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Segurança do trabalho

Lição 06

Doenças ocupacionais

Índice
1.Introdução
2.Riscos Biológicos
3.Doenças Ocupacionas Associadas ao Risco Biológico
4.Doenças Ocupacionais Associadas ao Risco Físico
5. Doenças Ocupacionais Associadas ao Risco Químico
6. Doenças Ocupacionais Associadas as Questões Ergonômicas
7.Conclusão
8.Referências

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1. Introdução
Nesta lição, estudaremos todo o contexto relacionado à exposição do trabalhador
sobre um determinado risco e quais as implicações sobre a saúde de modo a
termos uma noção breve sobre os controles médicos básicos e os nexos associados
entre uma atividade e o adoecimento.

Desde o início da história humana, a relação entre uma atividade laboral primitiva e o
processo de adoecimento vem sendo relatada, onde o ápice desta relação trabalho
versus doença se deu com a revolução industrial.
O ambiente hostil, jornadas prolongadas, falta de conhecimento sobre os riscos e
vulnerabilidade dos trabalhadores foram alguns dos fatores que contribuíram para a
proliferação dos mais variados tipos de doenças. A exposição às máquinas e
equipamentos da época também foram responsáveis pelo grande número de mortes,
perda de membros e incapacitações das mais variadas.

A relação estreita entre o adoecimento e a atividade laboral passou a ser entendida e


interpretada como nexo causal direto, onde para cada atividade já se entendia qual
seria o impacto sobre a saúde. Para que esse impacto pudesse ser mitigado, foram
necessários estudos sobre de que forma os riscos presentes no ambiente laboral
pudesse ser neutralizado, eliminado ou mitigado.

Hoje se conhece muito bem os controles de engenharia a partir da implantação de


proteções coletivas (EPC) e proteções individuais (EPI), que favorecem a preservação
da saúde dos trabalhadores. Mas, mesmo com a implantação de EPIs e EPCs no
ambiente de trabalho, a ausência de treinamentos sobre a sua utilização e sobre o
conhecimento dos riscos deixam os trabalhadores vulneráveis aos processos de
adoecimento.

Vimos, anteriormente, que os principais riscos ambientais são os químicos, físicos e


biológicos. Não podemos deixar de lado também o ergonômico, pois está ligado
diretamente a processos de adoecimento específico. Como agentes físicos, podemos
relatar o ruído, vibração, calor, etc. Como agentes químicos, temos os vapores, gases e
aerodispersoides. E como agentes biológicos, temos os vírus, bactérias, fungos, etc.

Cada agente de risco ocupacional está diretamente ligado a um processo de


adoecimento, por exemplo, o ruído está associado a processo de perda auditiva, a
poeira está associada a processos de adoecimento no sistema respiratório. O
biológico pode trazer doenças infecciosas e assim por diante.

O ambiente de trabalho pode acarretar prejuízos à saúde, mas como vimos, para

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garantir a condição orgânica do indivíduo, existem vários controles ditos de engenharia.
Porém, mesmo que as empresas tenham os melhores sistemas de proteção coletiva,
mesmo que a empresa possa disponibilizar os EPIs da melhor qualidade e providencie
os exames médicos específicos para cada atividade, se trabalhador não mantiver um
postura adequada frente aos riscos de nada adiantará todo o controle, ou seja, o
processo de adoecimento será certo.

Como vimos na NR 7 (PCMSO), as empresas são obrigadas a manter exames


médicos admissionais, periódicos, de mudança de função, de afastamento e
demissional para a garantia da qualidade de vida dos seus empregados. Esses são os
chamados controles médicos e de saúde.

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2. Riscos Biológicos
Pela NR 9 (PPRA), os riscos biológicos podem ser encontrados no ambiente de
trabalho nas formas de bactérias, fungos, bacilos, parasitas, protozoários, vírus, entre
outras formas de vida que possam trazer patogenia ao homem. A contaminação por
estes microrganismos pode ser atribuída por contato com o ser humano, com animais e
com o próprio meio que o indivíduo permaneça.

Existem inúmeros ambientes de trabalho, bem como atividades, que expõem o


trabalhador ao contato com os agentes biológicos, tais como atividades em hospitais,
laboratórios, indústrias farmacêuticas, limpeza, etc.

Os organismos procariontes são seres celulares cuja estrutura interna não é revestida
por membrana (por exemplo, bactérias de forma geral). Já os eucariontes são aqueles
em que as células contem núcleos revestidos por membrana (por exemplo, as algas).

2.1 Bactérias
Já as bactérias são seres (microrganismos) unicelulares que se reproduzem, ou se
multiplicam, por divisão celular simples (divisão binária). Pertencem ao Reino Monera e
são consideradas procariotas.

Estruturalmente, as bactérias possuem células que são revestidas externamente por


uma película, ou envelope. O DNA das células fica localizado no citoplasma. Dentre os
grupos de bactérias existentes, podem ser destacadas as: gram-positivas (apresentam
três camadas) possuem coloração azul após aplicação de corante; gram-negativas (não
apresentam membrana externa) possuem coloração rosada após aplicação de corante
e microplasmas (sem membranas e paredes celulares).

Diferentemente dos vírus, as bactérias não possuem núcleo, porém o DNA que a
constitui está presente no citoplasma. O sistema de locomoção das bactérias é
chamado de flagelo (fimbria ou pili).

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Anatomia de uma bactérias. - Fonte: <http://educacao.globo.com/biologia/assunto/microbiologia/bacterias.html>

De forma geral, estruturalmente as bactérias podem ser divididas em cocos (formato


esférico), bacilos (formato de bastonete), vibrião (formato de vírgula) ou
espiroidal/helicoidal (formato espiral/espiroqueta).

2.2 Vírus
Os vírus são os menores microrganismos estudados. São, em sua grande parte,
agentes infecciosos, apresentam estruturas nucleicas (DNA ou RNA) e cápsula de
proteínas. São divididos em famílias e para cada família existem gêneros (subdivisões),
caracterizadas por diferentes condições físico-químicas e/ou sorológicas.

São divididosem quatro famílias (Poxviridae, Herpesviridae, Parvoviridae,


Paramyxoviridae), as quais são subdivididas conforme as relações entre os membros.
De forma genérica são classificados de acordo com:
Sua morfologia.
Suas características físico-químicas.
Características do genoma do vírus.
Propriedades das proteínas.
Propriedades biológicas.
Os vírus não são células, mas sim, organismos acelulares. Consistem em uma
película de proteína constituída por ácidos nucleicos.

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2.3 Bacilos
São bactérias que se apresentam em formato de bastonete. São ditos procariontes,
unicelulares e podem ser divididos em gram-positivos e gram-negativos. Os gram-
negativos são os que podem causar doenças nos seres humanos. Alguns dos bacilos
mais conhecidos são:

Bacilo Nome científico Doença relacionada

Bacilo de Hansen mycobacterium leprae Hanseníase (lepra)

Klebsiella pneumoniae klebsiella pneumoniae Pneumonia

Bacilo de Kock mycobacterium tuberculosis Tuberculose

Yersinia pestis Yersinia pestis Peste bubônica e pulmonar

Streptobacillus moniliformis Streptobacillus moniliformis Febre de Haverhill


(febre da mordida de rato)

Clostridium difficile Clostridium difficile Diarreia e colite

Apesar de existirem classes de bacilos associados a várias doenças, alguns não


produzem patogenicidade a ser humano, tal como o lactobacilos que é utilizado em
processos de fabricação de iogurtes e demais produtos derivados do leite.

2.4 Fungos
Os fungos são microrganismos unicelulares ou pluricelulares, eucariontes, heterotróficos
e anaeróbios. Pertencem ao Reino Fungi, sendo os principais representantes os
bolores, mofos, leveduras e cogumelos. São responsáveis por causar doenças
conhecidas como micoses, onde as mais comuns e conhecidas são a candidíase e a
dermatofitose.

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Fungo Características

Cogumelos Chamados também de basidiomicetos, formados por micélios (filamentos).


Podem ser extremamente tóxicos, como o Aspergullus flavus.

Podem ser ascomicetos, deuteromicetos unicelulares, microscópicos,


Leveduras eucarióticos, sem micélio.
A Candida albicans é uma das mais frequentes leveduras isoladas de espécie
clínico humana.

Dimorfismo Fungos patogênicos que podem crescer em ambientes diferentes e se


comportarem como mofos ou leveduras.

2.5 Protozoários
São microrganismos unicelulares, sendo muitos considerados parasitas. São
geralmente maiores que as bactérias e apresentam estrutura mais complexa que as
bactérias.

São divididos em filos, sendo os filos principais o Sarcodinea ou Rhizopoda (sarco =


carne; rizo = raiz; podos = pés), Ciliophora (“portadores de cílios”), Mastigophora ou
Flagellata (mastigo ou flagelo = chicote) e Apicomplexa ou Sporozoa (que são
esporozoários).

Dentre estas classes, existem alguns que se locomovem por meio de pseudópodes
(pseudo = falso; podes = pés), como exemplo a ameba (Entamoeba histolytica)
causadora da amebíase. Os chamados pseudópodes apresentam expansões na sua
estrutura que facilita sua alimentação por meio da chamada fagocitose. Outras classes
apresentam estrutura rígida, como carapaças, constituída por sílica ou carbonato de
cálcio (por exemplo, os radiolários.

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AImagem de um Paramecium aurelia (Reino Protista). - Fonte: <https://www.infoescola.com/biologia/reino-protista-
protozoarios-protozoa/>

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3. Doenças Ocupacionas
Associadas ao Risco Biológico
As doenças ocupacionais resultantes de riscos biológicos são aquelas em que o
trabalhador após exposição a ambientes, pessoas, animais ou qualquer outro contato,
sem os controles necessários, adquire levando a desenvolver processos alérgicos,
tóxicos ou infecciosos.

Os processos infecciosos podem ser classificados em crônico ou agudo, dependendo


do tipo de microrganismo o qual o trabalhador manteve contato, tais como, bactérias,
fungos, vírus, protozoários, etc. As principais são:

a) Brucelose

É uma doença infecciosa transmitida de animais para o homem, causada por diferentes
gêneros da bactéria Brucella (Brucella abortus, de gado), Brucella suis (de suínos),
Brucella melitensis (de caprinos), Brucella cannis (menos comum).
Pode ser encontrada na literatura também como febre de Malta, de Gilbratar, febre
mediterrânea, ou febre ondulante. A infecção decorre do contato direto com animais
doentes ou ingerem leite não pasteurizado, produtos lácteos contaminados (queijo e
manteiga, por exemplo) carne mal passada e seus subprodutos.

b) Tétano

Causada pela bactéria Clostridium tetani, onde pode ser encontrada em fezes de
animais e humanos, quando na forma de esporos. Considerada como doença
infecciosa grave, porém não há contágio.

Sua ação é através de toxina produzida pela pele. O contato com objetos contaminados
pode contaminar as pessoas que apresentem algum tipo de lesão dérmica (feridas,
cortes, etc.), a qual facilita a penetração pelo microrganismo.

c) Carbunculose

É uma doença que, de forma geral, afeta a pele e o intestino. O microrganismo


responsável pela transmissão da doença é o Bacillus anthracis, o qual pode contaminar
os seres humanos através da infecção nas formas cutânea, pulmonar e abdominal. A
contaminação pode ser ocasionada pela exposição por contato direto ao bacilo, por
inalação dos esporos e pelo consumo de carne de animais contaminados.

d) Hepatite
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O caso de hepatite mais comum em exposições ocupacionais é a sérica, cujo agente
contaminante é o vírus da hepatite B (HBV), através das células do fígado levando a
inflamações crônicas. Quando o processo está enquadrado como crônico, pode levar a
formação da cirrose hepática até o câncer no fígado (carcinoma hepatocelular).
A contaminação pode decorrer formas da exposição por inoculação de forma
cutânea, seja endovenosa, intramuscular, subcutânea e intradérmica, de uma pessoa
infectada. O vírus da hepatite B está presente no sangue, na saliva, no sêmen e nas
secreções vaginais da pessoa infectada.

e) Tuberculose

Uma das doenças contagiosas que mais matam no Brasil. Sua contaminação se dá
pela exposição a bactéria chamada Mycobacterium tuberculosis (também conhecida
como bacilo de Koch).

Tal doença é transmitida pelo bacilo de Koch, onde a exposição a micropartículas


eliminadas no processo respiratório, em processos de espiro ou em situações de tosse,
favorece a exposição à doença. O principal alvo são os pulmões, mas também pode
ocorrer contaminação nos ossos, meninges, rins, etc.

Dentro dos pulmões, a doença começa a se desenvolver ao chegar nos alvéolos, pois
caso não chegue a contaminar os pulmões, a doença não tem como progredir. Porém,
a partir do momento que a doença se instala, a bactéria pode alcançar a corrente
linfática e atingir os linfonodos (gânglios), que são responsáveis pela defesa do
organismo.
Alvéolos são microestruturas presentes no pulmão onde ocorre a troca gasosa
(hematose pulmonar) entre o oxigênio e o gás carbônico e estão presentes nos
bronquíolos.

f) Leptospirose

Considerada uma doença aguda, bastante grave, como principal agente causador a
bactéria chamada Leptospira, que é transmitida de animais para seres humanos.

A exposição direta pode decorrer do contato com a urina de animais ou água


contaminados. A bactéria invade o organismo por meio das mucosas e pele, mesmo
que não apresente ferimentos, e invade a corrente sanguínea.
As medidas de controle para trabalhadores se dão por meio de botas e luvas, com o
tratamento da água e controle de possíveis hospedeiros.

g) Ancilostomíase

Uma forma de verminose, transmitida pelo Ancilostoma duodenale. De forma geral, as


verminoses são doenças causadas por vermes parasitas que se alojam no intestino,

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mas também podem chegar a outros órgãos (pulmão, cérebro, etc.).

Podem ser divididos em dois grandes grupos, os nematelmintos (Ascaris


lumbricoides - lombriga), o ancilostoma, oxiúros e filárias, que possuem como principal
característica a estrutura afunilada e possuem sexo. O outro grupo é o dos platelmintos
(solitárias, cisticercose e esquistossomos), que possuem estrutura achatada e são em
sua maioria hermafroditas.

h) Leishmaniose

É uma doença dita crônica, podendo ser cutânea ou visceral. São os protozoários
flagelados os principais causadores da doença. Os dois principais responsáveis pela
doença são: Leishmania tropica (L. cutânea) e Leishmania donovani (L. visceral).

A cutânea se apresenta como lesão na forma de úlcera na pele e mucosa e pode ser
transmitida por roedores selvagens; enquanto que a visceral se caracteriza por febre,
anemia, etc., podendo ser transmitida por cachorros, e roedores urbanos. O agente de
transmissão é o mosquito Phlebotomus contaminado.

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4. Doenças Ocupacionais
Associadas ao Risco Físico
De acordo com a NR 9, que trata sobre o PPRA (Programa de Prevenção de Riscos
Ambientais). De acordo com o item 9.1.5.1, consideram-se agentes físicos as diversas
formas de energia a que possam estar expostos os trabalhadores, tais como: ruído,
vibrações, pressões anormais, temperaturas extremas, radiações ionizantes, radiações
não ionizantes, bem como o infrassom e o ultrassom.

O ruído pode se apresentar sobre as formas contínua ou intermitente. A vibração pode


ser avaliada nas condições de vibração de corpo inteiro (VCI) ou vibração localizada de
mãos e braços (VMB). Umidade se apresenta em situações onde o corpo ou parte do
corpo do indivíduo está diretamente exposto à água.

As pressões anormais podem ser nas formas hipobáricas (em condições de grandes
altitudes) ou hiperbáricas (como em atividades de mergulho). Temperaturas extremas
podem ser enquadradas nas formas de altas temperaturas (calor) e baixas temperaturas
(frio).

As radiações podem ser ionizantes ou não ionizantes. As ionizantes são causadas


quando há ionização sobre o local no qual incide, produzindo partículas carregadas
eletricamente. Um exemplo desta forma de energia é o raio–X. As não ionizantes são
as que possuem natureza eletromagnética, sendo os efeitos dependentes do tempo e
da intensidade de exposição. Como exemplo, tem-se o laser, radiação ultravioleta,
micro-ondas, etc.

Agente
Tipo de
de Doença relacionada
risco
risco

Ruído Cansaço, irritação, dores de cabeça, perda auditiva, aumento da


contínuo ou pressão arterial, perigo de infarto, outras.
intermitente
Físico
Vibração Cansaço, irritação, dores na coluna, LER/DORT, problemas
(MCI e VMB) digestivos, lesões ósseas, lesões em tecidos moles, lesões
circulatórias, etc.

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Agente
Tipo de
de Doença relacionada
risco
risco

Umidade Doenças do aparelho respiratório, quedas, doenças de pele,


doenças circulatórias, etc.

Radiação Alteração na informação genética, variados tipos de câncer,


ionizante fadiga, problemas visuais, etc.

Radiação
não Queimaduras, eritema, conjuntivite e câncer de pele.
ionizante

Físico Pressões Dores musculares, vômitos, hemorragias pelo ouvido e ruptura do


hipobáricas tímpano, etc.

Pressões Intoxicações por gases, desmaios, etc.


hiperbáricas

Taquicardia, aumento da pulsação, cansaço, irritação, choques


Calor térmicos, fadiga térmica, perturbações das funções digestivas,
hipertensão.

Frio Alterações vasculares periféricas, doenças do aparelho


respiratório, queimaduras pelo frio.

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5. Doenças Ocupacionais
Associadas ao Risco Químico
De acordo com a NR 9, que trata sobre o PPRA (Programa de Prevenção de Riscos
Ambientais). Conforme o item 9.1.5.2, são consideradas como agentes químicos as
substâncias, compostos ou produtos que possam penetrar no organismo pela via
respiratória, nas formas de poeiras, fumos, névoas, neblinas, gases ou vapores, ou que,
pela natureza da atividade de exposição, possam ter contato ou ser absorvidos pelo
organismo através da pele ou por ingestão.

As poeiras são quaisquer partículas sólidas formadas (aerossóis) por degradação


mecânica de corpos sólidos. Possuem tamanhos (diâmetro) inferiores a um mícron, tais
como, poeiras minerais diversas, poeiras vegetais diversas, poeiras alcalinas, etc.
Como exemplos, as poeiras de sílica, de madeira, de algodão, etc.
Os fumos são partículas sólidas (aerossóis) geradas por condensação de vapores,
principalmente as de metais. Como principais exemplos, os fumos produzidos no
processo de soldagem, siderurgia, etc.

As nevoas são partículas líquidas (aerossóis), geradas na degradação mecânica de


materiais líquidos, não possuem natureza e nem diâmetro definidos. Como exemplo,
aplicação de tinta por pistola, etc.

As neblinas são partículas líquidas (aerossóis), produzidos por condensação de


vapores. Os vapores são substâncias em condições normais de temperatura e pressão
(CNTP) condensam. Os gases são substâncias que dentro da CNTP não condensam,
não possuem forma e volume definidos.

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Agente Tipo
de de Doença relacionada
risco risco

Minerais: silicose (sílica, quartzo), asbestose (amianto) e


Poeiras pneumoconiose, etc. Vegetais: algodão (bissinose), bagaço de cana
(bagaçose), etc.

Fumos DPOC (Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica), febre de fumos,


intoxicação generalizada, etc.

Químicos Neblinas

Nevoas Irritação nas VAS (Vias Aéreas Superiores), ação sobre SNC
(Sistema Nervoso Central), Náuseas, sonolência, cefaleia, etc.
Gases

Vapores

Para resumir o conceito, os agentes químicos presentes na atmosfera podem ser


classificados como gases, vapores e aerodispersoides (poeira, nevoa, neblina e fumos).

Os gases e vapores também podem ser divididos em: irritantes (ácido clorídrico,
amônia, ácido sulfúrico, etc.), asfixiantes (hidrogênio, nitrogênio, metano, etc.) e
anestésicos (xileno, butano, propano, etc.).
Aerossóis são conceitualmente descritos como uma suspensão de partículas sólidas
ou líquidas dispersas em um gás. Podem ser naturais ou artificiais.

As partículas podem ser classificadas também conforme seu tamanho, que está
relacionado com a região do trato respiratório. Por esta classificação, as partículas
podem ser inalável, torácica e respirável.

As partículas inaláveis oferecem riscos quando depositados em qualquer parte do trato


respiratório, e possuem diâmetro acima de 100 µm. As partículas torácicas oferecem
riscos quando depositados em quaisquer partes do interior das vias aéreas dos
pulmões e apresentam diâmetro das partículas entre 10 e 100 mm. Já as respiráveis
oferecem riscos quando depositados na região de troca de gases. Tais partículas
apresentam abaixo de 10 µm.

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Tamanho das partículas e sua penetração. - Fonte:
<http://www.saudeesegurancanotrabalho.org/poeiras_tamanho_nho08>

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6. Doenças Ocupacionais
Associadas as Questões
Ergonômicas
A ergonomia é uma das áreas da segurança e saúde do trabalho voltada para o estudo
e adequação do posto de trabalho, focando nas condições de conforto do ambiente.
Busca, também, adaptar o ambiente de trabalho ao homem, de forma que a sua
atividade laboral e seu tempo de serviços não acarretem doenças ao longo da vida
ocupacional do trabalhador.

Tal área não está descrita na NR 9, e sim na NR 17. Porém, ao longo dos anos,
observou-se um aumento significativo nos processos de adoecimento do trabalhador em
virtude das exigências do mercado de trabalho e do próprio ambiente de trabalho.
Existem duas principais doenças relacionadas com as questões ergonômicas, que
são a LER (Lesões por Esforços Repetitivos) e as DORT (Doenças Osteo-musculares
Relacionadas ao Trabalho).

A LER atinge principalmente músculos, tendões, membros superiores (dedos, punhos,


antebraços, braços, pescoço, etc.), membros inferiores e coluna. Sempre está
associada com o nexo causal.

As DORT estão principalmente associadas à estrutura músculo-esquelética, que reflete


a sobrecarga laboral. São comuns lesões ou inflamações provocadas pelas atividades
laborais, que condicionam o trabalhador a posições ditas incômodas e inadequadas. As
principais doenças relacionadas a LER e DORT são:

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Agente de
Doença relacionada
risco

Tenossinovite: inflamação de tecidos que envolvem os tendões.


Tendinite: inflamação de tendões.
Bursite: inflamação das bursas (pequenas bolsas que estão localizadas entre
os ossos e as articulações).
Ergonômicos Miosites: inflamação de grupos musculares do corpo.
Síndrome do túnel do carpo: compressão do nervo mediano do punho.
Síndrome cérvico-braquial: dor em membros superiores e região cervical.
Cisto sinovial: Formação tumoral no tecido perto da articulação ou tendão.

Afinal, LER e DORT são as mesmas coisas?

Resposta: Não!

A DORT foi introduzida para substituição da LER, pois muitos casos de sintomas osteo-
musculares não apresentam necessariamente lesões; outro fato importante é de que a
LER não leva em consideração as sobrecargas dinâmicas e estáticas, tais como
excesso de força para realização de tarefas, trabalhos realizados com posturas
inadequadas, etc.

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7. Conclusão
Neste tópico, conseguimos entender sobre a relação existente entre o ambiente de
trabalho, a exposição relativa a uma determinada atividade, a associação entre os
riscos ocupacionais e as doenças possíveis para cada agente de risco. Vale lembrar
que as doenças associadas diretamente ao risco ambiental são aquelas que possuem
Nexo Técnico, mas podemos ter outras que estão mais relacionadas com as condições
em que o indivíduo se relaciona com o trabalho. Vimos doenças associadas aos riscos
biológicos, aos riscos físicos e aos riscos químicos, conforme riscos estabelecidos no
PPRA. Mas, temos outras doenças associadas aos riscos ergonômicos.

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8. Referências
BRASIL. Portaria n° 3214, de 08 de junho de 1978. Aprova as normas
regulamentadoras que consolidam as leis do trabalho, relativas à segurança e medicina
do trabalho. Norma Regulamentadora nº 23 (NR 23): Proteção contra incêndio. Diário
Oficial da República Federativa do Brasil, Poder Executivo, Brasília, 1978 Disponível
em: <http:// trabalho.gov.br/segurança-e-saude-no-trabalho/normatização/normas-
regulamentadoras>. Acesso em: 30 out. 2017

_______. Ministério da Saúde. Doenças relacionadas ao trabalho: manual de


procedimentos para os serviços de saúde. Ministério da Saúde, Representação no
Brasil da OPAS/OMS, Brasil. Brasília: Ministério da Saúde, 2001. 580 p. Série A.
Normas e Manuais Técnicos.

_______. Ministério da Saúde. Saúde do trabalhador. Brasília. Disponível em:


<http://portal.saude.gov.br/portal/saude/visualizar_texto.cfm?idtxt=30426&janela=1>.
Acesso em: 23 nov. 2017.

_______. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de


Ações Programáticas Estratégicas. Dermatoses ocupacionais. Brasília: Editora do
Ministério da Saúde, 2006. 92 p. il. Série A. Normas e Manuais Técnicos (Saúde do
Trabalhador; 9).

_______. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Dor relacionada


ao trabalho: lesões por esforços repetitivos (LER): distúrbios osteomusculares
relacionados ao trabalho (Dort). Brasília: Editora do Ministério da Saúde, 2012. 68 p.
Série A. Normas e Manuais Técnicos. Disponível em:
<http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/dor_relacionada_trabalho_ler_dort.pdf>.

_______. Ministério do Trabalho e Emprego. Portaria n° 9, de 08 de maio de 1996.


Altera Norma Regulamentadora NR 09: Programa de Prevenção de Riscos Ambientais.
Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Poder Executivo, Brasília, v. 134, n. 91,
p. 8202, 13 de maio de 1996.

FREITAS, H.M.B. Medicina do trabalho / FREITAS, H.M.B; ZAMBERLAN, S.C.– Santa


Maria: Universidade Federal de Santa Maria, Colégio Técnico Industrial de Santa Maria,
2014.

VARELLA, D. Doenças e sintomas. Disponível em: <http:// https://drauziovarella.com.br>.


Acesso em: 23 nov. 2017.

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