguais ou, no mínimo, similares aos
movimentos que serão executados na parte principal do trabalho.
O aquecimento geral deve preceder o específico e, guardadas algumas variações climáticas acentuadas,
deve durar de 10 a 15 minutos, levando-se em consideração que indivíduos menos preparados necessitam de
um aquecimento mais lento e intenso. Nas aulas de educação física escolar os exercícios de aquecimento geral
ocupam um maior espaço, enquanto que no esporte de alto rendimento o aquecimento específico deve ser
enfatizado. É aconselhável iniciar o aquecimento com uma caminhada passando a uma corrida lenta, uma vez
que estas atividades envolvem grandes grupos musculares e articulares, bem como motivam os participantes.
Outro aspecto importante é não efetuar pausas durante o aquecimento para a realização de exercícios
respiratórios, de relaxamento ou de força para que não se perca a unidade do trabalho.
EFEITOS METABÓLICOS
Sistema nervoso
maior condutividade das vias nervosas que influencia positivamente na coordenação motora e aumenta
a capacidade de reação;
favorecimento do estado de excitação e vigília;
ativação do sistema neurovegetativo, responsável por coordenar e regular as funções internas do
organismo.
Sistema muscular
redução da viscosidade muscular (o roçar entre as fibras) e aumento da elasticidade que melhoram o
rendimento e diminuem o risco de lesões;
melhora da alimentação dos músculos com substâncias energéticas (glicose, aminoácidos e ácidos
graxos) e oxigênio necessários à combustão muscular, devido ao aumento da irrigação sangüínea nos
músculos em esforço.
Sistema cardiovascular
Aumento da frequência cardíaca;
aumento da pressão sanguínea;
aumento do volume sanguíneo em circulação que permite levar mais substâncias energéticas e oxigênio
para os músculos e eliminar dejetos.
Sistema respiratório
aumento da frequência e da amplitude respiratória que devem satisfazer as exigências de oxigênio dos
músculos e eliminar eficazmente o gás carbônico produzido. Os músculos que não recebem a
quantidade suficiente de oxigênio passam a trabalhar em sistema anaeróbio, acumulam ácido lático e se
fadigam rapidamente limitando suas atividades.