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DESCRIÇÃO
Conceitos básicos, Sistemas de tratamento de água em laboratórios clínicos, Contenções
laboratoriais, Descartes de resíduos.

PROPÓSITO
Apresentar os requisitos básicos para garantir as Boas Práticas Laboratoriais, de modo a
objetivar processos seguros e de qualidade ao se minimizar erros e garantir a confiabilidade
dos resultados laboratoriais.

OBJETIVOS

MÓDULO 1

Descrever os conceitos básicos de boas práticas aplicados aos laboratórios clínicos.

MÓDULO 2

Identificar as técnicas de purificação de água e a descontaminação de acordo com as boas


práticas de laboratório.
INTRODUÇÃO
O estudante que escolhe a área de Saúde como profissão precisa compreender logo de início
que, mais cedo ou mais tarde, ele estará dentro de um laboratório, seja este voltado para o
ensino, para a pesquisa ou para as práticas laboratoriais. E os laboratórios podem ser
considerados áreas de trabalho complexas, uma vez que convivem ali os mais diferentes tipos
de artefatos, desde pessoas a equipamentos, reagentes, solventes, vidrarias, microrganismos
e documentos. Dessa forma, é preciso garantir a segurança de todos no dia a dia de trabalho,
evitando os riscos de acidentes e contaminação com agentes biológicos e químicos. Esses
cuidados são conhecidos como Boas Práticas Laboratoriais (BPL) e se aplicam a todos os tipos
de laboratórios – químicos, biológicos, físicos e clínicos.

Neste tema, abordaremos as boas práticas de laboratórios clínicos voltados mais


especificamente para os laboratórios de análises clínicas. Nesse contexto, é necessário
observar as interações que contribuem para o sistema, tais como os fatores humanos,
ambientais, tecnológicos, educacionais e normativos. Geralmente, isso tudo está associado a
um conceito mais abrangente relacionado à biossegurança em laboratórios clínicos. Assim, as
Boas Práticas Laboratoriais caminham juntas com a biossegurança em laboratórios clínicos.

Para compreendermos melhor esses conceitos, abordaremos as instalações físicas de um


laboratório clínico, suas acomodações e infraestrutura, as condutas e as contenções
laboratoriais. Conheceremos os processos de desinfecção e esterilização e os sistemas de
tratamento de água utilizados na prática analítica e clínica. Falaremos ainda sobre os tipos de
riscos químicos e biológicos e o descarte de resíduos gerados pelos laboratórios. Por fim,
conheceremos a legislação e as regulamentações que abrangem as atividades laboratoriais no
Brasil.

MÓDULO 1

 Descrever os conceitos básicos de boas práticas aplicados aos laboratórios clínicos


INTRODUÇÃO ÀS BOAS PRÁTICAS
LABORATORIAIS (BPL)
As boas práticas de laboratório são definidas pela ANVISA como um:

SISTEMA DA QUALIDADE RELATIVO À ORGANIZAÇÃO


E ÀS CONDIÇÕES SOB AS QUAIS OS ESTUDOS EM
LABORATÓRIO E NO CAMPO SÃO PLANEJADOS,
REALIZADOS, MONITORADOS, REGISTRADOS,
RELATADOS E ARQUIVADOS.

ANVISA (2001)

Esse conceito abrange todos os tipos de laboratórios de forma geral sem focar em nenhum tipo
específico, contemplando os produtos para a saúde humana, vegetal, animal e ao meio
ambiente, como nos seguintes casos:
Concessão, renovação ou modificação de registro e pesquisa de produtos químicos, biológicos
ou biotecnológicos, tais como produtos farmacêuticos, correlatos, agrotóxicos e afins; produtos
veterinários; cosméticos; aditivos de alimentos e rações; e produtos químicos industriais.

Testes de produtos químicos, biológicos ou biotecnológicos para obtenção de propriedades


físicas, químicas e físico-químicas.

De forma resumida, portanto, podemos observar o seguinte:

DEFINIÇÃO
PRINCÍPIOS
ABRANGÊNCIA

DEFINIÇÃO

Boas práticas de laboratório são o conjunto de normas que dizem respeito à organização e às
condições sob as quais estudos em laboratórios e/ou campo são planejados, realizados,
monitorados, registrados e relatados.

PRINCÍPIOS
Fixar os padrões mínimos para um laboratório funcionar adequadamente visando o
homem/vegetais/animais e o meio ambiente.

ABRANGÊNCIA

Os princípios das BPL são aplicáveis a estudos relacionados à saúde humana, vegetal, animal
e ao meio ambiente, nos casos previstos nas respectivas normas.

INFRAESTRUTURA LABORATORIAL
Para garantir a segurança dos laboratórios é necessário o planejamento adequado de toda a
sua área com as regulamentações específicas e com o nível de biossegurança exigido para
cada tipo de laboratório, de acordo com os diferentes níveis de riscos existentes.

Atualmente, no Brasil, a legislação que regulamenta esse setor é a RDC nº 50 de 21 de


fevereiro de 2002, que dispõe sobre o regulamento técnico para planejamento, programação,
elaboração e avaliação de projetos físicos de estabelecimentos assistenciais de saúde. O
layout de um laboratório pode também ser considerado um tipo de contenção laboratorial
conhecida como barreira secundária.
Os níveis de riscos em biossegurança são estabelecidos de acordo com o agente patológico de
maior classe de risco envolvido, e as características físicas, estruturais e de contenção de um
laboratório estão relacionadas justamente ao nível de risco que será manipulado naquele local.

De acordo com a legislação atual, os níveis de biossegurança estão classificados em 4 grupos


e os projetos de laboratórios podem ser planejados segundo esta classificação de risco, como
veremos a seguir (BRASIL, 2002):

NÍVEL 1 DE BIOSSEGURANÇA (NB-1)

É o nível de risco mais baixo para o indivíduo e a comunidade, no qual podem ser manipulados
agentes biológicos conhecidos por não causarem doenças no homem ou nos animais adultos
sadios, como por exemplo: Lactobacillus spp. e Bacillus subtilis.

Laboratório NB-1: todo o laboratório deve apresentar a identificação do seu nível de


segurança e dos agentes biológicos respectivos, como na Figura 1.

 Figura 1. Risco Biológico.

RISCO BIOLÓGICO

Organismo:

Classe de Risco:
Pesquisador responsável:

Telefone para contato:

PROIBIDA A ENTRADA DE PESSOAS NÃO AUTORIZADAS

Deve apresentar acesso controlado e separação do acesso ao público. As paredes, pisos e


tetos devem ser impermeáveis e resistentes à desinfecção. A autoclave deve estar próxima do
laboratório e ter local para armazenar os equipamentos de proteção individual (EPI) de uso
exclusivo do laboratório (Figura 2).

1 Controle de acesso

2 Pia para lavar as mãos

3 Mapa de Risco

4 Equipamentos de proteção individual

5 Bancadas impermeáveis e resistentes

6 Autoclave (deve estar próximo ao laboratório)

 Figura 2: Layout de laboratório NB-1.

NÍVEL 2 DE BIOSSEGURANÇA (NB-2)

É o nível de risco moderado para o indivíduo e limitado para a comunidade, no qual podem ser
manipulados os agentes biológicos que provocam infecções no homem ou nos animais, de
forma limitada e para os quais existem medidas profiláticas e terapêuticas conhecidas, como
por exemplo: Schistosoma mansoni e vírus da rubéola.

Laboratório NB-2: esse laboratório deve apresentar todos os critérios recomendados nos
laboratórios NB-1 e também: pia lavatório próxima à entrada do laboratório com acionamento
sem uso das mãos; sistema central de ventilação com janelas vedadas; sistema de geração de
emergência elétrica; antecâmara e cabine de segurança biológica. Mais adiante,
compreenderemos melhor o uso desses equipamentos (Figura 3).

1 Controle de acesso (laboratório com portas trancadas)

2 Pia para lavar as mãos

3 Mapa de risco

4 Cabine de segurança biológica

5 Equipamentos de proteção individual

6 Bancada

7 Autoclave (deve estar próximo ao laboratório)

 Figura 3: Layout de laboratório NB-2.

 SAIBA MAIS

Os laboratórios clínicos para diagnóstico simples, tais como os laboratórios de análises clínicas
que fazem exames parasitológicos, são classificados como NB-2.

NÍVEL 3 DE BIOSSEGURANÇA (NB-3)

É o nível de risco alto para o indivíduo e moderado para a comunidade, no qual podem ser
manipulados os agentes biológicos que possuem capacidade de transmissão, em especial por
via respiratória, e que causam doenças em humanos ou animais potencialmente letais, para as
quais existem usualmente medidas profiláticas e terapêuticas. Representam risco se
disseminados na comunidade e no meio ambiente, podendo se propagar de pessoa a pessoa,
como por exemplo: Bacillus anthracis e Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV).

Laboratório NB-3: local em que são manipulados agentes biológicos patogênicos que podem
causar danos à saúde humana, animal e ao meio ambiente. Esse tipo de laboratório pode ser
designado para análises clínicas, laboratórios universitários ou de pesquisa. A equipe de
trabalho desse tipo de laboratório deve usar os equipamentos de proteção individual (EPI)
específicos para essas atividades e deve passar por treinamentos periódicos sob a supervisão
de profissional qualificado (Figura 4).

1 Acesso ao laboratório com porta dupla com fechamento automático

2 Controle de acesso

3 Chuveiro

4 Mapa de riscos

5 Pia para lavar as mãos

6 Tubulação selada

7 Cabine de segurança biológica

8 Equipamentos de proteção individual (máscaras com filtro HEPA)

9 Bancada

10 Autoclave (deve estar próximo ao laboratório)

11 Exaustão com filtro HEPA

12 Descontaminação dos efluentes


 Figura 4: Layout de laboratório NB-3.

NÍVEL 4 DE BIOSSEGURANÇA (NB-4)

É o nível de risco mais alto, tanto para o indivíduo como para a comunidade, no qual podem
ser manipulados os agentes biológicos com alto poder de transmissibilidade, em geral a via
respiratória, ou de transmissão desconhecida. Não costumam existir medidas profiláticas ou
terapêuticas eficazes contra essas infecções. Exemplos: o vírus Ebola e o da varíola.

Laboratório NB-4: este é o laboratório mais complexo que trata de agentes patológicos de alto
risco de contágio, podendo causar a morte. Nesses laboratórios, há o maior nível de
contenção, no qual requer, além dos requisitos físicos e operacionais dos níveis 1, 2 e 3,
barreiras de contenção (instalações, desenho e equipamentos de procedimentos especiais de
segurança). Esse laboratório deve ser separado ou estar em uma zona isolada de outros
prédios, com porta dupla de entrada, escoamento interno do ar unidirecional, sistemas
aperfeiçoados para suprimento, exaustão do ar, formação de vácuo e descontaminação. A
antessala deve ter a entrada fechada, com pisos, paredes e tetos vedados de forma a se obter
espaço lacrado. Os profissionais devem trabalhar com equipamentos de proteção
pressurizados e devem ter no laboratório sempre 02 funcionários trabalhando (Figura 5).

1 Acesso ao laboratório com porta dupla com fechamento automático (antessala)

2 Controle de acesso

3 Mapa de riscos
4 Pia para lavar as mãos

5 Instalação do sistema de esgoto seguro de comunicação com a parte interna do laboratório.

6 Cabine de segurança biológica

7 Equipamentos de proteção individual (pressurizados)

8 Bancada

9 Autoclave (deve estar próximo ao laboratório – de porta dupla)

10 Chuveiro de descontaminação por produtos químicos ou vapor em temperaturas elevadas

11 Chuveiro

12 Exaustão com filtro HEPA

13 Descontaminação dos efluentes

 Figura 5: Layout de laboratório NB-4.

EQUIPAMENTOS, MATERIAIS E
REAGENTES

EQUIPAMENTOS

Todo laboratório, para ter um bom funcionamento, necessita de uma série de equipamentos, os
quais devem ser instalados em locais seguros com os devidos cuidados em sua rede elétrica,
livres de vibrações, correntes de ar, incidência de luz solar, umidade e calor.
Para que os equipamentos funcionem corretamente, é necessário seguir as recomendações
dos fabricantes, elaborar o procedimento operacional padrão (POP), seguir o plano de
validação, qualificação, calibração e manutenção. É recomendado também um plano de
manutenção preventiva para os equipamentos científicos de uso rotineiro, a fim de se garantir
uma maior vida útil deles, segundo Molinaro (2009).

Dentre os muitos tipos de equipamentos necessários para um laboratório clínico, destacaremos


aqui as capelas de exaustão e as câmaras de segurança.

Capelas de exaustão

As capelas de exaustão são, na verdade, consideradas Equipamentos de Proteção Coletiva


(EPC) dentro de um laboratório e, portanto, são praticamente de uso obrigatório.

Existem muitos tipos de capelas diferentes, com tamanhos, formas e materiais que variam de
acordo com a sua funcionalidade. Entretanto, a função básica de todas elas é atuar como um
sistema de exaustão, eliminando impurezas e gases tóxicos do laboratório e evitando o contato
com o manipulador. A escolha da capela dependerá do projeto e da função do laboratório, mas
dificilmente existirá um projeto que não contemple ao menos algum tipo de capela.
 Figura 6: Capelas de exaustão.

 ATENÇÃO

A capela de exaustão geralmente é constituída por um gabinete com uma janela envidraçada
de abertura vertical e pode ser nivelada de acordo com a altura desejada. Internamente, ela
possui um sistema de ventilação forçado, acoplado a um sistema de filtração de modo que
ambos protejam o operador e o meio ambiente das impurezas e gases tóxicos manipulados em
sua área interna.

Câmaras de segurança biológica e fluxos laminares

Muito parecidos com as capelas de exaustão, as câmaras de segurança biológica e os fluxos


laminares são utilizados para a manipulação de agentes biológicos, meios de cultura e
diluentes que necessitem de um ambiente estéril.

 COMENTÁRIO

Muitas vezes é difícil para o estudante diferenciar uma capela de um fluxo laminar olhando-os
rapidamente ou a certa distância. A grande diferença entre eles é justamente a capacidade que
os fluxos laminares possuem de produzir um ambiente estéril, protegendo tanto o operador
quanto o produto manipulado da contaminação biológica.

Essas cabines de fluxo laminar utilizam filtros absolutos ou HEPA, os quais são capazes de
reter 99,97% das partículas, sendo considerados, portanto, filtros de alta eficiência.

 Figura 7: Cabine de fluxo laminar.

HEPA

Do inglês (High Efficiency Particulate Arrestance). O filtro HEPA retém 99.97% das partículas
de 0.3 µm de diâmetro e 99.99% das partículas maiores ou mais pequenas.

Existem basicamente 2 tipos de cabines de fluxo laminar:

FLUXO VERTICAL
Tipo de cabine que tende a apresentar maior eficiência de proteção tanto ao operador quanto
ao produto manipulado. Geralmente, ocorre 100% de recirculação do ar.

FLUXO HORIZONTAL
Tipo de cabine na qual ocorre apenas a proteção do produto manipulado e só deve ser
utilizada com materiais que não tragam risco de contaminação para o operador. Geralmente
ocorre 100% de renovação do ar.

Já as câmaras de segurança biológica (ou cabines de segurança biológica) são equipamentos


mais completos e garantem tanto a proteção do operador quanto a do produto e a do meio
ambiente.

Isso ocorre porque esse tipo de equipamento funciona com pressão negativa, evitando a saída
do ar para o meio ambiente.

As cabines de segurança biológica são classificadas em 3 tipos:

CLASSE I
Esta é a menos utilizada, pois funciona basicamente como uma capela de exaustão,
protegendo apenas o operador e o ambiente, mas não protegendo o produto. Utiliza um filtro
HEPA para proteger o meio ambiente. Utilizada para a manipulação de produtos químicos
voláteis.

CLASSE II
Esta é a classe mais utilizada, apresentando várias subdivisões: A (A1, A2) e B (B1, B2) e pode
ser usada para manipular agentes biológicos dos grupos de risco 2 e 3. Esse tipo de cabine
possui uma grelha frontal por onde o ar entra e passa por um filtro HEPA, protegendo o
operador e proporcionando uma diminuição na contaminação da área de trabalho interna. Na
cabine tipo A1 ocorre a recirculação de 70% do ar e 30% da renovação do ar liberados para o
interior do laboratório. No tipo A2 ocorre o mesmo processo da A1, mas os 30% de ar renovado
são liberados para o meio externo por meio de um sistema de dutos. Por outro lado, nas
cabines do tipo B há uma pequena diferença: na do tipo B1, 30% do ar recircula e 70% é
expelido por exaustão externa assim como 30% do ar é renovado, formando, portanto, uma
cortina protetora na parte frontal do equipamento. Já nas do tipo B2, ocorre 100% da
renovação do ar com dois filtros HEPA, sendo um utilizado para o insuflamento de ar e o outro
para a exaustão, conduzindo o ar para fora do laboratório por meio de um sistema de dutos.

CLASSE III
Esta é a cabine de segurança biológica mais completa, na qual pode-se operar com um nível 3
e 4 de biossegurança. O sistema é todo fechado, ventilado e controlado por filtros HEPA, com
pressão negativa, e a operação ocorre por meio de braços com luvas de borracha. Todo o
material utilizado segue para a esterilização antes de ser descartado.
 COMENTÁRIO

No Brasil, as cabines do tipo A1 são as mais utilizadas devido ao preço e o melhor custo-
benefício. É preciso observar que tal sistema não pode ser utilizado para produtos tóxicos ou
voláteis, uma vez que o ar contaminado não é eliminado para o ambiente.

MATERIAIS E REAGENTES

Os materiais e reagentes utilizados no dia a dia de um laboratório clínico deverão ser de boa
procedência e qualidade. Para isso, é preciso que haja a qualificação dos fornecedores,
apresentando toda a documentação necessária e as informações pertinentes aos materiais e
reagentes, tais como origem, identidade, composição, data de fabricação, validade, condições
de armazenamento e informações de periculosidade.

 ATENÇÃO
Por se tratarem, na sua maioria, de reagentes químicos e biológicos, um dos pontos críticos diz
respeito à estocagem e ao armazenamento desses produtos, que devem seguir rigorosamente
as normas técnicas e regulações dos órgãos competentes.

A fim de se garantir a segurança no laboratório e minimizar riscos de acidentes, todos os


laboratórios deverão ser sinalizados de forma a orientar e advertir quanto aos potenciais riscos
ali presentes. Para isso existe um padrão de sinalização com símbolos que representam riscos
e prevenções. Vejamos algumas simbologias de riscos a seguir:

PISO MOLHADO
CHOQUE ELÉTRICO
NÃO FUME

RADIAÇÃO
PERIGOS VÁRIOS

EXTINTOR
TÓXICO

CORROSIVO
NOCIVO

INFLAMÁVEL
EXPLOSIVO

OXIDANTE

 SAIBA MAIS

Além da simbologia, também é utilizado um sistema padrão de cores, regulamentado pelo


Ministério do Trabalho, visando a prevenção de acidentes e identificando os equipamentos de
segurança, delimitando áreas de risco, identificando os sistemas de condução de líquidos e
gases nas indústrias e, principalmente, advertindo contra os possíveis riscos de acidentes.

É importante ressaltar, porém, que somente a utilização de um sistema de cores não é


suficiente para garantir a qualidade de um sistema de segurança e que este deve estar
associado a outras estratégias de prevenção de acidentes.

Dessa forma, é possível compreendermos que para cada material deverá existir um local
definido e identificado para o armazenamento, assim como um fluxo de entrada e saída de
materiais, a fim de se garantir a segurança e o armazenamento desses produtos. Esses
ambientes geralmente necessitam de controle de temperatura e umidade. Alguns produtos de
origem biológica também precisam de armazenamento sob refrigeração para se garantir uma
estocagem segura e sem riscos para a comunidade e para os trabalhadores.

 ATENÇÃO

Um ponto de destaque nesse contexto são os produtos considerados inflamáveis ou


explosivos, como os solventes orgânicos e algumas substâncias químicas. Estes precisam ser
armazenados em local devidamente demarcado, sinalizado e livre de quaisquer outras
interferências.

AGENTES DE RISCOS
Podemos perceber que os laboratórios são considerados ambientes de risco, pois envolvem
uma série de atividades como a utilização de equipamentos, materiais e reagentes que podem
gerar acidentes e doenças para o profissional que trabalha na rotina diária desses locais.

Portanto, a constante capacitação do pessoal é fundamental para se evitar os riscos inerentes


a esse tipo de trabalho e o possível desenvolvimento de doenças.

Dentre os principais agentes de riscos desse tipo de trabalho destacam-se os agentes físicos,
os químicos e os biológicos. Existem também os riscos ergonômicos, mas estes são
considerados riscos ocupacionais, relacionados às situações de trabalho que envolvam o
equilíbrio físico, o mental e o social, e não necessariamente acidentes ou enfermidades.
No Quadro 1, a seguir, é possível observar melhor, de acordo com a NR-5, os principais grupos
de riscos ambientais e ocupacionais.

Quadro 1: Classificação de riscos ambientais

Ruídos, vibrações, pressões anormais, temperaturas extremas,


Físicos
radiações etc.

Poeiras, fumos, névoas, neblinas, gases, vapores que podem


Químicos
ser absorvidos por via respiratória ou através da pele etc.

Biológicos Bactérias, fungos, protozoários, vírus, entre outros.

Trabalho físico pesado, movimentos repetitivos, jornada


prolongada, postura incorreta, tensões emocionais, monotonia,
Ergonômicos exigência de uma maior atenção, responsabilidade e
concentração, jornadas longas de trabalho, treinamento
inadequado ou inexistente, conflitos etc.

Arranjo físico inadequado, máquinas e equipamentos sem


Acidentais proteção, iluminação inadequada, eletricidade, animais
peçonhentos, probabilidade de incêndio ou explosão etc.

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(Adaptado da NR-5, 2019)

Neste tópico, abordaremos apenas os riscos químicos e biológicos.


AGENTES DE RISCOS BIOLÓGICOS

Os agentes de riscos biológicos são, na sua grande maioria, agentes patogênicos como vírus,
bactérias, fungos e parasitas.

Esse tipo de risco está relacionado à probabilidade de infecção do profissional por um desses
agentes patogênicos. Toda a equipe de trabalho desse tipo de laboratório precisa estar ciente,
treinada de acordo com o agente biológico usado e, preferencialmente, ser imunizada.

No item Infraestrutura laboratorial, vimos que os laboratórios são classificados de acordo com o
seu grau de risco e que essa classificação está justamente relacionada à classificação do grau
de risco dos microrganismos. De acordo com o Ministério da Saúde (2017), os graus de risco
são:

Quadro 2: Classificação de Riscos

Classes de
Definições Agentes biológicos
Risco

Esta classe contempla os agentes


biológicos que não são capazes de
Classe 1 Bacillus subtilis
causar doenças no homem ou em

animais adultos, até o momento.*


Esta classe contempla os agentes
Bactérias:
biológicos capazes de causar risco
Pseudomonas
moderado ao homem ou animais
aeruginosa
adultos sadios e risco limitado à
comunidade. Incluem agentes Fungos: Candida
Classe 2
biológicos nos quais o índice de albicans

propagação e disseminação é Vírus: Herpes simplex


limitado e para os quais existem
Protozoários:
medidas terapêuticas e/ou
Toxoplasma gondii
profiláticas.

Esta classe contempla os agentes


biológicos capazes de causar alto
Bactérias: Bacillus
risco ao homem ou animais adultos e
anthracis
risco moderado à comunidade. Inclui
os agentes biológicos que possuem Fungos: Coccidioides
Classe 3
capacidade de transmissão por via immitis

respiratória e que causam patologias Vírus: Influenza


potencialmente letais e para os quais
existem, usualmente, medidas
terapêuticas e/ou de prevenção.

Classe 4 Esta classe contempla os agentes Vírus: Ebolavirus


biológicos capazes de causar alto
risco ao homem ou animais adultos e
para a comunidade. Inclui os agentes
biológicos com grande poder de
transmissibilidade por via respiratória
ou de transmissão desconhecida. Até
o momento não há medidas
profiláticas ou terapêuticas que sejam
eficazes. Causam doenças em
humanos e animais de alta
gravidade, com grande capacidade
de disseminação na comunidade e no
meio ambiente.

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* A ausência de um determinado agente biológico nas classes de risco 2, 3 e 4 não implica na


sua inclusão automática na classe de risco 1.

AGENTES DE RISCOS QUÍMICOS

Os reagentes químicos utilizados em laboratório são os produtos que mais contribuem para
riscos químicos à saúde do homem e ao meio ambiente. Para se evitar possíveis acidentes e
contaminações são necessários cuidados rigorosos em relação ao armazenamento, à
movimentação dentro do laboratório e, o mais importante, ao descarte desses resíduos.

 SAIBA MAIS
Geralmente, os fornecedores de reagentes químicos concedem as Fichas de Informação de
Segurança de Produto Químico (FISPQ), documento este que contém indicações sobre os
cuidados em relação à proteção, à segurança, à saúde e ao meio ambiente, além das
recomendações de ações necessárias para os casos de emergência.

Além disso, os reagentes químicos também apresentam características diversas e podem ser
carcinogênicos, corrosivos, irritantes, tóxicos, teratogênicos, mutagênicos, alergênicos,
explosivos e espontaneamente combustíveis. Todas essas características apresentam
possibilidades de risco à saúde humana e ao meio ambiente e devem ser tomadas medidas
preventivas a fim de se evitar possíveis acidentes.

Dentre todas as características apresentadas, o risco de explosão e combustão é o mais


comum e o que merece maior atenção.

Os produtos químicos com capacidade de combustão possuem características distintas e,


dessa forma, são classificados de acordo com o tipo de material e a classe de incêndio.
Existem, portanto, 5 classes de incêndio distintas, e para cada uma delas deve-se utilizar um
extintor de incêndio específico. Os extintores de incêndio podem também ser considerados
equipamentos de proteção coletiva (EPC). Veja no quadro a seguir as classes de incêndio e os
tipos de extintores utilizados em cada uma delas.

Quadro 3: Classes de incêndio e tipos de extintores

Classe Classe
de Descrição Tipo de extintor de Vantagens
incêndio incêndio

A Fogo em Areia (em jato ou A Deve ser usada

materiais pulverizada). sempre que não

sólidos que haja


deixam contraindicações

resíduos, tais (de preferência,


como a deve ser

madeira, o pulverizada).
papel, o Tem bom poder
de penetração.
tecido e a
borracha.

Não deixa
resíduo, o que a
Neve carbônica
Fogo em torna mais
(com dióxido de
líquidos adequada para
carbono sob
inflamáveis, equipamento
B pressão que BC
graxas e sensível e a
solidifica quando
gases mais indicada
se expande
combustíveis. para líquidos
bruscamente).
extremamente
inflamáveis.

Muito boa para


líquidos
extremamente
inflamáveis.
Espuma física
Classe de Pode ser
(mistura de água
incêndio em utilizada em
e substâncias
C equipamentos AB situações de
tensoativas por
elétricos incêndio
injeção mecânica
energizados. iminente com
de ar).
ação preventiva.
A cobertura de
espuma evita
reignições.

D Classe de Espuma química AB Muito boa para


incêndio que (reação que líquidos
tem como liberta o gás extremamente
combustível dióxido de inflamáveis. A
os metais carbono que fica cobertura de
pirofóricos, disperso em um espuma evita
tais como líquido formando reignições.
magnésio, espuma).
selênio,
antimônio,
lítio, potássio,
alumínio
fragmentado,
zinco, titânio,
sódio, urânio
e zircônio.

Classificação
do fogo em
Pó normal (o pó é Forma uma
óleo vegetal e
bicarbonato de nuvem de poeira
K gorduras de BC
sódio ou de que protege o
origem
potássio). operador.
animal, em
cozinhas.

Forma uma
nuvem de poeira
Pó polivalente (o
que protege o
pó é
ABC operador.
dihidrogenofosfato
Atende a três
de amônio.
classes de
fogos.

Pó especial (o pó D Único extintor


é grafite ou adequado para
cloreto de sódio incêndios da
ou pó de talco). classe D.
Qualquer outro
tipo de extintor
provoca reações
violentas.

Ao se considerar
a segurança do
pessoal que
trabalha em
cozinhas e
restaurantes, o
Solução especial extintor classe K
(o acetato de é o mais fácil de
potássio se K ser utilizado.
encontra diluído Atua por
em água). formação de
neblina e o fogo
é extinto por
resfriamento e
pelo efeito
asfixiante da
espuma.

 Atenção! Para visualizaçãocompleta da tabela utilize a rolagem horizontal

(Adaptado de MOLINARO, 2009)

CONTENÇÃO LABORATORIAL
De acordo com o Ministério da Saúde, a contenção laboratorial pode ser classificada de duas
formas:

CONTENÇÃO PRIMÁRIA
Também conhecida como barreira primária. Visa garantir a proteção do ambiente interno do
laboratório, assim como dos trabalhadores.

CONTENÇÃO SECUNDÁRIA
Também conhecida como barreira secundária. Está relacionada à proteção do ambiente
externo por meio das práticas operacionais e da infraestrutura planejada para o laboratório.

Entende-se por contenção laboratorial todas as práticas realizadas com o objetivo de reduzir os
riscos de acidentes e proteger a equipe de profissionais que trabalham no laboratório contra a
exposição aos riscos da ação de agentes químicos e biológicos. Tudo isso depende de um
complexo planejamento das análises de riscos que envolvem o laboratório e do conhecimento
técnico dos profissionais que ali trabalham.

CONTENÇÃO PRIMÁRIA

A contenção primária ou barreira primária é mais conhecida como o uso de Equipamentos de


Proteção Individual (EPI) e de Equipamentos de Proteção Coletiva (EPC).

EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL


(EPI)

Os EPI visam primariamente a proteção individual do trabalhador, garantindo a sua saúde e


integridade física. Os EPI variam de acordo com a análise de risco do laboratório e os níveis de
biossegurança determinados.

EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO COLETIVA


(EPC)

Os EPC estão associados à proteção do ambiente, mas também visam garantir a manutenção
da saúde e integridade física dos trabalhadores de um determinado setor ou área específica.
Vejamos a seguir alguns dos principais EPI e EPC utilizados em laboratórios clínicos.

Equipamentos de Proteção Individual (EPI)

Jaleco

O uso de jaleco ou avental nos laboratórios clínicos é obrigatório e serve como uma barreira de
proteção para o trabalhador. Ele deve ser feito, preferencialmente, de algodão ou fibra sintética
e obrigatoriamente não inflamável.
Os jalecos devem ser utilizados de forma restrita aos laboratórios e não devem ser levados
para as áreas comuns, banheiros ou refeitórios.

Máscaras e protetores faciais

São equipamentos que protegem a face do trabalhador contra impactos, substâncias tóxicas e
radiação, protegendo as vias aéreas superiores. A seguir, conheceremos os diversos tipos
disponíveis e suas funções:

PROTETORES FACIAIS OU FACE SHIELDS


São fabricados em plástico resistente como propionatos, acetatos e policarbonatos, podendo
ser revestidos com metais para a absorção de radiações infravermelhas. Protegem o
profissional contra partículas sólidas (impacto), substâncias tóxicas (líquidos e vapores
químicos) e radiação (ultravioleta e infravermelha).

 Face Shield
MÁSCARAS DE PROTEÇÃO
São fabricadas em tecido ou fibra sintética e geralmente são descartáveis. Servem para
proteger as vias aéreas (nariz e boca) do profissional, evitando os respingos de perdigotos e a
contaminação. Existem vários tipos de materiais para a confecção de máscaras de acordo com
o risco ao qual o trabalhador será exposto, como as chamadas N95 ou PFF2. Essas máscaras
possuem filtro e são capazes de reter cerca de 95% de partículas maiores que 0,3 µm, além de
vapores tóxicos e contaminantes na forma de aerossóis, como alguns vírus e bactérias.

MÁSCARA DE PROTEÇÃO
MÁSCARA N95

MÁSCARAS DE PROTEÇÃO RESPIRATÓRIA


São utilizadas quando se manipulam substâncias químicas que geram gases tóxicos
(formaldeído, amônia, cloreto de hidrogênio). Elas possuem filtros que podem ser mecânicos,
químicos ou combinados.
 Máscara para Gases Tóxicos

Luvas

As luvas são utilizadas com o objetivo de prevenir a contaminação por agentes químicos,
físicos (cortes, calor, radiações) e biológicos. Elas devem ser sempre utilizadas quando houver
um procedimento com exposição a sangue, hemoderivados e fluidos orgânicos.

As luvas podem ser confeccionadas com materiais diversos e devem ser escolhidas de acordo
com a finalidade de uso:
LUVAS DE PROTEÇÃO PARA O MANUSEIO DE
MATERIAL BIOLÓGICO
São também conhecidas como luvas de procedimento, quando não estéreis, ou luvas
cirúrgicas, quando estéreis. Geralmente são de látex e descartáveis, mas podem também ser
de vinil ou PVC (cloreto de polivinil).

 Luvas de Látex

LUVAS DE PROTEÇÃO AO FRIO E CALOR


 Luva térmica importante no manuseio de autoclaves, por exemplo.

São de tecido resistente ou revestidas com algum material à prova de calor. As mais comuns
são as luvas de amianto e as do tipo kevlar, resistentes a altas temperaturas. As luvas de
proteção ao frio podem ser de lã ou de tecido emborrachado com revestimento interno de fibras
naturais ou sintéticas.

LUVAS DE PROTEÇÃO PARA O MANUSEIO DE


PRODUTOS QUÍMICOS
Podem ser de borracha natural, neoprene, PVC, PVA (álcool polivinílico) e borracha de
butadieno. A escolha do tipo de luva deverá ser feita de acordo com o produto químico a ser
manipulado.

 Luva de Borracha
Toucas ou gorros

São equipamentos de proteção individual mais utilizados em áreas estéreis e de manipulação


de produtos e servem para evitar que os cabelos contaminem uma determinada área ou
produto, ou ainda, para protegê-los de respingos, líquidos ou aerossóis. Podem ser
confeccionadas nos mais diferentes tipos de materiais e devem ser de fácil lavagem e
desinfecção.

Protetores oculares e protetores auriculares

São mais conhecidos como óculos de proteção e protetores de ouvido.


ÓCULOS DE PROTEÇÃO

Os óculos de proteção funcionam como uma barreira contra respingos de produtos químicos e
corrosivos, além de atuarem também como uma barreira biológica, evitando as lesões
oculares.
PROTETORES AURICULARES

Já os protetores auriculares têm a função de proteger os ouvidos de ruídos oriundos de


equipamentos e processos produtivos.

Propés

Esses equipamentos são sapatilhas utilizadas em áreas estéreis e geralmente são


descartáveis, confeccionadas em algodão.

Calçados de segurança
São mais utilizados pelos trabalhadores das áreas de limpeza dos laboratórios e devem ser
resistentes aos produtos químicos e corrosivos, além de possuírem solado antiderrapante.
Podem também ser utilizados de acordo com outras atividades desempenhadas pelos
laboratórios.

Equipamentos de Proteção Coletiva (EPC)

Os equipamentos de proteção coletiva servem para a proteção de toda a equipe do laboratório


e também do meio ambiente.

 ATENÇÃO

As capelas de exaustão e as cabines de fluxo laminar ou cabines de segurança biológica são


EPC já mencionados anteriormente no item Equipamentos, materiais e reagentes.

Todo laboratório deve conter o chuveiro de emergência e o lava-olhos para lavagem e


eliminação de contaminantes químicos e biológicos em caso de acidentes.

O chuveiro de emergência deve ter aproximadamente 30 cm de diâmetro, deve ser acionado


por meio de alavancas e deve estar instalado em local de fácil acesso.
O lava-olhos é um equipamento formado por uma bacia metálica, geralmente associada ao
chuveiro de emergência, com dois dispositivos que emitem jatos de água direcionados à região
dos olhos.

No vídeo a seguir, você conhecerá um pouco mais sobre os EPIs e EPCs utilizados no dia a
dia do laboratório e também a correta lavagem de mãos.
VERIFICANDO O APRENDIZADO

MÓDULO 2

 Identificar as técnicas de purificação de água e a descontaminação de acordo com as


boas práticas de laboratório

SISTEMAS DE PURIFICAÇÃO DE ÁGUA


A água é o solvente mais utilizado na prática laboratorial e, por isso mesmo, é chamada de
solvente universal. Devido ao seu grau de importância, a água para uso laboratorial deve
atender aos requisitos de qualidade de acordo com a sua finalidade de uso.
 SAIBA MAIS

Uma boa forma de se orientar é lendo as determinações e os padrões de qualidade para a


utilização da água nos laboratórios clínicos e patológicos que estão descritos no capítulo 8.5 da
Farmacopeia Brasileira, 6a Edição (2019) e que devem ser rigorosamente atendidos e
seguidos.

A água potável abastece as cidades e a maioria das casas e é considerada uma água tratada.

Esse tipo de água não deve ser utilizado no trabalho laboratorial, pois apresenta possíveis
incompatibilidades entre os contaminantes presentes e os procedimentos laboratoriais que
serão realizados.

A água potável não é regulamentada pela ANVISA e nem pela Farmacopeia Brasileira. Ela
deve atender aos órgãos responsáveis regionais, tais como o Instituto Estadual do Ambiente
(INEA), no Rio de Janeiro, e a Agência Nacional de Água (ANA), no Distrito Federal.

PARA A ÁGUA SER CONSIDERADA POTÁVEL ELA


DEVE APRESENTAR MENOS DE 0,1% DE SÓLIDOS
TOTAIS. ISSO É OBTIDO A PARTIR DA EVAPORAÇÃO
DE UMA AMOSTRA DE 100 ML DE ÁGUA ATÉ
COMPLETA SECAGEM E PESAGEM DOS RESÍDUOS
SÓLIDOS QUE DEVEM SER INFERIORES A 100 MG.

(ALLEN Jr., 2013)

CONTAMINANTES DA ÁGUA
Os principais contaminantes da água potável são de origem física, química ou biológica. Os
contaminantes físicos são os mais facilmente eliminados por meio do processo de filtração, já
os contaminantes químicos e biológicos são difíceis de serem eliminados e comprometem a
qualidade final da água, podendo alterar as análises laboratoriais, gerando resultados falhos e
até mesmo comprometendo anos de pesquisas e de estudo.

O controle de contaminantes da água para uso laboratorial é, portanto, fundamental para


atender às especificações estabelecidas pelos órgãos reguladores.

Observe a figura a seguir para entender quais são os principais contaminantes da água:

 Figura 8: Principais contaminantes da água.

Os contaminantes químicos podem ser orgânicos ou inorgânicos e precisam ser removidos por
dois motivos principais:

Primeiro, para se evitar que interfiram nas fases de pré-tratamento dos sistemas de
purificação de água.

Segundo, para proteger a saúde das pessoas.

 VOCÊ SABIA

Esses contaminantes químicos apresentam diversas origens, por exemplo, a fonte de


alimentação; da extração de materiais com os quais a água entra em contato; da absorção de
gases da atmosfera; de resíduos poluentes, ou resíduos de produtos utilizados na limpeza e
sanitização de equipamentos, dentre muitos outros.

Podem ser removidos por um sistema de osmose reversa ou por técnicas associadas como
deionização, carvão ativado, ozônio e radiação ultravioleta.
Falaremos sobre essas técnicas adiante.

Os contaminantes microbiológicos podem ser fungos, bactérias e vírus, sendo que a


contaminação bacteriana é a mais preocupante e apresenta um grande desafio à qualidade da
água.

O controle microbiológico da água é certamente o mais importante e prioritário e deve ser


constantemente verificado e atualizado de acordo com os parâmetros legais.

TIPOS DE ÁGUA PARA USO LABORATORIAL

Existem 3 métodos principais utilizados para a obtenção de água purificada:

DESTILAÇÃO

DEIONIZAÇÃO
OSMOSE REVERSA

A escolha de um método específico depende do tipo e da qualidade de água desejados, e


também do volume necessário.

Um projeto de instalação de um sistema de purificação de água depende de algumas


condições específicas listadas a seguir:

A qualidade da água de fornecimento e da água desejada ao final.

A vazão necessária.

A distância entre o sistema de produção e os pontos de uso.

O layout da tubulação e conexões.

O material empregado.

Facilidades de assistência técnica e manutenção.

Os instrumentos adequados para o monitoramento.

 ATENÇÃO

Na realidade, a escolha de um sistema de purificação eficiente depende da qualidade da água


de entrada, ou seja, das características da água potável que irá alimentar o sistema e também
do tipo e da qualidade da água que se deseja.

Apresentaremos a seguir, em uma ordem sequencial lógica, as principais tecnologias de


purificação de água encontradas para a remoção dos diversos tipos de contaminantes
seguindo etapas na sequência de purificação.
PRÉ-FILTRAÇÃO

A pré-filtração, segundo Brasil (2019), destina-se a remover sólidos particulados com tamanhos
entre 5 e 10 μm, essencialmente para proteger as tecnologias subsequentes, utilizando filtros
de areia ou uma combinação de filtros. Deve estar associada a todos os sistemas de
purificação de água com o objetivo de proteger os equipamentos mais sensíveis e caros.

 Figura 9: Sistema de pré-filtração carvão, areia e zeólitos.

FILTRAÇÃO POR ADSORÇÃO POR CARVÃO


VEGETAL ATIVADO

Pode ser considerada também uma técnica de pré-filtração, mas, nesse caso, o carvão vegetal
ativado tem a capacidade de remover compostos orgânicos como as cloraminas e o cloro livre,
os quais adsorve em sua superfície. Essa tecnologia é muito importante para, por exemplo,
proteger as membranas da osmose reversa. Deve-se tomar cuidado com a formação de
biofilme, que implica na necessidade de sanitização do carvão ativado com vapor quente ou da
troca do material filtrante.
 Figura 10: Filtro de carvão ativado.

TRATAMENTO COM ABRANDADORES


(SOFTENERS)

Em muitos lugares que utilizam água de poço como fonte primária para o abastecimento do
sistema de purificação, é necessária a utilização de abrandadores, uma vez que essa água é
rica em íons de cálcio, ferro e magnésio – também conhecida como água “dura”. O tratamento
com abrandadores é muito parecido com a deionização e utiliza também resinas de troca iônica
que capturam os íons metálicos e liberam íons sódio na água. É importante observar a
necessidade de sanitização ou troca das resinas periodicamente, evitando a formação de
biofilme e contaminação da água.
 Figura 11: Sistema de tratamento de água com abrandadores.

DEIONIZAÇÃO

A técnica de deionização ou desmineralização é muito utilizada para a obtenção de água


purificada para uso rotineiro no laboratório. Ela remove apenas sais inorgânicos através de
resinas de troca iônica específicas para cátions e ânions. Nesses casos, as resinas catiônicas

capturam os íons catiônicos, liberando H+, e as resinas aniônicas capturam os íons aniônicos,

liberando OH-. Observe a figura abaixo e entenda melhor como essa troca acontece.
 Figura 12: Processo de deionização da água.

Apesar de ser uma técnica relativamente simples, rápida e barata, a deionização não produz
uma água de alta pureza e deve ser associada a outras tecnologias, a fim de melhorar a
qualidade da água e atender às exigências da legislação específica e necessidade de algumas
metodologias empregadas no laboratório. Outro problema é a necessidade de regeneração das
resinas devido à possibilidade de formação de biofilme. Existem dois tipos de deionizadores no
mercado: o de leito misto (uma única resina mista) e o de leito separado (com duas resinas,
uma catiônica e uma aniônica).

OSMOSE REVERSA

Atualmente, a osmose reversa vem se tornando a tecnologia de primeira escolha como sistema
de purificação de água devido à sua alta versatilidade.

Essa tecnologia atende a todo tipo de demanda, existindo equipamentos para larga escala
industrial (1.000 L/hora) e pequenos equipamentos para a escala laboratorial, com capacidade
de cerca de 10 L/hora, por exemplo.
 Figura 13: Equipamento de osmose reversa.

Essa tecnologia se baseia na utilização de membranas semipermeáveis com propriedades


específicas utilizadas para a remoção de íons, microrganismos e endotoxinas bacterianas.

É um processo altamente eficiente e que remove de 90% a 99% dos contaminantes.


Justamente por isso, diversos fatores podem afetar significativamente essa tecnologia, tais
como o pH, a pressão diferencial ao longo da membrana, a temperatura, o polímero da
membrana e a construção dos cartuchos de osmose reversa.

Para entendermos melhor como ocorre o processo de osmose reversa, vamos primeiro
recordar o que é um processo de osmose.

 RELEMBRANDO

A osmose é um processo celular que ocorre naturalmente, ou seja, sem gasto de energia. Ela
consiste na passagem de um solvente através de uma membrana semipermeável de um meio
hipotônico para um meio hipertônico.

Fica fácil entendermos agora que a osmose reversa seria um processo contrário ao da
osmose, ou seja, a passagem do solvente do meio hipertônico para o meio hipotônico.

O problema é que isso não aconteceria naturalmente ou sem gasto de energia. Dessa forma, é
necessário pressurizar o sistema para que o processo de osmose reversa possa acontecer.
 Figura 14: Esquema de osmose reversa.

 ATENÇÃO

É importante que se compreenda que o processo de osmose reversa nada mais é do que um
processo de filtração, utilizando as membranas semipermeáveis como elemento filtrante.
Sendo assim, é fundamental que exista um sistema de pré-tratamento que remova
particulados, agentes oxidantes e contaminantes que favoreçam incrustações como cálcio e
magnésio, a fim de proteger e preservar as membranas. Outro ponto importante é a sanitização
do sistema, evitando a formação de biofilme e a contaminação microbiana.

O sistema de purificação de água por osmose reversa vem se tornando tão acessível, de fácil
instalação e baixo custo de manutenção que já existem sistemas de osmose reversa de duplo
passo, no qual a água purifica em uma primeira etapa e alimenta o sistema em uma segunda
etapa, aumentando a capacidade de purificação.

ULTRAFILTRAÇÃO
Assim como a osmose reversa e como o próprio nome diz, a ultrafiltração utiliza uma
tecnologia de filtração com membranas especiais que têm a capacidade de reter endotoxinas e
moléculas de acordo com o seu peso molecular e sua estereoquímica. Um dos sistemas de
ultrapurificação de água mais conhecidos do mundo é o chamado do tipo Milli-Q.

 COMENTÁRIO

Na verdade, uma água conhecida como do tipo Milli-Q é uma água ultrapurificada (AUP) obtida
por essa marca de sistema que é registrada pelo grupo Merck.

Assim como outros sistemas de purificação que envolvem alta tecnologia, esse sistema deve
ser validado, passar por um pré-tratamento, ter suas condições operacionais controladas e
procedimentos adequados de limpeza e sanitização.

Essa técnica pode estar associada a outras, mas geralmente é mais utilizada em laboratórios
que envolvem alta tecnologia como biologia molecular e espectrometria de massas.

MICROFILTRAÇÃO

Assim como a ultrafiltração, esta tecnologia também pode estar associada a outros sistemas de
purificação de água. Trata-se de um processo que utiliza membranas filtrantes microporosas de
poros de diâmetro de 0,22 µm, e pode ser considerada uma filtração esterilizante por causa
disso, mas, para tanto, precisa ser validada. Essas membranas podem estar associadas a um
sistema de osmose reversa, mas também podem ser utilizadas de forma individualizada em
pequenos filtros isolados.

RADIAÇÃO ULTRAVIOLETA

Esta é uma tecnologia que deve ser utilizada sempre de forma associada a outro sistema.
Isoladamente, esta técnica não produz água purificada.
 Figura 15: Lâmpadas ultravioleta.

A radiação ultravioleta é utilizada em 2 comprimentos de onda que promovem efeitos distintos.


São eles:

185 NM + 254 NM
254 NM

185 NM + 254 NM

Oxidação de compostos orgânicos e consequente redução de sua concentração para atender


aos limites da água purificada (AP), água para fabricação de produtos injetáveis (API) e água
ultrapurificada (AUP).

254 NM

Ação germicida nos diversos pontos da sequência de purificação para reduzir a contagem
microbiana.
De acordo com Brasil (2019), esta técnica é muito utilizada ao longo dos tanques de
armazenamento de água para reduzir a contaminação microbiana e é associada a capelas de
fluxo laminares.

DESTILAÇÃO

Este sistema de purificação de água é certamente o mais antigo do mundo.

Como já sabemos, a destilação é um processo de separação de líquidos por meio do vapor. O


princípio da destilação consiste em evaporar a água por aquecimento e, por resfriamento e
através de um duto condensador, liquefazer o vapor d’água novamente.

 Figura 16: Esquema de destilação.

Durante centenas de anos esse foi o principal método de escolha como sistema de purificação
de água e o mais utilizado para a prática laboratorial, a indústria farmacêutica, as farmácias
magistrais, dentre outras áreas da Saúde.

Um sistema de destilação de água consiste num método de fácil instalação e reutilizável, com
baixo custo de instalação e alta eficiência. Pode produzir inclusive água API por meio de um
processo de bidestilação. Apesar disso, esta técnica apresenta algumas desvantagens, tais
como os altos custos de consumo de água e eletricidade, a difícil manutenção, o arraste de
contaminantes pelo processo de condensação e o arraste de impurezas voláteis. Por esses
motivos, atualmente a substituição de destiladores por sistemas de osmose reversa tem se
mostrado uma opção mais eficiente e econômica.

No vídeo a seguir você conhecerá mais profundamente um processo de purificação da água:


destilação e deionização.
SISTEMAS DE DESCONTAMINAÇÃO DE
LABORATÓRIOS
Já aprendemos que os laboratórios são classificados de acordo com as suas classes de riscos
e essa classificação serve também para direcionar o sistema de descontaminação de material,
pessoal e do laboratório. É preciso, portanto, existir uma rotina de higienização bem descrita e
consolidada através de procedimentos operacionais padrão (POP) a fim de garantir as boas
práticas de laboratório e evitar o risco de acidentes e contaminações.

 ATENÇÃO

Quando se trata de laboratórios clínicos, os riscos maiores envolvem a contaminação


microbiana, então a descontaminação deve acontecer periodicamente, sempre após cada uso.
É fundamental a conscientização e o treinamento do pessoal envolvido na rotina sobre os
riscos de infecções e das ações preventivas necessárias para garantir as boas práticas de
laboratório e a biossegurança do local, da equipe e do meio ambiente.

O processo de descontaminação é definido como a técnica utilizada para a eliminação total ou


parcial de microrganismos ou ainda a remoção e neutralização de produtos químicos perigosos
e material radioativo. O objetivo principal é tornar o material biológico seguro para o descarte
ou para a sua reutilização.

As etapas de descontaminação dependem do nível de contaminação e podem ser resumidas


como:

LIMPEZA

DESINFECÇÃO
ESTERILIZAÇÃO

Além dos processos de descontaminação, as atividades dos laboratórios geram diferentes tipos
de resíduos que devem ser armazenados e descartados de acordo com a legislação vigente.
Atualmente, a legislação que regulamenta e classifica os tipos de resíduos é a RDC nº
222/2018 da ANVISA.

A partir de agora, conheceremos as principais etapas do processo de descontaminação e o os


cuidados relacionados ao armazenamento e ao descarte de resíduos biológicos e químicos.

LIMPEZA

A limpeza é o processo de remoção de partículas ou de material orgânico e pode estar


associada tanto aos materiais contaminados, como ao pessoal e ao ambiente. É o primeiro
passo num processo de descontaminação e inclui ações e cuidados de higiene dos materiais e
dos ambientes. Os procedimentos de limpeza devem ser padronizados, incluindo o tipo de
água usada, além do sabão e o detergente neutro que serão utilizados. Deve-se usar pano
úmido para retirar poeiras e impurezas das superfícies.

Os funcionários da limpeza poderão ser terceirizados, mas é preciso realizar treinamentos


contínuos e específicos a fim de garantir a eficácia dos procedimentos de limpeza.
DESINFECÇÃO

A desinfecção é a etapa do processo de descontaminação que visa a eliminação dos


microrganismos em sua forma vegetativa, de ambientes, dos materiais, da pele e das mãos.
Esse processo não elimina as formas esporuladas dos agentes infecciosos e pode ser
realizado por meios físicos e químicos. Os procedimentos de desinfecção por meios físicos
basicamente utilizam o calor como técnica para a desinfeção. Já os procedimentos químicos
podem ser líquidos ou gasosos utilizando-se desinfetantes ou germicidas.

Os agentes germicidas agem sob as bactérias por dois métodos distintos:

AÇÃO BACTERICIDA
Elimina as bactérias e estas não são mais capazes de se reproduzirem.

AÇÃO BACTERIOSTÁTICA
Inibe a multiplicação das bactérias.

A seguir, conheceremos os principais desinfetantes utilizados no processo de descontaminação


dos laboratórios:
ÁLCOOIS
Os álcoois mais utilizados nos processos de desinfecção são o álcool etílico (etanol) e o álcool
isopropílico (isopropranol). Embora ambos apresentem ação desinfetante, o etanol é mais
utilizado, pois possui maior ação germicida, menor custo e menor toxicidade. Os estudos
demonstram que a melhor faixa de concentração do etanol em água é entre 60% e 80% para a
ação sobre os microrganismos. Utiliza-se, usualmente, o álcool etílico a 70% como agente
desinfetante e esse é o mais importante dentro do laboratório para desinfecção de superfícies e
materiais. Até hoje o mecanismo de ação desinfetante do álcool não está muito esclarecido,
mas acredita-se que ocorra por desnaturação das proteínas de membrana. Dessa forma, é
necessário que o álcool esteja diluído, uma vez que na ausência de água as proteínas não são
desnaturadas tão rapidamente, por isso o álcool absoluto não é tão eficaz quanto o diluído a
70%.

COMPOSTOS À BASE DE CLORO


O cloro inorgânico é um agente germicida altamente potente, entretanto, não deve ser utilizado
em sua forma pura devido ao seu alto poder oxidante, alta volatilidade e toxicidade. Assim, ele
é usado na forma de hipoclorito de sódio em concentrações de 2% a 4%. Nos laboratórios, é
muito utilizado na desinfecção de superfícies e materiais, inclusive quando contaminados com
sangue, e para recipientes de descarte como, por exemplo, ponteiras de pipetas e swabs. É
muito ativo para agentes infecciosos em sua forma vegetativa, como bactérias Gram-positivas
e Gram-negativas, fungos, vírus e micobactérias. O tempo de exposição necessário para sua
ação de germicida é de cerca de 10 minutos, com 1% de cloro ativo livre. Mesmo quando
diluído, é necessário tomar os devidos cuidados na manipulação do hipoclorito de sódio,
utilizando EPI adequados e seguindo os procedimentos corretos de diluição, pois o produto
possui uma série de efeitos adversos, causando irritação severa do trato respiratório.

FORMALDEÍDO
Ainda nos dias atuais o formaldeído pode ser utilizado em áreas (cabines de segurança
biológica) e superfícies de laboratórios para o processo de desinfecção por meio do método da
fumigação, apesar de sua alta toxicidade. Ele possui atividade para bactérias Gram-positivas e
Gram-negativas, fungos e vírus. Devido à sua alta toxicidade, o operador deverá utilizar EPI
com proteção ocular, máscara de gás com filtro adequado e manter os devidos cuidados para o
trato respiratório.

COMPOSTOS QUATERNÁRIOS DE AMÔNIO


Recentemente, esta classe de agentes desinfetantes tem sido bastante difundida devido à sua
baixa toxicidade. Essa substância foi amplamente empregada na descontaminação de
superfícies e ambientes, como pontos de ônibus e ambientes das comunidades, durante a
pandemia do coronavírus.

Apesar disso, é necessário avaliar as concentrações de uso e eficácia desses agentes a fim de
garantir a eficácia do processo de desinfecção.

Exemplo de desinfetante: Cloreto de cetil trimetil amônio.

Desinfecção por agentes físicos

Conforme citado anteriormente, os processos de desinfecção podem ser realizados por meios
físicos, utilizando-se basicamente o calor. Dentre essas técnicas, destacam-se a pasteurização
e a tindalização.

PASTEURIZAÇÃO
TINDALIZAÇÃO

PASTEURIZAÇÃO

É muito utilizada para alimentos como leite e sucos de frutas, porém, mais especificamente,
para produtos suscetíveis a altas temperaturas. Foi desenvolvida pelo cientista Louis Pasteur
em 1864 e consiste em aquecer os produtos a 60°C por um determinado tempo e depois
resfriá-los. Dessa forma, reduz-se o número de microrganismos presentes evitando a
deterioração do produto.

TINDALIZAÇÃO

É um tipo de esterilização fracionada na qual é aplicado vapor d’água contínuo (entre 60°C e
90°C) durante 30 a 60 minutos, repetidas vezes, resfriando-se entre cada aquecimento. O
número de operações varia de 3 a 12 ciclos dependendo do grau de contaminação. Durante o
período de resfriamento (cerca de 24 horas), as formas esporuladas passam novamente às
formas vegetativas e podem ser eliminadas quando submetidas ao vapor contínuo mais uma
vez. Esse processo é muito utilizado na indústria de alimentos e na indústria farmacêutica em
produtos sensíveis à temperatura.
ESTERILIZAÇÃO

A esterilização é um processo de eliminação de todas as formas de microrganismos, incluindo


as esporuladas. Dessa forma, este processo promove a eliminação completa de todos os
microrganismos em um determinado material, superfície ou ambiente. É possível afirmarmos
que geralmente os processos de esterilização utilizam métodos físicos, e os de desinfecção,
métodos químicos. Entretanto, isso não necessariamente é uma regra, já que os métodos
químicos também podem ser utilizados para o processo de esterilização, principalmente os
gasosos.

Os métodos de esterilização podem ser classificados em 3 tipos:

Processos físicos (calor e radiação).

Processos mecânicos (filtração).

Processos químicos (agentes bactericidas).

Dentre os métodos mais utilizados para a esterilização em laboratórios estão os métodos


físicos, que podem ser por calor seco ou úmido, ou ainda por irradiações.

Calor seco

Esta técnica pode ser dividida em flambagem e circulação de ar quente.

FLAMBAGEM OU INCINERAÇÃO
Muito utilizada em laboratórios para eliminar microrganismos por calor direto, utilizando-se a
alça bacteriológica e o bico de Bunsen. Quando a alça estiver totalmente incandescente, é
sinal de que ocorreu a esterilização.

ESTUFAS DE ESTERILIZAÇÃO OU FORNO DE


PASTEUR
Utilizada geralmente para materiais que não suportam calor úmido e que são resistentes a
altas temperaturas, tais como o aço, o vidro e os pós (termorresistentes, óleos e gorduras). As
estufas de ar circulante são as mais utilizadas, apresentando temperaturas que variam de
160°C a 250°C.

Calor úmido
Este processo consiste em submeter os produtos ao contato com calor úmido e à alta pressão,
utilizando-se uma autoclave. É considerado o método de esterilização mais eficiente e deve ser
sempre o de primeira escolha.

 Figura 17: Esquema de Autoclave.

Conforme ocorre um aumento da pressão, maior será o ponto de ebulição da água.

0,5 atm............... 110°C

1 atm ................. 121°C

1,5 atm .............. 127°C

 SAIBA MAIS

É possível esterilizar os mais diversos tipos de materiais como borracha, látex, ampolas cheias,
meios de cultura, roupas e equipamentos diversos. Para controlar e garantir a eficácia do
processo de esterilização, é possível utilizar-se de indicadores químicos e biológicos durante a
autoclavação, como as fitas ou etiquetas adesivas e o Bacillus stearothermophilus.

Irradiação

Ainda dentro dos processos de esterilização por métodos físicos, a irradiação é uma alternativa
aos processos que utilizam calor.
Existem dois tipos de irradiação: as ionizantes, que utilizam comprimentos de onda mais curtos
e de maior energia (como os raios gama, por exemplo), e as não ionizantes (como a radiação
ultravioleta).

RAIOS GAMA
É um tipo de radiação ionizante que pode ser utilizada para a esterilização de grandes lotes de
produtos, tais como seringas, agulhas, luvas, cateteres etc. Elimina os microrganismos sem
aumento de temperatura. Ainda representa alto custo para as empresas.

RAIOS UV
É um tipo de radiação não ionizante e que, apesar do seu baixo poder de penetração, é muito
eficiente em processos de purificação de água, no âmbito hospitalar e nas câmaras de
segurança biológica como lâmpadas UV, auxiliando no processo de esterilização após a
desinfecção das superfícies. Deve-se tomar cuidado, pois pode causar danos aos olhos e à
pele.

Filtração

É um processo mecânico de esterilização que depende do tipo de material filtrante utilizado.


Para filtrações esterilizantes é necessário que as membranas filtrantes apresentem tamanho de
poro de 0,22µm.

 COMENTÁRIO

Esse método pode ser utilizado para esterilizar pequenos volumes, quando é conhecido como
microfiltração, mas é mais comum ser usado para a filtração do ar em ambientes estéreis,
utilizando os filtros HEPA, como nas câmaras de segurança biológica.

Conforme visto anteriormente, os agentes químicos geralmente são mais utilizados para os
processos de desinfecção. Entretanto, os agentes químicos gasosos como o óxido de etileno
também podem ser usados como método de esterilização. Isso se deve ao seu alto poder de
penetração e ação esporicida. Ainda assim, seu uso é bastante restrito por se tratar de gás
explosivo e de alto custo de processo.
DESCARTE DE RESÍDUOS
As atividades de rotina dos laboratórios clínicos geram diferentes tipos de resíduos que devem
ser armazenados e descartados de acordo com a legislação vigente. Atualmente, a legislação
que regulamenta e classifica os tipos de resíduos é a RDC nº 222/2018 da Agência Nacional de
Vigilância Sanitária. Os grupos de resíduos de saúde podem ser classificados da seguinte
maneira:

GRUPO A
Resíduos com a possível presença de agentes biológicos que, por suas características, podem
apresentar risco de infecção (A1, A2, A3, A4, A5).

GRUPO B
Resíduos contendo produtos químicos que apresentam periculosidade à saúde pública ou ao
meio ambiente, dependendo de suas características de inflamabilidade, corrosividade,
reatividade, toxicidade, carcinogenicidade, teratogenicidade, mutagenicidade e quantidade.

GRUPO C
Qualquer material que contenha radionuclídeo em quantidade superior aos níveis de dispensa
especificados em norma da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) e para os quais a
reutilização é imprópria ou não prevista.
GRUPO D
Resíduos que não apresentam risco biológico, químico ou radiológico à saúde ou ao meio
ambiente, podendo ser equiparados aos resíduos domiciliares.

GRUPO E
Materiais perfurocortantes ou escarificantes, tais como lâminas de barbear, agulhas, escalpes,
ampolas de vidro, brocas, limas endodônticas, pontas diamantadas, lâminas de bisturi, lancetas
tubos capilares, ponteiras de micropipetas, lâminas e lamínulas, espátulas, todos os utensílios
de vidro quebrados no laboratório (pipetas, tubos de coleta sanguínea e placas de Petri) e
outros similares.

Com exceção do grupo C, a maioria dos laboratórios clínicos apresentam resíduos


pertencentes a todos os outros grupos. Uma vez que os resíduos do grupo D não apresentam
riscos à saúde e podem ser equiparados aos resíduos domiciliares, devemos focar, portanto,
nos grupos A, B e E.

GRUPO A
GRUPO B
GRUPO E

GRUPO A

O grupo A ainda é subdivido em A1, A2, A3, A4 e A5. Neste grupo, destacam-se os subtipos A1
e A4. O descarte de resíduos do grupo A1 deve sofrer tratamento prévio para a redução e
eliminação da carga microbiana e, ainda no caso de materiais de Nível III, inativação total da
carga microbiana. Os resíduos sólidos de saúde (RSS) do grupo A4 não necessitam de
tratamento prévio e devem ser embalados em saco branco leitoso devidamente identificado
para descarte final em ambiente adequado.

 SAIBA MAIS

Segundo a RDC n° 222/2018, alguns exemplos de RSS do grupo A4:


Recipientes e materiais resultantes do processo de assistência à saúde, que não
contenha sangue ou líquidos corpóreos na forma livre;

Cadáveres, carcaças, peças anatômicas, vísceras e outros resíduos provenientes de


animais não submetidos a processos de experimentação com inoculação de
microrganismos.

Bolsas transfusionais vazias ou com volume residual pós-transfusão.

Sobras de amostras de laboratório e seus recipientes contendo fezes, urina e secreções,


provenientes de pacientes que não contenham e nem sejam suspeitos de conter agentes
classe de risco 4, e nem apresentem relevância epidemiológica e risco de disseminação,
ou microrganismo causador de doença emergente que se torne epidemiologicamente
importante ou cujo mecanismo de transmissão seja desconhecido ou com suspeita de
contaminação com príons.

GRUPO B

Para o descarte dos RSS do grupo B é necessário avaliar a periculosidade das substâncias
presentes de acordo com as FISPQs respectivas, respeitando suas características de
inflamabilidade, corrosividade, reatividade e toxicidade. Esses resíduos devem ser previamente
tratados de acordo com as suas características químicas e é proibido o encaminhamento de
RSS na forma líquida para disposição final em aterros sanitários.

GRUPO E

Os materiais perfurocortantes do grupo E devem ser descartados em recipientes identificados,


rígidos, providos com tampa, resistentes à punctura, ruptura e vazamento. O recipiente de
acondicionamento deve conter a identificação de todos os riscos presentes. As seringas e
agulhas devem passar por tratamento prévio antes do descarte final.
VERIFICANDO O APRENDIZADO

CONCLUSÃO

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao longo deste tema, estudamos os conceitos de boas práticas de laboratórios, suas
aplicações e abrangências na área de Saúde. Foi possível também compreender os sistemas
de purificação de água, os tipos de água obtidos e sua utilização nos laboratórios clínicos.
Aprendemos sobre os procedimentos de descontaminação em laboratórios a partir da limpeza,
desinfecção por agentes químicos e físicos e as principais técnicas de esterilização. Por fim,
conhecemos a atual legislação de descarte de resíduos sólidos de saúde, fechando o ciclo de
conhecimento sobre as BPL para que possamos estar preparados para exercer as atividades
laboratoriais com eficiência e segurança.

 PODCAST
Agora, a professora Patrícia Dias encerra o tema falando sobre as boas práticas de laboratório
clínico.

AVALIAÇÃO DO TEMA:
REFERÊNCIAS
ALLEN JUNIOR, L. V.; POPOVICH, N. G.; ANSEL, H. C. Formas farmacêuticas e sistemas
de liberação de fármacos. 9. ed. Artmed: São Paulo, 2013.

BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária ‒ ANVISA. Resolução da diretoria


colegiada – RDC nº 50, de 21 de fevereiro de 2002. Dispõe sobre o Regulamento Técnico
para planejamento, programação, elaboração e avaliação de projetos físicos de
estabelecimentos assistenciais de saúde. Consultado em meio eletrônico em: 11 nov. 2020.

BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária ‒ ANVISA. Resolução da diretoria


colegiada – RDC nº 222, de 28 de março de 2018. Regulamenta as Boas Práticas de
Gerenciamento dos Resíduos de Serviços de Saúde e dá outras providências. Consultado em
meio eletrônico em: 30 nov. 2020.

­BRASIL. Secretaria Especial de Previdência e Trabalho. Norma regulamentadora – NR nº 5.


Comissão Interna de Prevenção de Acidentes – CIPA. Brasília, 2019. Consultado em meio
eletrônico em: 11 nov. 2020.

BRASIL. Ministério da Saúde. Classificação de risco dos agentes biológicos. Secretaria de


Clínica, Tecnologia e Insumos Estratégicos, Departamento de Clínica e Tecnologia. Série A.
Normas e Manuais Técnicos. Ministério da Saúde: Brasília, 2017.

MOLINARO, E. M. Conceitos e métodos para a formação de profissionais em laboratórios


de saúde: volume 1. Etelcia Moraes Molinaro, Luzia Fátima Gonçalves Caputo e Maria Regina
Reis Amendoeira (Orgs.). Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio. Rio de Janeiro:
Instituto Oswaldo Cruz, 2009.

PRISTA, L. N.; ALVES, A. C.; MORGADO, R. Técnica Farmacêutica e Farmácia Galênica:


volume 1. 5. ed. Fundação Calouste Gulbenkian: Lisboa, 1995.

EXPLORE+
Para saber mais sobre os assuntos tratados neste tema, leia:

O artigo Ensino-aprendizagem na área de biossegurança: reflexões a partir da


experiência da construção de layout de laboratório, Tallini e Prestes.

Farmacopeia Brasileira, 6ª edição, ANVISA.

Manual orienta profissionais de saúde para a higiene das mãos, Blog da Saúde,
Ministério da Saúde.

A matéria Boas práticas de laboratório na indústria farmacêutica, de Egle Leonardi, ICTQ.

As diretrizes gerais para o trabalho em contenção com agentes biológicos, Ministério da


Saúde.

O artigo Monitoramento em cabine de segurança biológica: manipulação de cepas e


descontaminação em um laboratório de microbactérias, de Ueki e colaboradores, Scielo.

O texto Símbolos de risco e manuseio para o transporte e armazenamento de materiais,


ABNT .

O texto Classificação de riscos dos agentes biológicos, Ministério da Saúde.

RDC nº 222, de 28 de março de 2004, que regulamenta as boas práticas de


gerenciamento dos resíduos de serviços de saúde e dá outras providências, Ministério da
Saúde.

Critérios para a habilitação de laboratórios segundo os princípios das boas práticas de


laboratório (BPL), ANVISA.

CONTEUDISTA
Patrícia de Castro Moreira Dias

 CURRÍCULO LATTES
<

DESCRIÇÃO
Introdução à biossegurança: conceitos básicos, sistemas de gestão da qualidade em
laboratórios clínicos e processos de coleta de amostra biológica.

PROPÓSITO
Apresentar os requisitos de biossegurança em um laboratório clínico, fundamental para o
desenvolvimento de processos seguros e de qualidade nos laboratórios de análises clínicas e
minimizar possíveis erros.

OBJETIVOS

MÓDULO 1

Reconhecer os principais conceitos de biossegurança aplicados a laboratórios clínicos

MÓDULO 2

Identificar os requisitos fundamentais para gestão de qualidade em laboratórios


MÓDULO 3

Identificar variáveis causadoras de erros nos processos de coleta de amostra biológica

INTRODUÇÃO
A ideia de ter contato com microrganismos patogênicos ou materiais contaminados por eles
causa certo pânico em pessoas que não conhecem a fundo um laboratório clínico. Sempre que
pensamos nessas situações, as cenas dos filmes com profissionais vestindo equipamentos de
proteção individual da cabeça aos pés nos vêm em mente. Será que tudo aquilo acontece na
chamada “vida real”?

Boas práticas adotadas em laboratórios clínicos são empregadas para proteger os profissionais
de riscos comumente encontrados nesses ambientes, além de serem essenciais para
emissões de resultado com alta qualidade. Esses riscos vão muito além daqueles ligados à
contaminação por microrganismos e podem até mesmo afetar animais e o meio ambiente.

Encontraremos, ao longo deste tema, os principais conceitos relacionados a biossegurança em


laboratórios clínicos, como estes são estruturados e como são realizados processos de coleta
de material biológico. Além disso, entenderemos quais são os requisitos necessários para que
os laboratórios possam ser acreditados pelos órgãos regulamentadores e apresentem
excelência na prestação de serviços.

MÓDULO 1

 Reconhecer os principais conceitos de biossegurança aplicados a laboratórios


clínicos

BIOSSEGURANÇA
Biossegurança é um termo utilizado para definir ações realizadas com a finalidade de proteger
vidas, sendo elas humanas ou não. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) define
o termo como:


CONDIÇÃO DE SEGURANÇA ALCANÇADA POR UM
CONJUNTO DE AÇÕES DESTINADAS A PREVENIR,
CONTROLAR, REDUZIR OU ELIMINAR RISCOS
INERENTES ÀS ATIVIDADES QUE POSSAM
COMPROMETER A SAÚDE HUMANA, ANIMAL E O
MEIO AMBIENTE”

ANVISA/2010

O conceito de biossegurança começou a ser desenvolvido na década de 1970, com


observação de casos de doenças infecciosas como tuberculose e hepatite B, entre
profissionais da saúde que lidavam com pacientes doentes. O número de profissionais de
saúde que apresentavam essas doenças era de cinco a sete vezes maior que o observado na
população. Assim, foram propostas normas e elaborados manuais de biossegurança com o
intuito de frear a aquisição de doenças infecciosas e garantir uma proteção a esses
profissionais em suas atividades.

Quando falamos de segurança dos profissionais de saúde, temos que trazer a importância das
boas práticas laboratoriais, que contam com procedimentos − como práticas de higiene pessoal
− e ações de segurança − tais como utilização de equipamentos de proteção individual (EPI)
pelos profissionais e instalação de equipamentos de proteção coletiva (EPC) nos
estabelecimentos de saúde.
BIOSSEGURANÇA EM LABORATÓRIOS
CLÍNICOS

ESTRUTURA FÍSICA DOS LABORATÓRIOS DE


ANÁLISES CLÍNICAS

Todos os Estabelecimentos Assistenciais de Saúde (EAS) precisam obedecer a regras


estabelecidas pela ANVISA (RDC Nº 50, de 21 de fevereiro 2002) no que diz respeito à
infraestrutura do EAS, para que possa ser garantida a segurança de todos que trabalham e
transitam nas dependências do estabelecimento. O documento traz uma regulamentação
técnica para planejamento, programação, elaboração e avaliação dos projetos físicos dos EAS,
e pode variar conforme atividades desenvolvidas por estes.

Antes de seguir as regras descritas nessa resolução para o projeto, deve-se listar as atividades
que serão desenvolvidas pelo EAS para que os ambientes necessários e obrigatórios para
realização de cada atividades sejam identificados e incluídos no projeto físico.
 Listar as atividades desenvolvidas antes de aplicar a RDC N° 50
Fonte: HappyTime19 / Shutterstock.com

 Ambiente de Laboratório.
Fonte: Timof / Shutterstock.com

Apesar das regras listadas pela RDC 50, não existem projetos físicos pré-definidos e, sim,
listagem de ambientes que deverão estar no planejamento do EAS para que possa ser
aprovado. Dentro dessa listagem, os laboratórios de análises clínicas estão classificados nas
atividades de número 4 e incluem, dentre outros, análises bioquímicas, imunológicas,
hematológicas, microbiológicas e parasitológicas, onde nas quais ocorrem análises de
substâncias e material biológico para fins de diagnóstico.

Cada um desses laboratórios precisará de áreas que possam garantir o funcionamento e o


desenvolvimento dos processos que neles ocorrem. No entanto, podemos listar uma estrutura
mínima necessária e obrigatória, como:

Recepção e sala de espera, onde há acolhimento e identificação dos pacientes.

Sanitários, tanto para pacientes quanto para funcionários; sala da administração.

Sala de coleta.
Sala de classificação e distribuição das amostras pelas diferentes áreas de análises.

Salas para preparo de reagentes e de soluções.

Sala de esterilização de materiais.


Sala para realização de processos biomoleculares, como amplificação de ácidos nucleicos.

Antecâmara de paramentação, onde o profissional coloca os EPIs necessários para as


atividades.

Além da necessidade de áreas específicas, o acabamento de todo o laboratório deve seguir


recomendações para que a limpeza seja realizada de forma mais segura e eficiente. Não é
permitido uso de forro inflamável e que possa permitir absorção de umidade; os pisos devem
ser colocados de forma a evitar que se formem obstáculos entre eles, precisam ser
antiderrapantes e resistentes a abrasão; paredes devem permitir lavagem; armários precisam
ser feitos de material que permita sua limpeza, além de irem até o teto; bancadas devem ser
feitas de material resistente a umidade e produtos químicos, e que possa ser facilmente limpo.
 Planta arquitetônica do Laboratório de Patologia Clínica.
Fonte: Ministério da a saúde, 2014.

FORMULÁRIOS E PROCEDIMENTO
OPERACIONAL PADRÃO (POP) ÚTEIS AS CIBIO
E CIPA
A) MODELOS DE FICHAS DE INSCRIÇÃO/DADOS DO TÉCNICO
Para regulamentação e estabelecimento das normas de segurança, o EAS deve possuir sua
comissão interna de prevenção de acidentes (CIPA), que irá atuará buscando a preservação da
saúde e a integridade física dos trabalhadores.

FORMAÇÃO DA CIPA
A CIPA deverá ser formada por representantes do empregador, selecionados por este, e de
empregados, que serão selecionados por processo eleitoral secreto.

ATRIBUIÇÕES DA CIPA
Regulamentada pela NR 5, publicada em 1978 e com a última atualização realizada em 2019,
possui algumas atribuições, são elas: identificar riscos do processo de trabalho e elaborar
mapas de riscos; elaborar plano de trabalho que possibilite ações preventivas; realizar
verificações nos ambientes de trabalho; divulgar informações relacionadas à segurança e
saúde do trabalho; dentre outras.

Inicialmente, a CIPA levanta informações necessárias sobre os funcionários para elaboração de


planos de ação e dados relacionados a possíveis eventos ocorridos ou ligados as atividades
desenvolvidas. Dentre os dados levantados, estão aqueles de âmbito pessoal, como filiação,
formação acadêmica, utilização de medicamentos e visitas ao médico. Além deste, o EAS
também elabora formulários que tem têm por finalidade registrar os acidentes ocorridos durante
o expediente. Ambos os formulários podem ser acrescidos de perguntas não contempladas nos
modelos, para que se ajustem às necessidades dos EAS.

 SAIBA MAIS

Em 1995, a partir da legislação Nº 8.974/95, tornou-se obrigatório para os EAS que trabalham
com organismos geneticamente modificados (OGM) a composição de uma comissão interna de
biossegurança (CIBio). A CIBio tem como atribuições: fazer o monitoramento e a vigilância dos
trabalhos de engenharia genética, manipulação, produção e transporte de OGM; informar
qualquer pessoa e coletividade sobre todas as questões relacionadas a saúde e segurança e
procedimentos em caso de acidentes; estabelecer programas preventivos e de inspeção às
instalações sob sua responsabilidade; manter registro do acompanhamento de atividades e
projetos que envolvam OMG; notificar às autoridades de saúde pública resultado de avaliações
de risco; investigar a ocorrência de acidentes e enfermidades possivelmente relacionadas a
OGM. Essa legislação foi revogada pela Lei Nº 11.105/2005. Ela, além da CIBio, cria o
Conselho Nacional de Biossegurança (CNBS), reestrutura a Comissão Técnica Nacional de
Biossegurança (CTNBio), dispõe sobre a Política Nacional de Biossegurança (PNB) e
estabelece normas de segurança para manipulação dos OGNS.

B) CONFECÇÃO DE MAPA DE RISCO

Na busca de condições seguras aos trabalhadores, cada CIPA deve estabelecer um programa
de prevenção de riscos ambientais (PPRA), no qual consta a elaboração e execução de mapa
de riscos como medida preventiva de acidentes. Esse documento aponta as ameaças
presentes em determinado ambiente, alertando os trabalhadores de sua presença e
intensidade. Os riscos devem ser simbolizados por círculos de três tamanhos diferentes,
conforme a sua gravidade, no qual tamanho do disco é diretamente proporcional ao grau de
risco. Veja a seguir as especificações de cada círculo:

CÍRCULO PEQUENO
Círculo com diâmetro de 2,5 cm.


CÍRCULO MÉDIO
Círculo com diâmetro de 5 cm.


CÍRCULO GRANDE
Círculo com diâmetro de 5 cm.

Além disso, os riscos devem ser indicados em cores, conforme o tipo, de acordo com a planta
de cada ambiente analisado de maneira individual, como mostra a figura abaixo:
 Mapa de risco ocupacional setorial.
Fonte: Evelynferreira / Wikimedia commons / licença (CC BY-SA 4.0)

O gráfico gerado após as análises deve ser afixado, em cada ambiente analisado, em um local
visível e de fácil acesso aos trabalhadores daquele setor. Isso serve para evitar acidentes por
meio da informação e conscientização da equipe de trabalho quanto a necessidade da
utilização de equipamentos de proteção individual (EPI) e equipamentos de proteção coletiva
(EPC).

QUAIS OS DADOS NECESSÁRIOS PARA


ELABORAR UM MAPA DE RISCO?

Um profissional técnico responsável pelo setor documenta as informações e elabora o mapa de


risco ocupacional setorial. As atividades dos diferentes setores são levantadas e identificadas
na planta baixa da instituição. Cabe dizer que setores como secretaria e recepção também
estão incluídos. Informações dos trabalhadores, já discutidas anteriormente, assim como
instrumentos, equipamentos e materiais utilizados no desenvolvimento das atividades e
informações sobre o ambiente são cruciais para a elaboração do mapa de risco.
Após análise dessas informações, os riscos são identificados e graficamente apontados na
planta de cada setor, variando conforme sua classificação nos grupo de risco ocupacional, que
varia de 1 a 5.

CLASSIFICAÇÃO DO GRUPO DE RISCO


OCUPACIONAL

O grupo de risco ocupacional 1 inclui agentes físicos que podem causar irritação, dores de
cabeça, fadiga, queimaduras e alterações de pressão arterial. Agentes: ruídos, vibrações, calor
ou frio extremos, radiações, pressões e umidade.

O grupo de risco ocupacional 2 inclui agentes químicos que podem causar doenças do
sistema respiratório, como doenças pulmonares obstrutivas crônicas e enfisema pulmonar.
Agentes: gases, vapores e névoas, poeiras e fumos.
O grupo de risco ocupacional 3 inclui agentes biológicos como bactérias, fungos,
protozoários, parasitas e vírus que podem causar doenças infecciosas, além de animais
peçonhentos como cobras.

O grupo de risco ocupacional 4 inclui agentes ergonômicos que podem causar dores
musculares, fraqueza, cansaço, alterações no aparelho digestivo, desconforto. Agentes:
repetitividade, ritmo excessivo, levantamento de peso, trabalho físico excessivo.
O grupo de risco ocupacional 5 inclui a inadequação física (arranjo físico, instalações
elétricas e edificações) e de equipamentos (maquinário e ferramentas defeituosas) nos
ambientes de trabalho, que causam acidentes graves, como choque elétrico, queimaduras,
incêndios, podendo resultar até mesmo na morte de funcionários.

C) PROCEDIMENTO OPERACIONAL PADRÃO


(POP)

VOCÊ CERTAMENTE JÁ OUVIU FALAR EM POP,


MAS SABE O QUE ISSO SIGNIFICA E PORQUE
ELE É ESSENCIAL NA ROTINA DE UM
LABORATÓRIO?

POP significa procedimento operacional padrão e é um documento que tem por finalidade
orientar os trabalhadores do EAS sobre a utilização de equipamentos e operacionalização de
sistemas. Ele é composto de informações detalhadas sobre determinado processo: desde o
nome dele, local de aplicação e responsáveis pelo equipamento até informações sobre como
manuseá-lo, materiais utilizados e descrição detalhada de todas as etapas do processo. Toda
essa elaboração tem o objetivo principal de minimizar erros nos processos, garantindo os
padrões de qualidade daqueles resultados gerados, assegurando uma padronização e menor
variabilidade possível das atividades, além de poder atuar nas questões de preservação física
dos equipamentos, reagentes e materiais de uso laboratorial.

Quando elaboramos um POP, precisamos conhecer seus objetivos principais, assim como os
processos que nele serão descritos. Os manuais que acompanham os equipamentos são uma
boa fonte de informação para a elaboração do POP. Neles estão contidas as formas de
manipulação dos mesmos, possibilitando ainda que as recomendações do fabricante sejam
seguidas, o que pode garantir uma maior eficiência e durabilidade.
 ATENÇÃO

É importante enfatizar que nenhum processo é óbvio e deve ser considerado como intuitivo ao
elaborarmos um POP. Não podemos esquecer que o POP deve ser de fácil entendimento,
levando informações compreensíveis até mesmo para funcionários novos e com pouca
experiência. Por isso, o uso de palavras difíceis deve ser evitado e siglas devem ter seu
significado detalhado.

RESÍDUOS DE SAÚDE: GERENCIAMENTO,


COLETA, ARMAZENAMENTO E DESTINAÇÃO
FINAL

Sabemos que a humanidade gera uma quantidade exorbitante de resíduos, o que ocasiona
problemas de contaminação de pessoas e do meio ambiente. Dentre os resíduos gerados,
aqueles provenientes de atividades de atenção à saúde são os de maior preocupação. Assim,
a partir dos anos 1990, órgãos como CONAMA e ANVISA assumiram o papel de orientar e
regular a geração e manejo dos descartes, para evitar os efeitos negativos sobre o meio
ambiente e a saúde pública.

Desde 2004, por meio da RDC 306/2004, a ANVISA orienta o gerenciamento dos resíduos.
Atualmente, a lei em vigor é a RDC 222/2018, que classifica os resíduos de saúde em cinco
grupos: A, B, C, D e E.

 Da esquerda para direita: Resíduo radioativo (Grupo C), Resíduo infectante (Grupo A),
Resíduo químico (Grupo B).
Fonte: valterZ/ Shutterstock.com
Conheça a classificação dos resíduos pela RDC 222/2018:

GRUPO A

Inclui os resíduos com possíveis riscos biológicos, geralmente resultantes das práticas clínicas
e de pesquisa. Exemplos: sangue, fluidos corporais, secreções, soluções e itens contendo
microrganismos, capazes ou não de originarem algum tipo de dano ou reação fisiológica. Além
disso, pode-se incluir nesse grupo peças anatômicas e resíduos provenientes de manipulação
genética.

GRUPO B
Estão incluídos os resíduos químicos, que apresentam riscos ao meio ambiente e à saúde
pública. De maneira geral, tais resíduos possuem características como inflamabilidade, poder
de corrosão e toxicidade. Exemplos: fármacos, reagentes utilizados em laboratórios e resíduos
que contenham metais pesados.

GRUPO C

Estão incluídos os resíduos radioativos, compostos por material contendo radionuclídeo em


quantidade superior aos limites de isenção especificados nas normas da Comissão Nacional de
Energia Nuclear (CNEN). Exemplos: rejeitos de procedimentos de medicina nuclear e
radioterapia.

GRUPO D
Inclui os resíduos comuns, que não apresentam riscos, podendo ser equivalentes a resíduos
domésticos. Exemplos: restos de comida, papel, materiais de áreas administrativas.

GRUPO E

Inclui os resíduos perfurocortantes, podendo ou não estar contaminados por agentes biológicos
ou químicos. Exemplos: lâminas, agulhas, ampolas, escalpes, tubos capilares, micropipetas,
dentre outros.

GESTÃO DOS RESÍDUOS DE SAÚDE


Para gerir de forma correta os resíduos do serviço de saúde, é necessário implementar um
conjunto de procedimentos que devem ser monitorados em todas as suas fases, sendo elas:
sua segregação, acondicionamento, armazenamento, coleta, transporte, tratamento e
disposição final, possibilitando uma diminuição na geração de resíduos e seus riscos.

SEGREGAÇÃO
A etapa de segregação ocorre no momento e local nos quais esses resíduos são gerados e é
feita conforme a classificação em grupos mostrada anteriormente.

ACONDICIONAMENTO
Todo o resíduo gerado deve ser acondicionado segundo recomendações propostas para cada
tipo de rejeito, para que vazamentos possam ser evitados. Rejeitos sólidos podem ser
acondicionados em sacos resistentes e impermeáveis, respeitando seus limites de peso. Os
sacos devem ser mantidos em recipientes laváveis, de material resistente, com tampa
possuindo sistema de abertura sem contato manual e com cantos arredondados. Uma vez
utilizados, esses sacos não podem ser esvaziados e reaproveitados.

Para resíduos do grupo A, que não precisam de tratamento antes do descarte, são utilizados
sacos brancos leitosos, que devem ser encaminhados para disposição final adequada. Para
aqueles que são necessários tratamentos antes do descarte, utiliza-se sacos da cor
vermelha. Para resíduos líquidos, deve-se utilizar recipientes que não sofram reações com os
resíduos armazenados, com tampa e identificação do material.

No caso de rejeitos radioativos, os procedimentos de acondicionamento devem ser feitos pelo


supervisor de proteção radiológica, seguindo normas da CNEN. Já para perfurocortantes,
deve ser utilizado recipiente rígido, possuindo tampa, impermeável e resistente à ruptura. Tais
recipientes não devem ser preenchidos em sua totalidade, mas sim em apenas 2/3 da
capacidade.

CNEN

Comissão Nacional de Energia Nuclear

ARMAZENAMENTO
O armazenamento pode ser necessário quando a coleta não é realizada no momento da
geração do resíduo e para facilitar a coleta dentro do estabelecimento. Esse armazenamento é
temporário, realizado em área permitida, onde permanece à espera da disposição final
adequada. Os sacos contendo os resíduos não podem ser colocados diretamente sobre o piso,
sendo obrigatório o armazenamento em recipientes. O armazenamento pode ser interno e
externo. Podemos dividir o armazenamento em dois: Armazenamento interno e
armazenamento externo.

COLETA
A coleta é a remoção dos resíduos do seu local de armazenamento até o local de tratamento
ou disposição final. Ela deve ser realizada de maneira que preserve o acondicionamento dos
resíduos e a saúde dos trabalhadores envolvidos e do meio ambiente. Para isso, o pessoal que
realiza a coleta deve estar paramentado, utilizando EPIs e EPCs e treinamento regulares.
TRANSPORTE
A etapa de transporte também pode ser dividida em interna e externa, sendo a primeira
caracterizada pelo deslocamento do resíduo do seu ponto de geração até o local de
armazenamento. O transporte externo funciona em conjunto com a coleta, encaminhando os
resíduos para sua destinação, seguindo as recomendações dos órgãos de limpeza urbana.

É importante saber que veículos responsáveis por transporte de resíduos dos grupos A, B, C e
E não podem possuir sistema de compactação que danifique os sacos contendo os resíduos.
Resíduos radioativos devem ser transportados seguindo normas do CNEN.

 Fonte: Tong_stocker / Shutterstock.com

TRATAMENTO
Na RDC 222/2018, a ANVISA orienta quanto aos resíduos de saúde que devem ser tratados
antes da disposição final. A Anvisa define tratamento como “aplicação de método, técnica ou
processo que modifique as características dos riscos inerentes aos resíduos, reduzindo ou
eliminando o risco de contaminação, de acidentes ocupacionais ou de danos ao meio
ambiente" (ANVISA, 2018). O tratamento de resíduos pode dar-se no local da geração destes
ou ainda nos locais de disposição final e sofrem fiscalização por parte dos órgãos ambientais e
de vigilância sanitária.

Muitos são os processos que podem ser utilizados para tratamento de resíduos. De maneira
geral, eles passam por descontaminação química ou térmica, que reduzem ou eliminam seus
riscos. Incineração, autoclavagem, utilização de micro-ondas e hipoclorito de sódio são
exemplos de agentes utilizados no tratamento de resíduos do grupo A. Os do grupo B devem
ser tratados observando sua periculosidade antes de sua disposição final. Ainda há resíduos
desse grupo que podem ser dispostos em aterros específicos para resíduos tóxicos.

DISPOSIÇÃO FINAL
A disposição final é realizada com a deposição dos resíduos em solo, que passou por
processos para que pudesse recebê-los sem causar danos ao meio ambiente ou a
comunidade. Para isso, é necessário ter licença ambiental de acordo com a resolução
CONAMA nº 237/97. A etapa de disposição pode acontecer em aterros sanitários, aterros de
resíduos perigosos, lixão ou vazadouros e valas.

SACOS DA COR VERMELHA

Imagem ilustrativa do descarte de resíduos do Grupo A que precisam passar por tratamento
antes do descarte.

 Fonte: Watchara Chuenchomnoi / Shutterstock.com

PERFUROCORTANTES
Imagem ilustrativa do descarte de material perfurocortante.

 Fonte: Mehmet Cetin / Shutterstock.com

ARMAZENAMENTO

Imagem ilustrativa do armazenamento.

 Fonte: NottyJPhoto / Shutterstock.com


ARMAZENAMENTO INTERNO

Caso ele ocorra em uma sala, esta deve obedecer a alguns requisitos, como: ser exclusiva,
para evitar contaminação de materiais limpos; ter piso e paredes lisos e laváveis; deve possuir
boa iluminação.

ARMAZENAMENTO EXTERNO

Este funciona com intuito de abrigar os resíduos até que a etapa de coleta externa se realize.
Esse abrigo deve permitir acesso a transportes e veículos de coleta, além de possuir condições
físicas para abrigar os resíduos de condições climáticas, como exposição ao sol ou a chuva.
Por fim, deve-se projetar um local para higienização dos recipientes e escoamento dos
efluentes de lavagem.

Saiba mais sobre as etapas que compreendem o Gerenciamento dos resíduos de saúde
assistindo o vídeo a seguir.
PRODUÇÃO E COMERCIALIZAÇÃO DE
ORGANISMO GENETICAMENTE
MODIFICADO (OGM)
Há duas décadas, o desenvolvimento de OGM por técnicas de biotecnologia e engenharia
genética tem ganhado destaque, principalmente com produção e venda de sementes com
características desejáveis e produtos utilizados na saúde. Todo OGM tem seu material genético
manipulado e modificado, por meio de técnicas que provocam mutações ou inserções de genes
no seu genoma. Tais modificações são feitas com o intuito de fazer com que o organismo
apresente características vantajosas, como sementes de soja com resistência a pragas
agrícolas, ou até mesmo produzir substâncias como a insulina, para tratamento de diabetes
humana.

 COMENTÁRIO

Apesar do amplo uso de OGM, ainda não se tem pleno conhecimento dos seus efeitos nos
campos de aplicação, por isso se faz necessário o controle rigoroso para produção e
comercialização deles.

No Brasil, a Lei N° 11.105, de 24 de março de 2005, regulamenta todos os processos, desde a


produção até o descarte, tanto em atividades de pesquisa quanto atividades comerciais. Como
falamos anteriormente, a CIBio das instituições é responsável por monitorar as atividades
desenvolvidas com OGM. Porém, quando se trata da regulamentação de compra e venda de
OGM o órgão responsável é a comissão técnica nacional de biossegurança (CTNBio), que
impõe regras rigorosas. A composição da CTNBio é multidisciplinar, formada por brasileiros
com competência técnica, atuação e conhecimento científico inquestionáveis, grau de doutor e
atividades nas áreas de biotecnologia, biossegurança, bioética e afins.

Para ser comercializado no Brasil, um produto que contenha OGM precisa passar por cinco
fases:

Aprovação do projeto.

Fase de desenvolvimento.

Fase de testes.

Análise dos resultados, pela CTNBio.

Avaliação política.

AVALIAÇÃO POLÍTICA
Nessa fase é formado um conselho composto por 11 ministros, que tomam a decisão final a
respeito da liberação.

Por fim, os órgãos reguladores classificam os OGMs quanto ao grupo de risco, tanto para
saúde humana quanto para o meio ambiente. Alguns dos potenciais riscos ambientais
levantados dizem respeito a possível contaminação de lavouras, redução e perda de
biodiversidade.

A Lei N° 11.105 ainda discorre sobre a utilização de células tronco-embrionárias, obtidas de


embriões humanos, que não foram usadas para fertilização, aquelas que estão inviáveis ou
que estão congeladas, há mais de três anos, em pesquisas e terapias. Em todos os casos, a
utilização só é permitida após o consentimento dos genitores. Para que possam usar essas
células em experimentos, as instituições de pesquisa precisam da aprovação do projeto pelos
comitês de ética, sendo a comercialização destas proibida.

VERIFICANDO O APRENDIZADO

MÓDULO 2

 Identificar os requisitos fundamentais para gestão de qualidade em laboratórios


REQUISITOS DE COMPETÊNCIA E
QUALIDADE PARA LABORATÓRIOS
CLÍNICOS
Sabemos que os laboratórios clínicos são de extrema importância no processo de assistência à
saúde, fornecendo apoio aos profissionais de saúde que atuam na linha de frente, para que o
tratamento seja o mais correto possível para cada paciente. Desta forma, os resultados dos
testes realizados nos laboratórios têm que ser representativos da situação do paciente e não
de alguma interferência externa. Para que isso ocorra, todas as fases do processo, desde a
coleta, passando pelo processamento dos espécimes clínicos, até a liberação dos resultados
devem ser controlados, no que chamamos de garantia da qualidade.

Por definição, qualidade é a correta aplicação do conhecimento disponível e da tecnologia, na


assistência à saúde, sendo eficaz e eficiente. No entanto, a construção desse conceito pode
envolver variáveis diversas, dependendo do contexto de trabalho e da valorização destas.

 EXEMPLO

Para algumas instituições, qualidade está voltada para o desenvolvimento do potencial


humano. Para outras, a produtividade e equilíbrio da instituição. Em ambos os casos, são
adotadas atividades planejadas e sistematizadas, que se destinam a monitorização dos
processos e eliminação de erros, garantindo o atendimento dos requisitos para qualidade.

Para atingirem qualidade e competência, os laboratórios clínicos devem seguir a norma ISO
NM 15189, que define os requisitos necessários para tal. A norma pode ser também utilizada
para reconhecimento de competência por seus próprios clientes, organismos de acreditação e
agências reguladoras. Os requisitos de competência e qualidade para laboratórios clínicos
incluem três principais vertentes, que estão disponibilizadas a seguir.

REQUISITOS DE GESTÃO
Indicação dos responsáveis por setores, postos de trabalho e relação hierárquica;
Conduta ética na responsabilidade da gestão, mostrando a adoção dos requisitos legais
para exercício da atividade, política da qualidade, autoridades e inter-relações;

Sistema de gestão da qualidade, com documentação de políticas e metodologias


aplicadas;

Controle de documentos, que devem estar disponíveis e acessíveis; contratos de


prestações de serviços;

Lista de serviços e exames laboratoriais referenciados a que o laboratório recorreu no


último ano;

Lista de aquisição de produtos e serviços externos, como consumíveis, reagentes e


equipamentos;

Emissão de resultados de exames;

Resolução de reclamações;

Identificação e controle de não conformidades, que devem ser registradas;

Registro de ações corretivas, preventivas e de melhoria contínua;

Avaliação e auditorias;

Gestão do risco;

Revisões por organizações externas e pela própria gestão.

REQUISITOS TÉCNICOS
Registro da qualificação do pessoal envolvido nas atividades acreditadas, que devem ter
formação nas áreas;

Descrição das funções; avaliação das competências dos técnicos; revisão de


desempenho dos trabalhadores;
Incentivo à formação contínua e ao desenvolvimento profissional;

Instalações e condições ambientais, além da permissão de acesso as áreas devem estar


sinalizadas e devem ser divulgadas por meio de comunicação interna;

Instalações de pessoal e de coleta de amostras precisam ser mantidas limpas;

Equipamentos utilizados devem ter sua metodologia definida, com instruções para sua
manipulação e programas de manutenção e reparo implementados;

Incidentes com equipamentos precisam ser notificados;

Garantia da conformidade no registro de pacientes, na coleta, transporte e manuseio das


amostras;

O laboratório deve garantir a qualidade e a confiabilidade dos resultados, além de


comunicar de maneira eficaz o utilizador do serviço; entre outras.

RECOMENDAÇÕES DE SEGURANÇA
Essas recomendações devem ser compatíveis com os níveis de periculosidade das atividades
desenvolvidas pelo laboratório.
Vamos agora, conhecer mais um pouco sobre as três vertentes dos requisitos de competência
e qualidade dos laboratórios clínicos. Basta apertar o play e ficar por dentro do assunto, Vamos
lá!

ACREDITAÇÃO HOSPITALAR
A acreditação é uma espécie de avaliação e certificação de qualidade desses serviços, na qual
as instituições seguem padrões e requisitos definidos pelo Ministério da Saúde (MS). Desta
forma, busca melhoria contínua e sustentada das atividades desenvolvidas na instituição,
independentemente de seu porte, complexidade e vinculação. Acreditação é um processo
voluntário, periódico e reservado, que funciona como um diferencial de mercado, prova de
qualidade e comprometimento da gestão.

É importante salientar que esse processo não é simples, exige planejamento e empenho,
principalmente, dos gestores da instituição, para implantação do sistema de gestão da
qualidade. Essa implantação significa melhorias que envolvem mudanças tecnológicas,
administrativa, econômica, assistencial, incluindo até mesmo docência e pesquisa. Há três
níveis de acreditação possíveis:
NÍVEL 1

Hospitais que possuem o nível básico de qualidade na prestação de serviço e de segurança do


paciente.
NÍVEL 2

Hospitais que, além do nível básico de qualidade e segurança, apresentam eficiência de


gestão, com planejamento na organização assistencial.

NÍVEL 3

Hospitais que aplicam as exigências para níveis 1 e 2 e ainda possuem políticas institucionais
de melhoria contínua, com boas estruturas, novas tecnologias, atualização técnico-profissional,
ações assistenciais e procedimentos médicos-sanitários.

Para que o processo de acreditação aconteça é necessário seguir alguns passos, confira a
seguir quais são eles:
A instituição deve se inscrever e contratar uma organização acreditadora.

Em seguida é realizada uma visita ao estabelecimento de saúde, por avaliadores da


organização acreditadora a fim de avaliar a instituição.

Os avaliadores coletam evidências por meio de entrevistas, análise de documentos e


observação das áreas de interesse e atividades desenvolvidas.
Por fim, o processo termina após a aprovação do relatório, elaborado pelos avaliadores, pela
organização acreditadora.

REQUISITOS DE COMPETÊNCIA TÉCNICA


DE LABORATÓRIOS DE ENSAIOS E DE
CALIBRAÇÃO
Para começarmos a conversar sobre este assunto, é importante esclarecer o que são e para
que servem os laboratórios de ensaio e de calibração, para isso, veja o comparativo abaixo.

LABORATÓRIO DE ENSAIO
Tem objetivo de garantir a adequação às normas exigidas para determinado produto, por um
processo analítico laboratorial.

LABORATÓRIO DE CALIBRAÇÃO

Realiza uma espécie de comparação da amostra em teste com um padrão de referência


preestabelecido, com objetivo de ter um resultado de medição da amostra naquele exato
momento do teste.

As análises realizadas nos laboratórios de ensaio e de calibração visam a qualidade dos


serviços e produtos, o que inclui a qualidade dos equipamentos e dos processos realizados,
assim como a conformidade com as normas. Para isso, tais laboratórios devem seguir os
requisitos de competência técnica exigidos na norma NBR ISSO/IEC 17025, que estão
divididos basicamente em requisitos de gestão e técnicos. Dentre eles destacam-se os
seguintes requisitos:
GERAIS
Engloba requisitos de imparcialidade, nos quais o próprio laboratório analisa suas atividades e
organização; confidencialidade, que aborda proteção das informações geradas nas atividades
laboratoriais, sendo do cliente a propriedade.

DE ESTRUTURA
Aqui se exige que o laboratório identifique seu responsável geral; inclui estabelecimento,
documentação, implementação e manutenção do sistema de gestão; definição e
documentação das atividades laboratoriais; requisitos do cliente, que aponta a
responsabilidade do laboratório no atendimento ao cliente e nas instalações deste.

DE RECURSOS
Incluem generalidades como necessidade de pessoal; instalações e condições ambientais;
equipamentos, principalmente aqueles necessários para as atividades laboratoriais e que
possam influenciar o resultado; serviços de rastreabilidade da medição documentados; registro
do processo de contratação de produtos e serviços providos externamente.

DE PROCESSOS
Tem uma abordagem de análise crítica de pedidos, propostas e contratos; seleção, verificação
e validação de métodos; registro de dados da amostragem, como data e hora, identificação e
condições de transporte; requisitos de manuseio de itens de ensaio e calibração, indicando
resultados que podem ter sido afetados por algum desvio; requisitos técnicos, no qual o
laboratório precisa ter os registros técnicos legíveis mostrando conformidade com a norma;
garantia da validade dos resultados; registros de relatórios de ensaio; relatos de declarações
de não conformidade, opiniões e interpretações; respostas a reclamações de serviços pelos
clientes; controle de dados e gestão da informação.

DE SISTEMA DE GESTÃO
Abordam generalidades, no qual o laboratório mostra a opção de sistema de gestão escolhido;
documentação do sistema de gestão, como processos, sistemas e registros; controle de
documentos de gestão; controle de registros, no qual se enfatiza o resultado; ações para
abordar risco e oportunidades; melhoria contínua, ações corretivas; ainda auditorias internas e
análises críticas pela gerência.

O Inmetro é o órgão responsável pela avaliação da competência desses laboratórios, num


processo de auditoria que culmina, caso estes estejam em conformidade com a norma, em sua
acreditação, tendo reconhecimento internacional.
MANEJO DE EQUIPAMENTOS
Grande parte das atividades desenvolvidas em laboratórios clínicos ocorrem a partir do uso de
equipamentos, selecionados com base nos produtos e requisitos que deseja atender. O uso de
equipamentos agiliza processos, uma vez que estes apresentam maior rendimento, podendo
liberar resultados de várias amostras ao mesmo tempo, num período mais curto que os
processos realizados de forma manual. Porém, para que isso seja verdade os equipamentos
precisam funcionar adequadamente, o que é obtido por um constante monitoramento dos
mesmos.

Os processos de validação, qualificação, calibração e manutenção de equipamentos devem


estar contidos no sistema de gestão da qualidade. A correta utilização de um equipamento em
seu ciclo de vida, até que esteja fora de operação, deve conter os registros de serviços e
ocorrências e pode garantir um ótimo funcionamento do mesmo, além de possibilidade de lucro
e redução de custos. Vejamos a seguir cada um desses processos.

VALIDAÇÃO
Validar um equipamento significa atestar de forma documentada que este está funcionando
com precisão e que atende às especificações operacionais predefinidas, de maneira segura.
Nesse processo, todos os elementos que compõem o equipamento e que estão envolvidos
diretamente nos resultados são identificados e analisados. A validação é guiada por um
protocolo que pode ser diferente para cada tipo de equipamento. Entretanto, a validação inicial
deve incluir estudos de desempenho, configurações de carga utilizadas, além de ser
necessária uma revalidação sempre que o equipamento sofrer reparo ou alguma modificação.

QUALIFICAÇÃO
O processo de qualificação visa estabelecer evidências de que os resultados dos testes de
algum equipamento demonstram que ele apresenta o desempenho previsto. Esse processo é
realizado em três fases: qualidade de instalação, na qual o fabricante documenta a entrega e a
instalação correta do equipamento, no local definitivo de utilização; qualidade de operação, na
qual são constatadas as corretas condições de operação do aparelho, dentro dos parâmetros
de fabricação; e qualidade de performance, que aprova que o equipamento atende
perfeitamente ao uso pretendido, de maneira consistente. Ao final da análise, um relatório é
emitido com os resultados obtidos pelo equipamento analisado.

CALIBRAÇÃO
A calibração de equipamentos laboratoriais deve ser realizada de maneira sistemática e
periódica para garantir a qualidade dos resultados obtidos. Calibrar um equipamento significa
que este será analisado, comparando-se os valores ou resultados emitidos com dados padrão
preestabelecidos. Com o processo de calibração podemos ter maior tranquilidade na operação
do equipamento e garantir que um resultado é confiável, uma vez que um laboratório clínico
libera resultados que podem influenciar diretamente o bem estar dos clientes. É comum na
rotina laboratorial uma quantidade considerável de amostras a serem analisadas, exigindo o
uso prolongado e excessivo dos equipamentos, que sofrem desgastes, alterações de
parâmetros e configurações. Sendo assim, a calibração deve ser realizada em intervalos
regulares, com bases em referências técnicas, documentos de orientação e recomendações
dos fabricantes.

MANUTENÇÃO
Conforme dito anteriormente, os equipamentos dos laboratórios são utilizados de maneira
intensa, sofrendo desgastes com o tempo. A partir da manutenção dos equipamentos críticos,
esse desgaste pode ser atenuado, permitindo uma vida útil mais longa a eles e resultados mais
seguros. Assim, a manutenção também deverá ser feita em intervalos regulares, que variam
conforme uso. De forma geral, a manutenção deve ser feita tanto em equipamentos mais
robustos como em itens de serviços gerais, como: aparelhos de filtração, banhos-maria,
pipetas e dispensadores automáticos e, ainda, instrumentos de medição. A manutenção dos
equipamentos inclui desde a elaboração de POP e treinamento dos funcionários para
manipulação correta até utilização de filtros de linha para evitar sobrecarga de energia elétrica
e acondicionamento adequado para que não haja quebras ou perdas de componentes. Fazer a
manutenção preventiva pode auxiliar no aumento da durabilidade dos equipamentos.

MATERIAIS
Os materiais utilizados nos laboratórios de análises clínicas estão diretamente ligados aos
processos que ocorrem na rotina laboratorial. Assim, os materiais podem ser aqueles utilizados
como matéria-prima, na confecção de meios de cultura e soluções, por exemplo; aqueles
empregados na mão de obra, como vidrarias, termômetros, ponteiras e placas de Petri;
aqueles destinados à limpeza do laboratório; para conservação e reparos de equipamentos;
reagentes químicos, utilizados para os mais diversos fins; além de kits e testes rápidos
utilizados para diagnóstico.

Quando se fala em gestão de qualidade de um laboratório, a aquisição e a organização de


materiais estão incluídas e diretamente relacionadas à gestão de compras. Gerenciar tais
compras de maneira correta ajuda na garantia da conformidade dos processos e na prestação
de serviços de maneira satisfatória para os clientes.

ORIGEM E QUALIDADE

Ao realizar a gestão dos materiais, deve-se começar organizando o estoque destes para que o
laboratório tenha controle sobre sua compra, podendo estudar de maneira eficiente a relação
custo-benefício dos produtos.

Todo produto adquirido para as atividades laboratoriais deve ser bem analisado quanto sua
origem e qualidade, quesitos que podem ser complementares em muitos casos.

Ao iniciar a busca por materiais, os fornecedores devem passar por critérios rigorosos, para
garantir que a origem é confiável. Todo fornecedor deve ser verificado com relação a sua
reputação no mercado, principalmente verificando negócios realizados com outros clientes.
Além de checar a origem do material, devemos verificar sua qualidade, a partir dos certificados
de boas práticas de fabricação emitidos pelos órgãos sanitários. Em determinadas ocasiões,
pode-se realizar visita nos estabelecimentos que produzem tais insumos.

 ATENÇÃO

A qualidade do material utilizado nos laboratórios pode ser um ponto crítico nas atividades
realizadas, pois a baixa qualidade influencia negativamente em todo processo, podendo afetar
diretamente o resultado.

ROTULAÇÃO E ARMAZENAMENTO
Como falamos no item anterior, o controle do estoque é importante no processo de rotina
laboratorial. Por isso, todo o estoque deve ser muito bem gerido para que faltas e excessos
sejam evitados, pois os itens de maior e menor rotatividade serão identificados.

 COMENTÁRIO

É importante ressaltar que quando se faz estoque de materiais devemos armazená-los de


forma eficiente, levando em consideração suas características específicas, que devem estar
visíveis no rótulo ou embalagem em que se encontram.

Para cada tipo de material é indicado, pelo fabricante ou por normas, uma forma de estocá-lo.
Produtos químicos são os itens mais críticos para armazenamento pois, se forem organizados
de forma incorreta, podem reagir e causar algum tipo de acidente. Eles devem ser separados
por compatibilidade química, em grupos de produtos compatíveis, e armazenados utilizando
barreiras físicas entre eles. Por último, mas não menos importante, precisa-se levar em
consideração os locais de armazenamento, o sistema de ventilação, se existe espaço
suficiente e devem ser distantes da área administrativa.

Para que todo esse processo de armazenamento aconteça de maneira correta e eficiente, todo
o material estocado deve conter rotulação com a devida sinalização de risco que apresenta,
além da sua identificação.
USO DE CORES PARA PREVENÇÃO DE
ACIDENTES
Sinalização de segurança é uma medida obrigatória, independentemente do tipo de empresa e
quantidade de funcionários, que deve ser adotada pelas instituições a fim de evitar acidentes
ou minimizar riscos nos locais de trabalho. A NR26 normatiza essa sinalização pela adoção de
cores indicadoras com o objetivo de comunicação com os trabalhadores para prevenção de
acidentes, delimitação de áreas, identificação de equipamentos de segurança e de tubulações
e identificação de riscos.

As diferentes cores auxiliam a compreensão e a leitura, mas essa sinalização não dispensa a
utilização de outras formas de prevenção, e é preciso utilizá-las de maneira que não cause
distração. Vamos conhecê-las?
VERDE

Caracteriza segurança. Deve ser utilizada para indicar chuveiros de segurança e lava-olhos,
equipamentos de primeiros socorros, tubulações de água, mangueiras de oxigênio, além de
entradas de salas de emergência, dentre outros.

VERMELHO
É utilizado para indicar equipamentos de proteção e combate a incêndios, como caixas de
alarme e sirenes, hidrantes e ainda cobertores para abafar chamas. A cor vermelha também
pode indicar proibição e não deve ser utilizada em indústrias por ser de pouca visibilidade.

AMARELO

Utilizado para indicação de cuidado para situações de risco ou que necessitem de maior
atenção. Exemplo: indicação de corrimões, parapeitos, pisos com obstáculos, escorregadios ou
molhados, para-choques de veículos de transportes pesados, dentre outros. Na tubulação,
indica gás liquefeito.
BRANCO

Indica passarelas de circulação, direção e localização. Geralmente são utilizadas faixas com
texto indicativo ou para delimitação de bebedouros, coleta de resíduos, áreas de
armazenamento e zonas de segurança. Na tubulação, indica vapor.

AZUL

Utilizado para indicação de cuidado e proibição na movimentação e uso de equipamentos. Na


tubulação, indica ar comprimido.
LARANJA

Utilizada na indicação de partes móveis de equipamentos, parte interna de caixas protetoras de


dispositivos elétricos e dispositivos de corte e prensa. Nas tubulações, indica ácido.

PRETO
Utilizado para indicar combustível de alta viscosidade, como piche e óleos lubrificantes. Seu
emprego nas tubulações indica inflamáveis.

CINZA

Utilizado para tubulações de eletrodutos e canalizações em vácuo.

VERIFICANDO O APRENDIZADO

MÓDULO 3

 Identificar variáveis causadoras de erros nos processos de coleta de amostra


biológica

COLETA DE MATERIAIS BIOLÓGICOS


Os exames clínicos laboratoriais iniciam com a coleta do material biológico. Para que todo o
restante do processo ocorra de maneira satisfatória é necessário que a coleta seja realizada de
forma correta e que a amostra chegue viável até os laboratórios, atendendo a determinados
padrões específicos. Estão incluídas nesse processo de coleta ações que influenciam
diretamente no resultado dos exames, como: higienização de mãos e materiais, antissepsia da
região, descarte correto de materiais perfurocortantes, preenchimento correto da solicitação,
identificação da amostra e seu armazenamento temporário.

Ainda no contexto da coleta, é de extrema importância que o paciente esteja informado e tenha
compreendido as recomendações para a aquisição da amostra biológica, quando a coleta
depender dele. Algumas informações passadas pelos pacientes influenciam de forma
significativa todo o processo, como uso de determinados medicamentos, hábitos e atividades
físicas antes da coleta.

Durante o exame existe a possibilidade de interferência de algumas variáveis. É o que veremos


a seguir, mas antes conheceremos no esquema abaixo as fases que compreendem esse
processo, mais na frente conheceremos detalhadamente cada fase.

Coleta ou fase pré-analítica.


2

Análise propriamente dita das amostras ou fase analítica.

Entrega dos resultados ou fase pós analítica.

VARIÁVEIS INTERFERENTES DOS


PROCESSOS DE ANÁLISES CLÍNICAS

VARIÁVEIS PRÉ-ANALÍTICAS

A fase pré-analítica é constituída da etapa de solicitação do exame pelo médico, coleta de


dados do paciente, procedimentos de coleta da amostra biológica, armazenamento e
transporte desta, até o momento de realização da análise.
Essa é a fase com maior número de erros em todo processo, podendo chegar até 80% de
todos os erros em um laboratório clínico, pois contém muitas variáveis que interferem
diretamente no resultado, sendo a falta de orientação ao paciente uma das principais causas
de alterações.

O conhecimento dessas variáveis pode ser essencial na interpretação dos resultados obtidos.
As variáveis pré-analíticas mais comuns e que mais interferem nos processos laboratoriais são:

Variação cronobiológica, que corresponde a alteração corpórea de algumas substâncias a


serem analisadas, em função do horário da coleta.

Jejum, obrigatório para determinados exames, torna-se um problema quando não é respeitado
o número de horas requerido.
Dieta, já que a ingestão de certos alimentos nas horas anteriores ao exame pode interferir na
concentração de algumas substâncias e moléculas.

Idade, que pode não parecer tão importante para a análise, porém o padrão de alguns analitos
é alterado conforme a faixa etária.

Sexo biológico, visto que diferenças hormonais e alguns outros analitos apresentam
divergências importantes entre homens e mulheres.

Atividade física, principalmente de grande intensidade, alteram a concentração sérica de


enzimas.
Uso de drogas e fármacos, que interferem diretamente no resultado pelo efeito fisiológico.

Posição, mudança brusca causa variação na concentração sérica de analitos.

Para saber mais sobre as variáveis que interferem no processo analítico confira o vídeo a
seguir.
VARIÁVEIS ANALÍTICAS

Já sabemos que os exames laboratoriais contribuem para assistência à saúde de forma


decisiva, tanto para a confirmação dos diagnósticos de doenças suspeitas ou não, quanto para
fornecer o prognóstico de pacientes com doença já estabelecida, além de outros resultados.
Isso é possível pela evolução tecnológica de equipamentos que possuem ótima
reprodutibilidade, sensibilidade e especificidade, além da rapidez na liberação dos resultados.
Assim, a fase analítica é uma das fases, de todo processo, que menos sofre com erros. Para
que isso seja verdade, os equipamentos precisam estar calibrados, terem boa qualidade, além
da correta manutenção e armazenamento de seus reagentes.

Como aprendemos, a fase analítica é aquela que compreende a etapa de realização da análise
propriamente dita e, apesar de ser uma etapa com apresentação de poucos erros, alguns
podem ser apontados como mais comuns:
Erros de cálculos, que incluem erros nas diluições das amostras.

Temperaturas inadequadas, que podem alterar as amostras.

Equipamentos sem manutenção ou que não estejam calibrados.


Acondicionamento inadequado de amostras e reagentes.

Qualidade dos reagentes e dos equipamentos.

Interferentes externos como instabilidade na energia elétrica.


Interferentes biológicos que podem causar reações cruzadas.

VARIÁVEIS PÓS ANALÍTICAS

A fase pós-analítica é marcada pela validação e liberação dos resultados das análises,
encerrando-se com a interpretação destes pelo médico que solicitou os exames, fazendo a
correlação com a situação clínica do paciente.

Os resultados liberados têm um impacto importante e decisivo na conduta médica, no que diz
respeito a linhas de tratamento, para que sejam assertivas e específicas. Desta forma, os
laudos devem ser montados seguindo recomendações normativas, após serem analisados pelo
médico assistente do laboratório, antes de chegarem ao paciente e ao médico solicitante.
Apesar de ser uma fase que apresenta poucos erros, cerca de 20 a 30% dos ocorridos em todo
processo, alguns equívocos podem acontecer, como:

Erros de digitação ou transcrição.

Identificação errada do paciente.

Não identificação de interferentes.


Falta de informações sobre sensibilidade do método e variações.

Sensibilidade, especificidade e precisão não adequadas dos testes.

Uso de unidades erradas.

PROCEDIMENTOS BÁSICOS PARA


MINIMIZAR OCORRÊNCIA DE ERROS
Após estudarmos os tipos de erros que acontecem durante todo o processo desenvolvido nos
laboratórios clínicos, precisamos debater como evitá-los para que os resultados representem
de fato o que acontece no organismo do paciente.

As atividades desenvolvidas nos laboratórios são atestadas, normatizadas e acreditadas por


organismos nacionais, para que os erros sejam mitigados. Tais organismos disponibilizam
planilhas, ferramentas de interface dos equipamentos e sistemas de informações. Porém, para
que tudo ocorra de maneira satisfatória é de extrema importância que seja realizado o
treinamento dos funcionários e que a equipe não apresente grande rotatividade, para que os
níveis de qualidade do atendimento e procedimento sejam mantidos. Vejamos a seguir os
passos que minimizam a ocorrência de erros:

FASE PRÉ-ANALÍTICA

Os primeiros passos para minimizar a ocorrência de erros relacionados durante a fase pré-
analítica incluem padronização do registro para a identificação do paciente e da amostra. Tal
padronização deve destacar a busca por informações que podem influenciar de forma direta ou
indireta o resultado dos exames.

Desta forma, podemos garantir que todas as requisições e orientações para realização dos
exames foram seguidas pelos pacientes e que as amostras se encontram viáveis e possíveis
de serem analisadas. Vale lembrar que a coleta das amostras também é parte do processo que
merece uma atenção maior, uma vez que é um processo rotineiro, podendo ser negligenciado
pelos funcionários. Toda documentação de orientação no processo de coleta deve estar
disponível em todas as áreas e setores laboratoriais.

FASE ANALÍTICA
Essa fase apresenta o menor percentual de erros cometidos, no entanto também deve passar
pelo processo de normatização, treinamento dos funcionários e monitoramento de indicadores
da qualidade.

Aqui podemos ainda incluir a calibração e a manutenção de equipamentos, que são utilizados
na rotina laboratorial, e acondicionamento correto de insumos e reagentes como parte
essencial na minimização de erros. Para os laboratórios que ainda não possuem seus
processos analíticos de forma automatizada e informatizada, é interessante a adoção de
equipamentos e sistemas como forma de melhoria de qualidade do serviço prestado.

FASE PÓS-ANALÍTICA

A automatização dos processos laboratoriais auxilia também na diminuição de erros nessa


fase, porém necessita da atenção da equipe do laboratório aos resultados obtidos, para
identificar possíveis sinais de baixo desempenho dos processos. A liberação dos resultados
pode seguir regras e utilizar algoritmos para identificação de erros.

Uma regra bastante utilizada é “delta check”, que consiste na verificação de diferenças entre
resultados de exames passados e o atual do paciente. Desta maneira, pode-se observar a
consistência dos valores obtidos e garantir a segurança do paciente, bloqueando a liberação
dos resultados de baixa qualidade e revelando a necessidade de ajustes durante o processo.
Sendo assim, uma análise mais acurada da etapa pós-analítica, juntamente com o “feedback”
emitido por membros da equipe e até mesmo pelo médico solicitante, pode regular todo o
processo desenvolvido nos laboratórios.
PROCEDIMENTO PARA COLETA DE
MATERIAIS BIOLÓGICOS

COLETA DE SANGUE VENOSO

A coleta de sangue venoso é um dos procedimentos que mais acontecem num laboratório
clínico. Ela tem valor inestimável no diagnóstico e direcionamento do tratamento de doenças.
Vejamos a seguir o passo a passo deste procedimento.

PASSO 1
Todo o processo começa com a orientação do paciente, pois alguns tipos de análises requerem
preparação e condições específicas para que não haja interferência nos resultados, como, por
exemplo, a preconização de períodos de jejum e dietas adequadas nas horas anteriores à
realização do procedimento.

PASSO 2
Antes da coleta, todo material utilizado deve ser identificado e o paciente deve ser informado
do processo que será realizado, incluindo a apresentação do material. Para isso, temos
processos informatizados e seguros que usam sistemas que identificam, com uma sequência
numérica, as amostras de cada paciente, facilitando a localização delas durante qualquer fase.

Ainda como uma maneira de reduzir erros, pode-se empregar um sistema de coleta a vácuo,
que utiliza tubos com cores diferentes, contendo aditivos diferentes, para cada uma das
análises. Assim o processo de coleta é facilitado, sendo mais seguro com relação a
contaminações e mais confortável para o paciente.
PASSO 3
Esse passo trata da seleção do local da coleta pode ser realizada em qualquer veia do membro
superior, porém existe uma região mais utilizada, a fossa cubital. Essa região, que se localiza
na parte anterior do braço em frente ao cotovelo, possui veias de grande calibre, como a veia
cefálica e a basílica, que estão próximas à superfície da pele. Além disso, existem áreas em
que devemos evitar fazer a coleta, como por exemplo: áreas com queimaduras, qualquer tipo
de cicatriz, hematomas, com fístulas, que possuem veias pouco elásticas e as que estão sendo
utilizadas para terapia intravenosa.

Esse passo se concentra na evidenciação dessas veias que serão perfuradas. Para isso é
necessário deixar o braço do paciente em uma posição confortável e segura para punção.
Pode-se pedir ao paciente que abra e feche a mão de forma lenta, massagear o braço no
sentido do punho para o cotovelo, fixar a veia com os dedos, caso haja flacidez, e utilizar
equipamentos que evidenciem as veias.

PASSO 5
O passo 5 consiste na utilização do torniquete ou garrote será usado para aumentar a pressão
no interior das veias, ajudando na palpação e coleta propriamente dita. No entanto, é preciso
saber utilizar o torniquete, colocando-o a mais ou menos oito centímetros da dobra do cotovelo,
por no máximo um minuto; caso contrário, pode haver erros de diagnóstico.

PASSO 6
Realizar a antissepsia no local da punção, que pode ser feita com álcool 70%. Apesar da
utilização de luvas, a higienização das mãos garante que, caso essas venham a se romper, a
segurança do paciente ainda estará garantida. A partir de agora, seleciona-se a veia e faz-se a
punção com agulha numa angulação oblíqua de 30º e o primeiro tubo é inserido. Assim que o
sangue começa a fluir, o torniquete pode ser retirado.

ATENÇÃO: A higienização das mãos do profissional que fará a coleta, antes e depois do
procedimento, é tão importante quanto a antissepsia realizada no local da punção.
PASSO 7
Após a retirada do último tubo, a agulha é removida e uma compressão com algodão é
realizada no local por um a dois minutos, com orientação para o paciente continuar
pressionando por mais cinco minutos, quando sair do laboratório. Imediatamente após a coleta,
as amostras devem ser acondicionadas de maneira correta para posterior realização dos
exames.

COLETA DE FEZES E DE URINA

A coleta de amostras de fezes e de urina também necessita de cuidados para que as amostras
não sofram interferência de variáveis. Elas poderão ser realizadas de maneiras diferentes,
dependendo do exame solicitado pelo médico, da idade do paciente e do estado de saúde
deste.
Para exames parasitológicos simples (EPS), as fezes podem ser coletadas em frasco simples,
cedidos pelo laboratório ou comprados em farmácia. Caso seja solicitado o parasitológico MIF
(mercúrio-iodo-formol), é necessário que a coleta seja realizada em potes contendo tais
conservantes, para manter as formas parasitárias íntegras por vários dias, uma vez que são
feitas 3 coletas em dias alternados.

Já para exames de cultura de bactérias das fezes (coprocultura), sangue oculto, pH fecal,
leucócitos, gordura fecal e outros exames, a coleta pode ser realizada em potes apropriados,
cedidos ou comprados em farmácias, estéreis, com boca larga e tampa de rosca.

De maneira geral, o volume de amostra a ser coletado não precisa ser grande, porém precisa
ser suficiente para análise. Para amostras com forma bem definida, pode ser colhida uma
quantidade relativa a uma colher de café.
Não há necessidade de dieta específica para exame parasitológico de fezes e coprocultura, a
menos, que seja sugerida pelo médico, a fim de evitar alguma alteração nos resultados. Para
mulheres, não se deve colher amostra de fezes no período menstrual, pois pode interferir na
análise da presença de sangue oculto, assim como pacientes com sangramentos visíveis.

A amostra pode ser mantida durante determinado período na geladeira, porém, para melhor
qualidade dos exames, deve ser levada no mesmo dia para o laboratório. Para o exame de
gordura fecal e de sangue oculto faz-se necessário uma dieta 03 dias antes do exame.

O exame de urina é um dos mais solicitados pelos médicos e um dos mais realizados nos
laboratórios clínicos, fazendo com que as recomendações para a coleta sejam mais
conhecidas pela população. É de conhecimento geral que, se possível, a urina coletada seja a
primeira da manhã, desprezando o primeiro jato e coletando o jato intermediário.

MAS VOCÊ SABE PARA QUE SERVEM ESSAS


RECOMENDAÇÕES?

 SAIBA MAIS

Para observação de uma infecção urinária ou qualquer que seja a alteração na composição da
urina, precisamos coletar amostra representativa do que ocorre na bexiga naquele momento.
Assim, ao coletarmos a primeira urina da manhã, analisaremos uma urina concentrada e que
nos dará maior chance de encontrar os analitos procurados. Caso não seja possível coletar a
primeira urina da manhã, esta pode ser colhida após duas horas de retenção. Além disso, para
que a urina não seja contaminada com a microbiana da uretra, desprezamos o primeiro jato,
que elimina o excesso de microrganismos, e coletamos o jato intermediário. No entanto,
quando a suspeita médica é a presença do protozoário Trichomonas vaginallis o preconizado é
a coleta do primeiro jato e não mais do jato intermediário.

Alguns protocolos solicitam a lavagem da região genital com água e sabão antes da coleta,
mas esse é um procedimento que deve ser feito com muito cuidado. O sabão utilizado para a
higiene pode contaminar o pote coletor e destruir microrganismos ali presentes, alterando
assim o resultado de uma urinocultura para diagnóstico de infecção urinária.

Essa é uma etapa que deve ser muito bem explicada, sendo enfatizada a necessidade da
retirada total do sabão da região e pode ser substituída pelo afastamento dos lábios genitais,
nas mulheres, e do prepúcio, nos homens. Assim que coletada, a urina deve ser levada para o
laboratório imediatamente sob acondicionamento em gelo, para que se evite multiplicação de
microrganismos e degradação de analitos.

Crianças que utilizam fraldas devem ser levadas até o laboratório para a coleta, que é realizada
com o coletor infantil, uma espécie de saco colocado ao redor da região genital do bebê. O
coletor infantil, no entanto, pode ser facilmente contaminado em sua manipulação durante toda
coleta. Uma alternativa para a utilização do coletor em bebês é a punção suprapúbica, um
procedimento invasivo, que utiliza uma agulha de calibre variável com a idade do paciente e
que é introduzida no interior da bexiga pela parede abdominal. Esse procedimento também
pode ser utilizado para pacientes imunocomprometidos, visto que o cateter pode ser fonte de
infecções.
Ainda há possibilidade de coletar amostras de pacientes que utilizam sondas vesicais, fazendo
a desinfecção do dispositivo e coletando entre 30 e 60 mL, com auxílio de seringas. A urina
contida na bolsa que coleta não deve ser utilizada para análises.

COLETA DE AMOSTRAS DO TRATO


RESPIRATÓRIO

Sinusite, pneumonia e tuberculose são processos infecciosos que podem acometer nosso
sistema respiratório. Nesses casos e em outros mais, pode haver a necessidade de se coletar
amostra para realizar um exame de diagnóstico laboratorial.

 SAIBA MAIS

O sistema respiratório é composto por vários órgãos e tecidos, podendo ser dividido
basicamente em: trato respiratório superior, formado por nariz, faringe, laringe e parte da
traqueia; trato respiratório inferior, composto por parte inferior da traqueia e pulmões, que são
constituídos de brônquios, bronquíolos e alvéolos. Assim, quando há a necessidade de coleta
de amostras desse sítio anatômico, ela será realizada de maneira diferente, dependendo do
local. A coleta pode ser solicitada pelo médico caso haja suspeita de infecções, por vírus,
fungos ou bactérias, e pode ser realizada por “swab”, aspirado traqueal, para trato respiratório
superior, ou lavado broncoalveolar e escarro, para trato respiratório inferior, dentre outras.

A coleta utilizando “swab” é indicada tanto para infecções virais quanto para infecções
bacterianas que acometem a nasofaringe e a orofaringe. No caso de coletas de nasofaringe,
posiciona-se o paciente sentado, com o rosto levemente virado para cima, fazendo um ângulo
de 30 a 45°, para que o “swab” chegue até a parede do nariz ou da garganta e possa ser
coletado um esfregaço de células. É importante lembrar que não está se fazendo coleta de
secreção, sim de células infectadas. Por isso, pedir ao paciente de esvazie o nariz é
fundamental.

No caso de infecções que acometem a orofaringe, a coleta é feita também com auxílio do
“swab”, para recuperar secreção contendo células infectadas ou microrganismos. De forma
geral, o aspirado traqueal é mais utilizado para pacientes que fazem utilização de ventilação
mecânica, ou seja, estão intubados e admitidos em unidade de tratamento intensivo, e para
obtenção do material são utilizados um cateter ou sonda de sucção. Após as coletas, as
amostras devem ser processadas em até duas horas.

Lavado broncoalveolar é considerado um dos métodos de melhor desempenho para análise


microbiológica do trato respiratório inferior, sendo muito utilizado para diagnóstico em pacientes
imunocomprometidos ou que se encontram com uso de ventilação mecânica. Como é um
material que contém uma alta carga microbiana, o ideal é que seja processado em até 30
minutos depois de coletado para que não haja modificações no número de microrganismos.

A coleta de escarro é talvez um dos processos mais difundidos, pois é bastante utilizado no
diagnóstico de pneumonias e, principalmente, tuberculose. O processo exige que o paciente
atue ativamente, porém uma supervisão de profissionais da saúde é essencial para a boa
qualidade da amostra.
Primeiro, deve-se orientar o paciente a consumir bastante água na noite anterior à coleta e
dormir sem travesseiro, ou com um travesseiro baixo, para aumentar a produção de secreção.
No momento da coleta as orientações são: lavar a boca, somente com água, várias vezes, para
que diminua o número de microrganismos contaminantes, uma vez que a microbiota oral é
bastante populosa.

Em seguida, respirar profundamente por várias vezes e tossir procurando liberar a secreção
presa no peito; por fim, depositar o escarro no pote coletor, que deve ter boca larga e tampa de
rosca, como mostrado anteriormente, coletando um volume de 5 a 10 mL.

Após a coleta, o pote deve ser bem fechado e levado imediatamente para análise, podendo ser
processada em até duas horas. Caso o paciente tenha dificuldade de produzir a secreção,
pode-se fazer uma nebulização com soro fisiológico.

VERIFICANDO O APRENDIZADO

CONCLUSÃO

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao longo deste tema, aprendemos sobre os conceitos de biossegurança empregados em
laboratórios clínicos e nas atividades executadas por eles.

Vimos que os laboratórios precisam estar de acordo com as normas vigentes no Brasil, em
questões relacionadas a sua estrutura física, ao manejo de resíduos de saúde gerados e ações
para prevenção de acidentes durante os processos.

Além disso, aprendemos que as instituições de assistência à saúde devem buscar por uma
qualidade de excelência na prestação de serviços à comunidade, focando na redução de erros
nos processos, para entregar ao paciente resultados confiáveis.

 PODCAST
AVALIAÇÃO DO TEMA:

REFERÊNCIAS
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR ISO/IEC 17025: Requisitos
gerais para a competência de laboratórios de ensaios e calibração. Consultado em meio
eletrônico em: 11 nov. 2020.

BRASIL. Agência Nacional De Vigilância Sanitária. Resolução da diretoria colegiada − RDC


nº 50, de 21 de fevereiro de 2002. Dispõe sobre o Regulamento Técnico para planejamento,
programação, elaboração e avaliação de projetos físicos de estabelecimentos assistenciais de
saúde. Consultado em meio eletrônico em: 11 nov. 2020.

BRASIL. Agência Nacional De Vigilância Sanitária. Resolução da diretoria colegiada − RDC


nº 306, de 07 de dezembro de 2004. Dispõe sobre o Regulamento Técnico para o
gerenciamento de resíduos de serviços de saúde. Consultado em meio eletrônico em: 11 nov.
2020.

BRASIL. Lei Nº 11.105, de 24 de março de 2005. Dispõe sobre o estabelecimento de normas


de segurança e mecanismos de fiscalização de atividades que envolvam organismos
geneticamente modificados (Lei de Biossegurança). Diário Oficial da União: seção 1, Brasília,
DF, ano 132, 24 mar. 2005.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Assistência à saúde. Manual brasileiro de


acreditação hospitalar. 3. ed. Brasília: Ministério da Saúde, 2002.

BRASIL. Secretaria Especial de Previdência e Trabalho. Norma Regulamentadora − NR


número 5: Dispõe sobre Comissão Interna de Prevenção de Acidentes. Brasília, 2019.
Consultado em meio eletrônico em: 11 nov. 2020.

BRASIL. Secretaria Especial de Previdência e Trabalho. Norma Regulamentadora − NR


número 26: Dispõe sobre sinalização de segurança. Brasília, 2015. Consultado em meio
eletrônico em: 11 nov. 2020.

BRASIL. Secretaria Especial de Previdência e Trabalho. Norma Regulamentadora − NR


número 32: Dispõe sobre a segurança e saúde no trabalho em serviços de saúde. Consultado
em meio eletrônico em: 11 nov. 2020.

INMETRO. Norma nº NIT-DICLA 083/01: Requisitos de competência e qualidade para


laboratórios clínicos. Consultado em meio eletrônico em: 11 nov. 2020.

EXPLORE+
Para saber mais sobre os assuntos tratados neste tema, leia:

Biossegurança: uma abordagem multidisciplinar, de Pedro Teixeira e Silvio Valle.

O manual de orientação para coleta, no site do LACEN.

O manual de estratégias e prioridades de ação em biossegurança, no site do Ministério


da Saúde.

Fatores Pré-analíticos e interferentes laboratoriais, da sociedade Brasileira de patologia


clínica/medicina laboratorial (SBAC).

CONTEUDISTA
Livia Justo

 CURRÍCULO LATTES
<

DESCRIÇÃO
Apresentação dos principais equipamentos e das vidrarias presentes em laboratórios clínicos:
suas características gerais, funções e a forma correta de utilização.

PROPÓSITO
Conhecer os equipamentos e as vidrarias laboratoriais para compreensão de sua aplicação nas
atividades cotidianas de um laboratório clínico.

OBJETIVOS

MÓDULO 1

Identificar para que servem, como funcionam e como devem ser utilizados os principais
equipamentos presentes em laboratório clínico

MÓDULO 2

Distinguir as vidrarias laboratoriais, suas características e funções


INTRODUÇÃO
Os equipamentos e as vidrarias são extremamente úteis na rotina laboratorial, pois, sem eles,
um laboratório não consegue realizar o processamento e a análise das amostras de forma
correta e com resultados fidedignos. Por exemplo, o preparo de uma solução de maneira
errada, utilizando-se equipamentos não calibrados, pode estragar anos de pesquisa e gerar
elevados custos ou até mesmo oferecer um diagnóstico equivocado a um paciente.

No dia a dia no laboratório, você encontrará uma variedade de equipamentos e vidrarias, e é


importante conhecer suas funções, suas peculiaridades e como operá-los. Vamos juntos
explorar mais este assunto?

MÓDULO 1

 Identificar para que servem, como funcionam e como devem ser utilizados os
principais equipamentos presentes em laboratório clínico

Ao entrarmos em um laboratório clínico, vários equipamentos podem ser visualizados;


entretanto, de nada adianta possuir diversos equipamentos se não há pessoal treinado para
manuseá-los. A falta de conhecimento das características, da função e utilização do maquinário
pode provocar acidentes, causar danos ao próprio equipamento e ao laboratório, além de gerar
análises não confiáveis.

Nesse contexto, cada laboratório deve possuir profissionais treinados e capacitados para
operar os diferentes instrumentos de trabalho. Além disso, é essencial a confecção dos
chamados POPs (Procedimento Operacional Padrão), que descrevem detalhadamente como
proceder no manuseio de cada equipamento. Esses documentos devem ficar em local visível e
de fácil acesso a todos os trabalhadores.

Mesmo conhecendo e operando corretamente os equipamentos, estes necessitam de


manutenção preventiva, cuja periodicidade depende do tipo de equipamento, do volume de uso
e da orientação do fabricante. No caso de apresentar mau funcionamento, o equipamento não
deve ser utilizado até que esteja devidamente consertado.
A qualidade das análises, a segurança do usuário e a conservação dos equipamentos são
garantidos quando o laboratório clínico respeita rigorosamente as recomendações descritas
anteriormente.

 ATENÇÃO

É importante ressaltar que a atenção com os equipamentos deve existir desde a montagem do
laboratório, considerando as características de cada um.

Por exemplo:

A balança e a centrífuga devem permanecer em uma bancada firme.

A centrífuga deve ser usada com tubos balanceados, e a balança não deve ser instalada
próxima desta, pois pode haver vibração durante a centrifugação, o que afeta a pesagem.

A autoclave gera vapor úmido e quente, e não deve ficar próxima de balanças ou de
qualquer outro equipamento que seja afetado pelo calor e pela umidade.

A autoclave e o banho-maria devem ter o seu volume de água preenchidos


adequadamente, para seu funcionamento correto.

A estufa, geralmente, é espaçosa; logo, o local em que ela ficará deve ser bem pensado.
Além disso, não deve ser aberta constantemente, pois isso afetará a manutenção da
temperatura.
Estes são alguns exemplos que mostram a importância e necessidade de conhecer as
características, funções e a forma correta de uso de cada um dos equipamentos, desde os
mais simples até os mais sofisticados.

AUTOCLAVE
Autoclaves são essenciais em qualquer laboratório clínico, pois permitem a esterilização de
diversos materiais com eficácia e custo relativamente baixo, além de serem de fácil operação.

A esterilização é o processo físico ou químico no qual há a eliminação de todas as formas de


vida microbianas. Para tal, podem ser aplicados agentes físicos ou químicos, que atuam de
forma distinta na inativação dos microrganismos, normalmente afetando algum componente
essencial à célula. Dentre os agentes físicos, destacam-se a aplicação de calor (úmido ou
seco), irradiação por luz ultravioleta (UV) e radiação ionizante. Já os agentes químicos se
baseiam em germicidas químicos, como formaldeído, glutaraldeído e peróxido de hidrogênio.

 SAIBA MAIS

A esterilização consiste na total eliminação de todos os microrganismos, enquanto a


desinfecção se caracteriza por eliminar boa parte dos microrganismos, mas não todos. Como
exemplo de desinfecção, podemos citar o uso de álcool 70%.

COMO OCORRE A ESTERILIZAÇÃO NA AUTOCLAVE?


O PROCESSO DE ESTERILIZAÇÃO EM UMA AUTOCLAVE
OCORRE ATRAVÉS DE CALOR ÚMIDO (VAPOR) COMBINADO
COM A PRESSÃO, QUE TRANSFERE ENERGIA TÉRMICA PARA
OS MATERIAIS. A MORTE MICROBIANA SE DÁ PELA
TEMPERATURA, PRESSÃO E PELO TEMPO DE EXPOSIÇÃO,
QUE, JUNTOS, LEVAM À DESORGANIZAÇÃO DA ESTRUTURA
CELULAR, COMO DESNATURAÇÃO DE PROTEÍNAS E
DISSOLUÇÃO DE LIPÍDEOS.
EM CONDIÇÕES NORMAIS DE PRESSÃO (1 ATM – NÍVEL DO
MAR) E COM UMA TEMPERATURA DE 100 °C, A ÁGUA ENTRA
EM EBULIÇÃO, TRANSFORMANDO-SE EM VAPOR. EM UMA
AUTOCLAVE, O AUMENTO DE PRESSÃO PERMITE QUE O
VAPOR D’ÁGUA SE FORME EM TEMPERATURA SUPERIOR A
100 °C.
O PRINCÍPIO DA AUTOCLAVE É MUITO PARECIDO COM UMA
PANELA DE PRESSÃO. VOCÊ, PROVAVELMENTE, JÁ
UTILIZOU ESSE UTENSÍLIO DOMÉSTICO! SABE COMO ELE
FUNCIONA?
A panela de pressão permite o cozimento mais rápido dos alimentos devido ao aumento de
temperatura (120 °C) que ocorre dentro do recipiente. Em uma panela normal, a temperatura
máxima alcançada durante o cozimento é de 100 °C.

É importante ressaltar que nem todos os tipos de materiais suportam alta umidade e calor, não
sendo, portanto, autoclaváveis. O poliestireno (copo descartável, pote de iogurte, isopor etc.),
por exemplo, nunca deve ser autoclavado, pois derrete quando submetido a temperatura
elevada.

Há diversos tipos de autoclave no mercado, entretanto, de acordo com a técnica empregada


para remoção do ar, dois grupos podem ser formados. São eles:

GRAVITACIONAL

Nesse tipo de autoclave, a saída do ar ocorre pela injeção de vapor, que empurra o ar para
baixo da câmara, até ser totalmente removido através de uma válvula presente a base do
equipamento.

PRÉ-VÁCUO

A autoclave mais simples desse tipo possui uma bomba de vácuo para a retirada do ar da
câmara. Há diferentes modelos cuja remoção do ar e injeção do vapor ocorrem de maneiras
distintas, mas sempre empregando vácuo para auxiliar o processo.

 Autoclave horizontal.

As autoclaves podem ter abertura horizontal ou vertical. Em laboratório, as autoclaves mais


comuns são as verticais, possuindo abertura superior. Nesse tipo de autoclave, o ar é retirado
junto ao vapor através de uma válvula localizada na tampa do equipamento. A remoção do ar
será completa quando o vapor for constante e intenso.

Em geral, as autoclaves verticais são fabricadas em aço inoxidável e possuem tampa de


bronze fundido. Além disso, apresentam válvula de segurança; manômetro para controle de
pressão; saída de ar; cesto (no qual os materiais são colocados) e torneira para retirada da
água após a autoclavagem.

 Autoclave vertical.

É de extrema importância que todo o ar seja expulso da autoclave antes que haja elevação da
temperatura, pois ele dificultará a esterilização de todo o conteúdo presente na autoclave. Além
disso, uma esterilização é bem-sucedida quando todo o ar presente na autoclave é retirado, o
calor úmido (vapor) atinge os microrganismos e a temperatura alcançada é mantida por um
tempo mínimo.

Com relação ao tempo e à temperatura, estes dependem principalmente do tipo e da


quantidade de material que se quer autoclavar. Porém, é comum utilizar a temperatura de 121
°C por 15-20 minutos para materiais “limpos”, isto é, que serão usados para algum
procedimento/experimento, e por, no mínimo, 30 minutos para materiais que já foram usados e
estão contaminados.

Para manter a qualidade e eficiência no processo de esterilização, o equipamento precisa


passar por calibração de 6 em 6 meses e por manutenção preventiva, normalmente, uma vez
ao ano. No dia a dia, podem ser usados indicadores físicos, químicos ou biológicos durante a
autoclavagem, para verificar a qualidade da esterilização.

INDICADORES FÍSICOS
São os mais simples, pois consistem na observação da temperatura e pressão durante todo o
período de autoclavagem. A partir do momento em que a pressão desejada é alcançada, é
necessário que esta seja mantida estável ao longo do período determinado. Oscilações na
pressão verificadas no manômetro indicam necessidade de calibração do equipamento.

INDICADORES QUÍMICOS
Há vários tipos de indicadores químicos. Vão desde os mais simples – como os indicadores de
processo, que só verificam se a temperatura de esterilização foi atingida – aos mais
sofisticados, como os indicadores integrador e emulador, que permitem a análise de todos os
parâmetros da autoclavação (temperatura, vapor e pressão), sendo, portanto, mais eficazes na
identificação da qualidade da esterilização. Porém, por ser simples, barata e de fácil uso, a fita
de autoclave, que é um exemplo de indicador químico, é largamente utilizada em laboratórios.
Ao passar pela esterilização, ela muda de cor, indicando que a temperatura ideal foi alcançada.
 Indicador químico: fita de autoclave. Antes do uso.

 Indicador químico: após a autoclavação.

Note a mudança de cor nos traços da fita.

INDICADORES BIOLÓGICOS
Os indicadores biológicos consistem na utilização de microrganismos resistentes à
esterilização, como as bactérias termofílicas esporuladas e bactérias do gênero Bacillus (ex.:
Bacillus stearothermophilus). Estes são submetidos à autoclavação, e é esperado que não
cresçam após a inoculação em meio de cultivo apropriado. Caso os microrganismos consigam
crescer, a esterilização não está ocorrendo, e a autoclave necessita urgentemente de
manutenção.

A operação de uma autoclave é simples. Vamos entender como acontece?

Inicialmente, a água deve ser adicionada até o ponto marcado na autoclave. Como a
esterilização ocorre por calor úmido, é necessário utilizar água para que esta seja aquecida e
se transforme em vapor.

Em seguida, devemos adicionar os materiais embalados em jornal, papel pardo ou plástico


próprio no cesto da autoclave.

3
O equipamento deve ser ligado no máximo, e devemos aguardar a liberação do ar, o que
significa que o vapor estará presente em toda a autoclave.

Para saber se não há mais ar, é só observar a válvula de descarga; se estiver saindo vapor
intenso por ela, o ar já foi removido.

Assim, podemos fechar a válvula de descarga e aguardar até a temperatura e pressão


subirem.

Quando a temperatura e a pressão estiverem nos níveis desejados, é preciso mudar o


termostato para a potência média ou mínima, dependendo da autoclave. Isso é realizado para
que temperatura e a pressão sejam mantidas estáveis durante o tempo determinado. Após o
período estipulado, a autoclave é desligada.

 ATENÇÃO

A autoclave só pode ser aberta após a completa despressurização (manômetro marcar zero),
que deve ocorrer naturalmente.

Neste vídeo, você conhecerá um pouco sobre a prática de utilização de uma autoclave.

CENTRÍFUGA
A centrífuga é um equipamento que separa os sólidos suspensos em um líquido por
sedimentação ou líquidos com diferentes densidades. A separação ocorre devido à força
centrífuga, que ocorre quando o material é submetido à rotação em alta velocidade.

Centrífuga vem do latim centrum (centro) e fugere (escapar). Esse movimento de “escapar do
centro” é facilmente visto durante o funcionamento de uma máquina de lavar roupa, na qual,
durante a etapa de centrifugação, as roupas ficam presas à parede do tambor.

No laboratório clínico, a centrífuga é amplamente utilizada para preparação de amostras


biológicas, como, por exemplo, na separação dos componentes do sangue. A taxa de
sedimentação das partículas dependerá do tamanho, da forma e densidade destas e da
densidade do líquido em que se encontram. Além disso, quanto maior a força centrífuga
relativa (RCF ou G), menor será o tempo de sedimentação.

FORÇA CENTRÍFUGA RELATIVA (RCF OU G)

RCF ou G corresponde à força centrífuga relativa. É calculada de acordo com o RPM (rotação
por minuto, que indica a velocidade de agitação) e a distância entre o sedimento e o eixo de
rotação da centrífuga. Atualmente, trabalhos científicos informam o valor de RCF aplicado
durante a centrifugação em vez de RPM, pois o RCF permite a comparação de rotores de
diferentes especificações.

Toda centrífuga é composta por um motor elétrico, responsável pelo movimento giratório, e um
rotor, onde os tubos ficam alocados para serem centrifugados. Existem alguns tipos de rotor.
São eles:

ÂNGULO FIXO
Mantém os tubos fixos em determinado ângulo (normalmente entre 20-45 graus). Muito usado
para partículas celulares.
 Centrífuga de alta velocidade com rotor de ângulo fixo.

 Ultracentrífuga com rotor de ângulo fixo.

OSCILANTE
Durante a centrifugação, os tubos ficam na posição horizontal; quando parados, encontram-se
na vertical. É usado para separação por densidade ou por coeficiente de sedimentação.
 Centrífuga de baixa velocidade com rotor oscilante.

TUBO VERTICAL
Mantém os tubos constantemente na vertical. Ideal para separação por densidade, com
formação de bandas horizontais no tubo.

 Centrífuga com rotor do tipo vertical.

TUBO QUASE VERTICAL


Tubos mantidos em pequena angulação. A centrifugação demora mais com esse tipo de rotor.
 Centrífuga com rotor do tipo quase vertical.

Outros componentes podem ser encontrados em algumas centrífugas, como um sistema de


refrigeração (controla a temperatura) e um sistema a vácuo. O sistema a vácuo só é
encontrado em um tipo específico de centrífuga, a ultracentrífuga. A função desse sistema é
diminuir a fricção gerada pela rotação em altíssimas velocidades, característica da
ultracentrífuga.

O modelo de baixa velocidade é o tipo mais comum, presente na maioria dos laboratórios
clínicos. Já o de alta velocidade é empregado em análises mais sofisticadas e, diferentemente
do modelo anterior, exige um sistema de refrigeração para diminuir o calor gerado pelo
aumento da velocidade de centrifugação, item também indispensável para as ultracentrífugas.

Os tipos de centrífuga, assim como suas principais características, estão apresentados no


quadro a seguir.

Quadro 1: Tipos de centrífugas e principais características.

Tipos de centrífuga

Baixa
Características Alta velocidade Ultracentrífuga
velocidade
Faixa de velocidade
1 – 6000 1000 – 25.000 20 – 80.000
(rpm)

Máxima RCF (g) 6.000 50.000 600.000

Ângulo fixo,
Ângulo fixo e
Tipo de rotor oscilante e tubo Ângulo fixo
oscilante
vertical

Alguns
Refrigeração Sim Sim
modelos

Aplicação
sedimentação de

Células Sim Sim Sim

Núcleos Sim Sim Sim

Organelas Não Sim Sim

Ribossomos Não Não Sim

Macromoléculas Não Não Sim


Fonte: Adaptado de BOYER, 2000

 Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal

A operação de uma centrífuga requer prévio treinamento técnico ou leitura cuidadosa do


manual de instruções.

Vamos aprender?

A centrífuga deve ser instalada em bancada resistente e rígida e em local livre de altas
temperaturas.

Em seguida, devemos ligá-la na tomada (verificar a voltagem correta), abrir a tampa do


equipamento e colocar os tubos dentro da centrífuga.


3

Esta é uma parte delicada, pois, para cada tubo, deve existir um segundo tubo de mesmo
peso, colocado transversalmente oposto na centrífuga. Muitas vezes, é necessário pesar os
tubos para que fiquem devidamente equilibrados.

Devemos escolher os parâmetros de centrifugação, determinando a velocidade de agitação


(RPM), o tempo (min) e a temperatura (°C), se for uma centrífuga refrigerada.

Após o término da centrifugação, o equipamento é desligado automaticamente.

Devemos esperar a centrífuga parar totalmente para depois abri-la.


Diversos modelos só permitem a abertura quando a centrífuga está parada. No caso de as


partículas serem de fácil suspensão, os tubos devem ser retirados com cuidado, para não
haver ressuspensão do material sedimentado.

Lembre-se de sempre limpar a centrífuga após o uso.

 ATENÇÃO

Em rotores do tipo oscilante, é importante dispor os suportes na posição correta recomendada


pelo fabricante. Normalmente, os suportes vêm com alguma marcação, a fim de facilitar na
hora de colocá-los dentro da centrífuga.
ESTUFA E BANHO-MARIA

ESTUFA

A estufa consiste numa câmara de aço com isolamento interno feita especialmente para o
controle de temperatura, tornando-se um ambiente favorável para o crescimento microbiano.
Alguns modelos também controlam a umidade, atmosfera da câmara, e podem apresentar um
sistema de refrigeração. É amplamente usada em laboratório clínico para incubação de
fungos, bactérias, vírus e cultivo de células.

 ATENÇÃO

Em um laboratório, é preconizado que os microrganismos e as células sejam cultivados em


estufas diferentes!

 SAIBA MAIS

As estufas podem ser divididas em: estufa de cultivo biológico e estufa de secagem e
esterilização, também conhecida como forno ou forno Pasteur. A primeira é a estufa descrita
neste módulo, que é usada para cultivos biológicos e alcança aproximadamente 75 °C. Já o
forno Pasteur é usado tanto para a secagem de vidrarias como para esterilização por calor
seco. A temperatura pode chegar a 330 °C, dependendo do modelo.
A estufa apresenta uma porta interna, geralmente fabricada em vidro especial, que permite a
visualização do conteúdo presente na estufa. Uma variedade de modelos e tamanhos pode ser
encontrada no mercado. A escolha da estufa ideal depende do objetivo do laboratório e do
espaço disponível para alocá-la.

Estufas maiores são mais recomendadas, pois permitem a incubação de maior quantidade de
cultivo e sofre pouca mudança de temperatura quando a porta é aberta. Entretanto, se a
demanda do laboratório for robusta, sendo necessário incubar os cultivos em diferentes
temperaturas simultaneamente, o ideal é a aquisição de estufas menores, para que haja
espaço suficiente para mais de um equipamento.

A transferência de calor e o controle das condições ambientais de uma estufa dependem do


seu modelo. Geralmente, o calor é transferido por condução ou convecção (natural ou
forçada), e o controle é feito com termostatos, termopares (sensores de temperatura) e
termistores (semicondutores sensíveis à temperatura).

CONDUÇÃO

O calor é originado na parede da estufa, graças à presença de resistores elétricos, e


transferido para o interior do equipamento.

NATURAL

O calor é transferido por circulação de ar, que é aquecido ao entrar na estufa.


FORÇADA

Ventiladores promovem a circulação de ar aquecido na estufa.

Agora, conheceremos um pouco mais sobre os tipos de estufa que podemos encontrar durante
nosso dia a dia no laboratório:

ESTUFA REFRIGERADA
Esse modelo de estufa é o único que mantém a temperatura tanto acima da temperatura
ambiente quanto abaixo (-10 °C – 75 °C). Portanto, a menos que se trabalhe com uma estufa
refrigerada, a temperatura da estufa nunca será menor que a do ambiente. Uma solução para a
falta de estufa refrigerada em laboratórios que ficam em cidades muito quentes é deixar o ar-
condicionado do laboratório ligado durante o período de incubação, caso a temperatura
requerida seja menor que a do ambiente. De qualquer forma, a eficiência não será a mesma da
estufa refrigerada, e ainda haverá aumento do gasto de energia.

ESTUFA DE CO2
Essa estufa é usada para o cultivo de microrganismos e de células que requerem um ambiente
com 5-8% de CO2 e 50-100% de umidade. Uma desvantagem desse tipo de estufa é que, se a

incubação ocorrer em um longo período, a água usada para manter a umidade pode ficar
contaminada.

ESTUFA COM CONTROLE AUTOMÁTICO DE


TEMPERATURA
Permite a mudança automática de temperatura. Ideal para incubações em que a temperatura
da estufa precisa ser modificada em determinados períodos.

ESTUFA PORTÁTIL
Usada principalmente para coleta de amostras que necessitam de imediata incubação.

A operação de uma estufa é bastante simples: devemos sempre ligá-la e configurá-la, no painel
de controle, para a temperatura de incubação desejada. A temperatura requerida é alcançada
rapidamente, e devemos abrir a estufa e colocar o material a ser incubado. Todo material deve
ser devidamente identificado com nome do responsável, data e nome do microrganismo ou
cultivo de célula incubado. Não se deve deixar a estufa aberta ou abri-la com frequência, pois
isso afeta a temperatura. Além disso, é preciso retirar o material da estufa ao fim do período de
incubação e limpá-la após o uso. Uma limpeza mais intensa deve ser realizada a cada dois
meses ou de acordo com a necessidade.

Banho-maria

O banho-maria é um equipamento bastante utilizado em laboratório, cuja função é aquecer


soluções de forma gradual, uma vez que o aquecimento ocorre por transmissão do calor,
através da água que é aquecida pelo aparelho. Em alguns equipamentos, é usado óleo como
transmissor do calor, em vez de água. O banho-maria também pode ser utilizado para
descongelamento ou incubação de amostras biológicas. É importante destacar que o uso da
água faz com que o material seja aquecido mais rapidamente do que na estufa.

Por ser um equipamento simples, não requer cuidados excessivos com o manuseio e a
manutenção. A atenção no uso diário, como adição de água filtrada até a marca indicada pelo
fabricante, o aquecimento de materiais não corrosivos e não inflamáveis e a limpeza regular
são alguns dos cuidados necessários para o bom funcionamento e a durabilidade do
equipamento.

Basicamente, o banho-maria é composto por um recipiente de aço inoxidável, com resistores


que permitem o aquecimento da água da temperatura ambiente até 60 °C - 100 °C. Há dois
tipos de resistores, os de imersão e os externos. Como o próprio nome sugere, os resistores de
imersão se encontram no fundo (internamente) da cuba e entram em contato direto com o
líquido, porém estão protegidos por tubos. Já os resistores externos estão no fundo do banho-
maria, mas sem contato direto com a água, em compartimento separado da cuba, e
apresentam proteção para que não ocorra perda de calor.

Além dos resistores, que são os responsáveis pelo aquecimento da água, o banho-maria
possui:

CUBA
TAMPA
PAINEL DE CONTROLE
VÁLVULA DE DRENAGEM
Parte interna do equipamento, onde a água é despejada.

Usada para tampar o equipamento, inclusive durante o uso, para que a temperatura da água
seja mantida.

Usado para ligar o equipamento, ajustar a temperatura do banho, além de mostrar a


temperatura real da água e a desejada. Pode ter outras funcionalidades de acordo com o
modelo e fabricante do banho.

Dispositivo para retirada da água.

Alguns equipamentos possuem acessórios extras de acordo com o modelo, como, por
exemplo, sistema de circulação ou agitação, que auxilia na uniformidade da temperatura da
água, refrigeração, termômetro, alarme, temporizadores, entre outros. A capacidade do banho-
maria pode variar de 2 a 30 litros.

O banho-maria, assim como a estufa, possui funcionamento bem simples e de fácil manuseio.
Para sua operação, deve-se:


1

Adicionar água filtrada ou destilada até a marca indicada pelo fabricante ou metade do volume
total do equipamento.

Lembre-se de considerar a quantidade de material a ser colocado no banho para que a água
não ultrapasse o volume recomendado.

Ligar o equipamento na voltagem adequada (127V ou 220V) e definir a temperatura desejada


no painel de controle.

O tempo para o aquecimento pode variar, mas a temperatura é alcançada em torno de 15-20
minutos.

Por garantia, você pode verificar a temperatura da água com um termômetro, mesmo que o
banho já venha com um acoplado.

Depois disso, deve-se colocar o material a ser aquecido e tampar o equipamento. Neste caso,
é importante prestar atenção para que a altura do material não ultrapasse a do equipamento.

 SAIBA MAIS

Como o banho-maria deve ficar tampado durante o uso, é necessário usar tubos e vidrarias
com tampa, para que a água que condensa na tampa do banho não caia no material.
Entretanto, se não tiver como deixar o material incubado tampado, é melhor que o banho fique
sem a tampa.
Com o tempo, a água evaporará, por isso é imprescindível observar o volume de líquido no
banho-maria, a fim de que não fique abaixo do indicado. A limpeza do equipamento deve ser
feita mensalmente ou sempre que necessário.

BALANÇA ELETRÔNICA DE PRECISÃO


Balança tem seu nome derivado do latim – bis e lanx, que significa dois e prato. Isso porque as
balanças bem antigas são compostas por dois pratos, um de cada lado do equipamento, cujo
funcionamento é semelhante a uma gangorra.

 Balança de dois pratos.

VOCÊ, PROVAVELMENTE, JÁ FOI À FEIRA E VIU O FEIRANTE


PESAR OS ALIMENTOS EM UMA BALANÇA DESSE TIPO, MAS
VAMOS ENTENDER COMO ELA FUNCIONA?
Essa balança funciona mecanicamente, e a massa de um objeto ou de alguma substância é
quantificada a partir de massas conhecidas depositadas em um prato da balança, enquanto o
prato oposto recebe o material a ser pesado. O equilíbrio dos pratos indica que a massa do
material corresponde à massa conhecida. A precisão para esse tipo de balança é baixa e,
atualmente, pouco utilizada.

 SAIBA MAIS
Massa é uma propriedade de um corpo e não varia, independentemente do local em que se
encontre. De acordo com o Sistema Internacional de Unidades (SI), sua unidade é o
quilograma (Kg). O peso varia de acordo com a massa do corpo, a massa do planeta em que
se encontra e a distância entre o corpo e o centro do planeta. O peso é uma força, e sua
unidade SI é o newton (N).

A balança eletrônica de precisão é usada em laboratórios para pesar a massa de diversas


substâncias, sólidas ou líquidas. Seu funcionamento é eletrônico e possui alta precisão. A
balança eletrônica identifica a massa a partir da força exercida sobre o prato. Em termos
gerais, a força no prato faz pressão sobre uma célula de carga, que mede essa força e a
transforma em sinal elétrico. O sinal, então, é enviado a um processador, que o codifica e envia
o dado para a tela, exibindo a massa do material.

De acordo com a precisão de uma balança eletrônica, ela é classificada em ultramicronalítica


(0,1 µg), microanalítica (1 µg), semi-microanalítica (0,01 mg), macroanalítica (0,1 mg) e de
precisão (≥ 1 mg). As características podem variar de acordo com a precisão de cada uma
delas, mas, no geral (com exceção de alguns modelos de balança de precisão), possuem uma
cabine de vidro em torno do prato de pesagem. Essa cabine é extremamente importante para
balanças analíticas, pois evita que correntes de ar influenciem na pesagem.

 Balança de precisão (esquerda) e balança analítica (direita).

ONDE A BALANÇA DEVE SER INSTALADA E COMO DEVE SER


O LOCAL DE INSTALAÇÃO?
A balança deve ser instalada em locais de fácil acesso, que não sofram a ação direta de
ventiladores e/ou de aparelhos de ar-condicionado ou qualquer equipamento ou lugar que
tenha corrente de ar, como perto da porta, por exemplo. A bancada precisa ser fixa e rígida, a
fim de diminuir ou evitar vibrações, e longe de fontes de calor e incidência direta da luz solar. É
contraindicada a mudança da balança de local. Caso ocorra, é necessário calibrar o
equipamento antes de iniciar uma nova pesagem.

O uso da balança requer alguns cuidados iniciais:

NIVELAMENTO
Os pés são fabricados para permitir o nivelamento da balança. Há um nivelador que indica
quando o equipamento já está ajustado.

AQUECIMENTO
A balança deve ser mantida sempre ligada à tomada. É necessário ligá-la com antecedência,
para que os componentes eletrônicos sejam aquecidos. Para evitar a necessidade de um novo
aquecimento, a balança deve permanecer no modo stand by (espera) após ser ligada.

Pronto! Agora a balança está pronta para ser usada.

Acompanhe mais alguns detalhes de utilização:

Devemos abrir a porta de vidro e colocar o frasco no centro do prato de pesagem. Este deve
estar na temperatura ambiente, para que não ocorra formação de correntes de ar devido à
diferença de temperatura entre o frasco e a câmara de pesagem.

2
Além disso, deve-se manusear o frasco com pinça ou luvas. Afinal, a nossa mão contém
gordura, que é transferida facilmente para o recipiente, influenciando a pesagem.

 Pesagem de substância.

Se você deseja pesar alguma substância, é necessário descontar o peso do frasco apertando o
botão “tara” do equipamento.
4

Com a balança zerada, a substância pode ser pesada.

É importante ir colocando a substância aos poucos, para que você não ultrapasse a quantidade
desejada e tenha de voltar com alguma substância para o frasco original.

A porta da câmara deve ser fechada, a fim de que a leitura seja correta, pois, como dito
anteriormente, correntes de ar influenciam a pesagem.


O resultado deve ser anotado logo após a balança se estabilizar.

Ao finalizar a pesagem, a balança deve ser limpa.

 ATENÇÃO

Os frascos e as espátulas usados para a pesagem também precisam estar sempre limpos,
para evitar contaminação entre as substâncias.

VERIFICANDO O APRENDIZADO

MÓDULO 2
 Distinguir as vidrarias laboratoriais, suas características e funções

Os diversos tipos de vidraria encontrados em laboratórios possuem variadas formas e


tamanhos, fabricados de acordo com a função de cada um. Apesar de haver algumas vidrarias
feitas de outros materiais, como polipropileno e polietileno, a maior parte é de vidro.

O vidro é largamente usado na fabricação de uma gama de aparatos, pois são transparentes,
permitindo a visualização das reações; barato; relativamente inerte, não reagindo com grande
parte das substâncias usadas em laboratório, e facilmente moldável e customizável.

Diferentes propriedades são atribuídas ao vidro, dependendo da sua estrutura e composição.


Podemos encontrar vidrarias feitas de diferentes tipos de vidros. São eles: vidro comum, o
tipo mais barato, porém não suporta elevadas temperaturas devido a sua ampla capacidade de
expansão térmica; vidro borosilicato, o qual tem baixa expansão térmica, permitindo sua
utilização em condições de altas temperaturas, como em autoclaves, por exemplo. É
amplamente utilizado na fabricação de vidrarias laboratoriais; quartzo fundido, que possui
propriedade distinta de transmissão de luz UV (ultravioleta), com potencial de transmitir amplo
espectro de luz, diferente dos outros tipos de vidros. Além do mais, suporta temperatura de
1200 °C, o que já não ocorre com o restante. Vale ressaltar que cada um desses vidros possui
variações nas suas qualidades, podendo ser mais ou menos resistentes.

Vimos como é importante conhecer os equipamentos e a forma correta de usá-los, e o mesmo


vale para as vidrarias. Apesar de serem de uso simples, é de extrema importância estar
familiarizado com as vidrarias, a fim de evitar acidentes e obter análises confiáveis.

BALÃO
O balão apresenta um corpo semelhante a um balão de festa e, em comparação ao corpo, um
gargalo bem mais fino. Essa característica permite a agitação de soluções com facilidade e
menor chance de o líquido ser derramado. Em um laboratório, três tipos de balões são
encontrados.

FUNDO CHATO
Apresenta um fundo achatado, e isso permite sua estabilidade sob a bancada. É usado para o
preparo de soluções e realização de reações com desprendimento de gases. Pode ser
aquecido em banho-maria. Alguns modelos apresentam a boca esmerilhada, o que facilita a
conexão de alguma vidraria, caso necessário.
 Balão de fundo chato.

FUNDO REDONDO
Possui o seu fundo arredondado, não sendo possível colocá-lo sob uma bancada sem que haja
algum tipo de suporte. Muito usado em processos de destilação e rota-evaporação a vácuo.

 Balão de fundo redondo.

No caso da rotaevaporação, é importante que o balão tenha boca esmerilhada, para melhor
conexão ao equipamento, e que a mistura não ultrapasse 50% da capacidade total do balão.
VOLUMÉTRICO
Diferente dos outros balões, o volumétrico é usado para medir volumes e possui uma única
graduação, e seu gargalo é bem mais comprido e estreito.

 Balão volumétrico.

Utilizado para preparação de soluções que necessitam de um volume preciso; esse tipo de
vidraria vem calibrado de fábrica, exatamente para garantir a sua precisão, que ocorre em
determinada temperatura, geralmente 20 °C.

DESTILAÇÃO

É um processo térmico no qual há separação de misturas. A partir do ponto de ebulição, a


substância evapora, e esse vapor se condensa no condensador, havendo a separação.

ROTA-EVAPORAÇÃO A VÁCUO

No caso de rota-evaporador, o vácuo permite a diminuição do ponto de ebulição, o que torna


mais eficaz o processo de destilação.
COMO UTILIZAMOS UM BALÃO VOLUMÉTRICO?

Após preparar a solução desejada, esta deve ser avolumada até a marca da graduação, cuja
leitura é feita na altura dos olhos. Porém, no balão volumétrico, assim como em outras vidrarias
que serão estudadas adiante, há a formação do chamado menisco. Trata-se de uma curvatura
que se forma na superfície do líquido devido a forças de interações entre o frasco e o líquido. O
menor ponto da curva formada precisa estar em cima da graduação. Caso o líquido seja opaco,
a parte superior do menisco deve ficar na linha da graduação.

 Menisco formado em balão volumétrico.


 Leitura de vidrarias de precisão a partir do menisco:
A) menisco côncavo (líquido transparente e translúcido).
B) menisco convexo (líquido turvo).

 ATENÇÃO

Vidrarias de precisão, como balão volumétrico e pipeta volumétrica, jamais devem ser
aquecidos. O aquecimento faz com que percam a precisão.
 Químico Richard August Carl Emil Erlenmeyer.

ERLENMEYER
Assim como os balões, o erlenmeyer apresenta gargalo mais fino que sua base, o que facilita a
agitação de substâncias. Seu nome é uma homenagem ao seu criador, o químico alemão
Richard August Carl Emil Erlenmeyer, que o desenhou em 1850, mas sua invenção só foi
publicada em um artigo científico dez anos depois. Possui graduações, mas sua precisão é
baixa, logo não é recomendado para medição de volumes.

São recipientes muito usados para preparar, aquecer e armazenar soluções. Em geral, a
esterilização de meios de cultura na autoclave é realizada em erlenmeyers. O volume do meio
não deve ultrapassar 50% da capacidade do frasco, sob o risco de extravasar quando for na
autoclave.
 Erlenmeyer.

 Becker.

BECKER
O becker é uma vidraria usada com múltiplos propósitos em um laboratório. Bem semelhante a
um copo, possui graduações e um bico dosador, para facilitar a transferência de líquidos.
Apesar de ter graduações, a precisão é baixa, não sendo recomendado medir volumes
por essa vidraria. Utilizado para pesar substâncias, preparar e aquecer soluções e transferir
líquidos ou soluções.

TUBOS DE ENSAIO
Tubos de vidro são usados para preparação de reações em pequena escala. É muito utilizado
em microbiologia no preparo de meios de cultivo em ágar inclinado. Há uma variedade de tipos
de tampas para os tubos, como rolha de algodão e tampa de rosca e de encaixe. Os tubos são
de fácil manuseio e ocupam pouco espaço na estufa, geladeira e nos armários, o que é uma
vantagem para laboratórios pequenos.

 Tubos de ensaio.

PIPETAS
As pipetas são largamente empregadas em laboratórios com o objetivo de medir e transferir
pequenos volumes de líquidos. Apresentam diferente aplicação e precisão de acordo com a
finalidade que você deseja.

As pipetas graduadas consistem em um tubo de vidro graduado, com duas saídas, sendo
uma mais afunilada, por onde o líquido é despejado, e a outra arredondada, onde se encaixa o
pipetador ou pera de sucção. As pipetas apresentam diferentes capacidades volumétricas, que
são indicadas no corpo da vidraria.

 Pipeta graduada.

 VOCÊ SABIA

As pipetas apresentam uma numeração superior que indica o volume total e sua escala.
Exemplo: 5 in 1/10 indica que o volume da pipeta total é de 5 mL e que sua escala é 0,1 mL.

É importante prestar atenção, pois há dois tipos de pipeta graduada. São elas:

TIPO 1 (MOHR – ESCOAMENTO PARCIAL)


Disponível em diversos tamanhos (0,1 – 10,0 mL), não apresenta graduação na extremidade
inferior da pipeta e possui duas linhas coloridas no topo. O volume é medido a partir da marca
“zero” até a última graduação, que fica antes da ponta. Ao despejar a solução da pipeta, esta
não deve passar da última marca, antes da ponta.

 Pipeta graduada de Mohr.


TIPO 2 (SOROLÓGICA – ESCOAMENTO TOTAL)
Semelhante à pipeta de Mohr, mas apresenta graduação até a extremidade inferior e uma linha
colorida no topo. Como, nessa pipeta, o volume é medido a partir da marca “zero” até a ponta,
é necessário despejar toda a solução que está na pipeta, inclusive o que estiver na ponta.

 Pipeta graduada sorológica.

Embora não seja indicado o aquecimento de pipetas graduadas, é comum em laboratórios


haver o uso dessas pipetas em procedimentos estéreis, sendo necessário autoclavá-las.
Porém, no mercado, há pipetas de poliestireno ou polipropileno que já vêm estéreis de fábrica
e são, portanto, ideais quando há necessidade de esterilidade. Estas pipetas são descartáveis,
enquanto as de vidro podem ser utilizadas novamente após devida limpeza.

 Pipeta volumétrica.

A pipeta volumétrica, assim como o balão volumétrico, é usada para pipetar um volume fixo,
pois é muito precisa. Consiste num tubo longo e fino de vidro, o qual possui uma região mais
larga no centro. A única graduação se encontra na extremidade superior do tubo. Não deve ser
aquecida.
 ATENÇÃO

Nunca se deve pipetar usando a boca! Acidentes podem ocorrer, como contaminação por
material biológico, queimaduras, envenenamento, entre outros. Existem bulbos de borracha,
conhecidos como peras, e pipetadores, que são baratos e facilmente encontrados em loja de
produtos para laboratórios.

As micropipetas são utilizadas na pipetagem precisa de pequenas quantidades de líquido (0,1


– 5000 µL), podendo ter somente um canal (monocanal) ou vários canais (multicanal). São
compostas por materiais diferentes do vidro, como, por exemplo, plástico polibutileno tereftalato
(PBT), e possuem um sistema mecânico de pipetagem.

 Micropipeta monocanal (esquerda) e multicanal (direita).

O funcionamento se baseia na transmissão de uma força que ocorre ao apertarmos o botão de


pipetagem presente na parte de cima da pipeta. Um pistão é acionado, o que permite que
determinada quantidade de líquido preencha a ponteira. Há micropipetas de volume único (fixo)
e de volume variado, onde se faz necessário configurar a pipeta para o volume desejado antes
de iniciar a pipetagem. As ponteiras, que se encaixam nas micropipetas, são feitas de
polipropileno e, convencionalmente, alguns de seus fabricantes estabeleceram determinadas
cores de acordo com a capacidade volumétrica de cada uma delas. Por exemplo, as ponteiras
de capacidade 10 – 100 µL são amarelas, enquanto as de 100 – 1000 µL são azuis.

Por serem de precisão, as micropipetas necessitam de certos cuidados, tais como:


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2
3
4
Manter a pipeta sempre em posição vertical – guardar micropipeta na posição horizontal faz
com que o seu lubrificante acumule em determinada região, prejudicando o funcionamento do
pistão e interferindo na pipetagem.

Sempre guardar a pipeta configurada no seu volume máximo.

Limpar a pipeta após o uso com álcool 70%.

Calibrar a pipeta trimestralmente, para que não perca a sua precisão.

 SAIBA MAIS

No laboratório, também podemos encontrar as chamadas pipetas Pasteur, que podem ser de
vidro ou de plástico. As de plástico podem ter graduação, mas não possuem boa precisão e já
vêm acopladas com um bulbo. Já as de vidro não têm graduação e, para utilizá-las, é
necessário acoplar um bulbo (pera) na pipeta a fim de realizar a sucção. Possuem pontas
bastante finas, que são bem frágeis. As pipetas Pasteur são usadas na transferência de
líquidos, especialmente quando é necessário o gotejamento.
 Pipeta Pasteur de plástico.

 Pipeta Pasteur de vidro.


Neste vídeo, você conhecerá um pouco sobre os procedimentos para uma pipetagem de forma
correta.

 ATENÇÃO

Vídeo meramente ilustrativo. Quando você estiver na prática laboratorial, lembre-se de utilizar
os equipamentos de proteção individual.

BURETA
Considerada uma forma especializada da pipeta, a bureta consiste num tubo de vidro longo e
graduado com uma torneira na ponta, que pode ser aberta ou fechada. Essa torneira permite o
controle do fluxo de líquido, sendo usada para medir volumes de líquidos e soluções por
escoamento. Para usá-la, é necessário que esteja presa a um suporte, e, com a ajuda de um
funil, a bureta é facilmente preenchida com o líquido a ser medido. A abertura da torneira
permite a saída do líquido, e ela deve ser fechada quando o volume desejado for alcançado.
Vale lembrar que é a parte de baixo do menisco que deve estar sobre a marca da graduação. A
bureta não deve ser aquecida, pois é uma vidraria de precisão; ela é mais utilizada para prática
de titulações em laboratório de química e indústria farmacêutica para controle de qualidade.

 Bureta.

TITULAÇÕES

Técnicas de laboratório utilizadas para determinar a concentração de uma solução, por meio de
uma reação entre essa solução e outra de concentração conhecida.
 Proveta.

PROVETA
Tubo cilíndrico, graduado, com bico dosador, e uma base que a sustente, normalmente de
polipropileno ou vidro; é usada para medição e transferência de volumes de líquidos e
soluções. A proveta é mais precisa que o becker e o erlenmeyer, porém menos precisa que a
bureta, pipeta e o balão volumétrico. A leitura do volume também deve ser feita pela parte
inferior do menisco, que deve estar sobre a marca da graduação desejada. Vale lembrar que o
menisco precisa estar na altura dos olhos.

CONDENSADOR
Como o próprio nome diz, o condensador é uma vidraria utilizada para a condensação de
vapores gerados a partir do aquecimento de um líquido ou uma solução durante os processos
de destilação. Os condensadores mais comuns são o de Liebig e o de serpentina; eles
compreendem um cilindro de vidro, composto por um encaixe superior e outro inferior, e
possuem duas entradas para mangueiras, que conduzem a água que refrigera o condensador,
para que haja a condensação do vapor.

 Foto ilustrando a destilação.

A diferença entre eles é o seu interior: o de Liebig é composto por um tubo reto, e o de
serpentina tem um tubo em forma de serpentina.

 Condensador de Liebig.
 Condensador de serpentina.

FUNIL
O funil utilizado em laboratório é muito semelhante ao que temos em casa para encher uma
garrafa, por exemplo, mas com algumas peculiaridades. Eles são de três tipos: o de separação,
analítico e de Büchner.


 Funil analítico.

O FUNIL ANALÍTICO

É semelhante ao funil que usamos em casa, porém é feito de vidro e costuma apresentar haste
mais longa; precisa de argola e suporte para ser usado ou pode ser apoiado em erlenmeyer.
Sua principal utilização consiste na filtração e retenção de partículas sólidas através de papel
de filtro. A filtração ocorre por ação da gravidade.

O FUNIL DE SEPARAÇÃO

Também conhecido como funil de decantação, é uma vidraria usada para separação de
líquidos imiscíveis, isto é, que não se misturam, e na extração de líquidos/líquidos. Embora
também possua uma torneira na parte inferior do equipamento, o funil de separação é diferente
da bureta, não possuindo graduação; tem o corpo arredondado. É necessário ser usado com
suporte e argola, acessórios que serão vistos mais adiante.
 Funil de separação.


 Funil de Büchner.

O FUNIL DE BÜCHNER

Tem geometria semelhante a um funil analítico, mas geralmente é feito de porcelana, possui
uma borda alta e pequenos orifícios em sua base. É utilizado em filtrações a vácuo, com o
kitassato, que será visto a seguir. Na base, é colocado papel de filtro, onde fica retida a parte
sólida do conteúdo filtrado. O nome Büchner é uma homenagem ao químico industrial alemão
Ernst Büchner, que patenteou o filtro em 1888.

KITASSATO
Frasco bem semelhante a um erlenmeyer, mas apresenta uma saída logo abaixo do gargalo.
 Kitassato.

Essa saída, na forma de um pequeno braço, serve para acoplar uma mangueira, que, por sua
vez, é conectada a uma bomba de vácuo. O funil de Büchner é colocado na boca do kitassato
com uma rolha de borracha, para garantir a vedação.

A filtração ocorrerá de maneira mais rápida que a filtração por gravidade, pois o vácuo reduz a
pressão; com isso, a pressão externa (atmosférica) empurra o conteúdo do filtro para dentro do
kitassato. Devido aos pequenos orifícios e à adição de filtro de papel, somente partículas com
diâmetro menor passarão pelo filtro, e o restante ficará retido. O nome kitassato foi uma
homenagem a um prestigiado cientista japonês, chamado Shibasaburo Kitasato.
 Imagem ilustrando a filtração a vácuo com
funil de Büchner e Kitassato.

 Dessecador.

DESSECADOR
Vidraria composta por duas peças: um recipiente arredondado, cujo fundo contém um agente
desidratante (dessecante) separado por uma placa de porcelana, e uma tampa que se encaixa
hermeticamente no recipiente, isto é, não permite a passagem de ar. O dessecador é utilizado
para o resfriamento de vidrarias ou secagem de qualquer substância que necessite de um
ambiente seco, livre do vapor de água presente na atmosfera. O dessecante, que absorve a
umidade presente no dessecador, pode ser de diversos tipos, sendo a sílica bastante utilizada.
De acordo com a necessidade, o dessecante pode ser aquecido em forno (ver módulo 1, tópico
estufa, Saiba mais), a fim de que perca a umidade e volte a ser usado no dessecador. Se a
sílica usada como dessecante tiver indicador de umidade, com o aumento da absorção de
umidade, ela clareia, tornando mais fácil identificar quando é necessário secá-la.

 VOCÊ SABIA

Em casa, utilizamos dessecante em armários para absorver a umidade e evitar a formação de


mofo. Esses produtos são encontrados nos setores de limpeza dos supermercados. Nos
medicamentos e em produtos novos, como bolsa e carteira, também verificamos a presença de
dessecantes, geralmente embalados em pequenos sacos.

 Sílica gel (dessecante).


BASTÃO DE VIDRO
Objeto cilíndrico, de vidro, muito utilizado em laboratório. Serve para agitação e
homogeneização de soluções em geral ou qualquer líquido. Além disso, o bastão de vidro
permite a transferência de líquido de um frasco para outro.

 Bastão de vidro.

 ATENÇÃO

Quando preparamos mais de uma solução, sempre devemos colocar o bastão usado na pia ou
em outro local adequado, para que ele não seja confundido com o bastão limpo, podendo
contaminar a nova solução.
 Vidro de relógio.

VIDRO DE RELÓGIO
A vidraria tem esse nome devido à sua semelhança com os vidros que costumavam ser usados
em relógios de bolso antigos. É uma peça de vidro, em formato côncavo, usada para pesagem
de substâncias sólidas, evaporação de pequeno volume de líquido e para tampar frascos,
como o becker. Não suporta o aquecimento por calor direto.

GRAL E PISTILO
Geralmente fabricado em porcelana, o gral e o pistilo são semelhantes a um pilão e seu
socador. Isso porque suas funções também são parecidas. O gral e pistilo são usados para
triturar e pulverizar sólidos em pequena escala. O gral também é conhecido como almofariz.
 Gral e pistilo.

CADINHO E CÁPSULA DE PORCELANA

CADINHO
O cadinho é usado em laboratório para aquecimento de sólidos em alta temperatura, podendo,
inclusive, ser colocado diretamente sobre o bico de Bunsen. Fabricado principalmente em
porcelana, é uma vidraria pequena, com tampa, semelhante a um pote.
 Cadinho de porcelana.

CÁPSULA
A cápsula é um recipiente de porcelana pequeno e com um bico dosador. É utilizada para a
secagem e evaporação de líquidos. É amplamente usada para a verificação da massa celular
de bactérias e leveduras. Para isso, a massa de células suspensa em pequena quantidade de
água destilada é depositada em cápsulas (previamente pesadas) e submetidas a secagem em
forno Pasteur. Após resfriamento em dessecador, a cápsula é novamente pesada. A diferença
entre o peso obtido com a cápsula + as células e o peso inicial da cápsula correspondem à
massa celular.
 Cápsula de porcelana.

OUTROS ACESSÓRIOS


 Argola ou anel.

ANEL OU ARGOLA

Acessório em metal, com um aro redondo e um prendedor que é acoplado ao suporte


universal. Usado para sustentar o funil de separação e o funil analítico durante a filtração.

ESPÁTULAS

Fabricadas em inox ou polipropileno, as espátulas podem ter formas variadas, mas sempre terá
uma ou duas pontas mais largas e o centro afinado. Serve para transferir substâncias de um
frasco para outro e agitar soluções. Durante a pesagem de determinado sólido, as espátulas
estão sempre presentes.
 Diferentes espátulas usadas em laboratório.


 Estante para tubo de ensaio.

ESTANTES

As estantes são usadas para o suporte de tubos de ensaio. Há diferentes modelos e tamanhos,
sendo fabricadas principalmente em metal.

PINÇAS

A pinça metálica possui abertura para colocação dos dedos, como em uma tesoura, e sua
ponta tem o formato de uma garra. Usada para segurar vidrarias quando quentes, como
cadinhos, cápsulas de porcelana e tubos de ensaio.

A pinça de madeira é parecida com um pregador de roupa e contém uma haste longa, para
que possamos segurá-la com segurança. Isso porque são utilizadas na fixação de esfregaço
em lâminas, que é feita na chama do bico de Bunsen, e para segurar tubos de ensaio durante
seu aquecimento.
 Pinça metálica.

 Pinça de madeira.


 Suporte universal e argola.

SUPORTE UNIVERSAL

Fabricado em ferro, consiste em uma haste longa sustentada por uma base. Como já
mencionado, o anel, ou a argola, é fixado junto ao suporte, servindo para sustentar funis
analíticos e de separação e outras peças.

TRIPÉ

Uma peça feita em ferro, com três pés compridos unidos por um aro. Usado em experimentos
que são necessários a utilização do bico de Bunsen. O tripé fica ao redor do bico de Bunsen e,
no seu aro, é colocada uma tela de amianto. O material a ser aquecido é mantido sobre essa
tela.
 Tripé.


 Garra dupla presa ao suporte universal.

GARRA DUPLA

Geralmente feita de metal, essa peça apresenta uma garra em cada ponta. Após ser conectada
ao suporte universal, é utilizada para sustentar buretas.

VERIFICANDO O APRENDIZADO

CONCLUSÃO

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Aprendemos sobre os principais equipamentos e as vidrarias presentes em laboratório clínico,
suas características, funções e como utilizá-los. O aprendizado adquirido a partir deste tema é
de grande relevância para o profissional que atuará em laboratórios, pois os equipamentos e as
vidrarias fazem parte da rotina laboratorial, e o conhecimento e o uso adequado são
fundamentais para o sucesso de suas análises.

 PODCAST

AVALIAÇÃO DO TEMA:

REFERÊNCIAS
AFONSO, J. C.; SILVA, R. M. da. A evolução da balança analítica. Química Nova, 2004. v.
27, n. 6, p. 1021–1027.

ANDRADE, J. C. de; CUSTODIO, R. O uso da balança analítica. Chemkeys - Liberdade para


aprender, 2000. p. 1–3.

ANVISA. Serviços Odontológicos: Prevenção e Controle de Riscos. 1. ed. Brasilia: Editora


Anvisa, 2006.

BOYER, R. Modern experimental biochemistry. 3. ed. São Francisco, CA: Addison Wesley
Longman, 2000.

COLLINS, C. H. et al. Microbiological Methods. 8. ed. London: Arnold, 2004.

CONEY, G. S. The Laboratory Companion: A Practical Guide to Materials, Equipment, and


Technique. New York: John Wiley & Sons, Ltd, 1997.
MCDONNELL, G. E. Antisepsis, disinfection, and sterilization: types, action, and resistance.
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OLIVEIRA, I. A. et al. De onde vêm os nomes das vidrarias de laboratório? Química Nova,
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SECRETARIA DE ASSISTÊNCIA À SAÚDE. Orientações gerais para Central de


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ed. Geneva: World Health Organization 2003, 2003.

WORLD HEALTH ORGANIZATION. Maintenance manual for laboratory equipment. 2. ed.


Geneva: World Health Organization 2008, 2008.

EXPLORE+

Para conhecer um pouco mais sobre a história do nome de algumas vidrarias, leia o
artigo De onde vêm o nome das vidrarias de laboratório?, de Iara Terra de Oliveira et al.

Para conhecer mais sobre as diferentes pipetas, leia o trabalho Pipeta: um instrumento
simples, porém de grande importância, de Brunno Câmara, no blog Biomedicina Padrão.
Além do conteúdo sobre esse instrumento tão importante no laboratório, você ainda tem
acesso a alguns vídeos.

CONTEUDISTA
Gabrielle Alves Ribeiro da Silva

 CURRÍCULO LATTES
<

DESCRIÇÃO
Princípios e características da microscopia de luz. Componentes mecânicos e ópticos do
microscópio. Características da objetiva, diferença entre poder de ampliação e poder de
resolução. Utilização correta do microscópio e os tipos de microscopia de luz existentes.

PROPÓSITO
Compreender os princípios que regem a microscopia de luz e os componentes do microscópio,
bem como suas funções e as diversas modalidades de observação. Obter conhecimentos
suficientes para a correta utilização deste equipamento e o esclarecimento sobre as
possibilidades de aplicação da microscopia na pesquisa e no diagnóstico.

OBJETIVOS

MÓDULO 1

Descrever conceitos gerais da microscopia de luz e seus componentes ópticos

MÓDULO 2

Identificar as diferentes modalidades de observação em microscopia de luz


INTRODUÇÃO
A palavra microscópio vem da junção das palavras gregas mikrós , que significa pequeno, e
skoppéoo , que significa observar. A maioria dos conhecimentos atuais sobre a Microbiologia
e a Biologia Celular é resultado do desenvolvimento das técnicas de microscopia, que utiliza a
luz (visível ou não) para gerar uma imagem.

Inicialmente, vamos conhecer os princípios e conceitos gerais da microscopia de luz, bem


como os principais componentes do microscópio convencional. Além disso, vamos descobrir se
há diferença entre aumento e resolução, além de aprendermos como garantir uma correta
iluminação na nossa imagem e como manusear adequadamente um microscópio.

Por fim, vamos conhecer um pouco sobre os principais tipos de microscopia de luz, seus
princípios de funcionamento e suas principais aplicações. Vamos começar?

MÓDULO 1

 Descrever conceitos gerais da microscopia de luz e seus componentes ópticos

HISTÓRICO DOS MICROSCÓPIOS


Vamos começar nossa jornada pelo mundo da microscopia falando um pouco da história dos
microscópios. Com a invenção desse instrumento, descobriu-se um novo e fascinante mundo,
cheio de possibilidades e aplicações. Desde a utilização dos equipamentos mais simples até as
modernas técnicas de reconstrução de tecidos em 3D. A microscopia fascina e desperta a
curiosidade.

A partir do século XVII, a invenção do microscópio revolucionou a Biologia Celular, trazendo


novos conhecimentos e interpretações sobre o mundo que nos rodeia.

Porém, o nome do inventor e a data exata da criação do primeiro microscópio ainda é motivo
de dúvida. Alguns historiadores sugerem que o primeiro microscópio tenha surgido no final do
século XVI com o trabalho do fabricante de óculos Zacharias Janssen, que, ao unir duas lentes
em um mesmo eixo, conseguiu visualizar estruturas pequenas e simples. Outras teorias
históricas apontam que Galileu observava, já em 1623, minúsculas partículas com um
telescópio rudimentar.

 Microscópio de Zacharias Janssen.

Porém, foi em 1665 que Robert Hooke construiu o equipamento que mais se assemelha aos
microscópios de luz utilizados atualmente. No seu livro, Micrographia , Hooke apresentou a
descrição de suas observações a partir de um microscópio que se baseava na ampliação da
imagem pela combinação de uma lente ocular com uma objetiva. Nesse documento, há o relato
da observação de cortes de cortiça e a primeira citação do termo “células”. Paralelamente, o
holandês Anton van Leeuwenhoek construiu um microscópio e fez observações a partir da
análise de uma cortiça e de microrganismos coletados na água da chuva.

Ao longo dos séculos, a microscopia se aperfeiçoou e hoje nos permite observar os detalhes
mais profundos da estrutura celular nas diferentes formas de vida. Realmente, os microscópios
atuais são muito mais complexos do que os do século XVI, mas seguem o mesmo princípio ao
associarem lentes a fim de gerar uma imagem ampliada.

Muitas são as aplicações dos diversos tipos de microscopia. Talvez nenhuma invenção tenha
revolucionado tanto a ciência como o microscópio, que permitiu a quebra de paradigmas
científicos e impulsionou o campo da Biologia Celular.
 Microscópio de luz.

PRINCÍPIOS DA MICROSCOPIA FOTÔNICA:


CARACTERÍSTICAS DA LUZ
A microscopia de luz também pode ser chamada de microscopia fotônica, pois os fótons são
partículas de luz. Portanto, para entender o funcionamento dos microscópios, precisamos
conhecer as propriedades e características da luz.

A luz pode ser descrita como uma onda ou um fluxo de fótons, dependendo do fenômeno
que desejamos descrever. Dentro da microscopia de luz, um conceito importante é o espectro
da luz, ou seja, os comprimentos de onda. Esse espectro não se limita ao domínio visível,
indo desde ondas de rádio à radiação gama. A luz que enxergamos está dentro de uma faixa
pequena desse espectro, a região visível, que varia do vermelho ao violeta.

Quando observamos a luz branca, por exemplo, vemos na verdade a soma de todos os
comprimentos de onda que fazem parte da região visível do espectro. A microscopia de luz se
interessa justamente por essa região. Porém, em alguns microscópios, a fonte de luz é dada
por lâmpadas de mercúrio, as quais emitem luz que ultrapassa o espectro visível.
FÓTONS

Partícula de energia na forma de radiação eletromagnética.

 Espectro eletromagnético, demonstrando que apenas uma pequena faixa é visível aos
nossos olhos.

Além das características da luz, precisamos conhecer dois fenômenos físicos de interferência
na luz que são importantes na formação da imagem final: a refração e a difração. Estudando
esses dois fenômenos vamos entender, por exemplo, a capacidade de resolução de uma lente
e a utilização dos meios de imersão.
 Fenômenos da luz.

Você sabe o que é difração e refração?

Em materiais transparentes, como o vidro ou a água, os raios luminosos ou ondas luminosas


são absorvidas e reemitidas por moléculas do material até atravessá-lo inteiramente. Por isso,
pode-se enxergar através deles. Entretanto, essa passagem ocasiona um pequeno atraso na
propagação e, consequentemente, a velocidade da onda no material é menor que no ar,
resultando em um leve desvio ao mudar de meio. Como isso funciona na prática?

Por exemplo, um lápis dentro de um copo com água parece estar torto ou distorcido. O que
ocorre, na realidade, é um desvio da luz ao mudar de um meio para outro (do ar para a água),
pois os índices de refração desses dois meios são diferentes. Na microscopia, o
conhecimento do fenômeno da refração é importante para entender por que utilizamos meios
de imersão para lentes objetivas e qual o impacto deles na geração e qualidade da imagem.

REFRAÇÃO

Refração é a mudança na velocidade de uma onda ao atravessar dois meios com índices de
refração diferentes. Por sua vez, o índice de refração mede a razão entre a velocidade da luz
no vácuo, onde não há nenhuma perturbação, e a velocidade da luz em um determinado meio.

 Ilustrações representativas do fenômeno da refração.

Já a difração é o fenômeno que está diretamente relacionado ao processo de formação da


imagem e à capacidade de resolução de uma lente.

As ondas de luz, emitidas a partir de uma fonte luminosa, tendem a seguir uma trajetória em
linha reta. No entanto, conforme vemos na figura a seguir, a existência de uma parede com
fendas faz com que a luz se espalhe formando cones de iluminação que, na realidade,
representam a luz difratada. Logo, difração é a capacidade das ondas de desviar ou contornar
os obstáculos que encontram durante sua propagação, bem como seu espalhamento ou
alargamento após atravessar fendas ou orifícios.

 Figura 1: Esquema representando o fenômeno de difração da luz.

Esse fenômeno parece complicado e longe da prática da microscopia, não é? Mas vamos
trazer para a nossa realidade para entendê-lo melhor.

Podemos comparar a “parede com fendas” com uma lâmina contendo algum corte de tecido
biológico, onde diferentes estruturas celulares terão maior e menor capacidade de interferir na
penetração da luz. Em geral, a fonte de luz dos microscópios fica na base do aparelho, logo, o
feixe de luz atravessa a amostra e permite a formação da imagem desta. A resolução de uma
lente, portanto, é dada pela sua capacidade de captar os raios que foram difratados.
 No microscópio óptico, o feixe luminoso atravessa a amostra e permite a geração da
imagem que visualizamos.

APRESENTAÇÃO DO MICROSCÓPIO
Um microscópio pode ser dividido em dois principais sistemas: o mecânico e o óptico.
Conhecer o nome de cada parte e a sua respectiva função é importante para manusear de
maneira adequada esse equipamento tão essencial para as ciências biomédicas.

O sistema mecânico é composto por diferentes partes que têm funções específicas e
distintas.

Pé ou base - confere suporte e apoio para sustentar o microscópio sobre uma superfície.

Coluna - sustenta as demais peças e articulações do microscópio, além de ajudar no


transporte do aparelho.

Platina e charriot - a platina é o local onde se coloca o material para observação. Já o


charriot possibilita a movimentação da lâmina (esquerda e direita) conforme o operador
desejar, auxiliando na mudança do campo visual.
Pinças - ficam presas na platina e servem para fixar a lâmina com o material de estudo.

Tubo ou canhão - estrutura que une os sistemas de lente objetivas e oculares.

Revólver – fica localizado logo abaixo do canhão e sustenta as objetivas. É possível


rodá-lo no próprio eixo para trocar a objetiva.

Parafusos micrométrico e macrométricos - permitem mover a platina na vertical para


focar a imagem. O micrométrico movimenta a platina delicadamente e é usado para o
ajuste fino do foco. Já o macrométrico permite o ajuste inicial do foco, com movimentos
mais grosseiros.

Veremos agora quais elementos compõem a parte óptica de um microscópio. Essa talvez seja
a parte mais interessante do aparelho, pois é nela que os mistérios envolvidos na formação e
aumento da imagem são descobertos.

Condensador – concentra os raios luminosos na amostra.

Diafragma do condensador – regula a quantidade de luz que entra no condensador,


possibilitando o ajuste do contraste. Existe ainda o diafragma de campo, próximo à fonte
de luz, para controlar a intensidade luminosa.

Fonte luminosa – geralmente, é uma lâmpada de halogênio que fornece a luz do


sistema.

Lentes objetivas – localizadas no revólver, têm a função de ampliar inicialmente e com


resolução a imagem.

Lentes oculares – também ampliam com resolução a imagem gerada pela objetiva.

 VOCÊ SABIA

Ajuste dioptria refere-se ao ajuste da ocular para promover acomodação para as diferenças de
visão do observador.
 Figura 2: Apresentação dos componentes básicos de um microscópio de luz convencional.

Você deve estar se perguntando como observar uma garrafa de cultura de célula, já que
algumas não cabem no espaço entre a platina e a objetiva, pois são muito altas. Nesses casos,
nós utilizamos os chamados microscópios invertidos, nos quais a fonte de iluminação fica
acima da platina e, as objetivas, abaixo dela.

 Microscópio invertido
OBJETIVAS
As lentes objetivas são talvez o componente mais importante de um microscópio e, geralmente,
estão presentes no revólver quatro objetivas. Veremos que as objetivas são fundamentais,
atuando no ganho em resolução, no contraste e no tamanho do campo analisado. Os outros
elementos do sistema óptico são importantes para corrigir ou modificar o padrão da luz, mas
sua função primordial é atuar na ampliação e manutenção da imagem gerada pelas objetivas.

 Revólver contendo as 4 objetivas do microscópio de luz convencional.

Ao contrário do que se imagina, uma lente é composta por um complexo sistema óptico que,
através da convergência e divergência dos raios luminosos, consegue ampliar a imagem. Uma
objetiva contém em sua parte externa diferentes códigos e números que indicam todas as suas
características e especificações. É importante que você aprenda a identificar essas
informações, pois elas darão dicas de como você deve utilizar o microscópio e observar sua
amostra.

Tudo pronto? Então vamos lá!


 Figura 3: À esquerda, uma lente objetiva com as informações técnicas gravadas em seu
exterior. À direita, o seu interior, demostrando um conjunto de lentes e a complexidade do
sistema óptico.

 VOCÊ SABIA

No momento da análise do material no microscópio, a escolha das objetivas abrange diversas


variáveis, como o tipo de amostra, a abertura numérica e o tipo de microscopia utilizada.

Talvez você não saiba o significado de algumas dessas informações, mas vamos ver uma por
uma:

FABRICANTE (1)
Nome da empresa responsável pela produção da lente objetiva. No caso do nosso exemplo, a
empresa é a Zeiss.

DENOMINAÇÃO (2)
Compreende a classe e o tipo de correção da lente. É interessante saber que ocorrem dois
tipos de aberrações nas objetivas: esférica e cromática. Alguns recursos são utilizados para
corrigir essas aberrações e melhorar a qualidade da imagem gerada. De modo geral, os
fabricantes adotam uma nomenclatura única, facilitando o entendimento do operador do
microscópio. Vejamos a seguir as principais especificações encontradas no campo da
denominação (Quadro 1).
ESFÉRICA

Ocorre quando os raios luminosos focam em uma distância diferente da lente dependendo da
distância entre o centro e o ponto de incidência do raio nesta última.

CROMÁTICA

Surge do fato de que os raios luminosos de diferentes comprimentos de onda não estão
focados no mesmo ponto do eixo óptico.

Quadro 1: Principais especificações da denominação.

DENOMINAÇÃO ESPECIFICAÇÃO

Achromat Utilizada para correção esférica e cromática para duas cores.

Apochromat Utilizada para correção esférica e cromática para quatro cores.

Fluar, FL ou Utilizada, principalmente, em microscopia de fluorescência e


Fluor possui correção cromática de três ou quatro cores.

Utilizada somente para correção esférica. Achroplan são as


Plan recomendadas para luz transmitida e Epiplan são para luz
refletida.

 Fonte: O autor.

 Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal

Ainda em denominação, encontramos as informações da classe da objetiva, que se refere ao


tipo de aplicação da lente. As principais aplicações são: microscópios invertidos, que requerem
certa distância do objeto de análise (LC – long working distance ); microscópios de
fluorescência (EC – enhanced contrast ); visualização de organismos vivos (LCI – live cell
imaging ); microscópios confocais (‘C’ – C-Aprochromat ).

Ao observamos a Figura 3, vemos que a objetiva é uma EC, própria para microscópios de
fluorescência. Epiplan indica que é utilizada para luz refletida e Apochromat significa que
essa objetiva corrige tanto aberrações esféricas quanto cromáticas para quatro cores.

MAGNIFICAÇÃO/ABERTURA NUMÉRICA (3)


A palavra magnificação pode assustar à primeira vista, mas significa apenas a quantidade de
vezes que a objetiva consegue ampliar a imagem da amostra de estudo. No nosso exemplo
dado (Figura 3), a objetiva amplia 50 vezes (50x) a imagem. A abertura numérica (AN)
determina a eficiência de resolução da objetiva, ou seja, sua capacidade de captar os raios
luminosos, já considerando a difração sofrida, e fornece detalhes da amostra. No caso da
objetiva do exemplo dado (Figura 3), a abertura numérica é de 0,95.

 ATENÇÃO

Você não precisará calcular a AN, pois o valor está escrito na lente. Entretanto, deve entender
os fundamentos do cálculo. A AN é dada pela fórmula:

AN = n (sen µ)

Onde: n é o índice de refração do meio entre a objetiva e a amostra; µ é a metade do ângulo


máximo de abertura da objetiva; sen é seno de µ.

Então, quanto maior o valor de AN, maior também o poder de resolução e a necessidade de
uso de um meio de imersão, pois menor será o espaço entre a lente e a lamínula (distância de
trabalho).

Como saber se a abertura numérica é alta?

 RESPOSTA

A escolha da abertura numérica para melhorar a resolução da objetiva está muito ligada à
magnificação desta. Em uma objetiva de 40x, por exemplo, uma AN de 0,75 é baixa, sendo
ótimo o intervalo entre 1,2 e 1,4. Por outro lado, AN de 0,25 em uma objetiva de 10x é baixa,
sendo recomendada uma 0,45. Não existe, por exemplo, uma objetiva de 10x com uma AN de
1,2. Desse modo, por uma questão física e trigonométrica, o intervalo de AN ideal para suas
análises terá que ser analisado juntamente com a magnificação dada pela sua objetiva.

MÉTODO DE CONTRASTE (4)


Algumas situações específicas exigirão conhecimentos adicionais, como é o caso da
visualização de organismos vivos e de tecidos não corados. Você precisa estar atento, pois
esse tipo de amostra necessita da aplicação de um método de contraste para melhor definição
das estruturas da amostra. A microscopia de contraste de fase transforma diferenças de fase
em diferenças de intensidade luminosa. As lentes empregadas nesse tipo de microscopia são
indicadas com “Ph” e contêm um anel de fase na sua estrutura óptica. Se a indicação for “DIC”
ou “Pol” significa que essa objetiva é adequada para a microscopia de contraste de
interferência e microscopia de polarização, respectivamente.

POLARIZAÇÃO

Polarização é um processo de seleção de ondas de acordo com a sua direção de vibração,


após passarem por um material que atua como filtro, chamado de polarizador.

Esse é um fenômeno exclusivo das ondas transversais, que possuem a propagação


perpendicular à vibração, como as ondas eletromagnéticas. As ondas longitudinais, como o
som, que possuem direção de propagação paralela à direção de vibração, não podem ser
polarizadas.

MEIO DE IMERSÃO (5)


Como vimos quando estudamos o fenômeno de refração, as diferenças de meio interferem na
velocidade da luz e, consequentemente, na qualidade e percepção da imagem. A luz sofre
refração ao passar do vidro da lâmina e da lamínula para o ar e ainda depois para a objetiva.
Por exemplo, o índice de refração do ar é de, aproximadamente, 1, já o do vidro utilizado em
lâminas de 1,5. Existem diversos meios de imersão utilizados na microscopia e sua utilização
busca corrigir essas diferenças de índice de refração, entre os diferentes meios que a luz
ultrapassa no momento da leitura de uma lâmina (Figura 4).

Fonte: Adaptado de The Biology Primer.


 Figura 4: Demonstração da refração sofrida pela luz ao passar por diferentes meios no
microscópio.

As objetivas que necessitam de algum tipo de meio de imersão terão a indicação através de
uma faixa de cores que representarão um meio específico. Vejamos os principais (Quadro 2):

Quadro 2: Faixa de cor da objetiva e tipo de substância utilizada como meio de imersão.

COR TIPO DE SUBSTÂNCIA

Óleo de imersão (oil )

Glicerina

Água

Óleo, glicerol ou água

 Fonte: O autor.

 Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal

Fique atento à indicação de cor na objetiva, pois o uso do meio de imersão incorreto pode
resultar na perda significativa de qualidade na imagem ou até mesmo danificar a objetiva.

 ATENÇÃO

O código de cor encontrado em algumas objetivas indica o meio de imersão que deve ser
utilizado, como as cores preta, laranja, branca e vermelha. Outras cores podem ser
encontradas, mas essas estão relacionadas ao tamanho da ampliação. Isso é muito útil quando
você tem um revólver contendo várias objetivas e deve selecionar rapidamente uma ampliação
específica. Como no exemplo dado (figura 3), o código de cor azul presente na objetiva indica
que a ampliação é de 60x.
COMPRIMENTO OU EXTENSÃO DO TUBO (6)
Essa informação vem gravada na parte externa da objetiva e indica se ela foi fabricada para
ser utilizada a uma distância fixa (160 mm, correspondente à distância da base da objetiva até
as oculares) ou corrigida para óptica infinita (sinalizada por ∞). Os microscópios mais
modernos geralmente utilizam objetivas de óptica infinita.

ESPESSURA MÁXIMA DA LAMÍNULA (7)


Algumas objetivas exigem o uso de lamínulas de espessuras específicas para se ganhar o
máximo de qualidade de imagem possível (Figura 5). O sinal negativo ( - ) indica que não há
interferência de acordo com a espessura, podendo ser utilizadas lamínulas diversas. Por outro
lado, o número zero (0) aponta que a lamínula não deve ser utilizada. Isso mesmo que você
leu, a preparação deve ser feita sem lamínula! Neste caso, o cuidado deve ser redobrado para
que a objetiva não encoste na amostra. Na maioria dos casos, a espessura das lamínulas
padrão varia de 0,15 a 0,19 mm. No nosso exemplo (Figura 3), a objetiva apresenta o número
zero!

Fonte: Adaptado de Soleil Nordic/Shutterstock.


 Figura 5: Esquema da montagem lâmina – amostra – lamínula.

AUMENTO E RESOLUÇÃO: QUAL A


DIFERENÇA?
Você sabia que os microscópios não apenas nos auxiliam ampliando as estruturas observadas,
como também aumentam a resolução da nossa visão? Você imagina como?

O olho humano tem um poder de resolução de aproximadamente 0,2 micrômetros, que


equivalem à milésima parte de 1 milímetro. Isso significa dizer que, se olharmos dois pontos
separados por uma distância menor que 0,2 micrômetros, vamos enxergar apenas um único
ponto ao invés de dois. Para que consigamos visualizar estruturas separadas umas das outras,
é necessário o auxílio de instrumentos ópticos que aumentem o poder de resolução. Então,
resolução é a capacidade de distinguir dois pontos próximos (Figura 6).
 Figura 6: O aumento da resolução permite a distinção de dois pontos com maior clareza.

Poder de resolução não é a mesma coisa que poder de aumento. Se você ampliar uma foto
várias vezes, as estruturas separadas por menos de 0,2 micrômetros vão continuar
aparecendo como um ponto só, como se fossem um único borrão. Nesse caso, haverá um
aumento do poder de ampliação, mas não de resolução. O surgimento dos microscópios
permitiu ao ser humano aumentar tanto o poder de ampliação quanto o de resolução das
imagens.

 COMENTÁRIO

No microscópio, o aumento obtido é resultado da multiplicação entre o aumento da objetiva e o


da ocular. Por exemplo, se o aumento de uma objetiva for de 100x e o de uma ocular for de
10x, a ampliação total será de 1000x.

ILUMINAÇÃO DE KOHLER
A chamada iluminação de Kohler foi desenvolvida no final do século XIX pelo professor
alemão August Köhler e até hoje é usada quase exclusivamente como o método de iluminação
nos microscópios. Ela funciona pelo ajuste dos componentes do sistema óptico, para que cada
um contribua garantindo a intensidade e a estabilidade da iluminação na amostra. O professor
Köhler sabia que, assim como o uso de boas lentes, o controle da iluminação é essencial na
microscopia.

A iluminação de Kohler é muito importante e fácil de fazer. Observe a Figura 7 e acompanhe o


passo a passo.

IMAGEM A
IMAGEM B
IMAGEM C
IMAGEM D
IMAGEM E

IMAGEM A

Primeiramente, é preciso ligar o microscópio. Em seguida, coloque uma lâmina qualquer na


platina e focalize. Feche o diafragma de campo. Você deve enxergar um círculo ou um
hexágono.

IMAGEM B

Cuidadosamente, mexa nos parafusos do condensador para centralizar essa imagem no


campo.

IMAGEM C

Agora, mexendo no foco do condensador, deixe as bordas do círculo ou do hexágono bem


nítidas.
IMAGEM D

Quase terminando, abra o diafragma de campo até que a luz ocupe o seu campo visual, mas
sem ultrapassar muito.

IMAGEM E

Por fim, retire com muito cuidado uma das oculares para a correta observação do diafragma do
condensador, que deve estar aberto em cerca de 80% do campo.

Agora sim, tudo pronto! A imagem resultante terá contraste e iluminação excelentes.

 Figura 7: Algumas etapas da iluminação de Kohler.

COMO UTILIZAR UM MICROSCÓPIO?


Como você deve saber, o microscópio é um equipamento muito utilizado em diversos
laboratórios, auxiliando tanto na pesquisa quanto no diagnóstico e na educação. Apesar disso,
ele é um equipamento sensível e caro.

Você foi apresentado aos principais componentes e aprendeu suas respectivas funções. Esse
conhecimento é importante para que você manuseie um microscópio da maneira adequada.
Apenas com o domínio dos procedimentos básicos de operação, você poderá alcançar todos
os recursos do equipamento, além de mantê-lo funcionando por mais tempo.

Nunca se deve manusear um microscópio com as mãos sujas ou molhadas e nem forçar
nenhuma das partes, pois todas devem funcionar suavemente. A lente da objetiva, seja de
maior ou de menor aumento, nunca deve encostar na lâmina ou lamínula. Ou seja, você não
pode focalizar a imagem levantando a platina com o macrométrico e olhando na ocular ao
mesmo tempo.

As lentes devem ser limpas com uma solução de álcool-éter (proporção 9:1) e um papel
absorvente bem macio. Não toque nelas diretamente com as mãos. Enquanto não estiver
observando sua amostra, evite deixar a fonte de luz ligada.

Com essas recomendações básicas, agora vamos aprender como observar corretamente uma
amostra no microscópio.

 Figura 8: Etapas para a utilização de um microscópio óptico.

Lembre-se de que, para algumas atividades, você vai utilizar as objetivas que necessitam de
um meio de imersão. Nesses casos, alguns cuidados adicionais devem ser adotados. Com
auxílio de um papel bem macio, delicadamente, seque o óleo de imersão da objetiva. Seja
muito delicado, pois você pode acabar arranhando a lente. Em seguida, utilize a solução de
álcool-éter comentada anteriormente para retirar os resquícios do óleo.
INTRODUÇÃO À MICROSCOPIA DE LUZ:
CONHECENDO O MICROSCÓPIO NA
PRÁTICA

VERIFICANDO O APRENDIZADO

MÓDULO 2
 Identificar as diferentes modalidades de observação em microscopia de luz

MICROSCOPIA DE CAMPO CLARO


Em nosso caminho pelas diferentes modalidades de microscopia de luz, conversamos sobre a
microscopia de campo claro. Na verdade, a microscopia de campo claro é o tipo mais comum
de microscopia e é o mais utilizado pela maioria dos estudantes e pesquisadores do mundo.

Legal, mas você sabe como ela funciona?

Na microscopia de campo claro, temos uma fonte luminosa de onde parte a luz. Essa luz é
concentrada pelo condensador, que aumenta a intensidade luminosa e a tornará uniforme na
amostra. Saindo do condensador, a luz interage com a nosso espécime e é coletada pela
objetiva, que forma uma imagem ampliada. Essa imagem é novamente ampliada, agora, pelas
lentes oculares e, finalmente, chega aos nossos olhos.

 Figura 9: Mecanismo simplificado de funcionamento do microscópio de campo claro.

A partir da utilização das lentes objetivas e oculares que aumentam a imagem com resolução,
observamos estruturas mais detalhadas que não conseguiríamos enxergar a olho nu. O fundo
da imagem que vemos é branco, daí o nome campo claro.
 Figura 10: Tecidos biológicos corados com diferentes corantes.

Você consegue notar que as imagens anteriores possuem cor? Como isso foi possível?

Isso acontece porque, para observarmos alguma amostra nesse tipo de microscopia, é
necessário que ela possua cor própria... ou que adicionemos algum corante a ela. Por quê?

As amostras que costumam ser submetidas à visualização por microscopia de campo claro são
muito finas, delgadas, para permitir a interação com a luz. Assim, o contraste que elas
oferecem é muito baixo. A adição de corantes oferece um maior contraste entre as estruturas,
possibilitando sua correta observação.

 Figura 11: Corte de fígado sem corante (à esquerda) e corado com hematoxilina e eosina (à
direita).

A microscopia de campo claro é muito utilizada em laboratórios de análises clínicas e de


pesquisa, contribuindo enormemente para os estudos de parasitologia, microbiologia, histologia
e biologia celular de modo geral.
 VOCÊ SABIA

Dependendo da estrutura a ser analisada, existe uma coloração específica? A lista é bem
grande, mas vamos ver duas delas:

Hematoxilina e eosina: É a combinação de corantes mais utilizada na histologia.


Basicamente, os ácidos nucleicos presentes no núcleo são corados pela hematoxilina,
ficando roxo azulados. Já a eosina cora de rosa as proteínas do citoplasma, fibras e
organelas, como as mitocôndrias.

Coloração de Giemsa: A partir dessa coloração, podemos observar células sanguíneas,


como plaquetas e eritrócitos. Pode ser utilizada para a visualização de protozoários,
como o Plasmodium sp . e o Trypanosoma cruzi .

 Imagens representativas das colorações de Giemsa e Hematoxilina e Eosina.

Na Imagem 1, vemos Trypanosoma cruzi em meio a eritrócitos humanos, corados por


Giemsa. Na imagem 2, vemos Hepatócitos, células do fígado, corados por Hematoxilina e
Eosina. Note o núcleo arroxeado, enquanto o citoplasma é visto em rosa.
MICROSCOPIA DE CAMPO ESCURO

MICROSCOPIA DE POLARIZAÇÃO
Você já observou o que acontece quando um raio de luz passa através de certas substâncias,
como um cristal? Esse raio é dividido, gerando outros. A microscopia de polarização permite
que essas substâncias com capacidade de desviar a direção da luz, chamadas de
birrefringentes, possam ser analisadas.
 Raio de luz incidindo sobre o cristal.

Mas por que isso acontece?

 RESPOSTA

Porque esses materiais birrefringentes possuem dois diferentes índices de refração para
direções de propagação da luz distintas. As substâncias birrefringentes podem estar
naturalmente presentes nos tecidos biológicos ou podem ser adicionadas às amostras através
de métodos tintoriais.

 VOCÊ SABIA

Além dos lindos cristais, podemos encontrar a birrefringência em materiais que estão presentes
no nosso dia a dia? O papel celofane, alguns itens plásticos, a fita adesiva e até fios de cabelo
podem ser úteis para observar essa característica óptica!
 Birrefringência visualizada através de um transferidor de plástico.

O microscópio de polarização funciona de modo semelhante ao de campo claro comum,


possuindo somente duas diferenças principais: nesse tipo de microscópio, a luz é polarizada
através de um prisma chamado de polarizador, localizado entre a fonte de luz e o espécime. A
função do polarizador é selecionar apenas um plano da luz incidente, então, o que passa pela
nossa amostra é uma luz polarizada.

 EXEMPLO

A luz do sol, por exemplo, é uma luz não polarizada, que possui várias direções.
 Esquema do fenômeno de polarização da luz.

Essa luz polarizada, então, incide na nossa amostra com características birrefringentes e é
dividida em dois feixes, que são desviados. Dentro do tubo do microscópio, entre a lente
objetiva e a ocular, encontramos um segundo prisma, que é chamado de analisador. A função
dele é bloquear a passagem da luz incidente que não foi desviada e selecionar apenas a luz
desviada pela amostra birrefringente (Figura 12).

 Figura 12: Mecanismo simplificado do funcionamento do microscópio de polarização.

É importante destacar que, para a realização da microscopia de polarização, é necessário que


o polarizador e o analisador estejam alinhados, formando um ângulo reto que resulta em um
fundo escuro.
 COMENTÁRIO

Caso eles não estejam alinhados, permitindo a passagem seletiva dos raios desviados, não
conseguimos ver absolutamente nada.

Mas como isso funciona na prática?

Vamos imaginar que estamos em um laboratório e queremos analisar uma fatia de borracha e
uma amostra biológica com características birrefringentes. Para isso, será utilizada a
microscopia de luz polarizada.

Quando a amostra é a fatia de borracha, não vamos conseguir observar nada. Isso ocorre
porque a borracha não é refringente, assim os raios de luz não foram divididos pelo objeto,
mesmo quando colocamos a amostra na platina do microscópio, com os prismas alinhados
formando o fundo escuro. O mesmo ocorre quando as amostras não são refringentes.

Porém, ao analisarmos uma amostra biológica, que seja cristalina ou birrefringente, como
fibras musculares, gotículas de gordura ou espermatozoides, teremos uma imagem
sensacional! A partir do ajuste dos prismas e sob o efeito da luz polarizada, os componentes
birrefringentes dessa amostra desviarão a luz e a imagem final terá um brilho incrível, onde nós
conseguiremos ver com detalhes os realces, em detrimento dos que não são birrefringentes.

 Músculos da Daphnia pulex (Piolho D`água).


Desenvolvida em 1828 pelo físico W. Nicol, a microscopia de luz polarizada é utilizada na
análise de macromoléculas, como DNA, fibras de colágeno, amido e celulose, no estudo de
células que possuem organização de macromoléculas cristalinas, como a célula muscular
esquelética e os espermatozoides, e na análise de tecidos biológicos, como o dente, o tecido
ósseo e o cartilaginoso. E ela não é usada somente na Biologia!

Também é utilizada na Mineralogia, sendo aplicada na análise de componentes cristalinos dos


minerais.

 Células de batata, com amido de milho, que é birrefringente, sob luz polarizada.

 VOCÊ SABIA

A birrefringência de algumas amostras pode ser intensificada através do uso de corantes, como
é o caso das fibras de colágeno, que podem ser mais evidenciadas se coradas por Picrosírius.
Outro exemplo é o Azul de Toluidina, que evidencia a cromatina e a matriz extracelular.

MICROSCOPIA DE CONTRASTE DE FASE


Para visualizarmos amostras biológicas no microscópio de campo claro, precisamos fixá-las e
corá-las. Esses procedimentos são realizados, na maioria das vezes, por substâncias químicas
tóxicas que acabam matando as células. Por isso, na microscopia de campo claro comum, só
conseguimos ver a estrutura da nossa amostra no instante em que ela for fixada ou corada.

Durante muito tempo, a maioria dos detalhes de células vivas não pôde ser observada pelo
microscópio de campo claro comum. Isso porque, as estruturas celulares são transparentes e
não apresentam contraste suficiente para serem visualizadas.

Para resolver esse problema, o físico holandês Zernike inventou o microscópio de contraste de
fase e, por conta da sua importância, recebeu o prêmio Nobel de física, no ano de 1953.

 Endosporos de Bacilus antrachis , observadas por microscopia de campo claro (à


esquerda) e microscopia de contraste de fase (à direita).

A microscopia de contraste de fase permite que possamos visualizar, com detalhes, amostras
vivas, não fixadas e não coradas. Mas antes de entendermos o mecanismo de funcionamento
desse microscópio, precisamos conhecer seus principais componentes.

Assim como o microscópio de campo claro comum, o microscópio de contraste de fase


também possui uma fonte iluminadora, um condensador, lentes objetivas e oculares. A grande
diferença é que, no microscópio de contraste de fase, existe um anel de fase no condensador e
na lente objetiva, que serve para receber a luz difratada.

Parece complexo, não é? Mas você vai ver que é mais simples do que você imagina!
 Figura 13: Componentes do microscópio de contraste de fase.

A microscopia de contraste de fase baseia-se no fato de que a luz difratada (desviada) possui
um atraso em relação à luz não difratada. Então, quando passam pela nossa amostra, os raios
difratados apresentam uma diferença de velocidade (cerca de ¼) em relação aos raios não
difratados.

Imagina que você tem uma amostra biológica viva, bem delgada, e liga o microscópio de
campo claro comum para emitir luz nessa amostra. Você vai ver uma imagem com um
contraste muito baixo, pois boa parte da luz vai difratar, sem atingir a amostra.

Mas como esse problema de velocidade pode ser resolvido?

 RESPOSTA

Atrasando ou acelerando esses raios que não foram difratados! E é justamente aí que entram
os anéis de fase, tanto do condensador quanto da objetiva: eles basicamente aceleram ou
retardam esses raios, gerando diferenças de intensidade luminosa e aumentando a interação
entre eles, resultando na melhoria considerável no contraste da imagem. Para alcançar esse
objetivo, primeiro, devemos regular o microscópio, selecionando os anéis de fase (no
condensador e na objetiva).
Para que a fase seja ajustada, retiramos cuidadosamente uma das oculares e alinhamos um
anel de fase com o outro, a área sombreada de um com a do outro. Na imagem final, as partes
mais escuras correspondem a áreas mais densas da amostra, e as partes mais claras
correspondem a áreas menos densas.

A microscopia de contraste de fase possibilita a observação de células e tecidos vivos não


corados, além de processos celulares, sendo muito utilizada em pesquisa e análise de
microrganismos, secções de tecidos finos, fibras e partículas subcelulares (como o núcleo). Por
conta da sua alta aplicabilidade, pode ser facilmente incluída nas áreas de hematologia,
virologia, bacteriologia e parasitologia.

MICROSCOPIA DE CONTRASTE
DIFERENCIAL DE INTERFERÊNCIA
A microscopia de contraste diferencial de interferência (DIC) foi desenvolvida pelo físico
Georges Nomarsky em 1952, um ano antes do cientista que inventou a microscopia de
contraste de fase ganhar o Prêmio Nobel.

Utilizando o microscópio de DIC, podemos observar amostras não coradas, vivas, com um alto
contraste e com um diferencial: uma sensação de profundidade! Se tivermos amostras mais
grossas, que não conseguiríamos visualizar no microscópio de contraste de fase, podemos
utilizar a microscopia de DIC.

Mas no que é baseada essa microscopia?

 RESPOSTA

A microscopia de DIC baseia-se no princípio de que as possíveis diferenças de composição ou


espessura entre regiões de amostra apresentam índices de refração variados. Por conta disso,
a velocidade com que a luz atravessa essas regiões é diferente.

Vamos agora entender como isso é usado para gerar a imagem final:

O microscópio de DIC possui um polarizador parecido com o da microscopia de polarização,


que vai selecionar a luz em uma direção única. Depois disso, essa luz é separada em dois
feixes por um prisma, chamado de prisma de Wollaston. O resultado dessa separação é uma
região da amostra iluminada por um feixe e outra região pelo outro feixe.

Depois que interagiram com a nossa amostra, é hora de juntarmos novamente esses feixes.
Quem faz isso é um segundo prisma situado próximo da objetiva. Em seguida, um analisador
seleciona os feixes que sofreram mudança de angulação, por conta dos diferentes índices de
refração. Juntando tudo, a combinação e a interação de todos esses feixes, que alcançaram
áreas diferentes da nossa amostra, criam uma imagem de alto contraste.

 Figura 14: Esquema simplificado do microscópio de contraste diferencial de interferência.

Dependendo da nossa amostra, a imagem gerada nos dá uma sensação de textura e


profundidade, diferente da microscopia de contraste de fase. Além disso, vemos regiões de
sombra, que é resultado justamente dos diferentes índices de refração. Embora nos dê
imagens lindas, a microscopia de DIC evidência apenas os contornos de grandes organelas
celulares, como núcleos e vacúolos. Então é muito importante saber o que precisa analisar.
 Células de Saccharomyces cerevisiae visualizadas por microscopia de DIC.

Observe as imagens abaixo. Você consegue perceber as principais diferenças entre elas?
Conseguimos ter uma sensação de textura e profundidade na microscopia de DIC e não vemos
o halo de fase (indicado pela seta), característico da microscopia de contraste de fase.

 Figura 15: Hifa de Cladophialophora carrionii vista por microscopia de contraste de fase (à
esquerda) e Paramécio observado por DIC (à direita).
MICROSCOPIA DE FLUORESCÊNCIA
Você sabia que algumas substâncias apresentam naturalmente característica fluorescente?
Isso acontece porque, quando elas são excitadas por uma determinada fonte de energia,
emitem luz. Como assim?

Vamos tentar entender melhor com o esquema abaixo, mas antes precisamos nos lembrar de
um conceito da física: o comprimento de uma onda é inversamente proporcional à sua energia,
ou seja, quanto maior o comprimento de onda, menor a energia.

O fenômeno da fluorescência acontece quando os elétrons presentes em uma determinada


molécula são excitados por uma fonte de energia, como a luz UV. Uma vez estimulados por
essa energia, eles pulam de camada eletrônica, migrando para uma camada superior mais
energética. Isso dura apenas algum tempo, e esses elétrons retornam para a sua camada
original emitindo luz. Essa luz possui um comprimento de onda maior (e de menos energia) que
a fonte de luz inicial, pois há uma perda energética na forma de calor nesse processo de
mudança de camada eletrônica (Figura 16).

 Figura 16: Representação do diagrama de Jablonski, esquematizando o fenômeno da


fluorescência.

O primeiro microscópio de fluorescência foi construído por August Köhler no início do século
XX.

Porém, foi somente meio século depois, com o desenvolvimento de anticorpos ligados a
moléculas fluorescentes (os chamados Fluorocromos ou Fluoróforos), que a microscopia de
fluorescência pode ser amplamente aplicada nos laboratórios.
 Células vegetais vistas por microscopia de fluorescência.

 ATENÇÃO

Fluorocromos ou Fluoróforos são um grupo de moléculas capazes de absorver energia na


forma de luz de um comprimento de onda específico e emitir luz em um comprimento maior
(com menos energia). A luz de excitação pode ser dada por lâmpadas de mercúrio de 120
watts (recomendada), que precisam ser trocadas regularmente para que a intensidade do sinal
fluorescente não diminua.

Os Fluoróforos acoplados aos anticorpos utilizados nesse tipo de microscopia apresentam um


espectro de excitação e emissão conhecidos. A luz é utilizada como fonte de excitação e, como
ela apresenta um comprimento de onda diferente do que é necessário para excitar a molécula
fluorescente, são utilizados filtros que separam esses comprimentos de onda e limitar apenas a
passagem de determinados comprimentos. Desse modo, vemos somente as regiões onde
houve a ligação do anticorpo conjugado a essa molécula fluorescente.

Agora que entendemos como ocorre a excitação dos Fluorocromos e posterior emissão de luz,
vamos conversar um pouco mais sobre como funciona a microscopia de fluorescência.

No microscópio de fluorescência, vamos notar que o caminho óptico, aquele feito pela luz, é
diferente do que vimos nos tipos anteriores de microscópio. Aqui, os raios luminosos passam
pelo condensador e pela objetiva, antes de chegarem à amostra. Logo, o caminho que a luz faz
para chegar à amostra é o mesmo da luz que é emitida pela amostra.

A luz sai de uma lâmpada policromática e passa pelo condensador, que concentra os raios
luminosos. Em seguida, esses raios passam por um filtro de excitação, que seleciona e deixa
passar apenas o comprimento de onda ideal (feixe azul) para excitar o Fluorocromo utilizado na
amostra. A luz é refletida pelo espelho dicroico, cuja função é transmitir (deixar passar)
comprimentos de ondas específicos e refletir outros.

Somente então o feixe azul atravessa a objetiva, sendo concentrado na região da amostra que
é iluminada naquele momento. Os anticorpos conjugados a Fluorocromos presentes na
amostra são excitados pelo feixe e emitem luz que possui comprimento de onda distinto do
feixe azul (feixe verde), que volta ao espelho dicroico, e é transmitida ao filtro de emissão. O
filtro de emissão seleciona o comprimento de onda específico e a imagem final pode ser
visualizada diretamente na ocular ou por câmeras específicas. Os filtros de emissão e
excitação, bem como o espelho dicroico, ficam no interior de um cubo, o chamado cubo de
fluorescência, localizado acima da objetiva (Figura 17).

 Figura 17: Esquema simplificado do mecanismo de funcionamento do microscópio de


fluorescência.

A microscopia de fluorescência também é extremamente útil nas ciências biomédicas e em


diagnósticos, como por exemplo o do câncer. A partir da utilização de Fluoróforos, podemos
localizar estruturas e moléculas específicas no interior das células ou em tecidos, como
também realizar estudos de colocalização de estruturas e moléculas em uma mesma amostra,
usando Fluoróforos diferentes.
 Fibroblastos marcados com anticorpos conjugados a Fluorocromos.

Além disso, moléculas fluorescentes específicas podem ser injetadas inclusive em animais
vivos e culturas celulares viáveis, funcionando como rastreadores. Tais métodos são úteis para
estudar junções intercelulares, detectar marcadores de crescimento celular e rastrear a via de
fibras nervosas, por exemplo.

 ATENÇÃO

Na microscopia de fluorescência, é necessário que utilizemos um óleo de imersão especial que


evita a autofluorescência. Além disso, as lâminas e lamínulas também precisam ser adequadas
para essa microscopia.

A escolha do conjunto de filtros é extremamente importante, pois estes devem ser compatíveis
com o espectro de excitação e emissão do Fluorocromo utilizado.

MICROSCOPIA CONFOCAL
Durante nosso percurso pelos tipos de microscopia de luz, vimos que, para observar uma
amostra biológica, é necessário que ela esteja bem delgada, permitindo a passagem da luz.
Além disso, essa amostra normalmente possui espessuras diferentes em variadas áreas, o que
resulta em imagens que estão no foco e fora dele. Amostras muito espessas criam uma
imagem borrada justamente por possuírem muitos planos fora de foco. Além disso, mesmo em
uma amostra delgada, a focalização da imagem ocorre em todos os planos ao mesmo tempo.

Assim, vamos sempre observar todas as nossas estruturas em um único plano, sem
conseguirmos juntar todos esses planos de foco para montar uma imagem tridimensional. E
não é novidade para ninguém que todos os organismos são tridimensionais. Então, como
resolver esse problema?

A microscopia confocal, que é uma espécie aperfeiçoada de microscopia de fluorescência, nos


permite ver detalhes de diversos planos de focalização da amostra, um de cada vez, e juntá-los
no final, formando uma imagem tridimensional.

 Cultura de fibroblastos humanos observada por microscopia confocal. O núcleo está em


vermelho, enquanto verde marca filamentos de actina e azul os filamentos de tubulina.

Para entender melhor como isso funciona, precisamos conversar um pouco sobre a
confocalidade.

O princípio da confocalidade é a base da microscopia confocal e foi descrito pela primeira vez
em 1955. No microscópio confocal, encontraremos duas barreiras físicas, com uma distância
entre si do tamanho de uma cabeça de alfinete (o chamado pinhole ).

O pinhole encontra-se no mesmo plano focal da amostra e impede a passagem de luz das
regiões que não estão no foco. Além disso, funciona como um divisor de feixes luminosos, que
vão incidir em diferentes planos da nossa amostra.

PINHOLE

O pinhole , que significa “cabeça de alfinete” é o espaço que os dois anteparos possuem entre
si. Os dois anteparos são a barreira física, o pinhole é a distância entre os dois anteparos.

 Figura 18: Representação esquemática dos anteparos físicos e do pinhole .

A maioria dos microscópios confocais utilizam lasers como fontes de iluminação. Após deixar a
fonte, o feixe luminoso é dividido pelo pinhole em outros feixes, que caminham até o espelho
dicroico. Lá, serão refletidos de diversas maneiras, por conta dos diferentes ângulos que
encontram esse espelho. Uma vez refletidos, os feixes incidem em diferentes pontos da
amostra marcada com Fluoróforos, assim como na microscopia de fluorescência.

Após esses feixes luminosos serem absorvidos pelas moléculas fluorescentes, são emitidos
outros raios em outros comprimentos de onda, que passam pelo espelho dicroico e são
captados por detectores especiais chamados de fotomultiplicadores.

A função dos fotomultiplicadores é captar os fótons emitidos e gerar sinais elétricos com
intensidade proporcional à quantidade de sinal captado. Perceba que apenas a fluorescência
emitida pelo plano que está em foco será captada pelo detector, enquanto todos os outros
planos que não estão em foco são eliminados pelo pinhole .
Confuso? Calma que, vendo a imagem, entendemos melhor o mecanismo de
funcionamento desse microscópio.

 Figura 19: Mecanismo simplificado do funcionamento do microscópio confocal.

Ao aproximarmos e afastarmos a amostra da objetiva, conseguiremos variar o plano em foco.


Com o uso da computação, as imagens geradas nos diferentes planos focais podem ser
agrupadas e utilizadas para formar uma única imagem da nossa amostra, com características
tridimensionais.
 Figura 20: Antera de agrião, observada por microscopia confocal a laser.

A vantagem da utilização da microscopia confocal é, sem dúvida, a aquisição de imagens com


maior detalhamento das estruturas e possibilidade de reconstrução tridimensional das
amostras. Além disso, como os planos fora de foco são eliminados pelo pinhole , podemos
analisar amostras mais espessas, como biofilmes bacterianos e estruturas fúngicas, pois
somente o plano em foco será observado. Ou seja, podemos analisar e estudar espécimes
tanto viáveis quanto fixados, sem a necessidade de cortá-los em fatias finas.

 ATENÇÃO

Por se tratar de uma iluminação a laser, que é uma luz contínua em forma de ponto, não
conseguimos formar uma imagem completa do campo. A imagem final, na verdade, é uma
montagem feita pelo computador a partir da aquisição de todos os pontos focais. Por esse
motivo, não conseguimos observar a imagem diretamente nas oculares do microscópio.

VERIFICANDO O APRENDIZADO

CONCLUSÃO

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Durante nossa jornada, vimos os princípios e as características principais da luz, que são a
base para o estudo da microscopia. Conversamos sobre os principais componentes do
microscópio e suas funções, a importância das objetivas e a diferença entre ampliação e
resolução. Também aprendemos a fazer o correto ajuste de iluminação para obter uma imagem
com qualidade. Para encerrar, vimos as principais modalidades de observação em microscopia
de luz, suas diferenças e múltiplas aplicações nas ciências biomédicas.

Gostamos muito de acompanhá-lo nesse aprendizado da microscopia de luz e esperamos que


você utilize esse conhecimento em seu caminho profissional. Até breve!

 PODCAST

AVALIAÇÃO DO TEMA:

REFERÊNCIAS
CORRÊA, J. R. et al ., Microscopia Confocal Básica. In : Introdução à Microscopia Confocal
de Varredura a Laser. Universidade de Brasília, 2015.

DAVIDSON, M.; ABRAMOWITZ, M. Optical microscopy. In : Encyclopedia of Imaging


Science and Technology. Wiley Online Library, 2002.

DE SOUZA, W. Microscopia Óptica: fundamentos e aplicações às Ciências Biomédicas. 1 ed.


Rio de Janeiro: Sociedade Brasileira de Microscopia, 2010.

MACHADO, M. P.; MANSO, P. P. de A. Capítulo 3. Microscopia da luz. In : MOLINARO, E.


M.; CAPUTO, L.; AMENDOEIRA, M. R. (Org.) Conceitos e métodos para a formação de
profissionais em laboratórios de saúde. Rio de Janeiro: EPSJV; IOC, 2009.

MANNHEIMER, W. Microscopia dos Materiais: Uma Introdução. 1a ed. Rio de Janeiro: E-


papers Serviços Editoriais, 2002, 221 p.
TEIXEIRA, F. S. Microscopia óptica. In : Portal da Microscopia – USP. Consultado em meio
eletrônico em: 15 set. 2020.

TORTORA, G. J.; FUNKE, B. R.; CASE, C.L. Microbiologia. Porto Alegre: Artmed, 2017.

EXPLORE+
Para aprofundar os seus conhecimentos no assunto estudado neste tema, recomendamos os
seguintes materiais:

No canal Escola CVI, no Youtube, há uma série completa de vídeos sobre os diferentes
tipos de microscopia de luz. Pesquise por Conceitos gerais de microscopia .

No canal LabMeM UFSLag, no Youtube, busque o vídeo Introdução à Microscopia , que


apresenta a descrição dos componentes do microscópio e dicas de manuseio.

No canal CePOF & INCT Óptica Básica e Aplicada, no Youtube, busque o vídeo História
da Microscopia óptica e conheça mais sobre a história dos microscópios.

A microscopia de fase e DIC apresenta diferenças. Para visualizar de forma interativa


essas diferenças, bem como outros conceitos de microscopia de luz, visite o site da Nikon
e leia o artigo Microscopy the source for microscopy education .

Para ler um pouco mais sobre as diferentes modalidades de microscopia de luz, visite o
site da Kasvi e leia a reportagem Microscópio – conheça as diversas técnicas de
microscopia .

CONTEUDISTA
Gabriela Cardoso Caldas

 CURRÍCULO LATTES
<

DESCRIÇÃO
Principais acidentes em ambientes de laboratório e ações de primeiros socorros.

PROPÓSITO
Compreender os principais acidentes em ambiente laboratorial e os primeiros socorros, algo
essencial para atuar de forma rápida e eficiente, pois isso contribui para manter a segurança e
reduzir danos provocados pelos acidentes.

PREPARAÇÃO
Antes de iniciar o conteúdo deste tema, tenha em mãos um dicionário de termos técnicos da
área da saúde para entender termos específicos da área.

OBJETIVOS

MÓDULO 1

Descrever os principais tipos de acidentes que ocorrem em ambientes de laboratório


MÓDULO 2

Relacionar as ações de primeiros socorros às principais consequências dos acidentes que


ocorrem em ambientes de laboratório

INTRODUÇÃO
O trabalho em laboratório exige do profissional habilidades e competências técnicas
específicas da área. Porém, além disso, o profissional deve estar atento a outros fatores.

O ambiente laboratorial é um local onde os profissionais estão expostos a riscos físicos,


químicos e biológicos. Apesar de serem preconizadas inúmeras medidas para garantir a
segurança do trabalho no laboratório, o risco de acidentes é grande. Sendo assim, os
profissionais precisam conhecer os principais tipos de acidentes e as medidas de primeiros
socorros relacionadas a eles, a fim de reduzir os danos.

Vamos aprender como agir diante de acidentes nos ambientes de laboratório. Para isso, você
conhecerá os principais tipos de acidentes que ocorrem em laboratórios e as ações de
primeiros socorros relacionadas a eles.

MÓDULO 1

 Descrever os principais tipos de acidentes que ocorrem em ambientes de laboratório

RISCO E PERIGO NO CONTEXTO DO


LABORATÓRIO
Não podemos contestar o papel dos laboratórios no desenvolvimento da sociedade. Seja a
produção de um simples analgésico, no apoio ao diagnóstico ou na nanomedicina, tudo isso
passa pelo ambiente laboratorial. Os profissionais que trabalham nesses ambientes precisam
se manter em constante aperfeiçoamento técnico para acompanhar os avanços tecnológicos.

Entretanto, esses ambientes tão importantes para a sociedade podem ser muito perigosos e
expõem potencialmente os profissionais a diferentes riscos, como contaminação por produtos
químicos, contaminação com material biológico, ferimentos com materiais cortantes ou até
mesmo quedas ou explosões.

Você sabia que perigo e risco, apesar de andarem juntos, são coisas diferentes? Vamos
entender isso melhor?

PERIGO

Perigo é qualquer coisa ou situação que pode provocar danos à saúde de qualquer espécie.

RISCO

De forma diferente, o risco é a probabilidade de que esses danos aconteçam.

Um profissional que trabalha em um laboratório de pesquisa ou de análises clínicas, por


exemplo, lida constantemente com o perigo (situações que podem provocar danos). Muitas
vezes, as soluções utilizadas nos laboratórios são preparadas com reagentes tóxicos e
inflamáveis, e até mesmo a simples coleta de uma amostra de sangue para um exame ou
durante a doação, devido aos materiais perfurocortantes utilizados, pode oferecer riscos.

Assim, há alto risco de danos, como a inalação desses reagentes, caso não sejam
manipulados de forma correta. Há também a possibilidade de os profissionais se acidentarem
durante a coleta, o que pode provocar doenças infectocontagiosas.

Outro exemplo clássico são os bombeiros. Eles não podem reduzir os perigos a que estão
expostos, então adotam medidas para diminuir a chance de o dano acontecer. Para isso, eles
têm protocolos de segurança, passam por treinamentos e usam equipamentos de proteção.
Isso faz com que, apesar de os perigos da profissão continuarem, os riscos sejam diminuídos.

Assim como os bombeiros, os profissionais nos ambientes de laboratório estão expostos a


riscos químicos, biológicos, físicos, ergonômicos e de acidentes. Também devem ser
adotados protocolos, treinamentos e a utilização dos equipamentos de proteção individual e
coletiva. Exercer suas funções com cuidado, respeitando as questões de biossegurança e
conhecendo quais são os riscos que encontraremos em um ambiente laboratorial, é de suma
importância não apenas individualmente, como também coletivamente, evitando danos à
sociedade e ao meio ambiente.

RISCOS QUÍMICOS

Os produtos químicos encontrados no laboratório têm um amplo espectro de propriedades


físicas, químicas e toxicológicas. Os riscos associados aos produtos químicos devem ser bem
compreendidos antes de seu uso em um equipamento, experimento, exame, uma manipulação
ou durante a preparação de solução, ou então na simples preparação de uma lâmina para
observação ao microscópio.

A manipulação deve ser cuidadosa desde sua abertura até o descarte final. Antes de manipular,
devemos sempre conhecer o produto com o qual iremos trabalhar. É de suma importância
saber:

Se sofre decomposição, peroxidação ou polimerização pela ação da luz, do calor ou de ambos.

Se é instável ou reativo frente à água e ao ar.

A forma mais apropriada de manipulação.

Tipo de luva que deve ser utilizado.

Tipo de frasco armazenado.

Local de manipulação.

Se é ou não necessária a utilização de uma capela de exaustão.


Os produtos químicos são encontrados nos laboratórios nas formas líquidas, sólidas e gasosas
e, quando absorvidos pelo organismo, pelas vias respiratórias (inalação), pela via cutânea
(contato com a pele) e pela via digestiva, podem produzir efeitos tóxicos e danos à saúde.

 EXEMPLO

Alguns exemplos são queimaduras em geral, dermatites de contato, irritação nas mucosas,
vias áreas, ação tóxica no sistema nervoso, aplasia de medula, asfixias e efeitos
carcinogênicos, mutagênicos e teratogênicos.

A seguir, podemos ver alguns riscos e cuidados na manipulação de algumas substâncias


utilizadas nos laboratórios.

Quadro 01: Riscos e cuidados na manipulação dos produtos químicos

Produto químico Riscos Manipulação


Solventes
Sempre que possível,
substitua-o por
tolueno, menos
tóxico. Evite o contato
com a pele e a
Benzeno Carcinogênico.
inalação de seus
vapores. Use a capela
ao manipulá-lo,
protegido por luvas,
óculos e máscara.
Exposição aos vapores Sempre que possível,
em altas concentrações substitua-o por
no ar pode levar à diclorometano, que
Tetracloreto morte por falha oferece menor risco.
de carbono respiratória. Exposição Manipule-o na capela,
menos severa pode usando os
causar danos aos rins equipamentos de
e ao fígado. proteção adequados.

Exposição aos vapores Manipule-o na capela,


em altas concentrações usando os
no ar pode levar à equipamentos de
morte por falha proteção adequados.
Clorofórmio
respiratória. Exposição Pode ser substituído,
menos severa pode com vantagens para a
causar danos aos rins segurança, pelo
e ao fígado. diclorometano.

Éter etílico
Seus vapores são mais Manipule-o sempre na
pesados do que o ar e capela.
podem se propagar
pela bancada e atingir
fontes de ignição,
causando incêndios,
pois é extremamente
inflamável. O produto
anidro tende a formar
peróxidos. Pode afetar
o sistema nervoso
central, causando
inconsciência ou
mesmo a morte, se a
exposição for severa.
É um líquido inflamável
que reage
explosivamente com
brometos, ácido nítrico,
clorofórmio, hipoclorito
de sódio, zinco
Manipule-o sempre na
Metanol dietílico, soluções de
capela.
alquilaluminatos,
trióxido de fósforo,
peróxido de hidrogênio,
terc-butóxido de
potássio e perclorato
de chumbo.

É um líquido
inflamável, e seus
vapores podem formar
misturas explosivas
com o ar em
temperatura ambiente.
O etanol reage
vigorosamente com
Manipule-o sempre na
Etanol vários agentes
capela.
oxidantes e com outras
substâncias químicas,
como nitrato de prata,
ácido nítrico, perclorato
de potássio, peróxido
de hidrogênio,
permanganato de
potássio, entre outros.
A exposição aos seus
vapores pode causar
câncer nos pulmões e Deve ser manipulado
na nasofaringe. Pode na capela, usando-se
Aldeídos Formaldeídos
também causar os equipamentos de
irritação na pele, nos proteção adequados
olhos e no trato
respiratório e edemas.

Devem ser
Tanto na forma gasosa
manipulados na
como em solução, é
capela, para
capaz de penetrar
Ácido quaisquer propósitos,
profundamente nos
fluorídrico com o operador
tecidos, através da
usando luvas e
pele. São irritantes ao
máscara contra
sistema respiratório.
gases.

Hidrácidos
Possui alta ação
corrosiva sobre a pele Deve ser manipulado
e as mucosas, na capela, para
podendo produzir quaisquer propósitos,
Ácido
queimaduras, cuja com o operador
clorídrico
gravidade dependerá usando luvas e
da concentração da máscara contra
solução. Pode se tornar gases.
inflamável.
Oxiácidos
É um poderoso agente
desidratante. Na forma
concentrada, reage
explosivamente com
potássio e sódio
metálicos, Deve ser manipulado
permanganatos, na capela, usando-se
Ácido sulfúrico
cloratos, álcool equipamento de
benzílico. Além disso, proteção.
oferece risco de
provocar queimaduras
severas na pele e nos
olhos, mesmo em
soluções diluídas.
O recipiente que o
contém deve ser
aberto com cuidado,
porque, se a parte
inerte interna da
tampa se romper, a
É um agente oxidante parte plástica é
forte, capaz de destruir atacada, criando
estruturas proteicas. pressão positiva no
Pode provocar interior, projetando o
Ácido nítrico
queimaduras severas ácido no ato da
na pele e nos olhos, abertura. Reage de
mesmo em soluções forma descontrolada
diluídas. com anidrido acético
e de forma explosiva
com flúor e
acetonitrila. A amônia
se inflama na
presença de seus
vapores.

Forma percloratos
É um poderoso agente explosivos em dutos
oxidante, incolor, capaz metálicos do sistema
de reagir de exaustão de
Ácido explosivamente com capelas, exigindo,
perclórico compostos e materiais portanto, capela
orgânicos. Causa especial. Deve ser
queimaduras severas manipulado somente
na pele e nos olhos. por técnico
experiente.
Deve ser manipulado
É um solvente
em capela, exigindo o
excelente para diversos
uso de equipamento
compostos orgânicos,
de proteção. Os
fósforo e enxofre. Seus
frascos de ácido
vapores são
acético devem ser
extremamente irritantes
estocados longe de
Ácido acético aos olhos e ao sistema
materiais oxidantes e,
glacial respiratório, e podem
de preferência, entre
atacar o esmalte dos
20 °C e 30 °C
dentes se a exposição
(quando estocado em
for de longa duração. O
temperaturas
contato com a pele
inferiores, pode
provoca severas
solidificar, provocando
queimaduras.
ruptura do frasco).

São corrosivas e
Soluções de
provocam danos na
hidróxidos de Ao preparar tais
pele e nos tecidos dos
metais soluções, deve-se
Bases olhos. Além disso, são
alcalinos usar luvas, óculos de
extremamente
(sódio e proteção e avental.
exotérmicas durante a
potássio)
preparação.

 Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal

O risco de efeitos tóxicos aos humanos frente a essas substâncias está relacionado à extensão
da exposição e à toxicidade inerente de um produto químico. A extensão da exposição é
determinada pela dose, duração, frequência da exposição e via de exposição.
A exposição, mesmo a grandes doses de produtos químicos com pouca toxicidade, como o
tampão de fosfato, apresenta baixo risco. Em contraste, mesmo pequenas quantidades de
produtos químicos com alta toxicidade inerente ou corrosividade podem causar efeitos
adversos significativos.

A duração e a frequência da exposição também são fatores essenciais para determinar se um


produto químico produzirá efeitos prejudiciais. Uma única exposição a alguns produtos
químicos é suficiente para produzir um efeito adverso à saúde; para produtos, a exposição
repetida é necessária para produzir efeitos tóxicos. Para a maioria das substâncias, a via de
exposição (através da pele, dos olhos, do trato gastrointestinal ou respiratório) também é uma
consideração importante na avaliação de risco.

Para produtos químicos que têm sua ação tóxica sistêmica, a dose interna no órgão-alvo é um
fator crítico e importante. A exposição a substâncias tóxicas com ação rápida (aguda) pode ser
orientada por parâmetros de toxicidade definidos com base em estudos com animais e,
frequentemente, exposição humana por envenenamento acidental.

 EXEMPLO

A automação nos laboratórios de análises clínicas possibilitou exames com resultados mais
rápidos, mas a quantidade de produtos químicos utilizados aumentou consideravelmente,
levando risco não apenas ao manipulador, mas também à sociedade, caso o descarte desses
materiais não seja realizado de forma correta.

Para a realização de um hemograma automatizado, algumas substâncias, como cianeto de


potássio, ácido fórmico e dimetilureia, são utilizadas. A inalação de cianeto causa danos
rápidos, podendo levar à parada respiratória em poucos segundos, o que pode causar a morte,
caso o tratamento não seja feito de forma rápida. Entretanto, se a via de exposição for cutânea,
necessita-se de grandes áreas de exposição, e o início das manifestações é adiado por horas.

Além disso, se o manejo desse resíduo para o descarte não for feito de maneira correta, ele
pode ser tóxico para várias espécies aquáticas. O ácido fórmico pode causar danos à retina e
ao nervo óptico, e a dimetilureia pode causar danos ao DNA.

Ao considerar os possíveis perigos de toxicidade durante o planejamento de um experimento, é


importante reconhecer que a combinação dos efeitos tóxicos de duas substâncias pode ser
significativamente maior do que o efeito tóxico de qualquer uma das substâncias isoladamente.
Todo o pessoal do laboratório deve compreender os conceitos-chave envolvidos na avaliação
dos riscos associados ao uso de produtos químicos tóxicos.

É importante ressaltar que os dados quantitativos análogos necessários para tomar decisões
sobre a neurotoxicidade e imunogenicidade de vários produtos químicos, muitas vezes, não
estão disponíveis.

 VOCÊ SABIA

Produtos químicos perigosos são definidos pela OSHA como quaisquer produtos químicos que
oferecem perigo para a integridade física e/ou saúde. Os laboratórios que manipulem esses
tipos de produtos químicos devem ter uma Ficha de Informações de Segurança de Produto
Químico (FISPQ) para cada reagente utilizado nos seus ensaios. De acordo com a NBR 14725,
da ABNT, o fornecedor deve disponibilizar uma FISPQ completa para cada substância ou
preparo, com as informações relevantes quanto à segurança, à saúde e ao meio ambiente.

OSHA

Occupational Safety and Health Administration – USA.


RISCOS BIOLÓGICOS

Os perigos biológicos abrangem microrganismos (bactérias, fungos, vírus, organismos


recombinantes e vetores virais) e agentes biológicos introduzidos em animais experimentais.
Podem ser adquiridos por meio de inalação, contaminação por contato, exposição acidental,
dermatoses e acidentes com perfurocortantes.

Questões de saúde e segurança, como contenção, capacidade de replicação e efeito biológico


potencial, são importantes para manter a segurança no ambiente de laboratório. Os danos
provocados pelo contato com material biológico podem ser imediatos ou demorar muito para se
manifestar, demonstrando a importância de que todos os membros da equipe do laboratório
recebam proteção suficiente, mesmo que os perigos ainda não sejam conhecidos.

Ao trabalhar com materiais biológicos:

Identifique os perigos associados ao agente infeccioso ou material biológico utilizado.

Verifique as atividades que podem levar à exposição ao agente ou material infeccioso.

Verifique a probabilidade de que uma exposição cause uma infecção adquirida em


laboratório, a gravidade das consequências de tal exposição e a possibilidade de um
agente infeccioso ser liberado ou transportado para áreas externas ao laboratório ou para
a comunidade do entorno.

RISCOS FÍSICOS

Os riscos físicos são aqueles gerados por equipamentos, gases comprimidos, equipamentos
elétricos, lasers, radiação e considerações sísmicas e riscos térmicos. Esses riscos podem
levar a danos ao organismo. A seguir, podemos conhecer alguns danos provocados pelos
riscos físicos.

Quadro 02: Riscos físicos e ações no organismo.

Tipo de risco Ação no organismo


Temperatura Vasodilatação, ativação das glândulas sudoríparas, exaustão do
extrema (calor) calor, desidratação e choque térmico.

Vasoconstrição periférica, diminuição gradual de todas as


Temperatura
atividades fisiológicas, tremor, hipotermia e gangrena em
extrema (frio)
extremidade do corpo.

Umidade Micoses, doenças respiratórias e reumáticas.

Ruído Estresse, dores de cabeça e/ou perda auditiva.

Lesões no sistema nervoso, no aparelho gastrointestinal e na


Radiação
medula óssea. Queimaduras, tonteiras e náuseas. Leucemia ou
(ionizante ou não
outro tipo de câncer. Morte (em poucos dias ou em um espaço
ionizante)
de 10 a 40 anos).

 Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal


Além disso, os perigos físicos em ambientes de laboratório incluem explosivos, gases
inflamáveis, aerossóis inflamáveis, gases oxidantes, gases sob pressão, líquidos inflamáveis,
sólidos inflamáveis, substâncias autorreativas, líquidos pirofóricos, sólidos pirofóricos,
substâncias de autoaquecimento, substâncias que, em contato com a água, emitem gases
inflamáveis, líquidos oxidantes, sólidos oxidantes, peróxidos orgânicos e corrosivos para os
metais.

Outra fonte de risco físico são os materiais cortantes e vidros. Os locais de armazenamento
desses materiais devem estar presentes nos laboratórios, e seguir as regras de segurança
pode ajudar a evitar acidentes. Use apenas recipientes à prova de furos e vazamentos que
estejam claramente rotulados.

Treine os funcionários para que nunca removam as tampas ou tentem transferir o conteúdo.
Certifique-se de que esses recipientes sejam usados apenas para “objetos cortantes” e que
sejam substituídos quando estiverem três quartos cheios, para evitar o transbordamento.

RISCO ERGONÔMICO

O risco ergonômico advém do fato de que muitas operações no laboratório podem fazer com
que os trabalhadores assumam posturas inadequadas ou repetitivas. Esse risco está
relacionado à execução e organização de todo tipo de tarefa.
Em um laboratório, temos como exemplo o trabalho por longos períodos em uma capela de
fluxo laminar ou ficar olhando lâminas em um microscópio por longos períodos. Esse risco
pode gerar distúrbios psicológicos e fisiológicos e provocar sérios danos à saúde do
trabalhador, pois produz alterações no organismo e no estado emocional, comprometendo a
produtividade, a saúde e a segurança. O que é considerado aceitável para uso breve ou
ocasional pode se tornar problemático se executado por longos períodos ou com muita
frequência.

RISCO DE ACIDENTES

Muitos acidentes são resultado de uma administração inadequada. Escorregões, tropeções e


quedas são muito comuns, mas podem ser facilmente evitados. Comece com áreas de
armazenamento seguras e organizadas – o armazenamento de material não deve criar riscos.
Mantenha as áreas de armazenamento livres de acúmulo de materiais que possam causar
tropeço, incêndio e explosão ou proporcionar abrigo para pragas.

ERGONÔMICO

Ergonomia é a ciência que estuda a interação do homem com o ambiente de trabalho.


Piso molhado também é um grande risco de acidente. Lembrem-se sempre de sinalizar caso o
piso esteja molhado.

Outra fonte de acidentes potencialmente fatais e que ocorrem com muita frequência relaciona-
se à eletricidade. Uma das causas é o uso de tomadas elétricas sem o aterramento para evitar
eletrocussões acidentais.

Outro risco elétrico muito comum é o uso impróprio de cabos de extensão flexíveis. Não os use
como substitutos para a fiação permanente. O isolamento do cabo deve estar em boas
condições e continuar até as extremidades do plugue. Nunca repare rachaduras, quebras,
cortes ou rasgos com fita isolante. Descarte o cabo de extensão ou encurte-o, instalando uma
nova extremidade do plugue.

 ATENÇÃO

Tome cuidado para não passar cabos de extensão por portas ou janelas, onde podem ficar
presos ou ser cortados. Sempre esteja ciente dos riscos potenciais de tropeços ao usá-los. Use
apenas ferramentas e equipamentos aterrados e nunca remova o pino de aterramento das
extremidades do plugue. Além disso, não use cabos de extensão em série — obtenha o
comprimento certo de cabo para o trabalho.
A fim de garantir a segurança no ambiente laboratorial, é feita uma análise de todos os fatores
que podem causar danos à saúde dos trabalhadores (seja acidente, seja doença do trabalho).
Esses riscos são representados de forma gráfica, gerando o mapa de risco, no qual os riscos
são identificados por meio de círculos de diferentes tamanhos e cores. Mapear os riscos
existentes no laboratório é fundamental para traçar as medidas de segurança.

Outro fator que contribui para aumentar a segurança nos laboratórios são os sinais de
indicação de risco.

 Sinalização de risco.

Os laboratórios contêm produtos químicos perigosos que podem causar acidentes


laboratoriais, como ácidos fortes e neurotoxinas, além de vários equipamentos, como bicos de
Bunsen, com grande consumo de gás natural, autoclaves e alguns tipos de materiais
explosivos. Além disso, contêm organismos infecciosos.

Portanto, existem algumas regras de segurança que devem ser observadas para proteger as
pessoas no laboratório da exposição a qualquer risco. Apesar dessas regras estritas, algumas
vezes podem ocorrer alguns acidentes de laboratório não intencionais. Diante de tantos riscos,
mesmo que sejam usadas todas as medidas de proteção, ainda assim, o risco de acidentes
em ambiente de laboratórios é real.
Vamos lembrar de alguns acidentes de laboratório importantes.

 Vírus Marburg.

Em 1967, um grupo de trabalhadores do Laboratório de Marburg, na Alemanha, começou a


sofrer de vários sintomas, como febre, diarreia, vômito e hemorragia interna, e sete
trabalhadores acabaram morrendo. Após uma investigação minuciosa, os cientistas
identificaram a causa da epidemia: um par de macacos importados de Uganda para pesquisas
sobre a poliomielite. Os animais carregavam um vírus extremamente perigoso que não havia
sido descoberto antes. Eles o chamaram de vírus Marburg, em homenagem à cidade onde foi
descoberto.
 SAIBA MAIS

Desde sua descoberta, permaneceu misterioso, ressurgindo, matando e então desaparecendo.


O pior surto da pandemia ocorreu em Angola, em 2005, matando mais de 200 pessoas, e
nenhum tratamento foi descoberto até agora.

Em 1997, a famosa química Karen Wetterhahn morreu após envenenamento por mercúrio,
pois algumas gotas de dimetilmercúrio caíram em suas mãos, apesar de usar luvas. As gotas
penetraram as luvas, alcançaram a pele e entraram em seu corpo. Após alguns meses, ela
começou a sentir sintomas de envenenamento por mercúrio, como perda de equilíbrio e
dificuldade de fala, visão e audição. Ela, então, entrou em coma e morreu.

Em janeiro de 2010, um laboratório de química na Universidade de Tecnologia do Texas


explodiu enquanto dois estudantes conduziam alguns experimentos para fazer derivados de
uma substância explosiva chamada perclorato de níquel hidrazina. Eles cometeram um erro
muito perigoso: criaram 10 gramas da substância, apesar da advertência do supervisor para
não fazer mais de 100 miligramas. Quando um dos alunos esmagou a substância com um
pilão, ocorreu uma terrível explosão. Felizmente, ninguém morreu, mas o aluno sofreu
queimaduras e perdeu três dedos.

 SAIBA MAIS

Os acidentes laboratoriais de criticidade são aqueles que envolvem uma reação em cadeia de
fissão nuclear descontrolada. Às vezes, são referidos como uma excursão crítica, uma
excursão crítica de energia ou uma reação em cadeia divergente.
TIPOS DE ACIDENTES NO AMBIENTE
LABORATORIAL
Os acidentes mais frequentes nos ambientes de laboratório estão divididos em cinco tipos:
Acidente por derramamento de substância

Acidente por gases e vapores tóxicos


Cortes ou perfurações

Queimaduras
Quedas

Compreender como esses acidentes acontecem e os tipos de danos que eles causam é
fundamental para a segurança no laboratório.

ACIDENTES POR DERRAMAMENTO DE


SUBSTÂNCIAS

É muito importante lembrar que o trabalho no laboratório envolve o manuseio de diversos


produtos químicos e biológicos que podem provocar danos à saúde. Mesmo que estejamos
atentos às medidas de segurança, acidentes com esses produtos são frequentes. Imagine
respingos de material biológico contaminado por hepatite C caindo no seu olho, substâncias
citotóxicas derramando no seu corpo, substâncias corrosivas caindo sobre você.
As consequências desses derramamentos estão relacionadas ao tipo de produto a que o
profissional foi exposto. As substâncias cáusticas podem provocar queimaduras, as quais
chamamos de queimaduras químicas. A seguir, são apresentadas as substâncias cáusticas
mais comuns nos ambientes de laboratório.

Quadro 3: Substâncias cáusticas envolvidas na maioria dos acidentes em ambiente de


laboratório.

Hidróxido de sódio

Hidróxido de potássio

Hidróxido de cálcio

Hidróxido de Lítio

Hidróxido de Amônio

Hipoclorito de Sódio

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 SAIBA MAIS

Caso a substância derramada seja inflamável, devemos limpar a área com substância
absorvente, como mantas específicas ou vermiculita. No caso do derramamento de produtos
químicos, são utilizados kits de limpeza, que devem conter substâncias absorventes, como
areia, mantas ou absorventes granulados, tipo vermiculita e mantas de polipropileno, além de
pá, vassoura, sacos plásticos, etiquetas autoadesivas, baldes plásticos, solução de bicarbonato
de sódio e gluconato de cálcio (para derrames de ácido fluorídrico), além de todos os
equipamentos de proteção individual. Em seguida, esse material deve ser destinado ao local de
depósito de resíduos apropriado.

O derramamento de material biológico pode levar a quadros infecciosos, dependendo do tipo


de exposição, do tipo de material e do tipo de agente infeccioso presente. Em casos de contato
de sangue contaminado por HIV com mucosas, o risco de infecção é de 0,09%. Este tipo de
acidente também não exclui o risco de infecção por hepatite B e hepatite C.

No caso de derramamento desse tipo de material, a área deve ser limpa com papel-toalha,
para minimizar a área afetada, e hipoclorito de sódio, por pelo menor 30 minutos. Depois, todo
o material deve ir para o descarte.

 VOCÊ SABIA

Uma prática muito comum que ocorria em laboratórios era a pipetagem de líquidos por meio da
aspiração pela boca. A técnica consistia em colocar uma porção de algodão no fim da pipeta de
vidro e, nesse lugar, sugar com a boca o líquido desejado. Entretanto, muitas vezes, o algodão
não era capaz de parar o líquido, que acabava entrando na boca dos praticantes dessa técnica.
Como você pode supor, dependendo do produto aspirado, acabava lesionando a mucosa oral
ou até mesmo provocando intoxicação ou doença infecciosa. Casos bastante graves foram
registrados com a pipetagem de bases fortes por essa técnica, visto que bases fortes
apresentam o íon hidroxila, que penetra facilmente nos tecidos, causando destruição celular
imediatamente após o contato e causa danos por meio da desnaturação proteica e
saponificação de lipídios.

Muitas vezes, os profissionais se descuidam ou minimizam os riscos advindos desse tipo de


acidente. Não permita que isso aconteça na sua vida profissional. Fique atento ao menor sinal
de derramamento. E lembre-se: o contato mínimo com determinados produtos químicos ou
biológicos pode provocar grandes danos.

ACIDENTES CAUSADOS POR GASES E


VAPORES TÓXICOS

De maneira geral, a inalação de gases que não sejam o oxigênio provoca alterações no
organismo. A literatura aponta que os riscos de acidentes envolvendo gases são muito grandes
em ambientes de laboratório, pois alguns são extremamente perigosos, podendo causar graves
danos ou até mesmo a morte.
Podemos citar o gás de amônia, um gás altamente perigoso que provoca danos gravíssimos
aos pulmões. Outros gases, como o cloro, dióxido de enxofre, cloreto e sulfeto de hidrogênio,
têm alta toxicidade, e, dependendo do volume inalado, podem causar a morte. É importante
ressaltar que, além de todo o sistema respiratório, os gases e vapores tóxicos podem afetar
outros órgãos ou sistemas. Por exemplo, a inalação de butano afeta diretamente os sistemas
nervoso e cardiovascular.

A literatura aponta que a letalidade de alguns gases ou vapores tóxicos é tão grande que
muitos são utilizados como armas químicas. Um exemplo é o gás Sarin, derivado do
organofosforado, que, por sua capacidade de provocar danos e seu baixo custo de produção, é
utilizado pelos grupos terroristas.

Em 2020, no porto do Líbano, o armazenamento inadequado de nitrato de amônio — um gás


tóxico — ocasionou uma explosão de proporções gigantescas. Além da devastação, a explosão
levou à morte cerca de 150 pessoas, deixou mais de 5 mil feridos. A longo prazo, os libaneses
podem desenvolver problemas respiratórios pela inalação desse gás.
 Porto de Beirute, Líbano.

SUBSTÂNCIAS VOLÁTEIS

São substâncias em estado líquido que apresentam alta pressão de vapor e se transformam
facilmente no estado gasoso. Quando inaladas, podem ser introduzidas no organismo pela
aspiração, pelo nariz, pela boca ou por contato dérmico, causando sérios danos.

É importante ressaltar que existem diferentes substâncias voláteis, a exemplo de solventes


que estão no dia a dia de um laboratório, como o formaldeído (formol), xilenos (xilol) e ácidos
fumegantes (ácido sulfúrico, benzeno, ácido clorídrico, ácido cianídrico, ácido sulfúricos etc.).
São formadores de vapores com alto grau de risco químico e, sendo assim, devem ser
manuseados em capelas de exaustão.
ACIDENTES ENVOLVENDO PERFURAÇÕES OU
CORTES

De acordo com o Centro de Controle de Doenças (CDC), a exposição ocupacional a patógenos


transmitidos pelo sangue devido a acidentes com materiais perfurocortantes é um problema
sério. Somente no ambiente hospitalar acontecem cerca 400 mil acidentes por ano.

Em hospitais, 80% (4 em 5) das lesões perfurocortantes são devidas ao uso de


agulhas/seringas hipodérmicas, agulhas de sutura, scalp (dispositivo em aço tipo borboleta),
agulhas para coleta de sangue, bisturis e estiletes.

Os ferimentos por perfurocortantes estão principalmente associados à transmissão ocupacional


dos vírus:
HEPATITE B (HBV)
HEPATITE C (HCV)

IMUNODEFICIÊNCIA HUMANA (HIV)

No entanto, foram implicados na transmissão de mais de 20 outros patógenos, como:


blastomicose, leptospirose, criptococosse, malária, difteria, Mycobacterium tuberculosis, ebola,
Rocky Mountain, gonorreia, febre maculosa, tifo esfoliante, Streptococcus pyogenes, sífilis e
herpes.

Dados mostram que, em um acidente com material perfurocortante envolvendo material


biológico, a chance de adquirir hepatite B é de 1 em 5 (se você não for vacinado); hepatite C é
de 1 em 50 e HIV é de 1 em 300. O risco de contaminação depende de alguns fatores, como
carga viral do paciente, tamanho e profundidade do ferimento e volume de sangue exposto.

 DICA

Diante da possível gravidade desse tipo de acidente, você deve sempre organizar sua área de
trabalho com recipientes apropriados para descarte de objetos cortantes dentro do alcance;
trabalhar em áreas bem iluminadas; receber treinamento sobre como usar objetos cortantes e
dispositivos de segurança; avaliar qualquer perigo antes de manusear objetos cortantes.

 ATENÇÃO

Nunca devemos reencapar agulhas ou objetos perfurocortantes, pois grande parte dos
acidentes ocorrem nesse momento.

Além de risco biológico, os acidentes com materiais perfurocortantes podem provocar lesões
profundas ou extensas, que podem ocasionar sangramento muito rápido. A perda de sangue
tem consequências graves, podendo levar a hemorragias. Nesses casos, devemos estar aptos
a reconhecer rapidamente os sinais de gravidade. No próximo módulo, aprenderemos como
agir em casos de hemorragia.

 SAIBA MAIS

A perda de dois litros de sangue em um adulto pode causar grave comprometimento da


circulação, que geralmente resulta em colapso e, até mesmo, em morte.
CONDUTAS DIANTE DA EXPOSIÇÃO A
MATERIAL BIOLÓGICO
Neste vídeo, a especialista Fátima Cristina Alves de Araujo aborda às principais medidas após
acidentes com perfurocortantes:

ACIDENTES PROVOCADOS POR QUEIMADURAS

As queimaduras são causadas por situações que produzem calor suficiente para danificar a
pele. Essas lesões podem ocorrer por várias causas, como: fontes de calor (fornos, estufas ou
a própria chama direta); queimaduras elétricas; queimaduras por radiação; produtos químicos
comumente usados em laboratórios, como ácidos fumegantes (ácido nítrico e ácido sulfúrico).
Esses produtos são capazes de provocar queimadura química, que atinge, além da pele, o
trato respiratório e podem até mesmo provocar alterações em todo o organismo.

As queimaduras são classificadas de acordo com as camadas da pele atingidas, como


queimaduras de primeiro, segundo e terceiro graus. Vamos conhecê-las?

1º GRAU
As queimaduras de primeiro grau atingem a camada mais superficial da pele. Seus principais
sintomas são vermelhidão, inchaço e dor. É importante mencionar que queimaduras de
primeiro grau não apresentam bolhas.
 Queimadura de 1º grau.

2º GRAU
As queimaduras de segundo grau atingem a epiderme e parte da derme. Podem ser
superficiais ou profundas, e isso faz com que seus sintomas sejam diferentes, com
aparecimento de bolhas ou frictenas. As queimaduras mais superficiais têm bolhas rosadas,
úmidas e dolorosas; já as profundas têm bolhas brancas, secas e pouco dolorosas.

 Queimadura de 2º grau.
3º GRAU
Queimaduras de terceiro grau atingem todas as camadas da pele e anexos. São indolores,
pois os nervos responsáveis pelo impulso da dor também foram destruídos. Nesse tipo de
queimadura, o aspecto é esbranquiçado ou enegrecido.

 Queimadura de 3º grau.

Na figura a seguir, vemos as diferenças das lesões nos tipos de queimaduras:

 Tipos de queimaduras.

GRAVIDADE DAS QUEIMADURAS


A gravidade das queimaduras é a combinação entre profundidade, extensão e área da lesão.
Normalmente, as queimaduras na cabeça e região genital são consideradas mais graves. Em
casos de queimaduras nas mãos, pés, face, períneo, pescoço e olhos, em qualquer
profundidade e extensão, é necessário tratamento hospitalar.

EXTENSÃO DAS QUEIMADURAS


A extensão das queimaduras é calculada pela porcentagem da área corporal queimada. Nessa
classificação, queimaduras leves são aquelas que atingem menos de 10% do corpo; médias
atingem entre 10% e 20% da superfície corporal queimada; graves atingem mais de 20%. Para
verificar a extensão, pode ser utilizada a regra dos nove ou a regra da palma da mão.

Na regra da palma da mão, a extensão da queimadura é calculada levando em conta que a


palma da mão representa 1% da superfície corporal. Assim, podemos estimar a extensão da
queimadura pelo “número de palmas”. Na regra dos nove, que é a forma mais utilizada, é
atribuído a cada segmento corporal o valor nove (ou múltiplo dele):

Cabeça – 9 % (sendo 4,5 em cada lado).

Tronco (frente) – 18%.

Tronco (costas) – 18%.

Membros superiores – 9% cada.

Membros inferiores – 18% cada.

Genitais – 1%.

Em seguida, os valores encontrados são somados, e é verificada a extensão.


 Regra dos nove.

 VAMOS A UM EXEMPLO?

Após uma explosão no laboratório, um estudante queimou os dois braços e o tórax. Utilizando-
se a regra dos nove, temos o seguinte: cada membro superior é igual a 9%, totalizando 18%, e
o tórax representa 18%. Assim, ao somar as áreas queimadas, vemos que o estudante teve
uma extensão de 36% do corpo queimado. Tal caso seria considerado um caso grave.

ACIDENTES CAUSADOS POR QUEDAS

No ambiente laboratorial, podemos ter a possibilidade de derramamento de substâncias que


podem tornar o chão escorregadio. Além disso, locais onde as instalações elétricas têm a
fiação exposta podem levar o profissional à queda. A manutenção de equipamentos,
especialmente cadeiras e bancos, também pode ocasionar a queda.

 VOCÊ SABIA

Yoon e Lochhart (2006) relatam que, nos EUA, no Reino Unido e na Suécia, os acidentes de
trabalho relacionados a escorregões, tropeções e quedas compreendem entre 20% e 40% dos
acidentes de trabalho. No entanto, na literatura, quando se faz uma busca a partir do termo
“risco de queda”, observa-se que a maior parte dos estudos é voltada para o risco de queda
que envolve os pacientes.

Minimizar os riscos de queda em ambientes de laboratório tem uma função importante na


prevenção de incapacidades, além de ajudar a reduzir os gastos com saúde. Dependendo da
gravidade do acidente, o profissional vai precisar ser submetido a procedimentos caros e por
longo período.

Escorregar em um piso molhado e não sinalizado pode ocasionar fratura de punho, fazendo
com que o acidentado seja operado e necessite do serviço de fisioterapia, levando um longo
período para voltar a estar apto a exercer suas atividades profissionais novamente. Cair de um
banco não ergonômico e com manutenção precária pode provocar lesão na coluna vertebral,
com o risco de invalidez permanente.

Fique atento aos sete maiores causadores de acidentes em laboratórios e às maneiras de


evitá-los.

Trabalhar no laboratório pode ser uma ótima maneira de você obter conhecimento profundo
sobre os tópicos científicos e aplicar conceitos enquanto trabalha cooperativamente. Ficar
seguro no laboratório significa saber quais perigos você pode encontrar e como evitá-los.
FOGO
Ao lidar com superfícies quentes, como o bico de Bunsen ou uma chapa de aquecimento,
pratique e reveja os procedimentos para minimizar incêndios. Certifique-se de que todos os
materiais inflamáveis no laboratório estejam devidamente lacrados e armazenados, e não se
esqueça de inspecionar os queimadores em busca de vazamentos para evitar chamas
repentinas. Além disso, certifique-se de que, perto do bico, não haja nenhum material
explosivo. E mais: não é permitido botijão de gás dentro do laboratório, prática muito observada
em laboratórios de microbiologia e pesquisa. O recomendado agora é a utilização de gás
encanado.

 Bico de Bunsen.

QUEIMADURAS DE CALOR
Manusear itens quentes apressadamente e sem as ferramentas adequadas pode resultar em
queimaduras graves. Use corretamente pinças, luvas apropriadas, banhos de água e outros
equipamentos de refrigeração, e nunca toque em superfícies quentes com as mãos
desprotegidas.
 Pinças utilizadas para pegar materiais quentes.

QUEIMADURAS QUÍMICAS
É importante tratar os produtos químicos com respeito e cautela. Eles devem ser medidos,
transferidos com cuidado e armazenados em recipientes apropriados. Luvas de proteção são
essenciais ao manusear produtos químicos. As luvas de borracha natural são indicadas para a
manipulação de ácidos, álcalis diluídos e sais cetonas. Luvas de Neoprene são usadas para
manipular solventes clorados, álcool, álcalis e derivados do petróleo. As luvas nitrílicas
geralmente têm mais resistência que a borracha natural. Já as luvas de cloreto de polivinila são
indicadas para a manipulação de ácidos, álcalis, gorduras e álcoois.
 Luvas de nitrilas.

CORTES E ARRANHÕES
Ao usar ferramentas afiadas (como materiais cirúrgicos, lâminas, agulhas etc.), você deve
manuseá-las com segurança. Além disso, ao descartar itens afiados, como vidros quebrados,
agulhas ou lâminas de barbear usadas para cortar materiais de laboratório, certifique-se de que
o descarte esteja sendo feito de forma correta (em caixas rígidas e sinalizadas), para evitar
acidentes e possíveis contaminações. Existem grandes taxas de acidentes e contaminação dos
profissionais que trabalham recolhendo os resíduos hospitalares, laboratoriais e até mesmo
domésticos, devido ao descarte incorreto.

CONTAMINAÇÃO
"Lave as mãos" pode parecer um conselho básico, mas é importante seguir procedimentos
cuidadosos de lavagem das mãos. Antes e depois de interagir com qualquer substância
estranha, você deve lavar bem as mãos e proteger as roupas e a pele com aventais de
laboratório, luvas e/ou óculos, conforme necessário. Sair do laboratório com bactérias, tecidos
ou outras substâncias potencialmente prejudiciais em sua pele ou em suas roupas pode
resultar na contaminação de superfícies, como as mesas de refeitórios, causando a
disseminação desses microrganismos para outras pessoas.

A partir da contaminação pelo SARS-COV, o mundo conseguiu dimensionar a importância de


lavar as mãos, lembrando que a melhor e a principal medida profiláctica para evitar a
contaminação é a limpeza das mãos.

 Variabilidade de microrganismos na nossa pele.

INALAÇÃO
A inalação acidental de gases em um espaço mal ventilado pode causar dores de cabeça,
náuseas, desmaios e, dependendo do gás inalado, até a morte. Certifique-se de abrir janelas,
usar ventiladores e equipamentos para medir a quantidade de emissão de gás em uma sala a
fim de garantir a segurança.
 Manômetro.

DERRAMAMENTOS E RUPTURAS
Derramar líquidos e derrubar utensílios de vidro são normalmente a consequência por não
seguir os procedimentos corretos. Você deve passar cuidadosamente por cada etapa do
laboratório para evitar movimentos apressados. Fique atento aos perigos potenciais que podem
advir do derramamento de produtos químicos e da quebra de vidros no laboratório. Você deve
seguir as instruções do laboratório no caso de ocorrer um derramamento ou uma quebra.
VERIFICANDO O APRENDIZADO

MÓDULO 2

 Relacionar as ações de primeiros socorros às principais consequências dos


acidentes que ocorrem em ambientes de laboratório

AÇÕES PARA PRINCIPAIS EMERGÊNCIAS


EM AMBIENTES DE LABORATÓRIO
Vamos agora aprender sobre os primeiros socorros voltados para as consequências dos
principais acidentes que ocorrem no ambiente de laboratório.
Dentre eles, estão:

Ações para redução dos danos causados por derramamento de líquidos.

Cuidados com pessoas inconscientes.

Transporte de feridos.

Medidas de controle de hemorragia.

Cuidados com pessoas queimadas ou com fratura, entorse ou luxação.

Atendimento a politraumatizados.

Compreender como essas medidas são realizadas é fundamental para que, frente a algum
acidente, você esteja apto a prestar um socorro rápido, saiba onde fica o kit de primeiros
socorros no laboratório e quais medidas devem ser serem adotadas. Evite pânico. O tempo
salva vidas. Vamos juntos ver como devemos agir diante das principais emergências em
ambientes de laboratório.
PRIMEIROS SOCORROS PARA SITUAÇÕES
DE DERRAMAMENTO DE SUBSTÂNCIAS
As substâncias capazes de provocar acidente por derramamento são classificadas como:

CANCERÍGENAS


CÁUSTICAS


CORROSIVAS


IRRITANTES

Dependendo da substância e da área afetada no corpo, algumas medidas de primeiros


socorros distintas precisam ser tomadas.
PRODUTOS QUÍMICOS EM CONTATO COM OS
OLHOS

Certos produtos, como hidróxido de sódio e hidróxido de amônio, podem destruir a visão em
pouco tempo. Por isso, use sempre óculos de proteção. Porém, caso o acidente aconteça,
você deve se dirigir à estação de lavagem dos olhos de emergência e proceder da seguinte
forma:

Remover as lentes de contato, caso use.


Lavar os olhos com bastante água por cerca de 10 a 15 minutos.

Como em qualquer outro acidente, buscar um serviço de emergência.

PRODUTOS QUÍMICOS NA BOCA


Mesmo sendo difícil de acontecer, há a possibilidade de que produtos químicos ou biológicos
atinjam sua boca. Caso isso ocorra, você deve: cuspir o produto e lavar a boca com bastante
água.

EM VÁRIOS GRAUS

Os graus de risco são encontrados nos rótulos de suas embalagens e na FISPQ.

CENTRO DE CONTROLE DE INTOXICAÇÃO

Cada região pode ter um centro de controle de intoxicação, e os contatos desses centros
podem ser obtidos na internet.

 ATENÇÃO

Muitos produtos químicos são venenosos em vários graus. Se a vítima tiver engolido um
produto químico, anote o nome do produto, entre em contato com o Centro de Controle de
Intoxicação da sua área e busque atendimento médico. É essencial que o manejo seja feito de
forma rápida e que se consulte, na FISPQ, as informações sobre como proceder para a
descontaminação da pele e de outros órgãos afetados.

PRODUTOS QUÍMICOS NA PELE

Caso seja atingida uma pequena área, em primeiro lugar, você deve lavar com água corrente
por 15 minutos; se não houver sinal de queimadura, use água e sabão. Se a dor voltar após 15
minutos, deve-se repetir a operação. Não se deve usar solventes, pois eles podem remover a
camada da epiderme e causar irritação e inflamação. No caso de substâncias inflamáveis,
deve-se utilizar uma escova. Atenção:

DERRAMAMENTO DE ÁCIDO
Neutralizar com bicarbonato de sódio.

DERRAMAMENTO DE BASE
Neutralizar com ácido bórico.

DERRAMAMENTO DE ÁCIDO HIDROFLUORÍDRICO


(HF)
Lave e enxágue o local por cinco minutos, aplique imediatamente gel de gluconato de cálcio e
procure atendimento médico.

Em caso de derramamento em grande quantidade, o acidentado deve entrar imediatamente


no chuveiro de segurança e permanecer sob ele por, no mínimo, 15 minutos ou até que a
substância tenha saído totalmente. É importante que todos tenham treinamento para usá-lo
corretamente. As orientações de uso devem estar localizadas próximo ao equipamento, e o
chuveiro deve ser colocado em lugar acessível.

 ATENÇÃO

Você nunca deve aplicar, no local atingido, produtos como pomadas, pasta de dente ou outras
substâncias da crendice popular. O serviço de saúde de emergência é que deve orientar o
tratamento adequado.

Se o derramamento ocorrer sobre a roupa, remova imediatamente todo o tecido contaminado,


além de sapatos, roupas íntimas e ornamentos sob um chuveiro ou água corrente. Produtos
químicos podem ser absorvidos pela roupa e continuar a apresentar perigo de exposição.

Veja, no Explore+, um guia prático com ações de primeiros socorros a serem tomadas a partir
do contato com produtos químicos.

MATERIAL BIOLÓGICO
Acidentes envolvendo materiais biológicos são os mais frequentes entre profissionais de
saúde, seja por derramamento em mucosa ou pele não íntegra, seja por lesão percutânea. Os
patógenos transmitidos mais facilmente por esses tipos de acidentes são HIV, HBV e HCV.
Em caso de derramamento de material biológico na pele íntegra, é preciso lavá-la com água
corrente e sabão, sem utilizar produtos irritantes. Caso o acidente ocorra nas mucosas, ou na
pele não íntegra, além de lavar a área afetada, o acidentado deve procurar o atendimento
médico para notificar e, se necessário, iniciar a profilaxia contra as doenças infecciosas. No
Explore+, conseguimos ver como é feita a profilaxia.

PRIMEIROS SOCORROS PARA ACIDENTES


QUE CAUSEM CORTES
Os ferimentos causados por acidentes com materiais perfurocortantes em ambientes de
laboratório geralmente são pequenos. Nesses casos, deve-se considerar a profundidade do
corte. Sendo assim, você deve agir da seguinte forma:
Quadro 04: Primeiros socorros para cortes

SUPERFICIAIS PROFUNDOS

Conter o local atingido com compressa


Lavar com água e sabão. preferencialmente estéril.

Utilizar antisséptico. Se o sangramento parar, lave a ferida


com água e sabão.
Cobrir com compressa,
preferencialmente estéril. Cubra com compressa,
preferencialmente estéril.

 Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal

Quando há a solução de continuidade da pele, ou seja, uma lesão, e a perda sanguínea é


intensa, estamos diante de um quadro de hemorragia. A gravidade da hemorragia é medida
pelo tipo de vaso lesado (veia ou artéria), calibre do vaso, volume e pela velocidade da perda
sanguínea.
Frente a quadros hemorrágicos, é de suma importância que você reconheça os sinais de
gravidade: a pulsação torna-se fraca; a pele fica fria e arroxeada, além de apresentar suor
pegajoso; há queda da pressão arterial e a respiração torna-se rápida e profunda. Em casos de
hemorragias graves, o estado de consciência pode ficar alterado, levando até a um quadro de
desmaio.

Para controlar uma hemorragia, você precisa:

Pressionar diretamente o ferimento.


Elevar a área afetada, para que ela fique acima da linha do coração (a ação da gravidade ajuda
a reduzir o fluxo sanguíneo da área lesionada).

Ainda é necessário realizar pressão indireta por meio da compressão do pulso arterial anterior
à área lesionada.

Caso nenhuma dessas medidas tenham surtido efeito, aplica-se o torniquete.

Torniquete é um dispositivo de constrição ou compressão usado para controlar a circulação


venosa e arterial em uma extremidade por determinado tempo. Deve ter seu uso postergado ao
máximo, pois, na tentativa de conter a hemorragia, ele provoca esmagamento do tecido e
isquemia na extremidade do membro atingido.

A técnica de realização do torniquete consiste em: enrolar o membro afetado com uma atadura
ou tiras de pano de cerca de dez centímetros; amarrar, junto, uma caneta ou outro material
rígido, de formato parecido, para que possa ser usado como uma válvula que permita controlar
a pressão sobre o membro afetado; afrouxar o torniquete a cada 10 a 15 minutos. Lembre-se
de que o torniquete só deve ser usado em situações extremas.

A imagem a seguir é a ilustração de um torniquete:


 Técnica de confecção do torniquete.

 RELEMBRANDO

O torniquete precisa ser afrouxado a cada 10 a 15 minutos para evitar isquemia das
extremidades do membro atingido.
PRIMEIROS SOCORROS PARA ACIDENTES
NOS QUAIS HÁ ALTERAÇÃO DO NÍVEL DE
CONSCIÊNCIA
Síncope

Popularmente conhecida como desmaio, significa perda repentina e breve da consciência e da


postura causada pela diminuição do fluxo sanguíneo para o cérebro. No desmaio, além da
perda de consciência, há perda de tônus muscular.

Frente a alguém desmaiado, você deverá:

DEITAR A PESSOA DE COSTAS.


POSICIONAR A CABEÇA MAIS BAIXA QUE O CORPO.


AFROUXAR A ROUPA.


EVITAR AGLOMERAÇÃO DE PESSOAS EM VOLTA.

Choque

É uma condição médica séria que, além da perda da consciência, envolve outros sinais, tais
como:

Palidez.

Suor.

Pele fria e úmida.

Respiração acelerada (menor que 8 ou maior que 28 respirações por minuto).

Pulso fraco e rápido (maior que 100 batimentos por minutos - bpm).

A situação de choque significa que o organismo está entrando em colapso, por isso peça ajuda
médica com urgência. Enquanto aguarda a chegada da equipe, deite a pessoa com os pés
elevados a cerca de 30 centímetros, afrouxe qualquer roupa apertada e procure aquecê-la.

PRIMEIROS SOCORROS PARA SITUAÇÕES


EM QUE É NECESSÁRIO O TRANSPORTE
DA VÍTIMA
A importância do transporte adequado para uma pessoa gravemente ferida não pode ser
subestimada. Às vezes, é necessário transportar a vítima até um serviço médico. Métodos
inadequados ou descuidados frequentemente aumentam a gravidade da lesão e podem até
causar invalidez permanente ou mesmo a morte.
 Transporte em primeiros socorros.

1º ASPECTO
2º ASPECTO
3º ASPECTO
4º ASPECTO

1º ASPECTO

Não se apresse em mover uma pessoa ferida. Observe todo o cenário do acidente. Você
precisa fazer um exame completo e se certificar de que todos os ferimentos estejam protegidos
por curativos adequados, talas etc.

2º ASPECTO

Nunca mova uma vítima, a menos que saiba como fazê-lo e para onde levá-la. Tente posicioná-
la de forma que os sinais visuais de alerta possam ser observados. Mantenha a vítima coberta
e aquecida. Esteja atento, pois a vítima pode estar assustada e precisar de garantias de
suporte de emergência frequentes.

3º ASPECTO

Para transportar um acidentado de forma segura, você precisa se lembrar da transferência


primária, às vezes chamada de transferência de cena, que é o movimento de remover o
paciente da cena do acidente para um hospital e requer atenção especial para não agravar os
danos.

4º ASPECTO

Se a vítima estiver consciente, evite qualquer dor ou dano adicional. Avalie a lesão e decida se
a melhor maneira de levar a vítima ao hospital é de ambulância ou carro. Caso seja necessário
deslocar uma pessoa gravemente ferida, esta deve ser sempre transportada deitada sobre uma
maca ou sobre uma maca improvisada.

Ao transportar uma vítima por método de maca, ela deve ser levada, primeiro, com os pés no
nível do solo, subindo primeiro a cabeça. Em casos de fraturas de perna ou quadril, a vítima
deve ser transportada primeiro com os pés voltados para a direção à qual se está dirigindo, a
fim de evitar que o peso do corpo desça contra o membro lesionado. É importante que o
paciente esteja fixado à maca para evitar quedas.

Se a pessoa estiver inconsciente, sangrando muito ou tiver dificuldade para respirar, isso deve
ser tratado primeiro, controlando o sangramento com pressão direta e realizando Reanimação
Cardiopulmonar (RCP), se necessário. Nesses casos, é melhor suspeitar de uma lesão nas
costas ou no pescoço.

Se você não conseguir uma resposta da pessoa e achar que ela pode estar sofrendo de
parada cardíaca, siga os seguintes passos:

1º PASSO
Peça ajuda. Diga a alguém próximo para ligar para o 192 (SAMU). Peça a essa pessoa ou a
qualquer outra que esteja na cena para trazer um DEA (desfibrilador externo automático), se
houver um em mãos. Essa ação precisa ser rápida — o tempo é essencial.
2º PASSO
Se você estiver sozinho com um adulto com esses sinais de parada cardíaca, ligue para o 192
e obtenha um DEA (se houver um disponível).

3º PASSO
Verifique a respiração. Se a pessoa não estiver respirando ou apenas ofegante, realize RCP.
Como fazer reanimação cardiopulmonar?

Empurre para baixo no centro do tórax, pelo menos 5 cm, a uma taxa de 100 a 120
compressões por minuto, permitindo que o tórax volte à sua posição normal após cada
impulso.

A cada 30 compressões, faça duas ventilações boca-máscara ou bolsa-máscara (Ambu).


Máscara para ventilação boca-máscara.

Equipamento para ventilação bolsa-máscara (Ambu).


Use o desfibrilador externo automático assim que ele chegar. Continue administrando RCP até
que a pessoa comece a respirar ou se mover, ou até que alguém com treinamento mais
avançado assuma o controle, como um membro da equipe do SAMU.

Nem sempre há DEA ou máscara disponíveis. Nesses casos, a RCP pode ser feita
manualmente. Isso significa que você fará somente compressões torácicas ininterruptas de 100
a 120 por minuto até a chegada dos socorristas.

Nunca faça respiração boca a boca.

 RECOMENDAÇÃO

A cada cinco ciclos ou dois minutos, reavalie a vítima. Essa reavaliação não deve ultrapassar
os dez segundos.

MNEMÔNICO

Conjunto de técnicas utilizadas para auxiliar o processo de memorização.

PRIMEIROS SOCORROS A ACIDENTES QUE


PROVOCAM POLITRAUMATISMO
Em ambientes laboratoriais, a maior parte dos acidentes tem menor potencial de morte.
Contudo, na literatura, há relatos de acidentes graves que levaram à morte e a amputações.
Sendo assim, é fundamental que você respeite todas as normas de segurança e, caso
acidentes graves aconteçam, esteja apto a agir.

A abordagem básica inclui assegurar a permeabilidade das vias aéreas, a proteção contra
aspiração e o fornecimento de oxigenação e ventilação adequados. As manobras básicas das
vias aéreas são essenciais. Muitos pacientes podem ser tratados apenas com manobras
simples, evitando a necessidade de tubo endotraqueal. Mesmo que seja necessária a
intubação orotraqueal, começar com as manobras básicas das vias aéreas estabiliza o
paciente e permite manobras de reanimação e oxigenação efetivas.

Muitos estudos mencionam que o manejo das vias aéreas começa na intubação, mas a
intubação imediata raramente é o primeiro passo para a ressuscitação.

Existe um mnemônico que representa a sequência de letras que ajuda a memorizar as ações
que devem ser tomadas frente a um acidente no qual haja o risco de a vítima estar
politraumatizada. Essa sequência é conhecida como ABCDE do trauma, e as letras derivam
dos termos em inglês:

AIRWAY

Significa vias aéreas pérvias.


BREATHING

Relaciona-se com a respiração.


CIRCULATION

Refere-se à circulação.

DISABILITY

Equivale à etapa de avaliação neurológica.


EXPOSURE

Significa avaliar as lesões.

Vamos aprender o que fazer em cada etapa do ABCDE do trauma.

 Manobra de elevação do queixo.


Etapa (A): Vias aéreas pérvias

Proteja a coluna cervical, imobilizando-a, mas atenção: caso o pescoço esteja desalinhado,
não tente retificá-lo. Avalie se as vias aéreas estão pérvias: se a vítima estiver consciente, faça
perguntas simples, mas posicione-se de maneira que ela não precise virar a cabeça para
responder; se a vítima estiver inconsciente, com alteração na voz ou ronco, execute as
seguintes manobras: elevação do queixo (chin lift) ou anteriorização da mandíbula (jaw thuist).

Etapa (B): Movimentos respiratórios

Analise a respiração: veja se está rápida ou lenta, profunda ou superficial. Uma forma de não
esquecer o que fazer quando estiver avaliando a respiração é memorizar a sequência ver,
ouvir e sentir:

VEJA

Se o tórax está expandindo.


OUÇA

O som da respiração.


SINTA

Se o ar está saindo da vítima.

Se você identificar problemas, ofereça suporte ventilatório.


Etapa (C): Alterações circulatórias

Avaliação do sistema circulatório. Sinta se há pulsação carotídea. Caso não haja, inicie
imediatamente manobras de reanimação cardiopulmonar. Em caso de hemorragia, você deverá
seguir as orientações contidas no tópico sobre primeiros socorros para acidentes que causam
hemorragia.

 Verificação do pulso carotídeo.

 Avaliação das pupilas.


Etapa (D): Avaliação neurológica

Avaliação do nível de consciência. Em caso de vítimas acordadas, pergunte coisas simples,


como nome e idade. Verifique a reatividade das pupilas, ou seja, se elas contraem com a
exposição à luz. Isso deve ser feito com uma lanterna. Atualmente, a lanterna do celular é um
ótimo instrumento. Pupilas que não reagem à luz ou pupilas que reagem de forma assimétrica
são sinais de gravidade. Avalie a sensibilidade dos membros. A fase D tem como objetivo
prevenir lesões cerebrais devidas à má perfusão.

Etapa (E): Avaliação das Lesões

Avaliação da extensão das lesões. Com a vítima já estabilizada, você deve avaliá-la e mantê-
las aquecida para prevenir a hipotermia.

 ATENÇÃO

Lembre-se: antes de começar o ABCDE, peça ajuda!

ABCDE E ACIDENTES EM AMBIENTES DE


LABORATÓRIO
Neste vídeo, a especialista Fátima Cristina Alves de Araujo demostra a importância de
conhecer as ações preconizadas no ABCDE:

PRIMEIROS SOCORROS PARA ACIDENTES


QUE ENVOLVAM QUEIMADURA
Como aprendemos, no ambiente de laboratório, diversas fontes de calor e produtos químicos
podem provocar queimaduras. Vale lembrar que a gravidade das queimaduras depende da
extensão, da profundidade e da parte do corpo atingida. Por exemplo: uma queimadura na face
pode ser agravada pela lesão das vias aéreas.

Vamos, agora, ver o passo a passo do manejo em caso de queimadura.

Queimaduras de 1º e 2º graus

1º PASSO
2º PASSO
3º PASSO
4º PASSO

1º PASSO

Retirar as roupas quentes ou queimadas, tendo o cuidado de não tirar aquelas que estejam
grudadas na pele. Esse cuidado é importante, pois as queimaduras podem causar edema
rapidamente.

2º PASSO

Lavar o local com água fria ou corrente, como no chuveiro de emergência ou lava-olhos, até
que a dor desapareça.

3º PASSO

Não furar as possíveis bolhas.

4º PASSO

Cobrir a região com pano estéril ou limpo.

Queimaduras de 3º grau
1º PASSO

Retirar as roupas quentes ou queimadas, tendo o cuidado de não tirar aquelas que estejam
grudadas na pele. Esse cuidado é importante, pois as queimaduras podem causar edema
rapidamente.

2º PASSO

Cobrir a pele com pano estéril.


3º PASSO

Pedir ajuda médica com urgência.

 ATENÇÃO

Em casos de incêndio, você deve seguir as orientações da brigada interna de incêndio. Caso
não haja, é importante manter a calma e sair do local o mais breve possível. Não tente
combater o fogo caso não tenha treinamento para isso. Existem diferentes tipos de extintores,
para diversas situações de incêndio. O uso do extintor inadequado pode piorar o incêndio e
causar mais danos.

Não coloque nenhuma substância sobre a área queimada.


PRIMEIROS SOCORROS A ACIDENTES QUE
PROVOCAM FRATURAS OU LESÕES
ARTICULARES
As quedas podem provocar fraturas, entorses ou luxações. É importante saber que fratura
significa a quebra de um osso. As fraturas podem ser de vários tipos. As incompletas
acontecem quando o osso quebrado não está completamente separado. Há situações nas
quais a fratura se dá em linha reta ao longo do osso, ou pode ocorrer a quebra do osso em
diagonal. Torções podem provocar quebra em espirais ao redor do osso. Há também casos em
que o osso é esmagado ou se quebra em três ou mais pedaços e há fragmentos no local da
fratura.
Em outro tipo de fratura, o mesmo osso é fraturado em dois lugares, então há um segmento
"flutuante" de osso. Quando falamos em entorse, estamos nos referindo ao alongamento dos
ligamentos ou tendões. Já luxação significa que o osso se deslocou da articulação. Saiba que,
depois da dor nas costas, as lesões que envolvem fraturas e entorses são as principais causas
de afastamento do trabalho.

Acidentes que envolvem fratura requerem atenção médica. São sinais de gravidade de uma
fratura:

Avaliação da gravidade das fraturas

ETAPA 1
Dor mediante pressão ou movimento suave.

ETAPA 2
Forte sangramento.

ETAPA 3
Membro ou articulação deformados.

ETAPA 4
Extremidade do membro afetado cianótica ou sem pulso.

ETAPA 5
Suspeita de fratura na cabeça, no pescoço ou sem pulso.

ETAPA 6
Osso perfurando a pele.

ETAPA 7
A pessoa não responder, respirar ou se mover.

Como agir em caso de fratura:

Não mova a pessoa, exceto se necessário, para evitar mais ferimentos.

Pare qualquer sangramento.



Aplique pressão sobre a ferida com um curativo estéril, um pano limpo ou uma peça de roupa
limpa.

Imobilize a área ferida.


Não tente realinhar o osso ou empurrar para dentro um osso que está saindo.

Faça uma tala na área acima e abaixo dos locais da fratura somente se você estiver apto e se
a ajuda profissional não estiver disponível.


Aplique compressas de gelo para limitar o inchaço e ajudar a aliviar a dor.

 RECOMENDAÇÃO

Não aplique gelo diretamente na pele. Enrole o gelo em uma toalha, um pano ou outro material.

Fique alerta caso o ferido apresente: tontura, respiração curta e rápida e rebaixamento do nível
de consciência. Nesse caso, haja como se fosse um caso de choque.

VERIFICANDO O APRENDIZADO

CONCLUSÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Analisamos os principais acidentes que ocorrem nos ambientes de laboratório e as
consequências desses acidentes e os primeiros socorros a serem prestados.

Como vimos neste tema, os ambientes de laboratório são locais com grandes riscos de
acidentes relacionados a derramamento de substâncias químicas e materiais biológicos, gases
e vapores tóxicos, perfuração e cortes, queimaduras e quedas.

Além disso, reconhecemos as principais ações de primeiros socorros voltadas para as


consequências dos acidentes em ambientes de laboratório. Vimos medidas voltadas para
primeiros socorros em situações em que há derramamento de líquidos; quando as vítimas
encontram-se inconscientes; quando há necessidade de transportá-las. Abordamos também
situações que envolvem hemorragia, queimaduras, fraturas, entorses e luxações, além do
atendimento a politraumatizados.

Gastar tempo com as regras de segurança é a marca registrada de um trabalho de sucesso. Ao


não economizar sua atenção com a segurança, você terá mais tempo para experimentar e
aprender sem o drama de um acidente perigoso.

 PODCAST

AVALIAÇÃO DO TEMA:

REFERÊNCIAS
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Protocolos de Intervenção
para o SAMU 192 - Serviço de Atendimento Móvel de Urgência. Brasília: Ministério da Saúde,
2016.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção


Especializada. Cartilha para tratamento de emergência das queimaduras. Brasília: Editora
do Ministério da Saúde, 2012.

BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Microbiologia clínica para o controle de


infecção relacionada à assistência à saúde – Módulo 1: Biossegurança e Manutenção de
Equipamentos em Laboratório de Microbiologia Clínica. Brasília: Anvisa, 2013.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância à Saúde. Protocolo clínico e diretrizes


terapêuticas para profilaxia pós-exposição (PEP) de risco à infecção pelo HIV, IST e
hepatites virais. Brasília: Ministério da Saúde, 2018.

CLAYTON, A. M.; HAYES, J.; LATHROP, G. W; POWELL, N. Development of an


Occupational Risk Assessment Tool for Laboratory Animal Facilities. Applied Biosafety:
Journal of ABSA International, v. 24, n. 2, p. 72–82, 2019.

CRESPO, R. P. T. PHTLS: atendimento pré-hospitalar ao traumatizado. 9. ed. Porto Alegre:


Artmed, 2020.

HERRANZ, L. E.; JACQUEMAIN, D.; NITHEANANDAN, T.; SANDBERG, N.; BARRÉ, F.;
BECHTA, S.; NAKAMURA, H. (2020). The working group on the analysis and management
of accidents (WGAMA): a historical review of major contributions. Progress in Nuclear Energy,
127, 103432.

SECRETARIA DE SAÚDE. Superintendência de Vigilância e Proteção da Saúde. Diretoria de


Vigilância e Controle Sanitário. Manual de Biossegurança. Salvador: Universidade Federal da
Bahia, 2001.

SENAC. Primeiros socorros: como agir em situações de emergência. São Paulo: SENAC,
2019.

SUEOKA, J. S. APH Resgate: emergência em trauma. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan,


2020.

WALTERS, A. U. C. et al. Chemical laboratory safety awareness, attitudes and practices of


tertiary students. Safety Science, v. 96, p. 161–171, 2017.

YOON, H.; LOCKHART, T. E. Nonfatal occupational injuries associated with slips and falls
in the United States. Int. J. Ind. Ergon., v. 36, n. 1, p. 83–92, 2006.
EXPLORE+

Veja como Valéria Aparecida Farla e outros autores abordam os perigos no ambiente de
laboratório no artigo Perigos e riscos na medicina laboratorial: identificação e avaliação.

Para aprender mais sobre acidentes em laboratórios químicos e primeiros socorros, visite
a página da Fiocruz e busque por Situações de emergência em laboratórios químicos e
acesse Quadro primeiros socorros frente a acidentes envolvendo produtos químicos.

Para conhecer mais sobre os gases tóxicos usados como armas químicas, leia o artigo
Defesa química: histórico, classificação dos agentes de guerra e ação dos neurotóxicos.

Para conhecer mais sobre a profilaxia no caso de acidentes com material biológico,
consulte Protocolo clínico e diretrizes terapêuticas para profilaxia pós-exposição (PEP) de
risco à infecção pelo HIV, IST e hepatites virais, produzido pelo Ministério da Saúde.

No site da ANVISA, acesse os materiais que explicam detalhadamente o processo de


lavagem das mãos.

A respeito de RCP, vale assistir ao vídeo Diretrizes 2015 da RCP pela American Heart
Association (AHA), disponível no YouTube.

CONTEUDISTA
Fátima Cristina Alves de Araujo

 CURRÍCULO LATTES

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