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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

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PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

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A EVOLUÇÃO DA BIOSSEGURANÇA NO BRASIL


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Por: Carlos Roberto de Souza Barreto


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Orientador
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Prof. Jorge Tadeu Vieira Lourenço


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Rio de Janeiro
2015
2

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES


PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA

A EVOLUÇÃO DA BIOSSEGURANÇA NO BRASIL

Apresentação de monografia à AVM


Faculdade Integrada como requisito parcial
para obtenção do grau de especialista em
Sistema de Gestão Integrada em QSMS.
Por: Carlos Roberto de Souza Barreto
3

AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus por suas


misericórdias que se renovam a cada
manhã, pela oportunidade de
conquistar mais está benção em minha
vida profissional, à minha querida
esposa Raquel por estar comigo em
todos os momentos difíceis que já
passei, meus filhos: Cauan e Eduarda
por entenderem as minhas ausências
na realização desta qualificação.
4

RESUMO

A biossegurança envolve a análise dos riscos a que os profissionais de


saúde e de laboratórios estão constantemente expostos em suas atividades
nos ambientes de trabalho. A avaliação de tais riscos engloba vários aspectos,
sejam relacionados aos procedimentos adotados como, por exemplo, o uso de
EPIs, as boas práticas em laboratório (BPLs), ter conhecimento dos riscos dos
agentes biológicos manipulados e a infraestrutura dos laboratórios. Por isso,
foram criadas leis que regulamentaram a biossegurança no Brasil e isso é
muito importante para eliminação ou redução dos riscos envolvidos nas etapas
de produções ou pesquisas nas áreas de saúde publica.
5

METODOLOGIA

O estudo foi desenvolvido através de minha vivência profissional na área


de produção de Reativos para Diagnósticos da FIOCRUZ e a realização de
diversos cursos de Biossegurança que me proporcionaram o conhecimento
maior em relação à evolução da Biossegurança no Brasil.
A metodologia utilizada para o desenvolvimento deste trabalho constituiu
em pesquisas através de livros, dissertação, artigos, normas e internet, dentre
esses foram pesquisadas algumas obras dos autores: Nery Cunha Vital, Telma
Abdalla de Oliveira Cardoso.
6

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 07

CAPÍTULO 1 - Breve Históricos da Biossegurança 08

CAPÍTULO 2 - Boas Práticas Laboratoriais 18

CAPÍTULO 3 – Evolução das Leis sobre a Biossegurança no Brasil 21

CONCLUSAO 39

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 40

ÍNDICE 46
7

INTRODUÇÃO

Neste trabalho falaremos sobre a Biossegurança no Brasil, abordando a


evolução da mesma e suas leis, estaremos abordando também quais foram as
providencias tomadas sobre as leis ou normas relacionadas sobre a
Biossegurança no Brasil após o ano de 1990, veremos que antes da lei da lei
de biossegurança n° 11.105 de março de 2005, o Brasil não tinha parâmetros
para a realização de pesquisas de cultivo de células troncos e manipulação de
organismos geneticamente modificados (OGMs) e consequentemente após
esta lei a ciência brasileira conseguiu um grande avanço tecnológico nesta
área, pode se ressaltar que a base deste trabalho será a abordagem sobre o
surgimento da Biossegurança, as classificações de risco, a sua evolução e as
criações das leis N° 8.974/95, o decreto 1752/95, a lei de N° 2.191-9/2001 e a
lei N° 11.105/05 que tratam exclusivamente sobre a sua regulamentação, no
capitulo um aborda o que significa a biossegurança, tal como surgiu no mundo,
por que foi criada, quais foram as diretrizes criadas após a Conferência de
Asilomar, na Califórnia em 1974, onde foram tratadas questões acerca dos
riscos das técnicas de engenharia genética e sobre a segurança dos espaços
laboratoriais, falaremos sobre o princípio da biossegurança, sobre as
classificações de risco. No segundo capitulo será abordado as boas práticas
laboratoriais que utilização as normas da biossegurança como parâmetro, no
terceiro e último capitulo falaremos sobre a criação das leis ou normas e como
estas são seguidas ou cumpridas no brasil e entenderemos as diferenças
sobre a biossegurança legal e praticada.
8

CAPÍTULO 1

Breve Históricos da Biossegurança

Os registros apontam que entre os anos 40 e 50, vários pesquisadores


estudaram infecções humanas com vírus e bactérias adquiridas nos locais de
trabalho, seja por exposição direta ou indireta ao agente infeccioso.
Na década de 40, o Governo dos EUA iniciou no chamado Forte Detrick,
um programa tendo por objetivo a preparação para a guerra biológica. A
preocupação veio com o uso de foguetes pela Alemanha nazista durante a
Segunda Guerra Mundial, os quais poderiam ser utilizados como veículo para a
Guerra Biológica. Neste Forte foi construída a primeira instalação de
segurança dedicada ao trabalho com agentes biológicos, a chamada “Black
Maria”, um laboratório unicamente dedicado ao trabalho em contenção
(trabalho realizado em regime estritamente fechado, sem qualquer
possibilidade de comunicação com o meio externo).
A biossegurança constitui uma área de conhecimento relativamente
nova, regulada em vários países por um conjunto de leis, procedimentos ou
diretrizes especificas. A segurança dos laboratórios e dos métodos de trabalho
transcende aos aspectos éticos implícitos nas pesquisas com manipulação
genética. Medidas de biossegurança específicas devem ser adotadas por
laboratórios e aliadas a um amplo plano de educação baseado nas normas
nacionais e internacionais quanto ao transporte, a conservação e a
manipulação de microrganismos patogênicos.
Laboratórios de microbiologia são, com frequência, ambientes
singulares de trabalho que podem expor as pessoas próximas a eles, ou que
neles trabalham, a riscos de doenças infecciosas identificáveis. As infecções
contraídas em um laboratório tem sido descritas por meio da historia da
microbiologia. Os relatórios de microbiologia publicados na virada do século
descreveram casos de tifo, cólera, mormo, brucelose e tétano associados a
laboratórios.
9

Em 1941, Meyer e Eddie publicaram uma pesquisa de 74 casos de


brucelose associados a laboratório ocorridos nos Estados Unidos e concluíram
que “a manipulação de culturas ou espécies e a inalação da poeira contendo a
bactéria Brucella são eminentemente perigosas para os trabalhadores de um
laboratório”. Inúmeros casos foram atribuídos a falta de cuidados ou a uma
técnica de manuseio ruim de materiais infecciosos.
Em 1949, Sulkin e Pike publicaram a primeira de uma serie de
pesquisas sobre infecções associadas a laboratórios. Eles constataram 222
infecções virais, sendo 21 delas fatais. Em pelo menos um terço dos casos, a
provável fonte de infecção estava associada ao manuseio de animais e tecidos
infectados. Acidentes conhecidos foram registrados em 12% dos casos
relatados.
Em 1951, Sulkin e Pike publicaram a segunda de uma série de
pesquisas baseada em um questionário enviado a 5.000 laboratórios. Somente
um terço dos 1.342 casos citados foi relatado na literatura. A brucelose era a
infecção mais freqüentemente encontrada nos relatórios em relação as
infecções contraídas em um laboratório e, juntamente com a tuberculose, a
tularemia, o tifo e a infecção estreptocócica, contribuía para 72% de todas as
infecções bacterianas e 31% das infecções causadas por outros agentes.
O índice total de mortalidade era de 3%. Somente 16% de todas as
infecções relatadas estavam associados a um acidente documentado. A
maioria desses estava relacionada ao uso de pipetas, seringas e agulhas. Essa
pesquisa foi atualizada em 1965, quando houve um acréscimo de 641 novos
casos ou de casos que não haviam sido relatados anteriormente.
Em 1967, Hanson e colaboradores relataram 428 casos patentes de
infecções de arbovírus associados a laboratório. Em alguns casos, a
capacidade de um dado arbovírus de produzir uma doença humana foi
primeiramente confirmada como o resultado de uma infecção não-intencional
da equipe laboratorial. No caso, os aerossóis infecciosos eram considerados a
fonte mais comum de infecção.
Em 1974, Skinholj publicou os resultados de uma pesquisa segundo a
qual os funcionários dos laboratórios clínicos dinamarqueses apresentavam
10

uma relatada incidência de hepatite (2,3 casos ao ano por 1.000 funcionários)
sete vezes maior que a população em geral. De maneira semelhante, uma
pesquisa de 1976, realizada por Harrington e Shannon, indicou que os
trabalhadores de laboratórios médicos na Inglaterra apresentavam um risco
cinco vezes maior de adquirir uma tuberculose do que a população em geral. A
hepatite B e a shigelose também eram conhecidas por serem um continuo
risco ocupacional. Junto com a tuberculose, essas eram as três causas mais
comuns de infecções associadas a laboratório relatadas na Grã-Bretanha.
Em 1976, houve uma nova atualização, perfazendo um total acumulativo
de 3.921 casos. A brucelose, o tifo, a tularemia, a tuberculose, a hepatite e a
encefalite eqüina venezuelana eram as infecções mais comumente relatadas.
Menos de 20% de todos os casos estavam associados a um acidente
conhecido. A exposição aos aerossóis infecciosos era considerada uma fonte
plausível, mas não confirmada, de infecção para mais de 80% dos casos em
que as pessoas infectadas haviam trabalhado com o agente.
Três casos secundários de varíola foram relatados em dois surtos associados
a laboratório, na Inglaterra, em 1973 e 1978. Relatos anteriores de seis casos
de febre Q entre os funcionários de uma lavanderia comercial que lavava os
uniformes e as roupas de um laboratório que manipulava o agente, um caso de
uma pessoa que visitava o laboratório e dois casos de febre Q em contatos
domiciliares de um rickettsiologista também foram constatados. Existe o relato
de um caso de transmissão do vírus B de um macaco para um tratador de
animais infectados e deste para sua esposa, aparentemente provocado pelo
contato do vírus com a pele lesionada do individuo.

Segundo Aguiar e Ribeiro (2006) relataram que devido a fatos históricos


de contaminação onde vários profissionais da saúde se contaminaram em
grandes epidemias como na gripe espanhola entre os anos de 1915 a 1920, na
gripe de Hong-kong em 1968, fez com que no século XX a biossegurança
fosse empregada com o conceito de proteção aos trabalhadores diretamente
envolvidos com agentes infecciosos.
11

Hinrichsen (2004) comentou que o surgimento da discussão sobre


biossegurança se deveu, principalmente, à necessidade de se estudar e
mapear os riscos e acidentes relacionados à segurança nos ambientes de
saúde e de pesquisa, acentuando-se a partir da década de 1940. Com o
decorrer do tempo os estudos apontaram que a manipulação de agulhas e
seringas foi o principal tipo de acidente responsável pelas contaminações,
seguido de respingo, aerossol e derramamento de soluções.
Segundo a ANVISA (2005) no início dos anos 70, uma série de estudos
detectou que os profissionais de laboratórios clínicos e área da saúde
apresentavam mais casos de tuberculose, hepatite B e shigelose do que
pessoas envolvidas com outras atividades.
Nesta mesma década o foco das atenções voltava-se para a saúde do
trabalhador frente aos riscos biológicos no ambiente ocupacional. De acordo
com a Organização Mundial da Saúde (WHO, 1993) as "práticas preventivas
para o trabalho em contenção a nível laboratorial, com agentes patogênicos
para o homem".

O conceito de biossegurança começou a ser mais fortemente


construído, após o surgimento da engenharia genética. O procedimento
pioneiro utilizando técnicas de engenharia genética foi a transferência e
expressão do gene da insulina para a bactéria Escherichia coli. Essa primeira
experiência, em 1973, provocou forte reação da comunidade mundial de
ciência, culminando com a Conferência de Asilomar, na Califórnia em 1974.
Nesta conferência foram tratadas questões acerca dos riscos das técnicas de
engenharia genética e sobre a segurança dos espaços laboratoriais
(ALMEIDA; VALLE, 1999; ALBUQUERQUE, 2001; BORÉM, 2001).

Costa e Costa (2002) observaram que foi na década de 1980 quando a


Organização Mundial de Saúde conceituou a biossegurança como práticas de
prevenção para o trabalho em laboratório com agentes patogênicos, e, além
disto, classificou os riscos como biológicos, químicos, físicos, radioativos e
12

ergonômicos. Nos anos 90, verificamos que a definição de biossegurança sofre


mudanças significativas.
Em seminário realizado no Instituto Pasteur em Paris (INSERM, 1991),
observamos a inclusão de temas como ética em pesquisa, meio ambiente,
animais e processos envolvendo tecnologia de DNA recombinante, em
programas de biossegurança.
Outra definição nessa linha diz que "a biossegurança é o conjunto de
ações voltadas para a prevenção, minimização ou eliminação de riscos
inerentes às atividades de pesquisa, produção, ensino, desenvolvimento
tecnológico e prestação de serviços, visando à saúde do homem, dos animais,
a preservação do meio ambiente e a qualidade dos resultados" (Teixeira &
Valle, 1996). Este foco de atenção retorna ao ambiente ocupacional e amplia-
se para a proteção ambiental e a qualidade. Não é centrado em técnicas de
DNA recombinante.
Uma outra definição, baseada na cultura da engenharia de segurança e
da medicina do trabalho é encontrada em Costa (1996), onde aparece
"conjunto de medidas técnicas, administrativas, educacionais, médicas e
psicológicas, empregadas para prevenir acidentes em ambientes
biotecnológicos". Está centrada na prevenção de acidentes em ambientes
ocupacionais.
Fontes et al. (1998) já apontam para "os procedimentos adotados para
evitar os riscos das atividades da biologia". Embora seja uma definição vaga,
sub-entende-se que estejam incluídos a biologia clássica e a biologia do DNA
recombinante. Estas definições mostram que a biossegurança envolve as
seguintes relações:

Tecnologia ---- risco -----homem


Agente biológico -----risco -----homem
Tecnologia -----risco -----sociedade
Biodiversidade ------risco -----economia
13

1.1 - Princípios da Biossegurança

Berg et al, (1975) afirmaram que o princípio da precaução é quando


uma atividade representa ameaças de danos ao ambiente ou à saúde humana,
medidas devem ser tomadas mesmo se algumas relações de cauda e efeito
não forem plenamente estabelecidas cientificamente.

A biossegurança e a segurança biológica referem-se ao emprego do


conhecimento, das técnicas e dos equipamentos, com a finalidade de prevenir
a exposição do profissional, dos acadêmicos, dos laboratórios, da comunidade
e do meio ambiente, aos agentes biológicos potencialmente patogênicos. Para
isso, estabelecem as condições seguras para a manipulação e a contenção de
agentes biológicos incluindo: os equipamentos de segurança, as técnicas de
laboratórios, além da gestão administrativa (HIRATA e MANCINI, 2002;
BRASIL, 2005; MASTROENI, 2006).

Hirata e Mancini, (2009) descreveram que equipamentos de segurança


são considerados como barreiras primárias de contenção e, juntamente com
as boas práticas em laboratório, visam à proteção dos indivíduos e dos
próprios laboratórios individual (EPI) e coletiva (EPC).
A estrutura física do laboratório é considerada como barreiras
secundárias incluem tanto o projeto como a construção das instalações e da
infraestrutura do laboratório. As instalações físicas são importantes para
proporcionar uma parreira de proteção para pessoas dentro e principalmente
fora do laboratório (BRASIL, 2005; SIMAS E CARDOSO, 2008; PENNA et al.,
2010).
Segundo o Ministério da Saúde, (Brasil, 2005) os profissionais de
laboratórios, além de estarem expostos aos riscos ocupacionais ergonômicos,
físicos e químicos, trabalham com agentes infecciosos e com materiais
potencialmente contaminados, que são os riscos biológicos. Esses
profissionais devem ser conscientizados sobre os riscos potenciais, e treinados
14

a estarem aptos para exercerem as técnicas e práticas necessárias para o


manuseio seguro dos materiais e fluidos biológicos.

Silva, (2010) descreveu que as Práticas de biossegurança são


indispensáveis para o desempenho da atividade laboral segura e ressaltou que
a simples presença de um agente de risco em um laboratório não significa que,
necessariamente, ocorrerá uma doença ou um acidente com os indivíduos que
desenvolvem suas atividades no ambiente laboral. Isto é um princípio básico
da biossegurança, isto é, no princípio da precaução.

1.2 Classificações de Risco

A classificação dos agentes biológicos é dada pelo risco que o


microrganismo representa para a saúde do trabalhador, sua capacidade de
propagação para a coletividade e a existência ou não de profilaxia e
tratamento. Todos os países utilizam os mesmos critérios para a avaliação de
riscos dos agentes biológicos, porem existe alguns critérios variáveis de acordo
com a realidade epidemiológica local (BRASIL, 2010).
Os agentes biológicos que afetam o homem, os animais e as plantas
foram classificados pelo Ministério da Saúde por meio da Comissão de
Biossegurança em Saúde (CBS). Os critérios de classificação têm como base
diversos aspectos, tais como: virulência, modo de transmissão, estabilidade do
agente, concentração e volume, origem de material potencialmente infeccioso,
disponibilidade de medidas profiláticas eficazes, disponibilidade de tratamento
eficaz, dose infectante, tipo de ensaio e fatores referentes ao trabalhador
(BRASIL, 2008).
Os agentes biológicos foram classificados em classes de 1 a 4: (a)
Classe de risco nº1 agentes biológicos que oferecem baixo risco individual e
para a comunidade inclui os agentes biológicos conhecidos por não causarem
doenças no homem ou nos animais adultos sadios exemplos: Lactobacillus sp;
(b) Classe de risco nº 2 agentes biológicos que oferecem moderado risco
individual e limitado risco para a comunidade, inclui os agentes biológicos que
15

provocam infecções no homem ou nos animais, cujo potencial de propagação


na comunidade e de disseminação no meio ambiente é limitado, e para os
quais existem medidas terapêuticas e profiláticas eficazes. Exemplo:
Schistosoma mansoni; (c) Classe de risco nº 3 agentes biológicos que
oferecem alto risco individual e moderado risco para a comunidade, que
possuem capacidade de transmissão por via respiratória e que causam
patologias humanas ou animais, potencialmente letais, para as quais existem
usualmente medidas de tratamento e, ou, de prevenção representam risco se
disseminados na comunidade e no meio ambiente, podendo se propagar de
pessoa para pessoa exemplo Bacillus anthracis; (d) Classe de risco nº 4
agentes biológicos que oferecem alto risco individual e para a comunidade,
com grande poder de transmissibilidade por via respiratória ou de transmissão
desconhecida. Nem sempre está disponível um tratamento eficaz ou medidas
de prevenção contra esses agentes. Causam doenças humanas e animais de
alta gravidade, com alta capacidade de disseminação na comunidade e no
meio ambiente exemplo Vírus Ebola (BRASIL, 2005; PENNA et al., 2010;
COSTA e COSTA, 2009; OMS, 2004).

1.3 Equipamentos de Proteção

1.3.1 Equipamentos de Proteção Individual

Segundo o Ministério da Saúde (Brasil, 2001) a prevenção é uma das


formas de evitar os problemas de saúde ocupacional, mas, para que ocorra de
maneira eficaz é preciso sensibilizar e conscientizar os trabalhadores.
Para Skraba, et. al (2006) os Equipamentos de Proteção Individual (EPI)
servem para proteção do contato com agentes infecciosos, substâncias
irritantes e tóxicas, materiais perfuro cortantes e materiais submetidos a
aquecimento ou congelamento.
Blom e Pedrosa (1999) afirmaram que usar EPI é um direito do
profissional da saúde e a instituição em que o mesmo trabalha é obrigada a
fornecê-los. É fundamental que o profissional da saúde utilize os EPI de forma
16

correta e sendo descartáveis ou não, deverão estar à disposição e em número


suficiente nos postos de trabalho, de forma que seja garantido o imediato
fornecimento ou reposição.
Skraba, et. al. (2006) destacaram alguns exemplos de EPIs como
jalecos, luvas, máscaras, óculos e protetores faciais. Há também protetores de
ouvido para trabalhos muito demorados com equipamentos que emitam ruídos
além dos níveis recomendados pelo Ministério do Trabalho e do Emprego e
máscaras de proteção contra gases para uso na manipulação de substâncias
químicas tóxicas e em caso de acidentes.
Ainda, em relação aos EPI, outra opção para proteger o rosto é o
protetor facial. Ele é feito com o mesmo material dos óculos, deve ser ajustável
a cabeça e cobrir todo o rosto. Os óculos e os protetores faciais são
equipamentos reutilizáveis e devem ser desinfetados (BRASIL, 2004).

1.3.2 Equipamentos de Proteção Coletiva

Segundo Garcia e Ramos (2004) a cabine de segurança biológica


também chamada de capela de fluxo laminar é um equipamento utilizado para
proteger o profissional e o ambiente laboratorial dos aerossóis potencialmente
infectantes que podem se espalhar durante a manipulação. Alguns tipos de
cabine protegem também o produto que está sendo manipulado do contato
com o meio externo.
Segundo o Ministério da Saúde (Brasil, 2004) existem três tipos de
cabines de segurança biológico: Classe I: esse tipo de cabine protege o
manipulador e o ambiente, porém não evita a contaminação do material que
está sendo manipulado; Classe II: protege o manipulador, o ambiente e o
material; Classe III: essa cabine é completamente fechada, o que impede a
troca de ar com o ambiente e funciona com pressão negativa, ela oferece total
segurança ao manipulador, ambiente e material, os recipientes e o material a
serem manipulados entram e saem por meio de câmaras de desinfecção.
17

Skraba,et.al. (2006) afirmaram que a cabine de Segurança Biológico


(CSB) da classe II é ideal para laboratórios clínicos, principalmente para
procedimentos microbiológicos, laboratórios de saúde pública e unidades
hemoterapias.
O Ministério da Saúde (Brasil, 2004) normatizou que as capelas de
exaustão química são equipamentos que protegem os profissionais na
manipulação de substâncias químicas que liberam vapores tóxicos e irritantes,
porém muito usado em laboratórios clínicos para descontaminação. O chuveiro
de emergência é utilizado em casos de acidentes em que haja projeção de
grande quantidade de sangue, substâncias químicas ou outro material
biológico sobre o profissional.
Rocha e Fartes (2001) relataram que o chuveiro de emergência deve
possuir jato de água forte e deve possuir alavancas que podem ser acionados
pela mão, cotovelos ou joelhos, para possibilitar a remoção imediata da
substância reduzindo os danos para o indivíduo. O lava-olhos é um
equipamento utilizado para acidentes na mucosa ocular, o jato de água
também deve ser forte e dirigido aos olhos.
Garcia e Ramos (2004) defenderam que nos laboratórios deve constar
também kit de primeiros socorros, com material necessário para pequenos
ferimentos na pele, kit de desinfecção para descontaminação em casos de
acidentes com material biológico, porém os funcionários devem ser treinados
para o manuseio.
18

CAPÍTULO 2
Boas práticas laboratoriais

Para Carvalho (2008) o mundo vive em permanente desenvolvimento e


muitas são as atividades científicas que se apresentam repletas de incertezas.
Nesse sentido, coerência e responsabilidade se fazem necessárias para se
reconhecer e tratar com afinco essas questões.
Segundo Milton (2000) as Boas Práticas de Laboratório (BPL) surgiram
pela primeira vez em texto legislativo, na Nova Zelândia, em 1972, e na
Dinamarca, em 1973, com o objetivo de credibilizar a prática laboratorial no
domínio da investigação e desenvolvimento.
Em 1976 surgiu a primeira proposta “formal" de regras de Boas Práticas
de Laboratório (Good Laboratory Practice Regulations: Proposed Rule) como
resposta a práticas incorretas, verificadas pela agência norte americana FDA
(do inglês US Food and Drug Administration), em atividades de investigação e
desenvolvimento realizadas em laboratórios de companhias farmacêuticas
e/ou laboratórios contratados pelas mesmas (MILTON, 2000).
Slomiany (2009) relatou que em 1979 entrou em vigor a proposta final
da FDA (Good Laboratory Practice Regulations: Final Rule 21 CFR 58), a
primeira legislação com verdadeiro impacto internacional, tendo sido
estabelecidas regras de BPL para que nos estudos de concessão e ensaio de
um produto, no contexto do registo de novos fármacos, os resultados obtidos
fossem cientificamente válidos.
Boas Práticas de Laboratório é um tema mais ligado à indústria, a
laboratórios de análises clínicas e às questões de qualidade tais como a
reprodutibilidade e a confiabilidade dos dados. Mas tanto a Biossegurança
quanto as Boas Práticas de Laboratório devem estar presentes no dia-a-dia
das práticas laboratoriais (OMS, 2004; 2006).
Para o INMETRO (Brasil, 2009) Boas Práticas de Laboratório é um
sistema de qualidade que abrange o processo organizacional e as condições
nas quais estudos não clínicos de saúde e de segurança ao meio ambiente
19

são planejados, desenvolvidos, monitorados, registrados, arquivados e


relatados.
De acordo com a ANVISA (Brasil, 2005) existe uma grande preocupação
quanto a aplicação da biossegurança em todos os locais onde são
manipulados os OGM, mais mesmo assim o maior problema relacionado aos
riscos em laboratório não está nas tecnologias disponíveis para eliminar ou
minimizar tais riscos e sim no comportamento dos profissionais. É
indispensável relacionar o risco de acidentes às boas práticas cotidianas
dentro de um laboratório. Não basta haver sistemas modernos de esterilização
do ar ou câmaras de desinfecção das roupas de segurança, por exemplo, se o
profissional não lavar suas mãos com a frequência adequada ou se o lixo for
descartado de maneira errada isso não será considerado boas práticas de
laboratório.
Para a EMBRAPA (Brasil, 2008) as BPLs tratam da organização, do
processo e das condições sob as quais estudos de laboratório são planejados,
executados, monitorados, registrados e relatados. As BPLs têm como
finalidade avaliar o potencial de riscos e toxicidade de produtos objetivando a
proteção da saúde humana, animal e do meio ambiente. Outro objetivo das
BPLs é promover a qualidade e validação dos resultados de pesquisa através
de um sistema de qualidade aplicado a laboratórios que desenvolvem estudos
e pesquisas que necessitam da concessão de registros para comercialização
de seus produtos e monitoramento do meio ambiente e da saúde humana.

Segundo Salgado e Santos (2001) fazem parte de algumas das BPLs as


seguintes considerações quanto a equipamentos: Geladeiras do laboratório
devem ser usadas apenas para armazenar amostras, soluções e reagentes,
nunca para alimentos; Uso de EPIs como luvas, jaleco, calçado fechado,
óculos, máscara, devem ser configurados regularmente e estar em locais
apropriados, quanto a profissionais envolvidos: a) É proibido o preparo e o
consumo de alimentos no ambiente laboratorial; b) os profissionais não devem
usar maquiagem c) Pipetar com a boca é imperiosamente proibido; d)
profissionais devem ter atenção especial à lavagem das mãos, cuidados com
20

unhas, cabelos, barba e roupas, a fim de evitar contaminações cruzadas; e)


devem ser utilizadas roupas adequadas às substâncias manuseadas no
laboratório; f) Mãos enluvadas não devem tocar áreas limpas, tais como
teclados, telefones e maçanetas; g) acidentes ocorridos devem ser
documentados e avaliados para correções e ocorridos devem ser
documentados e avaliados para correções e prevenções.
21

CAPÍTULO 3

Evolução das Leis sobre a Biossegurança no Brasil

No Brasil o surgimento da Biossegurança ocorreu a partir de 1984,


porém somente em 1995 foi sancionada a Lei da Biossegurança, conforme
dados a seguir: 1984: Primeiro Workshop de Biossegurança (em laboratórios)
– FIOCRUZ, 1986: Primeiro levantamento de risco em laboratórios na
FIOCRUZ – INCQS, Década de 90: a Biossegurança começa a ser direcionada
para a tecnologia do DNA recombinante. Primeiro projeto de fortalecimento das
ações em Biossegurança. - Ministério da Saúde – Núcleo de Biossegurança.

Em 1995 surge à lei brasileira de Biossegurança Lei 8974/95, esta lei


estabelece regras para o trabalho com DNA recombinante no Brasil, a palavra
biossegurança foi introduzida em nosso vocabulário oficialmente a partir desta
Lei, neste momento a Biossegurança começa a ser direcionada para a
tecnologia do DNA recombinante, onde estabelece algumas regras nas áreas
de pesquisa, produção e comercialização de OGMs de modo a proteger a
saúde do Homem, animais e meio ambiente, neste mesmo ano o decreto
1.752 de 20 de dezembro, formaliza a comissão Técnica Nacional de
Biossegurança – CTNBio e define suas competências no âmbito do Ministério
da ciência e Tecnologia.

3.1 – Lei da Biossegurança

A chamada Lei de Biossegurança transcende o campo de abrangência


jurídico da Lei Brasileira atual, dentro da esfera do conhecimento científico
mundial. Os textos e manuais da área apontam para um conceito mais amplo,
no qual o risco ou a probabilidade de um determinado dano ocorrer passa a
ser o objeto da pesquisa desta nova Ciência. O risco biológico - ao qual estão
sujeitos os pesquisadores e profissionais que atuam em laboratórios ou em
22

ambientes onde estão presentes microrganismos - é apenas um dos


segmentos de atuação da biossegurança como disciplina científica. A primeira
edição da Classificação de Agentes Etiológicos (aqueles que causam doenças)
com Base no Risco foi realizada em 1974. Nesse período, foi a primeira vez
que os critérios e procedimentos necessários foram estabelecidos para
amenizar os níveis de risco para os agentes microbianos. Ao editar o primeiro
Manual de Biossegurança no mundo, em 1984, o Centro de Controle de
Doenças dos Estados Unidos fez referência pela primeira vez à Biossegurança
(Biosafety, em inglês) como um conjunto de procedimentos, práticas e
instalações voltadas para controlar o biorrisco, ou seja, o controle do perigo
advindo de organismos infecciosos. Embora reconheçam a Biossegurança
como multidisciplinar, as publicações sobre o assunto enfocam o risco
biológico como o objeto principal de sua análise no contexto empregado,
considerando os demais problemas como adjacentes e/ou coadjuvantes no
processo de trabalho no laboratório. Como princípio da Biossegurança, a
contenção e o manejo do risco representam o caminho seguro para a
minimização de perigos. É importante ressaltar que este conceito está ligado a
probabilidades, pois não há o risco zero em qualquer atividade no campo das
Ciências da Vida. A evolução histórica do conceito de risco e da sua percepção
ao longo do tempo representa a evolução da Biossegurança como Ciência. A
história da medicina, por exemplo, registrou algumas tentativas de prevenção
de risco, que hoje identificamos como a origem desta Ciência. Isso mostra o
quanto foi importante conter agentes patógenos, não só para combater
doenças que ameaçam a população quanto para impedir que agentes de
saúde também contraíssem uma infecção. Os procedimentos de prevenção
destinados à segurança do pesquisador, do objeto pesquisado e das
condições ambientais do entorno em que a pesquisa se realiza são elementos
fundamentais para a minimização do risco e constituem o campo de ação da
Biossegurança como Ciência para proteger nossas vidas, dos animais e meio
ambiente.
23

No dia 23 de agosto de 2001 ocorre mais uma alteração na lei de


Biossegurança, através da medida provisória N° 2.191-9, que acresce e altera
dispositivos da Lei no 8.974, de 5 de janeiro de 1995, e dá outras providências.
"Art. 1o-A. Fica criada, no âmbito do Ministério da Ciência e Tecnologia,
a Comissão Técnica Nacional de Biossegurança - CTNBio, instância colegiada
multidisciplinar, com a finalidade de prestar apoio técnico consultivo e de
assessoramento ao Governo Federal na formulação, atualização e
implementação da Política Nacional de Biossegurança relativa a OGM, bem
como no estabelecimento de normas técnicas de segurança e pareceres
técnicos conclusivos referentes à proteção da saúde humana, dos organismos
vivos e do meio ambiente, para atividades que envolvam a construção,
experimentação, cultivo, manipulação, transporte, comercialização, consumo,
armazenamento, liberação e descarte de OGM e derivados.
Parágrafo único. A CTNBio exercerá suas competências,
acompanhando o desenvolvimento e o progresso técnico e científico na
engenharia genética, na biotecnologia, na bioética, na biossegurança e em
áreas afins.
Art. 1o-B. A CTNBio, composta de membros titulares e suplentes,
designados pelo Ministro de Estado da Ciência e Tecnologia, será constituída
por:
I - oito Especialistas de notório saber científico e técnico, em exercício
nos segmentos de biotecnologia e de biossegurança, sendo dois da área de
saúde humana, dois da área animal, dois da área vegetal e dois da área
ambiental;
II - Um representante de cada um dos seguintes Ministérios, indicados
pelos respectivos titulares:
a) da Ciência e Tecnologia;
b) da Saúde;
c) do Meio Ambiente;
d) da Educação;
e) das Relações Exteriores;
24

III - dois representantes do Ministério da Agricultura e do


Abastecimento, sendo um da área vegetal e outro da área animal, indicados
pelo respectivo titular;
IV - Um representante de órgão legalmente constituído de defesa do
consumidor;
V - Um representante de associação legalmente constituída,
representativa do setor empresarial de biotecnologia;
VI - Um representante de órgão legalmente constituído de proteção à
saúde do trabalhador.
§ 1° Cada membro efetivo terá um suplente, que participará dos
trabalhos com direito a voto, na ausência do titular.
§ 2° A CTNBio reunir-se-á periodicamente em caráter ordinário uma vez
por mês e, extraordinariamente a qualquer momento, por convocação de seu
Presidente ou pela maioria absoluta de seus membros.
§ 3° As deliberações da CTNBio serão tomadas por maioria de dois
terços de sus membros, reservado ao Presidente apenas o voto de qualidade.
§ 4° As Práticas de biossegurança são indispensáveis para o
desempenho da atividade laboral segura menos, um representante de cada
uma das áreas referidas no inciso I deste artigo.
§ 5° A manifestação dos representantes de que tratam os incisos II a
VI deste artigo deverá expressar a posição dos respectivos órgãos.
§ 6° Os membros da CTNBio deverão pautar a sua atuação pela
observância estrita dos conceitos éticos profissionais, vedado envolver-se no
julgamento de questões com as quais tenham algum relacionamento de ordem
profissional ou pessoal, na forma do regulamento.

Art. 1°-C. A CTNBio constituirá, dentre seus membros efetivos e


suplentes, subcomissões setoriais específicas na área de saúde humana, na
área animal, na área vegetal e na área ambiental, para análise prévia dos
temas a serem submetidos ao plenário da Comissão.
Art. 1°-D. Compete, entre outras atribuições, à CTNBio:
I - Aprovar seu regimento interno;
25

II - Propor ao Ministro de Estado da Ciência e Tecnologia a Política


Nacional de Biossegurança;
III - estabelecer critérios de avaliação e monitoramento de risco de
OGM, visando proteger a vida e a saúde do homem, dos animais e das
plantas, e o meio ambiente;
IV - Proceder à avaliação de risco, caso a caso, relativamente a
atividades e projetos que envolvam OGM, a ela encaminhados;
V - Acompanhar o desenvolvimento e o progresso técnico-científico
na biossegurança e em áreas afins, objetivando a segurança dos
consumidores, da população em geral e do meio ambiente;
VI - Relacionar-se com instituições voltadas para a engenharia
genética e biossegurança em nível nacional e internacional;
VII - propor o código de ética das manipulações genéticas;
VIII - estabelecer normas e regulamentos relativamente às
atividades e aos projetos relacionados a OGM;
IX - Propor a realização de pesquisas e estudos científicos no
campo da biossegurança;
X - Estabelecer os mecanismos de funcionamento das Comissões
Internas de Biossegurança (CIBios), no âmbito de cada instituição que se
dedique ao ensino, à pesquisa científica, ao desenvolvimento tecnológico e à
produção industrial que envolvam OGM;
XI - emitir Certificado de Qualidade em Biossegurança (CQB);
XII - classificar os OGM segundo o grau de risco, observados os
critérios estabelecidos no anexo desta Lei;
XIII - definir o nível de biossegurança a ser aplicado ao OGM e
seus usos, e os respectivos procedimentos e medidas de segurança quanto ao
seu uso, conforme as normas estabelecidas na regulamentação desta Lei;
XIV - emitir parecer técnico prévio conclusivo, caso a caso, sobre
atividades, consumo ou qualquer liberação no meio ambiente de OGM,
incluindo sua classificação quanto ao grau de risco e nível de biossegurança
exigido, bem como medidas de segurança exigidas e restrições ao seu uso,
encaminhando-o ao órgão competente, para as providências a seu cargo;
26

XV - Apoiar tecnicamente os órgãos competentes no processo de


investigação de acidentes e de enfermidades, verificados no curso dos projetos
e das atividades na área de engenharia genética;
XVI - apoiar tecnicamente os órgãos de fiscalização no exercício de
suas atividades relacionadas a OGM;
XVII - propor a contratação de consultores eventuais, quando julgar
necessário;
XVIII - divulgar no Diário Oficial da União o CQB e, previamente à
análise, extrato dos pleitos, bem como o parecer técnico prévio conclusivo dos
processos que lhe forem submetidos, referentes ao consumo e liberação de
OGM no meio ambiente, excluindo-se as informações sigilosas, de interesse
comercial, apontadas pelo proponente e assim por ela consideradas;
XIX - identificar as atividades decorrentes do uso de OGM e
derivados potencialmente causadoras de significativa degradação do meio
ambiente e da saúde humana.
Parágrafo único. O parecer técnico conclusivo da CTNBio deverá
conter resumo de sua fundamentação técnica, explicitando as medidas de
segurança e restrições ao uso do OGM e seus derivados e considerando as
particularidades das diferentes regiões do País, visando orientar e subsidiar os
órgãos de fiscalização no exercício de suas atribuições." (NR)
Art. 2° O art. 7o da Lei no 8.974, de 1995, passa a vigorar com as
seguintes alterações:
"Art. 7º Caberá aos órgãos de fiscalização do Ministério da Saúde,
do Ministério da Agricultura e do Abastecimento e do Ministério do Meio
Ambiente, no campo das respectivas competências, observado o parecer
técnico prévio conclusivo da CTNBio e os mecanismos estabelecidos na
regulamentação desta Lei:
II - a fiscalização E o monitoramento das atividades e projetos
relacionados à OGM;
X - A expedição de autorização temporária de experimento de
campo com OGM.
27

§ 1º O parecer técnico prévio conclusivo da CTNBio vincula os


demais órgãos da administração, quanto aos aspectos de biossegurança do
OGM por ela analisados, preservadas as competências dos órgãos de
fiscalização de estabelecer exigências e procedimentos adicionais específicos
às suas respectivas áreas de competência legal.
§ 2° Os órgãos de fiscalização poderão solicitar à CTNBio
esclarecimentos adicionais, por meio de novo parecer ou agendamento de
reunião com a Comissão ou com subcomissão setorial, com vistas à
elucidação de questões específicas relacionadas à atividade com OGM e sua
localização geográfica.
§ 3º Os interessados em obter autorização de importação de OGM
ou derivado, autorização de funcionamento de laboratório, instituição ou
empresa que desenvolverá atividades relacionadas com OGM, autorização
temporária de experimentos de campo com OGM e autorização para liberação
em escala comercial de produto contendo OGM deverão dar entrada de
solicitação de parecer junto à CTNBio, que encaminhará seu parecer técnico
conclusivo aos três órgãos de fiscalização previstos no caput deste artigo, de
acordo com o disposto nos §§ 4°, 5° e 6°.
§ 4° Caberá ao órgão de fiscalização do Ministério da Agricultura e
do Abastecimento emitir as autorizações e os registros previstos neste artigo,
referentes a produtos e atividades que utilizem OGM destinado a uso na
agricultura, pecuária, aquicultura, agroindústria e áreas afins, de acordo com a
legislação em vigor e segundo regulamento desta Lei.
§ 5° Caberá ao órgão de fiscalização do Ministério da Saúde emitir
as autorizações e os registros previstos neste artigo, referentes a produtos e
atividades que utilizem OGM destinado a uso humano, farmacológico,
domissanitário e afins, de acordo com a legislação em vigor e segundo
regulamento desta Lei.
§ 6° Caberá ao órgão de fiscalização do Ministério do Meio
Ambiente emitir as autorizações e os registros previstos neste artigo,
referentes a produtos e atividades que utilizem OGM destinado a uso em
28

ambientes naturais, na biorremediação, floresta, pesca e áreas afins, de


acordo com a legislação em vigor e segundo regulamento desta Lei." (NR)
Art. 3° Permanecem em vigor os Certificados de Qualidade em
Biossegurança, os comunicados e os pareceres técnicos prévios conclusivos
emitidos pela CTNBio, e bem assim, no que não contrariarem o disposto nesta
Medida Provisória, as instruções normativas por ela expedidas.

Lei N° 11.105, de 24 de março de 2005, “Art. 1° Esta Lei estabelece


normas de segurança e mecanismos de fiscalização sobre a construção, o
cultivo, a produção, a manipulação, o transporte, a transferência, a importação,
a exportação, o armazenamento, a pesquisa, a comercialização, o consumo, a
liberação no meio ambiente e o descarte de organismos geneticamente
modificados - OGM e seus derivados, tendo como diretrizes o estímulo ao
avanço científico na área de biossegurança e biotecnologia, a proteção à vida
e à saúde humana, animal e vegetal, e a observância do princípio da
precaução para a proteção do meio ambiente.
§ 1° Para os fins desta Lei, considera-se atividade de pesquisa a
realizada em laboratório, regime de contenção ou campo, como parte do
processo de obtenção de OGM e seus derivados ou de avaliação da
biossegurança de OGM e seus derivados, o que engloba, no âmbito
experimental, a construção, o cultivo, a manipulação, o transporte, a
transferência, a importação, a exportação, o armazenamento, a liberação no
meio ambiente e o descarte de OGM e seus derivados.
§ 2° Para os fins desta Lei, considera-se atividade de uso comercial de
OGM e seus derivados a que não se enquadra como atividade de pesquisa, e
que trata do cultivo, da produção, da manipulação, do transporte, da
transferência, da comercialização, da importação, da exportação, do
armazenamento, do consumo, da liberação e do descarte de OGM e seus
derivados para fins comerciais.
Art. 2° As atividades e projetos que envolvam OGM e seus derivados,
relacionados ao ensino com manipulação de organismos vivos, à pesquisa
científica, ao desenvolvimento tecnológico e à produção industrial ficam
29

restritos ao âmbito de entidades de direito público ou privado, que serão


responsáveis pela obediência aos preceitos desta Lei e de sua
regulamentação, bem como pelas eventuais consequências ou efeitos
advindos de seu descumprimento. § 1o Para os fins desta Lei, consideram-se
atividades e projetos no âmbito de entidade os conduzidos em instalações
próprias ou sob a responsabilidade administrativa, técnica ou científica da
entidade.
§ 2° As atividades e projetos de que trata este artigo são vedados a
pessoas físicas em atuação autônoma e independente, ainda que mantenham
vínculo empregatício ou qualquer outro com pessoas jurídicas.
§ 3° Os interessados em realizar atividade prevista nesta Lei deverão
requerer autorização à Comissão Técnica Nacional de Biossegurança –
CTNBio, que se manifestará no prazo fixado em regulamento.
§ 4° As organizações públicas e privadas, nacionais, estrangeiras ou
internacionais, financiadoras ou patrocinadoras de atividades ou de projetos
referidos no caput deste artigo devem exigir a apresentação de Certificado de
Qualidade em Biossegurança, emitido pela CTNBio, sob pena de se tornarem
co-responsáveis pelos eventuais efeitos decorrentes do descumprimento desta
Lei ou de sua regulamentação.
Art. 3° Para os efeitos desta Lei, considera-se:
I – Organismo: toda entidade biológica capaz de reproduzir ou transferir
material genético, inclusive vírus e outras classes que venham a ser
conhecidas;
II – Ácido desoxirribonucléico - ADN, ácido ribonucléico - ARN: material
genético que contém informações determinantes dos caracteres hereditários
transmissíveis à descendência;
III – moléculas de ADN/ARN recombinante: as moléculas manipuladas
fora das células vivas mediante a modificação de segmentos de ADN/ARN
natural ou sintético e que possam multiplicar-se em uma célula viva, ou ainda
as moléculas de ADN/ARN resultantes dessa multiplicação; consideram-se
também os segmentos de ADN/ARN sintéticos equivalentes aos de ADN/ARN
natural;
30

IV – Engenharia genética: atividade de produção e manipulação de


moléculas de ADN/ARN recombinante;
V – Organismo geneticamente modificado - OGM: organismo cujo
material genético – ADN/ ARN tenha sido modificado por qualquer técnica de
engenharia genética;
VI – Derivado de OGM: produto obtido de OGM e que não possua
capacidade autônoma de replicação ou que não contenha forma viável de
OGM;
VII – célula germinal humana: célula-mãe responsável pela formação de
gametas presentes nas glândulas sexuais femininas e masculinas e suas
descendentes diretas em qualquer grau de ploidia;
VIII – clonagem: processo de reprodução assexuada, produzida
artificialmente, baseada em um único patrimônio genético, com ou sem
utilização de técnicas de engenharia genética;
IX – Clonagem para fins reprodutivos: clonagem com a finalidade de
obtenção de um indivíduo;
X – Clonagem terapêutica: clonagem com a finalidade de produção de
células-tronco embrionárias para utilização terapêutica;
XI – células-tronco embrionárias: células de embrião que apresentam a
capacidade de se transformar em células de qualquer tecido de um organismo.
§ 1° Não se inclui na categoria de OGM o resultante de técnicas que
impliquem a introdução direta, num organismo, de material hereditário, desde
que não envolvam a utilização de moléculas de ADN/ARN recombinante ou
OGM, inclusive fecundação in vitro, conjugação, transdução, transformação,
indução poliplóide e qualquer outro processo natural.
§ 2° Não se inclui na categoria de derivado de OGM a substância pura,
quimicamente definida, obtida por meio de processos biológicos e que não
contenha OGM, proteína heteróloga ou ADN recombinante.
Art. 4° Esta Lei não se aplica quando a modificação genética for obtida
por meio das seguintes técnicas, desde que não impliquem a utilização de
OGM como receptor ou doador:
I – Mutagênese;
31

II – formação E utilização de células somáticas de hibridoma animal;


III – fusão celular, inclusive a de protoplasma, de células vegetais, que
possa ser produzida mediante métodos tradicionais de cultivo;
IV – autoclonagem de organismos não-patogênicos que se processe de
maneira natural.
Art. 5° É permitida, para fins de pesquisa e terapia, a utilização de
células-tronco embrionárias obtidas de embriões humanos produzidos por
fertilização in vitro e não utilizados no respectivo procedimento, atendidas as
seguintes condições:
I – Sejam embriões inviáveis; ou
II – Sejam embriões congelados há 3 (três) anos ou mais, na data da
publicação desta Lei, ou que, já congelados na data da publicação desta Lei,
depois de completarem 3 (três) anos, contados a partir da data de
congelamento.
§ 1° Em qualquer caso, é necessário o consentimento dos genitores.
§ 2° Instituições de pesquisa e serviços de saúde que realizem pesquisa
ou terapia com células-tronco embrionárias humanas deverão submeter seus
projetos à apreciação e aprovação dos respectivos comitês de ética em
pesquisa.
§ 3° É vedada a comercialização do material biológico a que se refere
este artigo e sua prática implica o crime tipificado no art. 15 da Lei no 9.434, de
4 de fevereiro de 1997.
Art. 6° Fica proibido:
I – Implementação de projeto relativo a OGM sem a manutenção de
registro de seu acompanhamento individual;
II – Engenharia genética em organismo vivo ou o manejo in vitro de
ADN/ARN natural ou recombinante, realizado em desacordo com as normas
previstas nesta Lei;
III – engenharia genética em célula germinal humana, zigoto humano e
embrião humano;
IV – Clonagem humana;
32

V – Destruição ou descarte no meio ambiente de OGM e seus derivados


em desacordo com as normas estabelecidas pela CTNBio, pelos órgãos e
entidades de registro e fiscalização, referidos no art. 16 desta Lei, e as
constantes desta Lei e de sua regulamentação;
VI – liberação no meio ambiente de OGM ou seus derivados, no âmbito
de atividades de pesquisa, sem a decisão técnica favorável da CTNBio e, nos
casos de liberação comercial, sem o parecer técnico favorável da CTNBio, ou
sem o licenciamento do órgão ou entidade ambiental responsável, quando a
CTNBio considerar a atividade como potencialmente causadora de degradação
ambiental, ou sem a aprovação do Conselho Nacional de Biossegurança –
CNBS, quando o processo tenha sido por ele avocado, na forma desta Lei e de
sua regulamentação;
VII – a utilização, a comercialização, o registro, o patenteamento e o
licenciamento de tecnologias genéticas de restrição do uso.
Parágrafo único. Para os efeitos desta Lei, entende-se por tecnologias
genéticas de restrição do uso qualquer processo de intervenção humana para
geração ou multiplicação de plantas geneticamente modificadas para produzir
estruturas reprodutivas estéreis, bem como qualquer forma de manipulação
genética que vise à ativação ou desativação de genes relacionados à
fertilidade das plantas por indutores químicos externos.
Art. 7° São obrigatórias:
I – A investigação de acidentes ocorridos no curso de pesquisas e
projetos na área de engenharia genética e o envio de relatório respectivo à
autoridade competente no prazo máximo de 5 (cinco) dias a contar da data do
evento;
II – A notificação imediata à CTNBio e às autoridades da saúde pública,
da defesa agropecuária e do meio ambiente sobre acidente que possa
provocar a disseminação de OGM e seus derivados;
III – a adoção de meios necessários para plenamente informar à
CTNBio, às autoridades da saúde pública, do meio ambiente, da defesa
agropecuária, à coletividade e aos demais empregados da instituição ou
33

empresa sobre os riscos a que possam estar submetidos, bem como os


procedimentos a serem tomados no caso de acidentes com OGM.

3.2 – As Bases De Conhecimento Da Biossegurança

Em termos epistemológicos, o conceito de biossegurança pode ser


definido, segundo a abordagem, como módulo, como processo ou como
conduta (Costa, 1999, 2000a, 2000b).
Como módulo, porque a biossegurança não possui identidade própria,
não sendo por tanto uma ciência, mas sim, uma interdisciplinaridade que se
expressa nas matrizes curriculares dos seus cursos e programas. Esses
conhecimentos diversos oferecem à biossegurança uma diversidade de
opções pedagógicas, que a tornam extremamente atrativa.
Como processo, porque a biossegurança é uma ação educativa, e
como tal pode ser representada por um sistema ensino-aprendizagem. Nesse
sentido, podemos entendê-la como um processo de aquisição de conteúdos e
habilidades, com o objetivo de preservação da saúde do Homem, das plantas
dos animais e do meio ambiente.
Como conduta, quando a analisamos como um somatório de
conhecimentos, hábitos, comportamentos e sentimentos, que devem ser
incorporados ao homem, para que esse desenvolva, de forma segura, sua
atividade. Neste contexto, também devemos incorporar a questão da
comunicação e da percepção do risco nos diversos segmentos sociais.
Exatamente, a partir desse enfoque interdisciplinar, da sua atração
curricular e do seu poder de mídia, a biossegurança passou a frequentar
ambientes ocupacionais antes ocupados pela engenharia de segurança,
medicina do trabalho, saúde do trabalhador e até mesmo da infecção
hospitalar, atuando em forma conjunta, e, em muitos casos, incorporando e
suplantando essas outras atividades.

No Brasil a biossegurança possui duas vertentes, ou seja, a Legal, que


trata das questões envolvendo a manipulação de organismos geneticamente
34

modificados (OGMs) e pesquisas com células-tronco embrionárias, e a


praticada, aquela desenvolvida, principalmente nas instituições de saúde, e
que envolve os riscos por agentes químicos, físicos, biológicos, ergonômicos e
psicossociais, presentes nesses ambientes, que se encontra no contexto da
segurança ocupacional. SKARABA, et al., 2004; PESSOA e LAPA, 2003).

3.3 – A Biossegurança Legal

Trata das questões relativas à manipulação de organismos


geneticamente modificados (OGMs) e pesquisas com células-tronco
embrionárias, fundamentada na Lei de 11.105, chamada Lei de Biossegurança
de 24 de março de 2005; Comissão Interna de Biossegurança (CIBio)
A CTNBio regulamenta: Toda entidade que utilizar técnicas e métodos
de engenharia genética deverá criar uma Comissão Interna de Biossegurança
(CIBio), além de indicar para cada projeto específico um (a) Pesquisador (a)
principal, definido na regulamentação como "Técnica Principal Responsável ".
As CIBios são componentes essenciais para o monitoramento e vigilância dos
trabalhos de engenharia genética, manipulação, produção e transporte de
OGMs e para fazer cumprir a regulamentação de Biossegurança. O foco de
atenção dessa Lei são os riscos relativos as técnicas de manipulação de
organismos geneticamente modificados. O órgão regulador dessa Lei é a
Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio), integrada por
profissionais de diversos ministérios e indústrias biotecnológicas. Exemplo
típico de discussão legal da biossegurança são os alimentos transgênicos,
produtos da engenharia genética, uma poderosa ferramenta para a
manipulação de genes, que nasceu em 1970 com Stanley Cohen e Herbert
Boyer, que introduziram um gene de sapo no DNA de uma bactéria. A partir daí
a humanidade começou a presenciar o nascimento de uma tecnologia
fantástica, principalmente pela sua capacidade infinita de criação de novas
formas de vida e bens de consumo. No Brasil, esta discussão vem ganhando
ares de uma verdadeira batalha entre aqueles que defendem e aqueles que
rejeitam esta tecnologia. Não faltam argumentos de ambos os lados. Seus
35

defensores apregoam que a ciência não pode ser cerceada, que esses novos
produtos podem ser a salvação de muitas populações miseráveis no mundo e
que alguns países, como Estados Unidos, Espanha, Argentina, entre outros, já
os vem consumindo há algum tempo, e até o momento, nenhum agravo a
saúde foi observado. Por outro lado, seus críticos, apresentam possíveis
efeitos adversos dessa manipulação genética, como processos alergênicos,
resistência a antibióticos, agravos à biodiversidade planetária, etc. Esta mesma
corrente, defende a rotulagem desses alimentos, como um instrumento de
proteção ao consumidor. É uma medida lógica, que, porém, não altera em
nada a discussão sobre a segurança ou não desses alimentos. Estes,
devidamente rotulados, poderão ser comercializados? Um biscoito derivado ou
que contenha material oriundo de soja transgênica faz mal? Ou tenho que
comer 10 biscoitos, para o efeito aparecer? Afinal, a partir de quantos biscoitos
ingeridos o agravo aparece? Seus efeitos são acumulativos? Existe um
acompanhamento epidemiológico sobre as pessoas que já consomem esses
alimentos regularmente? Em caso de ocorrência comprovada de danos à
saúde de algum ser humano, quem paga a conta (Costa, 2000c)?

3.4 – A Biossegurança Praticada

No contexto da segurança ocupacional principalmente nas instituições


de saúde, e que envolve os riscos por agentes químicos, físicos, biológicos,
ergonômicos e psicossociais. A biossegurança praticada tem como referencia
a legislação de segurança e saúde ocupacional (lei N° 6514/1977),
principalmente nas Normas Regulamentadadoras-NRs, do Ministério do
Trabalho e Emprego (Portaria N° 3214/1978), Lei Orgânica de saúde (N°
8080/1990), Lei de crimes Ambientais (N° 9605/1998), Resoluções da Agencia
Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) e Conselho Nacional de Meio
Ambiente (CONAMA), entre outras.
Diferença entre os termos Biossegurança e Biosseguridade.
36

Entende-se por Biossegurança a segurança da vida quando estão envolvidas


ameaças naturais. Neste conceito incluem-se, por exemplo, as epidemias de
tifo no século18, a disseminação da AIDS e a recente gripe suína.
O termo Biosseguridade refere-se a ameaças a vida decorrentes de
ações intencionais, como é o caso de atos criminosos envolvendo armas
químicas ou biológicas.
Nos Estados Unidos da América do Norte são utilizados dois termos
distintos “bios“biosecurity (”Figura 1), enquanto em países de origem latina
como, por exemplo, Espanha, França e Itália o termo biossegurança é utilizado
tanto para segurança contra fenômenos naturais quanto para ameaças
intencionais.

Figura 1 - Diferenças entre biossegurança e biosseguridade (engormix 2005)

Por outro lado, a palavra biossegurança, também aparece em


ambientes onde a moderna biotecnologia não está presente, como, indústrias,
hospitais, laboratórios de saúde pública, laboratórios de análises clínicas,
hemocentros, universidades, etc., no sentido da prevenção dos riscos gerados
pelos agentes químicos, físicos e ergonômicos, envolvidos em processos onde
o risco biológico se faz presente ou não. Esta é a vertente da biossegurança,
que na realidade, confunde-se com a engenharia de segurança, a medicina do
37

trabalho, a saúde do trabalhador, a higiene industrial, a engenharia clínica e a


infecção hospitalar (Costa, 1999; 1998).

3.5 – A Profissionalização da Biossegurança

Diferentemente dos profissionais que atuam na segurança ocupacional,


poderíamos apontar para o fato de que a biossegurança, ainda não atingiu um
status profissional, como a engenharia de segurança do trabalho e da medicina
do trabalho, que possuem campos muito bem delimitados de ação, cursos
regulares, associações, regulamentação profissional (esses profissionais
necessitam de registro nos Conselhos Regionais de Engenharia e Arquitetura e
Conselhos Regionais de Medicina, respectivamente) e código de ética. A
biossegurança pode ser entendida, hoje, como uma ocupação, agregada a
qualquer atividade onde o risco à saúde humana esteja presente. Qualquer
profissional pode desenvolver atividades nessa área, respeitando-se,
logicamente, os espaços legais envolvidos. A grande vantagem dos
profissionais que possuem cursos de biossegurança, é que o conteúdo desses
cursos, abrange, de forma pedagogicamente articulada, temas das mais
diversas áreas da saúde e segurança no trabalho, inclusive ambientais, tanto
no contexto da biossegurança legal, quanto da praticada. Nos cursos regulares
de biossegurança da Escola Nacional de Saúde Pública e da Escola
Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio, unidades de ensino da Fundação
Oswaldo Cruz no Rio de Janeiro, já observamos o interesse de engenheiros de
segurança, médicos do trabalho e técnicos de segurança do trabalho em
realizarem esses cursos.

3.6 – A Imagem publica da Biossegurança

Quando analisamos a imagem pública da biossegurança (experiência


docente em cursos realizados em laboratórios de saúde pública, hemocentros,
hospitais, indústrias e universidades, em vários estados do Brasil), observamos
que ela é percebida muito mais a nível de saúde do trabalhador e prevenção
38

de acidentes, ou seja, muito mais voltada a segurança ocupacional frente aos


riscos tradicionais, do que aqueles que envolvem tecnologia de DNA
recombinante. Mesmo em cursos de biossegurança em engenharia genética o
foco de interesse sempre se volta para os processos e riscos tradicionais. A
percepção da biossegurança atrelada a lei de Biossegurança, se dá mais a
nível acadêmico e político e nos ambientes onde a moderna biotecnologia se
faz presente, do que nos ambientes ocupacionais tradicionais, tanto a nível da
indústria, quanto da área da saúde, foco maior de utilização do termo
biossegurança.
39

CONCLUSÃO

Devido a fatos históricos de contaminação onde vários profissionais da


saúde se contaminaram em grandes epidemias como na gripe espanhola entre
os anos de 1915 a 1920, na gripe de Hong-kong em 1968, fez com que no
século XX a biossegurança fosse empregada com o conceito de proteção aos
trabalhadores diretamente envolvidos com agentes infecciosos. O surgimento
da discussão sobre biossegurança se deveu, principalmente, à necessidade de
se estudar e mapear os riscos e acidentes relacionados à segurança nos
ambientes de saúde e de pesquisa, acentuando-se a partir da década de 1940.
Com o decorrer do tempo os estudos apontaram que a manipulação de
agulhas e seringas foi o principal tipo de acidente responsável pelas
contaminações, seguido de respingo, aerossol e derramamento de soluções.
A biossegurança no manuseio de organismos geneticamente
modificados (OGMs) foi um grande marco nas pesquisas das células tronco e
na produção dos alimentos transgênicos e por este motivo o ministério da
Saúde junto ao SUS teve a necessidade de criar legislações que dessem
condições de avanços nesta área de pesquisa.
No Brasil a biossegurança possui duas vertentes, ou seja, a Legal, que
trata das questões envolvendo a manipulação de organismos geneticamente
modificados (OGMs) e pesquisas com células-tronco embrionárias, e a
praticada, aquela desenvolvida, principalmente nas instituições de saúde, e
que envolve os riscos por agentes químicos, físicos, biológicos, ergonômicos e
psicossociais, presentes nesses ambientes, que se encontra no contexto da
segurança ocupacional.
Hoje podemos dizer que o Brasil é uma referência em normas e leis
sobre a Biossegurança e temos alcançando diversos avanços em pesquisas
sobre as células tronco embrionária.
40

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

ALBUQUERQUE, M.B.M. Biossegurança, uma visão da história da ciência.


Biotecnologia, Ciência e Desenvolvimento, 2001.

ALMEIDA, J.L.T; VALLE, S. Biossegurança no ano 2010: o futuro em nossas


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ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
RESUMO 4
METODOLOGIA 5
SUMÁRIO 6
INTRODUÇÃO 7

CAPÍTULO 1
Breve Históricos da Biossegurança 8
1.1 - Princípios da Biossegurança 13
1.2 - Classificações de Risco 14
1.3 - Equipamentos de Proteção 15
1.3.1 - Equipamentos de Proteção Individual 15
1.3.2 - Equipamentos de Proteção coletiva 16

CAPÍTULO 2
Boas práticas laboratoriais 18

CAPÍTULO 3
Evolução das Leis de Biossegurança no Brasil 21
3.1 – Lei da Biossegurança 21
3.2 – As bases de conhecimento da Biossegurança 33
3.3 – A Biossegurança Legal 34
3.4 – A Biossegurança Praticada 35
3.5 – A Profissionalização da Biossegurança 37
3.6 – A Imagem publica da Biossegurança 37
CONCLUSÃO 39
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 40
ÍNDICE 45

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