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1º MÓDULO - CONCEITO DE BIOSSEGURANÇA

Biossegurança é um conjunto de ações voltadas para prevenção, minimização e


eliminação de riscos para a saúde, ajuda na proteção do meio ambiente contra
resíduos e na conscientização do profissional da saúde, especificamente àqueles que
trabalham em áreas insalubres, com risco variável.

Esses riscos dependem da hierarquização e complexidade dos hospitais, do tipo


de atendimento realizado e do ambiente de trabalho do profissional, uma vez que
estão mais suscetíveis a contrair doenças advindas de acidentes de trabalho, por meio
de procedimentos que apresentam riscos.

Os ricos biológicos são decorrentes da exposição a agentes dos reinos animal e


vegetal e de microrganismo e de seus subprodutos. Entre os agentes de risco
biológicos podemos citar como mais importantes: bactérias, fungos, rickétsias, vírus,
protozoários e metazoários.

Tais agentes podem estar veiculados sob diversas formas que oferecem risco
biológico, como aerossóis, poeiras, alimentos, instrumentos de laboratório, água,
cultura, amostras biológicas (sangue, urina, escarro, secreções), entre outros.

O risco biológico é um dos principais entre os profissionais de saúde. Ele


aumentou principalmente após o aparecimento da AIDS e do crescimento do número
de pessoas infectadas pelos vírus da hepatite B e C.

Mas todas as medidas possíveis devem ser consideradas para que os acidentes
se torne uma exceção. As equipes do laboratório clínico e de apoio devem receber
treinamentos constantes e apropriados sobre os riscos potenciais associados aos
trabalhos desenvolvidos, inclusive os profissionais de condutas inadequadas para que
se conscientizem.

A preocupação com a biossegurança cresceu com a circulação, cada vez mais


intensa, de pessoas e mercadorias em todo o mundo. A possibilidade do uso de vírus e
bactérias em atentados terroristas também trouxe apreensão aos laboratórios e à
entrada de substâncias contaminadas em um país.

Na opinião de especialistas que discutem a biossegurança, o grande problema


não está nas tecnologias disponíveis para eliminar ou minimizar os riscos e, sim, no
comportamento dos profissionais. Como afirma a pesquisadora da Fundação Oswaldo
Cruz (Fiocruz) Ana Beatriz Moraes, não basta ter bons equipamentos. "De nada adianta
usar luvas de boa qualidade e atender ao telefone ou abrir a porta usando as mesmas

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luvas, pois outras pessoas tocarão nesses objetos sem proteção alguma", explica. Para
ela, é fundamental que todos os trabalhadores envolvidos em atividades que
representem algum tipo de ameaça química ou biológica estejam preparados e
dispostos a enxergar e apontar os problemas.

O consultor de biossegurança da Organização Mundial de Saúde (OMS),


Jonathan Richmond, lembra que a maior responsabilidade sobre o controle de agentes
perigosos é do profissional, que entende o risco e conhece os mecanismos de controle.
"Nenhum microbiologista quer levar um agente perigoso para sua casa ou espalhá-lo
pela rua, justifica. Mesmo assim, os erros podem aparecer."

Os profissionais de laboratórios clínicos, além de estarem expostos aos riscos


ocupacionais: ergonômicos, físicos e químicos, trabalham com agentes infecciosos e
com materiais potencialmente contaminados, que são os riscos biológicos. Esses
profissionais devem ser conscientizados sobre os riscos potenciais, e treinados a
estarem aptos para exercerem as técnicas e práticas necessárias para o manuseio
seguro dos materiais e fluidos biológicos (Anvisa, 2005).

TIPOS DE RISCOS

(Portaria do Ministério do Trabalho, MT no. 3214, de 08/06/1978)

Risco é a probabilidade de ocorrer um dano, ferimento ou doença. Os riscos são


divididos em 5 categorias:

RISCOS DE ACIDENTES

Considera-se risco de acidente qualquer fator que coloque o trabalhador em


situação de perigo e possa afetar a sua integridade. Caracteriza-se por toda ação não
programada, estranha ao andamento normal do trabalho.

Exemplos: Máquinas e equipamentos sem proteção, equipamentos de vidro,


equipamentos e instrumentos perfurocortantes, armazenamento inadequado,
cilindros de gases, animais peçonhentos entre outros.

RISCOS ERGONÔMICOS

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Considera-se risco ergonômico qualquer fator que possa interferir nas
características psicofisiológicas do trabalhador causando desconforto ou afetando a
sua saúde.

Exemplos: Movimentos repetitivos, postura inadequada, levantamento e


transporte de peso excessivo, monotonia, mobiliário mal projetado, ambiente de
trabalho desconfortável (ex.: muito seco, muito frio, muito quente, pouco iluminado,
barulhento), problemas de relações interpessoais no trabalho etc.

RISCOS FÍSICOS

Consideram-se riscos físicos qualquer forma de energia a que os profissionais


possam estar expostos.

Exemplos: ruídos, vibrações, pressão, radiações ionizantes (Raio-X, Iodo 125,


Carbono 14) e não ionizantes (luz ultravioleta, luz infravermelha, laser, micro-ondas),
temperatura extrema etc.

RISCOS QUÍMICOS

Consideram-se riscos químicos a exposição a agentes ou substâncias químicas


que possam penetrar no organismo através da pele, serem inalados ou ingeridos.

Exemplos: Substâncias irritantes, oxidantes, corrosivas, inflamáveis, partículas


de poeira, gases, fumo, névoa etc.

RISCOS BIOLÓGICOS

Consideram-se riscos biológicos as bactérias, fungos, vírus, parasitas entre


outros.

Os agentes de riscos biológicos podem ser distribuídos em 4 classes, de acordo


com a patogenicidade para o homem, virulência, modos de transmissão,
disponibilidade de medidas profiláticas eficazes e disponibilidade de tratamento eficaz
e endemicidade.

Os riscos biológicos se subdividem em classes: CLASSE DE RISCO 1, CLASSE DE


RISCO 2, CLASSE DE RISCO 3 e CLASSE DE RISCO 4.

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CLASSE DE RISCO 1 - BAIXO RISCO INDIVIDUAL E PARA COLETIVIDADE

Micro-organismo com pouca probabilidade de provocar enfermidades humanas


ou veterinárias. Baixo risco individual ou para comunidade.

Exemplo de Agentes:

AGENTES BACTERIANOS

Bacillus subtilis

Bifitobactérias

Lactobacillus Casei Shirota

Lactobacillus bulgaricus

Lactobacillus acidophilus

Lactobacillus bifidus

FUNGOS:

Champignon

Shiitake (utilizado para o tratamento de câncer - possue efeitos medicinais)

Shimeji (utilizado para o tratamento de câncer - possue efeitos medicinais)

Reishi (utilizado para o tratamento de câncer - possue efeitos medicinais)

Agaricus

Blazei

CLASSE DE RISCO 2 - MODERADO RISCO INDIVIDUAL E LIMITADO RISCO PARA


COMUNIDADE

A exposição ao micro-organismo pode provocar infecção; porém, existem


medidas eficazes de tratamento. Risco individual moderado e risco limitado para a
comunidade.

Incluem os agentes que podem causar doença no homem ou animais, porém


não apresentam riscos sérios para os profissionais do laboratório, para a comunidade,

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para animais e para o meio ambiente. Os agentes desta classe, quando não existentes
no país, devem ter sua importação restrita, sujeita a prévia autorização das
autoridades competentes.

A classe de risco 2 onde o risco individual é moderado e para comunidade é


limitado. Aplica-se a agentes biológicos que provocam infecções no homem ou nos
animais, cujo risco de propagação na comunidade e de disseminação no meio
ambiente é limitado, não constituindo em sério risco a quem os manipula em
condições de contenção, pois existem medidas terapêuticas e profiláticas eficientes,
aplica-se a laboratórios de análises clínicas, onde o trabalho envolve sangue humano,
líquidos corporais, tecidos ou linhas de células humanas primárias onde a presença do
agente infeccioso pode ser desconhecida.

Os agentes infecciosos são de um espectro de gravidade moderada para a


comunidade e gravidade variável a uma patologia humana.

Exemplo de Agentes:

AGENTES BACTERIANOS

Aeromonas hydrophila

Dermatophilus congolensis

Edwardsiella tarda

Escherichia coli (todas as enteropatogênicas, enterotoxigênicas, enteroinvasivas e cepa


detentoras do antígeno K 1, incluindo a E. coli O157:H7)

Haemophilus ducreyi, H. influenzae

PARASITAS:

Paragonimus westermani

Sarcocystis, incluindo S. sui hominis

Taenia solium, T. saginata

Toxocara, incluindo T. canis

VÍRUS:

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Hepatite A, B, C, D e E

Herpes simplex tipo 1 e 2

CLASSE DE RISCO 3 - ALTO RISCO INDIVIDUAL E BAIXO PARA COMUNIDADE

O micro-organismo pode provocar enfermidade humana grave e se propagar


de uma pessoa infectada para outra; porém, existe profilaxia eficaz. Risco individual
elevado e baixo risco comunitário.

Incluem os agentes que usualmente causam doenças humanas ou animais


graves as quais, no entanto, podem usualmente ser tratadas por medicamentos ou
medidas terapêuticas gerais, representando risco baixo para a comunidade e para o
meio ambiente. Os agentes desta classe, quando não existentes no país, devem ter sua
importação restrita, sujeita a prévia autorização das autoridades competentes.

Exemplo de Agentes:

AGENTES BACTERIANOS

Bacillus anthracis

Bartonella (todas as espécies)

Hemophilus equigenitalis

Mycobacterium bovis (todas as cepas, exceto a BCG)

Mycobacterium tuberculosis

FUNGOS:

Coccidioides immitis (culturas esporuladas; solo contaminado)

Histoplasma capsulatum (todos os tipos, inclusive a variedade duboisii)

Histoplasma capsulatum var. duboisii

VÍRUS

Vírus da Febre Amarela

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Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV), tipos 1 e 2

CLASSE DE RISCO 4 - ALTO RISCO INDIVIDUAL E PARA COLETIVIDADE

Micro-organismo que representa grande ameaça humana e animal, com fácil


propagação de um indivíduo para o outro, não existindo profilaxia ou tratamento.
Elevado risco individual e para comunidade.

Incluem os agentes de alta periculosidade que causam doenças humanas e


animais de alta gravidade, capazes de se disseminar na comunidade e no meio
ambiente.

Esta classe inclui principalmente agentes virais. Os agentes desta classe,


quando não existentes no país, devem ter sua importação proibida e caso sejam
identificados ou suspeitada sua presença no país, os materiais suspeitos de conter
estes agentes devem ser manipulados com os níveis máximos de segurança disponíveis
e destruídos por autoclavação ou por tratamento químico de reconhecida eficácia e
incinerados.

Exemplo de Agentes:

VÍRUS E MICOPLASMAS:

Agentes da Febre Hemorrágica ( Criméia - Congo, Lassa, Junin, Machupo, Sabiá,


Guanarito e outros ainda não identificados)

Encefalites transmitidas por carrapatos (inclui o vírus da Encefalite primavera-verão


Russa, Vírus da

Doença de Kyasanur , Febre Hemorrágica de Omsk e vírus da Encefalite da Europa


Central)

Herpesvírus simiae (Monkey B vírus)

Peste suína africana

Varíola caprina

Vírus da febre efêmera de bovinos

Vírus da febre infecciosa petequial bovina

Vírus de Marburg

Vírus do Akabane

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Vírus do exantema vesicular

Vírus Ebola.Vírus da hepatite viral do pato

Os manuais de biossegurança dos laboratórios clínicos são de responsabilidade


de comissões formadas por chefes de setores, médicos, e até mesmo funcionários.
Essas comissões preparam normas de biossegurança, dentro da legislação vigente e
suas revisões quando necessárias, elas são distribuídas a todos os setores do
laboratório que estejam envolvidos direta ou indiretamente, com a rotina que envolva
o contato com material clínico (Anvisa, 2005).

Isto envolve os setores burocráticos, uma vez que as visitas aos setores técnicos
constituem uma atividade de rotina. Investigam os acidentes e suas causas buscando
soluções que minimizem a repetição do mesmo. Também coordena a coleta e descarte
de rejeitos, garante o treinamento dos funcionários e a realização do programa, e o
registro de todas as atividades ligadas à biossegurança.

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