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BIOSSEGURANÇA: CONCEITOS BÁSICOS

O QUE É BIOSSEGURANÇA?
Biossegurança é um conjunto de procedimentos, ações, técnicas, metodologias, equipamentos e
dispositivos capazes de eliminar ou minimizar riscos inerentes as atividades de pesquisa, produção,
ensino, desenvolvimento tecnológico e prestação de serviços, que podem comprometer a saúde do
homem, dos animais, do meio ambiente ou a qualidade dos trabalhos desenvolvidos;
Tipos de Risco

Fonte: Rômulo Passos.


CLASSIFICAÇÃO DE RISCO DOS AGENTES BIOLÓGICOS (PORTARIA Nº 2.349/2017)

Classe de risco 1 (baixo Inclui os agentes biológicos conhecidos por não causarem doenças no
risco individual e para a homem ou nos animais adultos sadios, como: o Lactobacillus spp e o
comunidade) Bacillus subtilis.

Classe de risco 2 Inclui os agentes biológicos que provocam infecções no homem ou nos
(moderado risco individual animais, cujo potencial de propagação na comunidade e de disseminação
e limitado risco para a no meio ambiente é limitado, e para os quais existem medidas terapêuticas
comunidade) e profiláticas eficazes. Ex.: Schistosoma mansoni e vírus rubéola.

Inclui os agentes biológicos que tem a capacidade de transmissão, em


especial, por via respiratória, e que causam doenças em humanos ou
Classe de risco 3 (alto risco
animais potencialmente letais, para as quais existem usualmente medidas
individual e moderado risco
profiláticas e terapêuticas. Representam risco se disseminadas na
para a comunidade)
comunidade e no meio ambiente e podem se propagar de pessoa para
pessoa. ex.: Bacillus anthracis e HIV.

Inclui os agentes biológicos com grande poder de transmissibilidade por via


respiratória ou de transmissão desconhecida. Até o momento não há
Classe de risco 4 (alto risco nenhuma medida profilática ou terapêutica eficaz contra infecções
individual e para a ocasionadas por eles. Causam doenças humanas e animais de alta
comunidade) gravidade, com alta capacidade de disseminação na comunidade e no meio
ambiente. essa classe inclui principalmente o ebolavírus e o vírus da
varíola.

CONCEITOS
• ANTISSEPSIA: é o conjunto de medidas propostas para inibir o crescimento de microrganismos ou
removê-los de um determinado ambiente, podendo ou não destruí-los e para tal fim utilizamos
antissépticos ou desinfetantes.

• ASSEPSIA: é o conjunto de medidas que utilizamos para impedir a penetração de microrganismos


num ambiente que logicamente não os tem, logo um ambiente asséptico é aquele que está livre de
infecção.

• DEGERMAÇÃO: Vem do inglês degermation, ou desinquimação, e significa a diminuição do


número de microrganismos patogênicos ou não, após a escovação da pele com água e sabão.

• DESINFECÇÃO: processo de eliminação ou destruição de todos os microrganismos na forma


vegetativa, independentemente de serem patogênicos ou não, presentes nos artigos e objetos
inanimados, mediante a aplicação de agentes químicos e físicos.

• ESTERILIZAÇÃO: é processo de destruição de todas as formas de vida microbiana (bactérias nas


formas vegetativas e esporuladas, fungos e vírus) mediante a aplicação de agentes físicos e ou
químicos. Toda esterilização deve ser precedida de lavagem e enxague do artigo para remoção de
detritos. Considera-se um artigo estéril quando a probabilidade de sobrevivência dos
microrganismos que o contaminam é menor do que 1:1.000.000 (princípio básico dos testes
biológicos).

CLASSIFICAÇÃO DAS ÁREAS HOSPITALARES


• Área Crítica: a que oferece risco potencial para aquisição de infecção seja pelos procedimentos
invasivos realizados, ou pela presença de pacientes susceptíveis às infecções. Ex.: Centro
Cirúrgico e Obstétrico, Berçário, UTI, Hemodiálise, Laboratório, CME, Banco de Sangue, área suja
de lavanderia etc.

• Área Semicrítica: possui menor risco de infecção, são ocupadas por pacientes que não exigem
cuidados intensivos ou de isolamento. Ex.: Enfermarias, Apartamentos e Ambulatórios.
• Área não crítica: não ocupadas por pacientes e aquelas destinadas a exames de pacientes. Ex.:
Escritórios, Almoxarifado, Setor de Radiologia e Consultórios.

CLASSIFICAÇÃO DOS ARTIGOS HOSPITALARES


• Artigos críticos: destinados aos procedimentos invasivos em pele e mucosas adjacentes, nos
tecidos subepiteliais e no sistema vascular, bem como todos os que estejam diretamente
conectados com este sistema, requerem esterilização. Ex. agulhas, cateteres intravenosos,
materiais de implante, etc.

• Artigos semicríticos: entram em contato com a pele não íntegra, porém, restrito às camadas da
pele ou com mucosas íntegras são chamados de artigos semicríticos e requerem desinfecção de
médio ou de alto nível ou esterilização. Ex. cânula endotraqueal, equipamento respiratório,
espéculo vaginal, sonda nasogástrica, etc.

• Artigos não críticos: destinados ao contato com a pele íntegra e também os que não entram em
contato direto com o paciente; requerem limpeza ou desinfecção de baixo ou médio nível,
dependendo do uso a que se destinam ou do último uso realizado. Ex. termômetro, materiais
usados em banho de leito como bacias, cuba rim, estetoscópio, roupas de cama do paciente, etc.

EQUIPAMENTOS E INSUMOS NECESSÁRIOS PARA HIGIENIZAÇÃO DAS MÃOS


• Lavatório – exclusivo para a higienização das mãos.

- Possui formatos e dimensões variadas, devendo ter profundidade suficiente para que o
profissional de saúde lave as mãos sem encostá-las nas paredes laterais ou bordas da peça e
tampouco na torneira.

- Ainda, que evite respingos nas laterais do lavatório, no piso e no profissional.

- Deve estar sempre limpo e funcionante;


- Pode estar inserido em bancadas ou não;

• Pia de lavagem – destinada preferencialmente a lavagem de utensílios podendo ser também


usada para a higienização das mãos.

- Possui profundidade variada, formato retangular ou quadrado e dimensões variadas.

- Sempre está inserida em bancadas;

• Lavabo cirúrgico - exclusivo para o preparo cirúrgico das mãos e antebraço.

- Possui profundidade suficiente para permitir a lavagem do antebraço sem que o mesmo toque
no equipamento.

- Lavabos com uma única torneira devem ter dimensões mínimas iguais a 50 cm de largura, 100
cm de comprimento e 50 cm de profundidade.

- A cada nova torneira inserida deve-se acrescentar 80 cm ao comprimento da peça.

O QUE É PRECAUÇÃO BÁSICA?


São medidas que os profissionais da saúde devem realizar para evitar contaminação e infecção do
paciente e dele próprio. Isso inclui, p. ex., higienização adequada das mãos, higienização de artigos não
críticos, uso de EPIs e descarte adequado de materiais com risco biológico
• Higiene das mãos
• Seleção e uso adequado dos equipamentos de proteção Individual (EPI)
• Higiene respiratória e tosse com etiqueta

• Cuidados com materiais, equipamentos, roupas, utensílios alimentares

• Prevenção de acidentes com artigos perfuro -cortantes e material biológico

• Práticas seguras na administração de medicamentos por via endovenosa, intramuscular e outras

Para que servem os EPIs?


• Utilizados para proteção individual do profissional quando há risco de exposição a material
biológico (patógenos, eliminações e fluidos corporais) e a produtos químicos. Também é um
equipamento que protege o paciente, pois o uso correto dos EPIs evita contaminação cruzada.
Quais são os principais EPIs utilizados pela equipe de enfermagem no controle de infecção
hospitalar?
• Máscara, luva, avental, óculos ou face shield, touca.

Em qual situação utilizar esses EPIs?


• Quando há risco de contato com sangue, eliminações, mucosa, secreções e outros fluidos corporais.
Quando há risco de contaminação por gotículas e aerossóis.

LUVAS
As luvas devem ser utilizadas por 3 motivos:
• Proteção individual: sempre que houver a possibilidade de entrar em contato com sangue, fluidos
corpóreos, secreções e excreções, mucosas, pele não integra e qualquer item contaminado por parte
dos profissionais de saúde.

• Prevenção de contaminação de campo operatório: os profissionais de saúde devem evitar a


contaminação de campos operatórios ou materiais estéreis durante a manipulação dos mesmos, seja
no preparo ou no abastecimento deles.

• Prevenção de disseminação cruzada: nos pacientes em precaução de contato devido ao isolamento


de micro-organismos multirresistentes ou durante o período de rastreamento de pacientes internados
segundo o protocolo estabelecido pela CCIH.

• As luvas devem ser trocadas nas seguintes situações:

- Entre um cuidado e outro no mesmo paciente

- Trocar de paciente

- Antes de tocar itens contaminados

Diferenças entre os tipos de luva:


• LUVA CIRURGICA: EPI de uso único, com punhos capazes de assegurar ajuste ao braço do
usuário (a), para utilização em cirurgias, além de outras situações como parto, inserção de cateter
vesical, procedimento invasivo de acesso vascular, preparo de nutrição parenteral e de agentes
quimioterápicos. SÃO ESTÉREIS

• LUVA DE PROCEDIMENTO: uso único; são para procedimentos não cirúrgicos em situações
clínicas, quando existe a possibilidade de contato direto ou indireto com sangue, secreções,
excreções e objetos sujos com fluidos corporais.
• LUVA DE TOQUE: uso único; utilizada para realizar toque vaginal em gestantes, para evitar a
contaminação do feto e assim o risco de morte do mesmo; para realizar aspiração endotraqueal.
SÃO ESTÉREIS.

AVENTAL OU CAPOTE
• Ele deve ser utilizado pelos profissionais de saúde para proteção individual nas situações em que
há risco de contaminação com sangue e líquidos corpóreos.

• Quando utilizado em unidades de precaução de contato, deve seguir as seguintes recomendações:

- Deve ser limpo. Não há necessidade de ser estéril quando utilizado apenas para precaução de
contato

- Deve permanecer pendurado pelo lado do avesso após ser retirado

- Deve ser trocado a cada 12 horas, na presença de sujidade ou se o mesmo estiver molhado –
contaminação

MÁSCARA CIRÚRGICA
Visa proteger contra risco de contaminação de mucosa oral e nasal por respingos de sangue e
fluidos corpóreos e contra a inalação de grandes partículas lançadas à distância de até 1 metro,
características das doenças infecciosas transmitidas por gotículas. Devem ser utilizadas seguindo as
seguintes recomendações:
• Uso individual

• Descartadas após o uso

• Pode ser colocada dentro da unidade de internação do paciente a uma distância de 1 metro ou
mais

• Deve ser retirada dentro da unidade do paciente e descartada no próprio local

• No transporte de pacientes em precaução por gotículas, utilizar máscara cirúrgica no paciente


durante o transporte.

• Máscara com filtro N-95: capaz de filtrar partículas de tamanho menor ou igual 5 micras,
características das doenças infecciosas transmitidas por aerossol.

TIPOS DE PRECAUÇÕES PARA ISOLAMENTO


• PRECAUÇÃO PADRÃO: higienização das mãos, uso de luvas, avental, óculos, descarte correto
de materiais perfuro cortantes.

• PRECAUÇÃO DE CONTATO: indicada para situações em que exista possibilidade de transmissão


de agentes infecciosos por contato direto ou indireto. Isto é, contato entre pacientes, contato
através do profissional de saúde – mãos ou contato por meio de artigos.

• PRECAUÇÃO RESPIRATÓRIA POR GOTÍCULA: a transmissão por gotículas ocorre através do


contato com o paciente. Gotículas de tamanho considerado grande, maior que 5 micras são
eliminadas durante a fala, respiração, tosse e durante procedimentos como aspiração. Atingem até
um metro de distância e rapidamente se depositam no chão, cessando a transmissão. Portanto, a
transmissão não ocorre em distâncias maiores, nem por períodos prolongados.

• PRECAUÇÃO RESPIRATÓRIA POR AEROSSÓIS: a transmissão por aerossóis é diferente da


transmissão por gotículas. Algumas partículas eliminadas durante a respiração, fala ou tosse
ressecam e ficam suspensas no ar, podendo permanecer durante horas e atingir ambientes
diferentes, inclusive quartos adjacentes – carregados pelas corretes de ar.

Fonte: Rômulo Passos.

Sequência para colocação dos EPIs:


• Higienização das mãos
• Avental
• Máscara
• Óculos
• Luva
• AMOL – iniciais dos EPIs

Sequência para remoção dos EPIs:


• Retirar as luvas
• Retirar o capote
• Retirar a máscara
• Higienizar as mãos
• LOAM
VACINAÇÃO DO TRABALHADOR
• A todo trabalhador dos serviços de saúde deve ser fornecido, gratuitamente, programa de
imunização ativa contra tétano, difteria, hepatite B.

• Sempre que houver vacinas eficazes contra outros agentes biológicos a que os trabalhadores
estão, ou poderão estar, expostos, o empregador deve fornecê-las gratuitamente.

• O empregador deve fazer o controle da eficácia da vacinação sempre que for recomendado pelo
Ministério da Saúde e seus órgãos.

• A vacinação deve obedecer às recomendações do Ministério da Saúde.

• O empregador deve assegurar que os trabalhadores sejam informados das vantagens e dos efeitos
colaterais, assim como dos riscos a que estarão expostos por falta ou recusa de vacinação,
devendo, nestes casos, guardar documento comprobatório e mantê-lo disponível à inspeção do
trabalho.

• A vacinação deve ser registrada no prontuário clínico individual do trabalhador, previsto na NR-07.

• Deve ser fornecido ao trabalhador comprovante das vacinas recebidas.


EXPOSIÇÃO A AGENTES BIOLÓGICOS
Quanto as ocorrências de exposição a material biológico pelo profissional de saúde, segundo
MS pode-se agir da seguinte forma:
1. Acolhimento e registro do atendimento ao profissional acidentado;
2. Identificar fatores de maior e menor gravidade durante histórico do acidente de trabalho e risco da
exposição;
3. Avaliar dados epidemiológicos do ambiente onde ocorreu a exposição e os dados epidemiológicos
e sorológicos do paciente-fonte, se conhecido;
4. Realizar teste rápido (TR) HIV do paciente-fonte;
5. Coletar exames laboratoriais da pessoa exposta – momento zero:
- Sorologias: Anti-HIV, Anti-HCV, HBsAg, anti-HBs, VDRL;
- Bioquímicos: Hemograma, AST, ALT, Ureia, Creatinina ( se indicação de PEP);
6. Status da pessoa-fonte:
- Se TR ou sorologia reagente para HIV – indicado PEP;
- Se TR ou sorologia não reagente para HIV – sem indicação de PEP;
- Se status desconhecido para HIV – avaliar caso a caso;
- Se TR ou sorologia reagente para HCV – indicado acompanhamento pós exposição;
- Se TR ou sorologia não reagente para HCV – sem indicação para acompanhamento pós
exposição;
- Se status desconhecido para HCV – avaliar caso a caso;
- Se TR ou sorologia reagente para HBV – indicar profilaxia;
- Se TR ou sorologia não reagente para HIV, HCV, HBV: sem indicação de profilaxia e
acompanhamento pós exposição – Fechamento do protocolo de atendimento como: Alta –
Paciente=fonte negativo.

7. Avaliar indicação de acompanhamento e profilaxias de acordo com status sorológico da pessoa


fonte e/ou dados epidemiológicos da exposição;
8. Checar Fluxograma se Indicação de PEP ao HIV;
9. Indicação e prescrição da PEP – Esquema antirretroviral preferencial;
10. Se atendimento pelo enfermeiro, proceder interconsulta com médico, quando indicação de TARV
para prescrição de esquema;
11. Registrar dados de identificação e da exposição em ficha Acidente de Trabalho com Material
Biológico SINAN (Sistema de Informação de Agravos de Notificação) – Notificação Compulsória;
12. Registrar Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT) de acordo com o encaminhamento da
empresa e vínculo empregatício do profissional (o empregador deve fazer a CAT).
13. Programar retornos ambulatoriais pós exposição para acompanhamento/seguimento;
Em uso de PEP:
- 07 dias: avaliar sinais, sintomas e reação adversa, adesão a PEP, avaliação de exames
laboratoriais;
- 14 dias: caso necessário;
- 30 dias: avaliar soroconversão – Anti-HIV, avaliar adesão profilaxia PEP por 28 dias, avaliar
exames laboratoriais: Hemograma, AST, ALT, Uréia, Creatinina, Anti-HIV e Anti-HBs (se houve
indicação de vacinação para Hepatite B);
- 90 dias: avaliar soroconversão – Anti-HIV, Anti-HCV; outros exames de acordo com quadro
clínico (avaliação caso a caso);
- 180 dias: avaliar soroconversão – Anti-HIV, Anti-HCV; outros exames de acordo com quadro
clínico (avaliação caso a caso);
14. Preencher ficha SINAN (inicio, acompanhamento e fechamento do atendimento).
• Em toda ocorrência de acidente envolvendo riscos biológicos, com ou sem afastamento do
trabalhador, deve ser emitida a Comunicação de Acidente de Trabalho – CAT.

Condutas após o acidente:


• Lavagem do local exposto com água e sabão nos casos de exposição percutânea ou cutânea.

• Nas exposições de mucosas, deve-se lavar exaustivamente com água ou solução salina fisiológica
(o uso de antisséptico não é contraindicado).

• Não devem ser realizados procedimentos que aumentem a área exposta, tais como cortes e
injeções locais. A utilização de soluções irritantes (éter, glutaraldeído, hipoclorito de sódio) também
está contraindicada.

• Estabelecer o material biológico envolvido; tipo de acidente (perfurocortante, conato com


mucosa...); conhecimento da fonte.

• Notificação do acidente (CAT/SINAN);

As exposições ocupacionais podem ser:


• Exposições percutâneas: lesões provocadas por instrumentos perfurantes e/ou cortantes (p.ex.
agulhas, bisturi, vidrarias).

• Exposições em mucosas: respingos em olhos, nariz, boca e genitália.

• Exposições em pele não-íntegra: por exemplo: contato com pele com dermatite, feridas abertas,
mordeduras humanas consideradas como exposição de risco, quando envolverem a presença de
sangue. Nesses casos, tanto o indivíduo que provocou a lesão, quanto aquele que foi lesado,
devem ser avaliados.

Fluidos biológicos de risco:


• Hepatite B e C: o sangue é fluido corpóreo que contém a concentração mais alta de VHB e é o
veículo de transmissão mais importante em estabelecimentos de saúde. O HBsAg também é
encontrado em vários outros fluidos corpóreos incluindo: sêmen, secreção vaginal, leite materno,
líquido cefalorraquidiano, líquido sinovial, lavados nasofaríngeos, saliva e suor.

• HIV: sangue, líquido orgânico contendo sangue visível e líquidos orgânicos potencialmente
infectantes (sêmen, secreção vaginal, liquor e líquidos peritoneal, pleural, sinovial, pericárdico e
aminiótico).

• Materiais biológicos considerados potencialmente não-infectantes:

- Hepatite B e C: escarro, suor, lágrima, urina e vômitos, exceto se tiver sangue.

- HIV: fezes, secreção nasal, saliva, escarro, suor, lágrima, urina e vômitos, exceto se tiver
sangue
Status sorológico:
• Caso a fonte seja conhecida, mas sem informação de seu status sorológico, é necessário orientar
o profissional acidentado sobre a importância da realização dos exames HBsAg, Anti-HBc , Anti-
HCV e Anti-HIV (exames de detecção viral não são recomendados para triagem).

• Quando a fonte é desconhecida: levar em conta a probabilidade clínica e epidemiológica de


infecção pelo HIV, HCV, HBV – prevalência de infecção naquela população, local onde o material
perfurante foi encontrado (emergência, bloco cirúrgico, diálise), procedimento ao qual ele esteve
associado, presença ou não de sangue etc.
• Status sorológico do acidentado: verificar realização de vacinação para hepatite B; comprovação
de imunidade através do Anti-HBs; realizar sorologia do acidentado para HIV, HBV e HCV.

• Condutas frente ao acidente:

- O atendimento depois da exposição ao HIV é uma urgência.

- Indicação da PEP: deve ser iniciada o mais rápido possível, idealmente nas primeiras 2h após
o acidente. Recomenda-se que o prazo máximo, para início da PEP, seja de até 72h após o
acidente. Nos casos em que o atendimento ocorrer 72 horas depois da exposição, a PEP não é
mais indicada por não trazer benefícios

- HIV: se o paciente-fonte é considerado infectado (documentação de exames anti-HIV positivos


ou diagnóstico clínico de Aids) deve-se fazer a análise do acidente e indicação de
quimioprofilaxia ARV/PEP; paciente HIV negativo – testar para HIV, HBV e HCV; paciente-fonte
desconhecido (p. ex., acidente com agulha encontrada no lixo) – recomenda-se avaliação do
risco de infecção pelo HIV.

Fonte: Rômulo Passos.

- HBV: as recomendações vão depender do status sorológico do paciente-fonte e dos níveis de


Anti-HBS do profissional acidentado.

 A IGHAHB deve ser administrada em dose única de 0,06mL/kg, IM, em extremidade


diferente da que recebeu a vacina para HBV, com dose máxima de 5mL. A IGHAHB pode
ser administrada, no máximo, até sete dias nos casos de exposição percutânea.

 A solicitação do Anti-HBc total ao acidentado pode ser necessário para descartar a


possibilidade da fonte ou acidentado estarem na janela imunológica, quando o HBsAg
negativo.
(a) O uso associado de imunoglobulina hiperimune contra hepatite B está indicado em caso de pessoa-fonte
com alto risco para infecção pelo HBV, como: usuários de drogas injetáveis; pacientes em programas de
dialise; contatos domiciliares e sexuais de pessoas HBsAg reagentes; pessoas que fazem sexo com pessoas
do mesmo sexo; heterossexuais com vários parceiros e relações sexuais desprotegidas; historia previa de
IST; pacientes provenientes de áreas geográficas de alta endemicidade para hepatite B; pacientes
provenientes de prisões e de instituições de atendimento a pacientes com deficiência mental.
(b) IGHAHB (2x) = duas doses de imunoglobulina hiperimune para hepatite B, com intervalo de um mês entre
as doses. Essa opção deve ser indicada para aqueles que já fizeram duas series de três doses da vacina,
mas não apresentaram resposta vacinal, ou que tenham alergia grave a vacina.

 Os acidentados cuja fonte for HBs Ag positiva, Anti-HBc Total positiva ou desconhecida e
não estiverem imunizados para hepatite B, devem entrar em protocolo de seguimento
realizando HBs Ag, três e seis meses após o acidente.

 Após obter-se uma dosagem de Anti-HBs Ag >10 UI/l não estão indicadas dosagens
posteriores.

 As pessoas que fizeram um esquema vacinal completo e não respondem à vacinação,


ou seja, Anti-HBs < 10 UI/ L, devem receber uma dose de reforço, testar novamente o nível
de anticorpos e, caso continuem não-respondedoras, devem receber mais duas doses de
vacina e após um a três meses realizar o Anti-HBs. Se ainda persistirem não-
respondedoras, são indicadas outras doses da vacina convencional ou a vacina
“hiperantigênica”.
- HCV: o Anti-HCV já pode ser detectado cerca de 6 semanas após a exposição. Considerando
que a positivação do Anti-HCV pode ser tardia e que grande parte dos profissionais acidentados
terão a eliminação espontânea do vírus até 70 dias após a exposição, é recomendada a
realização do RNA-VHC qualitativo (que já se apresenta detectável dias após a contaminação)
90 26 dias após a data do acidente. Caso positivo, o profissional acidentado será orientado a
realizar o tratamento.

REFÊNCIAS:
1. NR 32 – Segurança e saúde no trabalho em serviços de saúde. Disponível em: URL: https://www.gov.br/trabalho-
e-emprego/pt-br/acesso-a-informacao/participacao-social/conselhos-e-orgaos-colegiados/comissao-tripartite-
partitaria-permanente/normas-regulamentadora/normas-regulamentadoras-vigentes/norma-regulamentadora-no-
32-nr-32. Acesso em 08 dez, 2023.

2. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Exposição a Materiais Biológicos. Brasília: Ministério da
Saúde; 2006.

3. Ministério da Saúde. Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para Profilaxia Pós-exposição (PEP) de risco à
infecção pelo HIV, IST e Hepatites virais. 1ª ed. Brasília: Ministério da Saúde; 2021.

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